sábado, 5 de julho de 2014

Os jornalões e a tragédia em BH

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Qual é a diferença entre uma obra viária “carimbada” como “obra da Copa” e outra sem esse “carimbo”? Um viaduto é um viaduto. Concreto e aço. O motivo de sua construção não tem relação com a qualidade de execução da obra.

Na última quinta-feira, desabou um viaduto em Belo Horizonte. Até o momento, há uma morte confirmada e algumas dezenas de feridos.

A obra foi projetada para melhorar o acesso ao estádio Mineirão. A execução ficou a cargo da prefeitura daquela cidade, comandada pelo prefeito do PSB Marcio Lacerda, ligado ao candidato a presidente Aécio Neves (PSDB), e foi financiada pelo governo federal via BNDES.

Pode-se e deve-se questionar a execução dessa obra. Se ficar descartada a hipótese de sabotagem – e duvido que essa hipótese não esteja sendo considerada, por razões que serão explicadas mais adiante –, seguramente houve erro no projeto.

O jornal Folha de São Paulo, porém, publica, no dia seguinte à tragédia, manchete principal de primeira página com o objetivo evidente de atribuir à realização da Copa do Mundo de 2014 a razão para a queda do viaduto:

“Obra inacabada da Copa desaba e mata 1 em BH”.

A queda desse viaduto pode não passar de uma fatalidade, mas caiu do céu para gente como os donos da Folha de São Paulo. Gente que vem sofrendo desmoralização por ter promovido catastrofismo quanto à realização do evento esportivo.

Como as previsões de caos a durante a Copa, feitas por esse e outros órgãos de imprensa, não se concretizaram, a imprensa internacional vem acusando a brasileira de ter exagerado em suas previsões sombrias.

Nas redes sociais, surgem dúvidas sobre o acidente. Muita gente acredita que grupos políticos e órgãos de imprensa que tentaram usar a Copa para desgastar o governo federal não hesitariam em promover sabotagem para materializar o que não está acontecendo.

Editorial da Folha desta sexta-feira (4) revela que o jornal tenta extrair dividendos políticos da tragédia. No sexto parágrafo, o texto afirma que a queda do viaduto “Serve para lembrar (…) o quanto houve de irresponsabilidade e improviso (…) na organização do mundial”.

Serve, é? Será mesmo? Ter caído um viaduto, mesmo que não tenha sido por sabotagem, prova mesmo tudo de negativo sobre a organização da Copa que o jornal anunciou sem parar durante os últimos anos?

Prova coisa nenhuma. Em abril deste ano, por exemplo, caiu outro viaduto, só que em São Paulo. O desastre ocorreu nas obras do trecho leste do Rodoanel, do governo do Estado. Também matou uma pessoa, assim como o viaduto em BH. E não era obra da Copa.

Pergunta ao jornal de oposição: a queda desse viaduto prova que o Rodoanel paulista está sendo construído com “irresponsabilidade e improviso”?

A falta de caráter dos donos da Folha de São Paulo é velha conhecida dos brasileiros. Em sua guerra insana ao PT, o jornal já publicou, em sua primeira página, uma ficha policial falsa da atual presidente da República, já divulgou acusação ao antecessor dela de ser “estuprador” etc.

A família Frias tem longa história. Apoiou e ajudou a perpetrar os crimes da ditadura militar, produz mentiras e golpes baixos o tempo todo usando o grupo de mídia que ergueu graças à relação que manteve com aquela ditadura. Por que não exploraria politicamente uma tragédia?

O editorial da Folha tenta carimbar a Copa do Mundo inteira usando um episódio que, se não for produto de sabotagem, é comum. Erros de engenharia podem acontecer. Aconteceu recentemente em obra do Rodoanel, acontece em qualquer lugar, em qualquer país.

O fato de ser “obra da Copa” não justifica a manchete espalhafatosa. Aliás, se responsabilidade há, não é culpa da Copa. Quando muito, é da prefeitura de Belo Horizonte, que, aliás, é comandada pela oposição ao governo federal.

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PS: Verificando outros jornais, descobre-se que a rubrica “obra da Copa” foi usada da mesma forma pelos outros jornais da trinca que se opõe ao governo federal. Incrivelmente, Estadão e Globo foram na mesma linha da Folha

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Do Correio 24 horas

Viaduto que desabou é parte de complexo que já tinha sido interditado

O viaduto em construção Guararapes, que desabou na avenida Dom Pedro I, em Belo Horizonte, nesta quinta-feira (3), faz parte de um complexo que teve problemas este ano. Em fevereiro, a obra foi interditada depois que a estrutura de uma alça que estava sendo erguida na cabeceira da pista de outro viaduto do complexo cedeu cerca de 30 centímetros. Pelo menos uma pessoa morreu no acidente – a Secretaria de Saúde chegou a confirmar dois óbitos, mas disse depois que a segunda morte é “presumida”, já que as equipes ainda tentam chegar ao interior de um dos carros atingidos.

Tanto o Guararapes, que desabou hoje, quanto o viaduto Montese fazem parte do plano de mobilidade BRT, que liga a Avenida Pedro I à Avenida Antônio Carlos, um dos principais corredores de Belo Horizonte.

Na época, segundo a BHTrans, a interdição aconteceu por precaução, com o trânsito sendo bloqueado na rua Montese. Engenheiros da prefeitura e da obra foram até o local para avaliar a situação e constataram que havia um deslocamento da estrutura.

Pouco depois da interdição, a prefeitura de Belo Horizonte divulgou nota dizendo que o viaduto não corria risco de desabar. O texto citava análise feita pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap).

Por exigência técnica da prefeitura, o Montese passou por correções de infraestrutura e teve reforço de escoramento para não apresentar riscos à população antes de ser liberado.

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