Com o cenário político turbulento, marchinhas e até sambas-enredo se politizaram no carnaval deste ano. Com críticas às reformas de Temer e a figuras políticas, como os prefeitos Marcelo Crivella (Rio de Janeiro) e João Doria (São Paulo), a folia também se mostra um espaço de luta.
Os blocos de rua cada vez mais se firmam como palcos de manifestações. O Comuna Que Pariu, no Rio de Janeiro, protesta contra a reforma trabalhista e da Previdência. Ainda na capital fluminense, o Simpatia É Quase Amor, que desfilou na semana passada, ironizou a gestão de Marcelo Crivella. Já em São Paulo, Doria é criticado na marchinha intitulada Prefake, do Bloco do Fuá.
De acordo com Tiago Rodrigues, trompetista do bloco Orquestra Voadora, o modelo de financiamento do carnaval carioca feito pela gestão Crivella é uma ameaça à festa tradicional. "A gente faz tudo por conta própria, temos um auxílio da Secretaria de Cultura do estado, mas isso não paga nem metade dos custos. Fazemos vaquinha, vendemos camisetas, nos viramos, mas muitos ainda têm que tirar dinheiro do bolso. E como resposta temos que cumprir mais e mais exigências sem dinheiro", explica em entrevista ao Brasil de Fato.
Algumas marchinhas estão fora das ruas, mas fazem sucesso na internet. São canções que satirizam políticos, como a Bolsomico que diz ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) "ir embora, sair correndo para a aula de história". O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes também é um dos "homenageados". "Eu tô em cana, vem me soltar", cantam.
Confira 10 letras das músicas de carnaval que farão a crítica política com alegria neste ano:
Os blocos de rua cada vez mais se firmam como palcos de manifestações. O Comuna Que Pariu, no Rio de Janeiro, protesta contra a reforma trabalhista e da Previdência. Ainda na capital fluminense, o Simpatia É Quase Amor, que desfilou na semana passada, ironizou a gestão de Marcelo Crivella. Já em São Paulo, Doria é criticado na marchinha intitulada Prefake, do Bloco do Fuá.
De acordo com Tiago Rodrigues, trompetista do bloco Orquestra Voadora, o modelo de financiamento do carnaval carioca feito pela gestão Crivella é uma ameaça à festa tradicional. "A gente faz tudo por conta própria, temos um auxílio da Secretaria de Cultura do estado, mas isso não paga nem metade dos custos. Fazemos vaquinha, vendemos camisetas, nos viramos, mas muitos ainda têm que tirar dinheiro do bolso. E como resposta temos que cumprir mais e mais exigências sem dinheiro", explica em entrevista ao Brasil de Fato.
Algumas marchinhas estão fora das ruas, mas fazem sucesso na internet. São canções que satirizam políticos, como a Bolsomico que diz ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) "ir embora, sair correndo para a aula de história". O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes também é um dos "homenageados". "Eu tô em cana, vem me soltar", cantam.
Confira 10 letras das músicas de carnaval que farão a crítica política com alegria neste ano:
1. Bloco do Fuá
Com o tema Humanicidades: carnavalizando essa zona toda e derretendo a Doriana no asfalto, o Bloco do Fuá ocupa as ruas do Bixiga, no centro de São Paulo, no próximo domingo (11), às 15h (confira aqui a programação completa do carnaval de rua paulistano). A composição da marchinha Prefake é de Marco Ribeiro e Adriano Filho e faz críticas ao prefeito João Doria (PSDB).
Não atrapalhe o nosso carnaval
Não ponha regras na folia
Tudo o que você faz É muito mal
É coisa que eu não faria
Tudo o que você faz É muito mal
É coisa que eu não queria
(refrão)
Prefake, Prefake
Prefake de uma figa
Prefeito, Defeito
Perfeito de mentira
A cidade não está a venda
Ela não é mercadoria
Doriana vai derreter Vai Vai
No asfalto do Bixiga
(refrão)
Prefake, Prefake
Prefake de uma figa
Prefeito, Defeito
Prefeito de mentira
Quero a cidade mais humana
Quero toda essa alegria
Vamos carnavalizar E deixá-la
Muito mais colorida
2. Comuna que pariu
O tradicional bloco carioca Comuna que Pariu desfila na próxima segunda-feira (12), saindo da rua Rua Alcindo Guanabara, no centro do Rio, a partir das 15h. O tema do enredo de 2018 é Cadê o futuro que estava aqui? O patrão comeu, com críticas às "reformas" trabalhista e da Previdência, proposta por Temer. A composição é de Alisson Martins, Belle Lopes, Bil-Rait "Buchecha', Guilherme Sá, Letícia, LG, Nina Rosa, Tiago Sales e Thiago Kobe.
