quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A “quadrilha” dos estudantes da USP

Por Altamiro Borges

O Ministério Público Estadual encaminhou ontem (5) o pedido de condenação de 72 pessoas – a maioria estudantes – que participaram da ocupação da reitoria da Universidade de São Paulo em novembro de 2011. Os jovens, que se rebelaram contra a postura fascistóide do reitor da USP, foram denunciados por cinco crimes: formação de quadrilha, posse de explosivos, dano ao patrimônio público, desobediência e crime ambiental por pichação. Somados, os crimes podem render penas de até sete anos de prisão.

A decisão do MPE representa um duro golpe à luta estudantil e confirma as suspeitas de que o órgão é controlado e serve aos intentos repressivos dos tucanos paulistas. A ocupação da USP foi um protesto contra a presença da PM no campus. Ela ocorreu três dias após a polícia deter três alunos da Faculdade de Geografia num estacionamento da universidade. A desocupação, feita pela Tropa de Choque da PM, teve requintes de truculência e selvageria – conforme atestam vários vídeos postados na internet.

Reproduzo abaixo nota divulgada hoje pela União da Juventude Socialista (UJS) contra a acusação do MPE e em apoio aos perseguidos:

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O Ministério Público de São Paulo encaminhou ao poder judiciário um pedido de condenação de 72 estudantes da Universidade de São Paulo. Entre os crimes, consta a acusação de formação de quadrilha.

Para a União da Juventude Socialista as manifestações que ocorreram na USP são totalmente legítimas, pois, a inserção da policia militar no campus da universidade, embora tenha o argumento da segurança como sua justificativa, na verdade tem servido para reprimir o movimento estudantil e a luta sindical, diversos servidores enfrentam processos por exercerem o livre direito de associação sindical e social.

O MP de São Paulo abre um precedente perigoso contra a democracia brasileira, ou não foram assim os processos da ditadura militar contra toda a luta sindical e estudantil? Um dos maiores exemplos foi o movimento grevista do ABC ou a expulsão de dezenas de estudantes, seguido de torturas e mortes.

A mesma justiça que quer condenar os estudantes da USP por ocupar a reitoria é a mesma justiça que não condenou a Rede Globo de televisão por ocupar e cercar um terreno do Estado durante 11 anos (veja denúncia de ocupação ilegal de terreno público pela Rede Globo), ou que promoveu o massacre do Pinheirinho.

É por este motivo que a União da Juventude Socialista tem a certeza que a denuncia do Ministério Público de São Paulo não passa de mais uma tentativa de calar o movimento estudantil. Solidarizamos-nos com todos os 72 estudantes indiciados pelo MP e estaremos lado a lado na defesa da liberdade de expressão e de manifestação, assegurada pela constituição cidadã de 1988.

São Paulo, 06 de fevereiro de 2013.

2 comentários:

Luis disse...

Governinho facista esse de sp, tá doido.

Anônimo disse...

Tem que ser muito míope mesmo para defender essa ocupação.
Primeiro: MP é independente, não tem nada a ver com o governo de SP.
Segundo: as "vítimas" depredaram patrimônio público, impediram o funcionamento de um órgão vital da sociedade, e descumpriram ordem judicial.
Terceiro: é piada comparar esse período que vivemos com ditadura. Instituições existem para ser respeitadas, vivemos no Estado democrático de direito.
A maioria dessas "vítimas" são marmanjos que se sustentam do movimento estudantil, enquanto o povo de SP financia a universidade pública.
Agora pensarão duas vezes.