segunda-feira, 27 de junho de 2016

O drama de Temer com a Lava-Jato

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Talvez agora muitos estejam se dando conta da razão de Michel Temer ter, antes de tudo, escolhido alguns ministros-chave.

O dos negócios, Moreira Franco; o das barganhas, Eliseu Padilha, e o da Polícia Federal, Alexandre de Moraes.

Não é preciso falar dos dois primeiros, um que anda como disse hoje o Nassif, andando a mil por hora na venda do patrimônio público e o segundo, que anda pesquisando filhos e netos de senadores para nomear e garantir o resultado do impeachment.

Mas ficou evidente, esta semana, que Moraes joga um papel essencial na quase impossível missão de manter de pé o governo Temer.

Os distraídos e ingênuos que achem que foi coincidência – 20 dias depois da ordem no juiz – o desfecho da operação contra o ex-ministro Paulo Bernardo e, agora, a rápida disposição do juiz Sérgio Moro de dar prioridade aos “imensos desvios de recursos” que estariam envolvidos em pelalinhos, churrasqueiras e um “cafofo” no Guarujá que nem a Lula pertencem.

É que nem mesmo os mais interessados na exclusão do governo legítimo conseguem manter algum tipo de esperança de que Temer possa ser uma solução para o país.

A fonte não poderia ser mais insuspeita: Merval Pereira em sua coluna de hoje, reproduzindo pesquisa da consultoria Macroplan, especializada em estratégia e cenários econômicos.

Embora os totais não batam, do que lá está dito, resume-se o abaixo.

Na semana do desfecho golpe, de 13 a 19 de maio, 65% previam um sucesso econômico total (16%) ou parcial (49%) da gestão Temer.

Um mês dias depois, de 11 e 22 de junho, a maioria (51%) já apontava um “fracasso parcial” ( 42%) ou “total” (9%).


Era, portanto, absolutamente indispensável tirar o governo do centro das instabilidades provocadas pela “sangria” da Lava Jato.

Pode ser, por uma, duas semanas.

Mas não é ele o centro do poder e todos sabem disso.

O melhor que Temer pode aspirar – ele que se queixava de ser um vice decorativo – é ser um presidente decorativo.

Exercitar a vaidade, multiplicando-se em entrevistas profundas como uma poça d’água.

Porque se fizerem perguntas, mesmo, para valer, respostas não terá.

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