A Europa viveu ontem, 14 de novembro, um fato inédito na sua
história. Trabalhadores de 23 países do velho continente atenderam ao chamado
da Confederação Europeia de Sindicatos (CES) e paralisaram suas atividades. Foi a
primeira greve geral unificada contra os pacotes de austeridade impostos na
região pela oligarquia financeira. Após as intensas mobilizações juvenis dos
últimos anos, como a chamada “revolução dos indignados” na Espanha, o sindicalismo
ocupa o papel de protagonista na luta contra a regressão neoliberal na Europa.
Segundo Judith Kirton, dirigente da Confederação Europeia de
Sindicatos, a ação unitária foi uma resposta aos governos neoliberais e à
famigerada “troika” – Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão
Europeia. “As políticas de austeridade estão aumentando as desigualdades e a
instabilidade social e não estão resolvendo o problema econômico”, explicou. A
greve também foi encarada como o primeiro ensaio de novos protestos
continentais, que já estão sendo programados pelo sindicalismo europeu.
Não há outra saída para os trabalhadores do velho
continente. Para conter a acelerada regressão neoliberal, eles precisarão
combinar ampliação e radicalização das suas lutas. Do contrário, a ditadura do
capital financeiro destruirá o pouco que ainda resta do chamado “estado de
bem-estar social”. Os governos dos 27 países da Europa, todos eles fantoches
dos banqueiros, não estão dispostos a recuar nos seus pacotes de austeridade. “O
plano do governo é a única alternativa”, afirma Luis de Guindos, ministro
espanhol da Economia.
Os serviçais da oligarquia rentista não estão preocupados
com a degradação acelerada das condições de vida dos trabalhadores. Eles querem
salvar unicamente os lucros dos banqueiros e demais capitalistas, únicos responsáveis
pela grave crise econômica. Na semana retrasada, o jornalista Kosta Vaxevanis
publicou uma lista de 2000 magnatas gregos, entre eles dirigentes do partido do
governo (Nova Democracia), donos de substanciosas contas na Suíça, fruto da
evasão fiscal. Ele concluiu: “Os ricos são intocáveis na Grécia”.
A mesma conclusão serve para os ricaços capitalistas do
restante da Europa. Eles querem pagar ainda menos impostos, abocanhar o patrimônio
público – via privatizações criminosas – e jogar o ônus da crise nas costas dos
trabalhadores – via desemprego, arrocho e regressão dos direitos sociais. Um
relatório vazado da “troika” indica que os neoliberais planejam 150 novas
medidas de “austeridade” para salvar os lucros das corporações capitalistas na
Europa. Por isto cresce o coro nos protestos: “Não devemos, não pagamos!”.
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