Por Breno Altman, em seu blog:
Atravessando crise brutal e alvo de ataques incessantes da velha mídia, o PT sofre sangramento sem transfusão em suas bancadas parlamentares e representações executivas, mas menos do que previsto, ao menos até o momento.
Perdeu um punhado de prefeitos em cidades pequenas, concentradamente em São Paulo, mas ganhou outro tanto no Piauí, em Minas e na Bahia, estados nos quais governa e pode oferecer algum atrativo a quem tem olhos postos nas eleições do próximo ano.
Não se pode menosprezar, no entanto, o impacto da saída de Luciano Cartaxo, prefeito de João Pessoa, ou a do importante deputado Alexandre Molon, o mais votado entre os parlamentares petistas do Rio de Janeiro.
O primeiro foi direto para o colo da direita, inscrevendo-se no PSD de Kassab, enquanto o segundo registrou-se na Rede Sustentabilidade, de Marina Silva.
Outras defecções ainda podem ocorrer.
O PCdoB também teve perdas em sua bancada, com dois dos dez parlamentares – o ex-judoca João Derly (RS) e Aliel Machado (PR) – pedindo baixa em sua filiação e também buscando oportunidades na sigla da ex-senadora acreana.
Não é fácil a vida de partidos progressistas, afinal, quando um governo do qual fazem parte gira contra sua própria base social e bate recordes de impopularidade.
A combinação entre desalento programático e possível definhamento eleitoral seiva o ambiente de ruptura tanto para militantes legitimamente dissidentes dos rumos adotados quanto para quadros afoitos por salvar o pescoço sem maiores compromissos com projetos coletivos.
Mas o curioso é que o PSOL, com todo o espaço para se apresentar como alternativa de esquerda e “diferente de tudo que está aí”, além do mais poupado pela imprensa, com alguns de seus integrantes adulados por certos veículos, tenha sofrido perdas relativas até piores que as de PT e PCdoB.
Não tem mais senadores, com o descolamento de Randolfo Rodrigues, e foi-se embora seu único prefeito de capital, o de Macapá.
Despediu-se definitivamente a vereadora Heloisa Helena, de Maceió, estrela máxima do partido em seus primeiros anos, a partir de agora também aderida à agremiação liderada por Marina.
Ganhou a adesão do deputado Glauber Braga e do vereador Brizola Neto, mas isso só prova que o partido continua, como opção viável e atraente, limitado ao Rio de Janeiro. Mesmo assim, fraquejando: o deputado estadual Paulo Ramos, o vereador carioca Jefferson Moura e seu colega de Rezende, Dr. Julianeli, também pegaram o chapéu e saíram de mansinho, igualmente tendo a Rede como destino.
O que está acontecendo, enfim, é mais um indício de que a derrota eventual do PT e do governo não carrega em seu bojo o fortalecimento de uma suposta esquerda da esquerda, mas a escalada das forças mais conservadoras.
A polarização política, mesmo ameaçada a médio e longo prazo, ainda está marcada pelo confronto entre dois campos blocados, um liderado pelo PT e outro pelo PSDB.
Esta é a expressão institucional do conflito entre esquerda e direita, trabalhadores e oligarcas, pobres e ricos. Uma disputa ao redor da qual, a propósito, se organizam o Estado e a sociedade há mais de vinte anos.
Não há qualquer sinal que o esvaziamento ou a derrocada do bloco petista criaria chances de uma alternativa à esquerda.
Enfraquecida, a hipótese principal de superação desta bipolaridade está ao centro, com uma costela oriunda do campo progressista (como é o caso da Rede) ou uma fração do conservadorismo governista (a exemplo do PMDB) assumindo o papel de liderar um bloco de partidos e classes capaz de reordenar a hegemonia burguesa no país, sobre os eventuais escombros do processo comandado pelo PT desde 2003.
A despeito das ilusões nas franjas aparentemente mais radicalizadas da esquerda, as correntes progressistas, gostem ou não da ideia, só terão futuro se forem capazes de resistir à ofensiva conservadora em curso, pressionando pela mudança de rumo do governo Dilma e viabilizando o aprofundamento da agenda vitoriosa há quase treze anos.
Fora dessa equação, o caminho que estará aberto é o da contrarreforma e o da restauração conservadora, pela via que tiver mais condições de sepultar a experiência petista por uma ou duas gerações, enterrando junto as demais variáveis de esquerda.
