quarta-feira, 3 de junho de 2015

Mídia estimula o pessimismo no Brasil

Por Helder Lima, na Rede Brasil Atual:

Para quem acompanha o noticiário sobre inflação e desemprego na grande mídia, o país está à beira do caos. "A mídia tem um comportamento em relação aos governos Lula e Dilma constante e regular de apresentar de uma maneira seletiva os dados eventualmente negativos", afirma Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo, jornalista e professor da Escola de Comunicação e Artes (ECA), da USP.

Dados divulgados por uma pesquisa do Ibope na sexta-feira (29), sobre como os brasileiros se sentem em relação ao futuro do país, confirmam a tese. A pesquisa apurou que 41% dos brasileiros acreditam que a imprensa mostra a situação econômica do país mais negativa do que na realidade o cidadão percebe. "Isso revela que os níveis de contradição entre a realidade e o que a mídia publica chegaram a graus altíssimos", observa Lalo, colunista da Revista do Brasil.

A pesquisa indica que 48% dos brasileiros – quase a metade da população – estão pessimistas sobre o futuro. Outro dado reforça a ideia de que o processo de formação de opinião pela mídia hegemônica tende ao que Lalo classifica como "exagero". A maioria (35%) das 2.002 pessoas ouvidas não sabe apontar quais são os níveis atuais de inflação, mas 19% consideram que ela é maior do que 12% ao ano e 18%, que ela está entre 9% e 12%, enquanto os dados das pesquisas mais recentes indicam uma inflação anual em torno de 8%.

"Há uma contradição entre a realidade e o que é pauta. Essa contradição se mantém há muito tempo, e agora num grau de distanciamento muito maior. É isso que explica a percepção da sociedade e do cidadão revelada nesses números", afirma Lalo.

Outra pesquisa, do Instituto Vox Populi, confirma a influência da imprensa nas expectativas pessimistas. Segundo esta, quase metade dos pesquisados estimam a inflação mensal superior a 20%. Essa projeção foi feita perguntando o que o entrevistado acha que compraria com R$ 100 daqui a um mês. Para 73%, a inflação mês vai superar os 10% e 47% acreditam que a inflação será superior a 20% – ao mês.

"Quanto mal uma mídia partidarizada pode causar a um país?", indaga o diretor do Vox Populi, Marcos Coimbra, em artigo na revista CartaCapital desta semana. Para o articulista, sobram exemplos históricos de momentos em que a mídia atua contra os interesses da população, movida por suas ambições políticas.

"Nos estudos da comunicação e entre os movimentos sociais que discutem a questão da mídia no Brasil, essa percepção já é antiga. Nós temos publicações, depoimentos, que mostram claramente que o discurso da mídia hegemônica não corresponde à situação concreta vivida pela população brasileira", afirma Lalo Leal. "Mesmo nos momentos em que a economia melhora, como foi até a metade do governo Dilma, a mídia só destacava de uma maneira seletiva os aspectos pontuais que poderiam impactar negativamente o sentimento da população sobre a economia", destaca.

Se o leitor observar os dados divulgados pela grande imprensa em um contexto histórico, notará com mais propriedade o comportamento que é criticado pelos especialistas. O desemprego, por exemplo, confirma essa tese. Atualmente, seu indicador está em 6,4% – índice de abril, segundo a pesquisa mensal de emprego do IBGE –, crescendo um pouco em relação aos meses anteriores, é verdade, mas nada que se compare ao nível da época anterior a Lula e Dilma, quando ele chegou ao dobro do nível atual.

Para Coimbra, "a 'crise' é, em grande parte, provocada pelas expectativas". Ele também escreve que "a nova pesquisa (do Vox Populi) mostra que a quase totalidade dos brasileiros, depois de ser bombardeada durante tanto tempo com a noção de 'crise' perdeu a capacidade de enxergar com realismo a situação da economia".

4 comentários:

Anônimo disse...

Dá nojo assistir a noticiários de alguns canais de tv, tipo rede Globo, Globonews e até a Cultura de São Paulo: eles trabalham firmemente dentro do slogan "quanto pior, melhor". Parece que o Brasil está destruído e vamos todos passar fome em poucos dias.
É ridículo!

Anônimo disse...

É absurdamente maquiavélico. Tenho náuseas e sinto nojo desse jornalismo manipulável e fascista. Além do que precisa ser totalmente desneuronado para se deixar impressionar por tamanha falta de profissionalismo. Trabalho, pago impostos e vivo nesta terra, me considero uma cidadã plena, é aviltante o que se faz com a realidade, com o cotidiano e com nossa capacidade de discernimento dos brasileiros.

LAERTE MOREIRA DOS SANTOS disse...

Realmente apostam no pior. Como a pessoa anônima tenho náuseas e sinto nojo desse jornalismo. Questiono o "absurdamente maquiavélico". Maquiavel é um dos meus filósofos preferidos e é objeto de estudo meu há tempos. Inclusive objeto do meu mestrado com o título "A virtú do povo em Maquiavel" que consta na internet. Continua sendo o filósofo maldito pelo jeito. Porém alerto as pessoas que mantém o preconceito que Maquiavel não é maquiavélico. Este papo de que ele escreveu que "os fins justificam os meios", não foi dito por ele. É uma questão de tradução. Como dizem os italianos "Tradutore é traditore" (tradutor é traidor). Ele é a favor de uma república de caráter popular, proposta clara no seu livro "comentários a primeira década de Tito Lívio".

SÉRGIO VIANNA disse...

Todo o esforço dos governos LULA e DILMA estão sendo desperdiçados pelo ralo em função da falta de atitudes desses mesmos governos no enfrentamento dessa conspiração contra os interesses do país.
Principalmente DILMA, que se tornou uma governante avessa ao enfrentamento com as reais causas da diminuição do ritmo econômico do país, ao permitir uma campanha sem fim que está levando o Brasil a inverter os ótimos índices de recuperação do emprego e da renda antes alcançados nos primeiros doze anos da gestão petista.
É inacreditável a apatia - já cantada e decantada por inúmeros blogueiros e até por cientistas sociais - que tomou conta neste ano do governo DILMA. Não se vislumbra aonde ela quer chegar ao permitir que esse cabo de guerra se estresse ao máximo como os fatos que estamos presenciando.