Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
O vídeo que Doria fez tentando desfazer a imagem de traidor de seu criador é das peças mais deprimentes na história recente da República.
A crônica política não dá conta de algo tão constrangedor. É trabalho para Nelson Rodrigues e Chico Buarque.
Doria, que está abertamente em campanha, chamou Alckmin para uma “homenagem”.
A conversa foi gravada no domingo, dia 12, no Palácio dos Bandeirantes, depois de uma semana de contatos políticos do prefeito turista.
“Eu quero, aqui, deixar muito clara a minha posição, a minha lealdade, estima e amizade com o governador Gerado Alckmin. Da minha relação de 37 anos, que não nasceu na politica, não depende da política”, diz.
“Eu gosto do governador Geraldo Alckmin, eu gosto do Geraldo. Como pai, como amigo, como católico, eu gosto de todas as boas qualidades que ele tem e que eu admiro”.
No dia seguinte, ele estava em Palmas, Tocantins, com faixas e claque de presidente.
Até aí, é esperteza do sujeito. A questão é o Geraldo: por que se submeter a isso? Para que emprestar argumento para aquele o engana à luz do dia?
João Doria ciceroneou Michel Temer para um evento em que foi transferida parte da área do Campo de Marte para a construção de um parque municipal.
Temer o saudou como tendo “uma visão nacionalista, e não apenas municipalista”. Convidou-o para o PMDB. O DEM também o quer.
Alckmin é seu principal adversário no PSDB e ele não tem poupado o governador. Segundo o Valor, “Doria não perde oportunidade de dizer que vem aí uma bomba, uma delação irrespondível, que esse ‘negócio de cunhado’ é difícil”.
A tal delação envolve o irmão de “Dona Lu”, Adhemar Ribeito, recebendo dinheiro em um endereço na Avenida Nove de Julho.
A Istoé com a capa de JD está espalhada pela prefeitura, em todos os gabinetes dos secretários, para quem quiser ver.
Alguns deles já falam abertamente dos projetos que vão querer implantar com o chefe na presidência. O ritmo de trabalho diminuiu drasticamente.
Perguntado sobre o show em que serviu de escada para seu algoz, Alckmin foi patético. “Com grande alegria, tomamos um café ontem à noite”, contou.
Ninguém acredita. Nem ele.
O espetáculo da humilhação de Alckmin é coisa de quem já desistiu, não se importa em ser iludido e topa resignado o papel de bobo.
É como se ele dissesse: vai, João, me submete, me achincalha, me deprecia. Eu quero, eu gosto. O João faz.
Doria e Geraldo são os protagonistas de “Mil perdões”, a canção de Chico para o filme (que ninguém viu) baseado em peça de Nelson Rodrigues, “Perdoa-me por me traíres”.
Canta o gestor para o chuchu: “Te perdoo porque choras, quando eu choro de rir. Te perdoo por te trair”.
A crônica política não dá conta de algo tão constrangedor. É trabalho para Nelson Rodrigues e Chico Buarque.
Doria, que está abertamente em campanha, chamou Alckmin para uma “homenagem”.
A conversa foi gravada no domingo, dia 12, no Palácio dos Bandeirantes, depois de uma semana de contatos políticos do prefeito turista.
“Eu quero, aqui, deixar muito clara a minha posição, a minha lealdade, estima e amizade com o governador Gerado Alckmin. Da minha relação de 37 anos, que não nasceu na politica, não depende da política”, diz.
“Eu gosto do governador Geraldo Alckmin, eu gosto do Geraldo. Como pai, como amigo, como católico, eu gosto de todas as boas qualidades que ele tem e que eu admiro”.
No dia seguinte, ele estava em Palmas, Tocantins, com faixas e claque de presidente.
Até aí, é esperteza do sujeito. A questão é o Geraldo: por que se submeter a isso? Para que emprestar argumento para aquele o engana à luz do dia?
João Doria ciceroneou Michel Temer para um evento em que foi transferida parte da área do Campo de Marte para a construção de um parque municipal.
Temer o saudou como tendo “uma visão nacionalista, e não apenas municipalista”. Convidou-o para o PMDB. O DEM também o quer.
Alckmin é seu principal adversário no PSDB e ele não tem poupado o governador. Segundo o Valor, “Doria não perde oportunidade de dizer que vem aí uma bomba, uma delação irrespondível, que esse ‘negócio de cunhado’ é difícil”.
A tal delação envolve o irmão de “Dona Lu”, Adhemar Ribeito, recebendo dinheiro em um endereço na Avenida Nove de Julho.
A Istoé com a capa de JD está espalhada pela prefeitura, em todos os gabinetes dos secretários, para quem quiser ver.
Alguns deles já falam abertamente dos projetos que vão querer implantar com o chefe na presidência. O ritmo de trabalho diminuiu drasticamente.
Perguntado sobre o show em que serviu de escada para seu algoz, Alckmin foi patético. “Com grande alegria, tomamos um café ontem à noite”, contou.
Ninguém acredita. Nem ele.
O espetáculo da humilhação de Alckmin é coisa de quem já desistiu, não se importa em ser iludido e topa resignado o papel de bobo.
É como se ele dissesse: vai, João, me submete, me achincalha, me deprecia. Eu quero, eu gosto. O João faz.
Doria e Geraldo são os protagonistas de “Mil perdões”, a canção de Chico para o filme (que ninguém viu) baseado em peça de Nelson Rodrigues, “Perdoa-me por me traíres”.
Canta o gestor para o chuchu: “Te perdoo porque choras, quando eu choro de rir. Te perdoo por te trair”.
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