Atravessando crise brutal e alvo de ataques incessantes da velha mídia, o PT sofre sangramento sem transfusão em suas bancadas parlamentares e representações executivas, mas menos do que previsto, ao menos até o momento.
Perdeu um punhado de prefeitos em cidades pequenas, concentradamente em São Paulo, mas ganhou outro tanto no Piauí, em Minas e na Bahia, estados nos quais governa e pode oferecer algum atrativo a quem tem olhos postos nas eleições do próximo ano.
Não se pode menosprezar, no entanto, o impacto da saída de Luciano Cartaxo, prefeito de João Pessoa, ou a do importante deputado Alexandre Molon, o mais votado entre os parlamentares petistas do Rio de Janeiro.
O primeiro foi direto para o colo da direita, inscrevendo-se no PSD de Kassab, enquanto o segundo registrou-se na Rede Sustentabilidade, de Marina Silva.
Outras defecções ainda podem ocorrer.
O PCdoB também teve perdas em sua bancada, com dois dos dez parlamentares – o ex-judoca João Derly (RS) e Aliel Machado (PR) – pedindo baixa em sua filiação e também buscando oportunidades na sigla da ex-senadora acreana.
Não é fácil a vida de partidos progressistas, afinal, quando um governo do qual fazem parte gira contra sua própria base social e bate recordes de impopularidade.
A combinação entre desalento programático e possível definhamento eleitoral seiva o ambiente de ruptura tanto para militantes legitimamente dissidentes dos rumos adotados quanto para quadros afoitos por salvar o pescoço sem maiores compromissos com projetos coletivos.
Mas o curioso é que o PSOL, com todo o espaço para se apresentar como alternativa de esquerda e “diferente de tudo que está aí”, além do mais poupado pela imprensa, com alguns de seus integrantes adulados por certos veículos, tenha sofrido perdas relativas até piores que as de PT e PCdoB.
Não tem mais senadores, com o descolamento de Randolfo Rodrigues, e foi-se embora seu único prefeito de capital, o de Macapá.
Despediu-se definitivamente a vereadora Heloisa Helena, de Maceió, estrela máxima do partido em seus primeiros anos, a partir de agora também aderida à agremiação liderada por Marina.
Ganhou a adesão do deputado Glauber Braga e do vereador Brizola Neto, mas isso só prova que o partido continua, como opção viável e atraente, limitado ao Rio de Janeiro. Mesmo assim, fraquejando: o deputado estadual Paulo Ramos, o vereador carioca Jefferson Moura e seu colega de Rezende, Dr. Julianeli, também pegaram o chapéu e saíram de mansinho, igualmente tendo a Rede como destino.
O que está acontecendo, enfim, é mais um indício de que a derrota eventual do PT e do governo não carrega em seu bojo o fortalecimento de uma suposta esquerda da esquerda, mas a escalada das forças mais conservadoras.
A polarização política, mesmo ameaçada a médio e longo prazo, ainda está marcada pelo confronto entre dois campos blocados, um liderado pelo PT e outro pelo PSDB.
Esta é a expressão institucional do conflito entre esquerda e direita, trabalhadores e oligarcas, pobres e ricos. Uma disputa ao redor da qual, a propósito, se organizam o Estado e a sociedade há mais de vinte anos.
Não há qualquer sinal que o esvaziamento ou a derrocada do bloco petista criaria chances de uma alternativa à esquerda.
Enfraquecida, a hipótese principal de superação desta bipolaridade está ao centro, com uma costela oriunda do campo progressista (como é o caso da Rede) ou uma fração do conservadorismo governista (a exemplo do PMDB) assumindo o papel de liderar um bloco de partidos e classes capaz de reordenar a hegemonia burguesa no país, sobre os eventuais escombros do processo comandado pelo PT desde 2003.
A despeito das ilusões nas franjas aparentemente mais radicalizadas da esquerda, as correntes progressistas, gostem ou não da ideia, só terão futuro se forem capazes de resistir à ofensiva conservadora em curso, pressionando pela mudança de rumo do governo Dilma e viabilizando o aprofundamento da agenda vitoriosa há quase treze anos.
Fora dessa equação, o caminho que estará aberto é o da contrarreforma e o da restauração conservadora, pela via que tiver mais condições de sepultar a experiência petista por uma ou duas gerações, enterrando junto as demais variáveis de esquerda.
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