Eu vim daqui, eu vim dali, eu vim de lá
¨Foratemer¨ e Crivella , tô na rua pra lutar
Além da dor, também nos une o amor
Chegou Comuna, bando de trabalhador
Lá vai em cada isopor
O sonho, o suor, feijão e arroz do camelô
Que tá cansado de vender
Pra quem não cansa de comprar
E camelô representa todo mundo que não vai se aposentar
A gente é o rato que roeu a roupa do rei de Roma
Supremo é ter o povo no poder
Dá cá o nosso, se não der a gente toma
A Maluca me embalou (Me embalou)
A Comuna que pariu (Que Pariu!)
Revolução e carnaval
É coisa nossa, nossa classe construiu
E agora, Maria? E agora, José?
Roubaram teu sono, venderam tua fé
Futuro, promessa, passaram a mão
Na bunda da população
Vambora Maria, vambora José
Viver pra mudar nossa história
Vermelha vitória, desbanca burguês
Ó nós aqui outra vez
3. Simpatia É Quase Amor
Neste ano, o bloco Simpatia É Quase Amor incluiu em seu repertório para o desfile no carnaval de rua do Rio de Janeiro um samba com críticas ao prefeito Marcelo Crivella. O desfile será no domingo (11), às 16h, saindo da Praça General Osório, em Ipanema, zona sul. O Samba da adivinhação foi composto por Manu da Cuíca, Luiz Carlos Máximo, Belle Lopez e Bil-Rai.
Meu deus do céu...
Olha quem pintou no pedaço
Um filho de múmia
Com cobra cascavel
Que faz a gente de palhaço
Crer eu não Cri
Vela não acendi
Vim pro sol de Ipanema
Afastar assombração
De quem não sabe a diferença
Entre a sua crença e a nossa tradição
O Simpatia é quase amor
E vem propor adivinhação
Ensaio de escola? Ele mela!
Roda de samba? Atropela!
Macumba? Não tolera!
Só gosta de bloco nutella!
Ele não cuida? Nem zela!
Casa de jongo? Cancela!
Em nome de Deus? Apela!
Qual o nome do hômi?
(...)
Qual o nome do hômi?
(...)
4. Bloco dos Barbas
Mais um desfile de rua que terá protesto em seu enredo é o Bloco dos Barbas, que brincará no próximo sábado (10), com concentração na Rua Assis Bueno, na zona sul, a partir das 14h. A letra de Deivid Domênico, Marcelo Carvalho, Alexandre Araujo, Durval Borges e Luiz Fernando também protesta contra Crivella.
Tá amarrado! Vem brincar no carnaval
O tambor ecoa, é universal
Não tem censura, minha arte é popular
A intolerância vai sambar
Não existe pecado do lado de baixo do Equador
Sim, eu sou folião e não peço perdão
Dá um "templo", Pastor!
Festa profana toma conta da cidade
Quebra correntes, o sambista libertou
Trago felicidades, não aceito ter senhor
Ajoelhou, levanta, irmão!
Vem com os barbas!
A salvação!
Te oferto o show da bateria
Só cerveja quente é heresia
Ira e soberba, que preguiça de você
Quanta avareza, solta a verba, quero ver
Alô, seu prefeito
Expulsa a gula de poder
Olha... nosso corpo é luxúria
Se inveja, se mistura
E deixa o povo te benzer
5. Imprensa Que Eu Gamo
Com um tom bem humorado, o bloco carioca Imprensa Que Eu Gamo fez um enredo inspirado em diversas "pautas". A letra fala sobre a exposição queer censurada no Santander Cultural, o caso de racismo envolvendo o jornalista William Waack e até o apelido de "MiShell" dado a Temer após denúncia de favorecimento a Shell.
A música cantada no desfile realizado no último dia 27, é inspirada no hit internacional Despacito, do cantor porto-riquenho Luis Fonsi. A composição é de Caio Nolasco, Carlos Fidélis, Chico Nogueira, Djalma Júnior, Gabriel Goyanes, Guilherme Pecly, Jorge Sápia, Leo Diniz, Paulo Fraiz e Thiago Prata.
Não é assim que se faz
Seu editor, não aguento mais
Nenhum passo pra frente, mas 'despacito' pra trás
Sujou mais um pouquinho a fraude do garotinho
A arte é nua, é crua, tá no museu, é das ruas
Quem tem moral para censurar?
Coleguinha, deixa a redação pra lá
Quando a gente se encontrar
Nem Gilmar vai nos soltar
(refrão)
Laranjeiras, meu cenário
No centro o Bola é centenário
"Tem que manter isso aí, viu?"
Curral do samba é a pauta que caiu
O Waack já foi pro brejo
O meu PITU tá lá no céu
No Rio, Barata voa
Cortaram o mini estéril do Mishell
Ó, seu prefeito, porque se oculta assim?
