Por Luis Nassif, no Jornal GGN:
Os jornais destacaram a parte mais irrelevante e óbvia do depoimento do ministro da Justiça José Eduardo Cardozo à CPI da Petrobras: a de que doações legais a campanhas políticas podem ser criminalizadas se forem fruto de propina e o beneficiário tiver ciência disso. Cardozo limitou-se a dizer o óbvio.
No seu depoimento, o que espantou foi a total alienação do chefe da Polícia Federal, ele próprio, em relação às atividades da sua tropa.
Cardozo eximiu-se de qualquer responsabilidade invocando o tal "republicanismo". Admitiu que vazamentos de depoimentos sigilosos são crimes. Mas admitiu como se fosse um mero observador referindo-se a um episódio distante sobre o qual não teria nenhuma ingerência.
Ora, delegados da PF e procuradores são, no mínimo, cúmplices daquilo que o Ministro admite como crime; no máximo, seriam autores. E o Ministro, chefe maior da PF, admite o crime e informa que foi aberto um inquérito para apurá-lo, mas que ele não está acompanhando.
A falta de comando dividiu a outrora eficiente PF em grupos políticos se digladiando internamente. A corporação cuja meta, em algum momento da década passada, era se tornar tão eficiente quanto o FBI, hoje está envolvida em lutas intestinas, sendo instrumento de disputas políticas externas, das quais o principal alvo é o governo ao qual Cardozo supostamente serve.
Cardozo abandonou-a à sua própria sorte e comprou blindagem contra críticas deixando a tropa solta, indisciplinada. Parece um general, em plena guerra, entregando os pontos e negociando a rendição previamente com os inimigos.
Definitivamente, não é "republicanismo" interromper o processo de modernização e profissionalização da PF, abandonar totalmente a integração de dados com outras polícias, tirar o corpo totalmente da mediação da questão indígena, não cobrar a PF quanto a um vazamento - a infausta capa da Veja na véspera das eleições - que quase custa a vitória à sua presidente e sequer cobrar do delegado-geral explicações sobre suas declarações de que o MInistro da Justiça só pode ter ingerência administrativa sobre a PF.
O que o Ministro Cardozo tem, é fácil de diagnosticar. Em qualquer idioma, o diagnóstico correto é medo, paura, peur, angst, miedo, phóbos.
Quanto à sua chefe suprema, ainda não se chegou a um diagnóstico sobre o fato de manter no leme da Justiça o piloto do Titanic, mesmo depois de abalroado sucessivamente por todos os icebergs lançados por seus insubordinados.
A frase mais eloquentes de Cardozo é um acinte: "Temos de parar com aquela mania de proteger os amigos e pedir punição para os inimigos". Para um partido - o dele - em que as principais lideranças foram punidas com prisão e perda de direitos políticos, e que atualmente é alvo de uma operação que isentou - contra todas as evidências - o presidente do partido contrário, a frase soa irônica.
A frase correta deveria ser: "Temos de ganhar a coragem de pedir punição não só para os amigos como para os adversários que cometam crime".
Os jornais destacaram a parte mais irrelevante e óbvia do depoimento do ministro da Justiça José Eduardo Cardozo à CPI da Petrobras: a de que doações legais a campanhas políticas podem ser criminalizadas se forem fruto de propina e o beneficiário tiver ciência disso. Cardozo limitou-se a dizer o óbvio.
No seu depoimento, o que espantou foi a total alienação do chefe da Polícia Federal, ele próprio, em relação às atividades da sua tropa.
Cardozo eximiu-se de qualquer responsabilidade invocando o tal "republicanismo". Admitiu que vazamentos de depoimentos sigilosos são crimes. Mas admitiu como se fosse um mero observador referindo-se a um episódio distante sobre o qual não teria nenhuma ingerência.
Ora, delegados da PF e procuradores são, no mínimo, cúmplices daquilo que o Ministro admite como crime; no máximo, seriam autores. E o Ministro, chefe maior da PF, admite o crime e informa que foi aberto um inquérito para apurá-lo, mas que ele não está acompanhando.
A falta de comando dividiu a outrora eficiente PF em grupos políticos se digladiando internamente. A corporação cuja meta, em algum momento da década passada, era se tornar tão eficiente quanto o FBI, hoje está envolvida em lutas intestinas, sendo instrumento de disputas políticas externas, das quais o principal alvo é o governo ao qual Cardozo supostamente serve.
Cardozo abandonou-a à sua própria sorte e comprou blindagem contra críticas deixando a tropa solta, indisciplinada. Parece um general, em plena guerra, entregando os pontos e negociando a rendição previamente com os inimigos.
Definitivamente, não é "republicanismo" interromper o processo de modernização e profissionalização da PF, abandonar totalmente a integração de dados com outras polícias, tirar o corpo totalmente da mediação da questão indígena, não cobrar a PF quanto a um vazamento - a infausta capa da Veja na véspera das eleições - que quase custa a vitória à sua presidente e sequer cobrar do delegado-geral explicações sobre suas declarações de que o MInistro da Justiça só pode ter ingerência administrativa sobre a PF.
O que o Ministro Cardozo tem, é fácil de diagnosticar. Em qualquer idioma, o diagnóstico correto é medo, paura, peur, angst, miedo, phóbos.
Quanto à sua chefe suprema, ainda não se chegou a um diagnóstico sobre o fato de manter no leme da Justiça o piloto do Titanic, mesmo depois de abalroado sucessivamente por todos os icebergs lançados por seus insubordinados.
A frase mais eloquentes de Cardozo é um acinte: "Temos de parar com aquela mania de proteger os amigos e pedir punição para os inimigos". Para um partido - o dele - em que as principais lideranças foram punidas com prisão e perda de direitos políticos, e que atualmente é alvo de uma operação que isentou - contra todas as evidências - o presidente do partido contrário, a frase soa irônica.
A frase correta deveria ser: "Temos de ganhar a coragem de pedir punição não só para os amigos como para os adversários que cometam crime".
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