sexta-feira, 11 de agosto de 2017

As milionárias consultorias de Meirelles

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Rubem Valente, na Folha, traz mais uma daquelas revelações que, por se tratar de gente querida pelo mercado, jamais virá ao caso:

Um ex-cliente da empresa de consultoria que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, manteve até assumir o cargo controla uma companhia que tem negócios milionários com o governo federal.
Gerida pelo fundo de investimentos americano KKR, a Aceco recebeu R$ 635 milhões de órgãos federais de 2007 a 2017, em valores não atualizados, por serviços de armazenagem de dados e salas-cofre de computadores.


A Aceco presta serviços para o Exército, agências reguladoras e hospitais, além de órgãos do Legislativo. Foi o primeiro e até agora é o único investimento feito no Brasil pelo KKR, que tem ativos avaliados em US$ 39 bilhões.(…)

Em nota, a assessoria de Meirelles no Ministério da Fazenda afirmou que o ministro “não foi executivo da empresa [Aceco] e, portanto, não participou de nenhuma atividade operacional”. Segundo o ministério, a HM&A (a empresa de Meirelles) tinha contrato para “organizar a implantação do KKR no Brasil, com análise do mercado local, evolução do mercado de private equity no país e plano estratégico”. O ministro não esclareceu quanto recebeu do fundo, alegando sigilo fiscal.


O KKR é um polêmico grupo norte-americano, criado pelos primos Henry Kravis e George Roberts e que, segundo o Wall Street Journal,em 2014, possuía “93 empresas em seu portfólio de private equity, representando uma ampla gama de indústrias”.

Que, apesar disso, era uma parte menor de seus negócios. A maior parte da renda vinha de sua “unidade de mercados públicos oferece investimentos em empréstimos alavancados e outras estratégias de crédito, patrimônio e fundos de hedge, enquanto a divisão de mercados de capitais organiza financiamento de dívida e patrimônio para transações, subscreve ofertas de valores mobiliários e fornece conselhos”.

Portanto, mercado financeiro, aquele que faz fortuna a partir do nada. Ou das políticas econômicas adotadas por países entregues aos “market men“.

Eles não têm de prestar contas de nada, são insuspeitos e honestos apenas porque gostam de ganhar centenas de milhões.

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