Não deu a chave pro momo
Será que vai dar pra mim?
Sou batuqueiro, sou da bateria
Pedi a benção ao meu Pai Xangô
É janeiro, tô no mercadinho
Imprensa que eu gamo, o carnaval chegou
6. Política na Sapucaí
O carnaval do Rio de Janeiro também será palco de protestos na Marquês de Sapucaí. A Paraíso do Tuiuti vai para a avenida este ano contestar que a história da escravidão ainda não acabou no Brasil. Com o enredo Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?, a escola critica a "reforma" trabalhista.
Integrantes da escola de São Cristóvão vão atravessar a avenida vestidos com as cores da bandeira do Brasil, segurando panelas e carregando um pato inflável amarelo, em alusão a um dos símbolos levados para as ruas pela Fiesp. Os 'manifestantes fantoches', é uma ironia as pessoas que pediram impeachment da presidenta Dilma Rousseff, em 2016.
Outra fantasia que chama a atenção é a chamada de "Guerreiro da CLT", que trará um trabalhador sobrecarregado com várias tarefas, tentando se proteger da exploração patronal, usando uma carteira de trabalho como escudo.
7. BolsoMico
A banda mineira Orquestra Royal apresentou em janeiro que é possível misturar as eleições deste ano com a folia. Eles lançaram a marchinha BolsoMico, pedindo que Bolsonaro vá embora e leve também os prefeitos João Dória e Marcelo Crivella, o Movimento Brasil Livre (MBL) e Alexandre Frota.
Tem que ter QI de mico
Pra ficar lambendo bota de milico
Cérebro de periquito
Pra chamar esse boçal de mito
Memória de tanajura
Pra dizer que nunca houve ditadura
Cabeça de camarão
Pra querer voltar pros tempos da inquisição
É melhor Jair, Já ir embora
Sair correndo para a aula de história
É melhor Jair, Já ir embora
E leve o prefeito Dória
Leve também a turma desses idiotas
MBL, Crivella, Alexandre Frotta
Pra completar na verdade o bom seria
Levar o mico pra aula de economia
8. Marchinha da Assombração
O carnavalesco Gustavo da Macedônia criou a Marchinha da Assombração, uma das finalistas do 7º Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, realizado no último dia 4. A canção satiriza o presidente Michel Temer como "o vampiro, o covarde mestre-salas, que se esconde na Alvorada".
Abram alas para esse cortejo tão funesto
diabos vestem toga e terno
é a marcha do assombração!
O vampiro, o covarde mestre sala
se esconde na alvorada
"sangue de pobre que é bom"
A caveira, Serra todas as riquezas
abre a porta bandeira
as pernas para tio Sam
Sorria, vais trabalhar noite e dia
a sua aposentadoria
vai ser na outra encarnação
Fantasmas, os ritmistas dessa marcha
com as panelas empunhadas
homenageiam os animais - " ô vaca, sua anta!!!"
Passistas, bestas em coreografia
jogam pro alto as mãozinhas,
meu Deus, que filme de terror!
Na platéia, os zumbis veneram um pato,
assistem tudo tão calados,
quanta indignação!
(2 x) Sorria, vais trabalhar noite e dia
a sua aposentadoria
vai ser na outra encarnação
Sorria, sorria, sorria
9. Alô, Gilmar
Roberto Kelly, autor das marchinhas clássicas Cabeleira do Zezé e Mulata Iê-Iê-Iê, decidiu "homenagear" o ministro do STF Gilmar Mendes. A crítica feita na música Alô, Alô, Gilmar é sobre as diversas solturas de presos ordenadas pelo ministro.
Alô, alô, Gilmar
Eu tô em cana, vem me soltar
Eu roubei, eu roubei, eu roubei
Não estou preso à toa,
Mas no mundo, não há quem escape
De uma conversinha boa
10. Marchinha da Previdência
A Pública Central do Servidor publicou no dia 1º a marchinha Não vá mexer na nossa Previdência, também contra a "reforma" previdenciária proposta por Temer. A música alega falta de autoridade moral e ética dos deputados e senadores para votar o projeto.
Seu deputado, seu senador
Não vai mexer na nossa Previdência
Não tem conversa e nem reforma
Com voto de quem tá metido em corrupção
Assunto sério só trato com gente séria
Na Previdência, eles não vão meter a mão
Não tem debate pra tratar do meu futuro
Só com o passado limpo e uma nova eleição
Quem vota nessa reforma, não volta pro Congresso
Não tem meu voto e nem da população
Quem vota nessa reforma, não volta pro Congresso
E quem votar não ganha uma eleição
E quem voltar, não volta, não
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