Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:
Se não tivesse ajudado a incendiar o Brasil, o senador Aécio Neves hoje seria o candidato do PSDB a presidente e teria grandes chances de ser eleito. No segundo turno de 2014 ele obteve 51 milhões de votos contra 54,5 milhões dados a Dilma Rousseff . Saiu da disputa com um formidável capital político mas não foi capaz de assimilar a derrota: anunciou que a eleita não concluiria o mandato, apostou tudo em sua derrubada e acendeu a fogueira da crise que devorou o sistema partidário e ontem o transformou em réu por corrupção passiva e tentativa de obstruir a Justiça.
Assim como a prisão de Lula jogou o PT na orfandade eleitoral, o acolhimento da denúncia contra Aécio reforça a indigência eleitoral da centro-direita, ampliando a incerteza que cerca a eleição. Geraldo Alckmin, temendo ser contaminado, dedicou-lhe ontem um mero “a lei é para todos”. Mas sua empacada candidatura precisa entrar em Minas e pode enfrentar uma barreira. Aécio já não lhe perdoava as vaias dos tucanos paulistas na última convenção.
Mas, voltando à origem de tudo, derrotado em 2014 Aécio deu ordem para “jogar o governo no chão”. O PSDB pediu a recontagem dos votos e entrou com ação no TSE pela cassação da chapa Dilma-Temer. Quando foi julgada, Dilma já sofrera impeachment e Aécio já se aliara a Temer para derrubá-la. Na primeira semana, manifestantes do MBL e outros grupos de direita começaram a pedir nas ruas o impeachment da presidente reeleita. Em dezembro, Dilma pediu ao Congresso um ajuste na meta fiscal para 2015, evidência de que omitira, na campanha, o real estado das contas públicas. Se ela perder, calculou o derrotado, poderá ser acusada de crime de responsabilidade. Ganhou apertado, sob os gritos de “Fora Dilma” e “Fora PT” dos manifestantes que o PSDB levou para as galerias. Em breve, eles ganhariam as ruas.
Dali em diante, Aécio e seu partido apostaram tudo nos delatores da Lava Jato que haviam começado a revelar a corrupção na Petrobrás, empurrando-a apenas para o PT. “O mar de lama”, disse ele, chegará ao gabinete presidencial. Dilma não foi acusada de corrupção mais caiu assim mesmo, pela prática de pedaladas fiscais. O PSDB providenciou o pedido de impeachment acolhido por Eduardo Cunha e liderou o processo. De lá para cá, a crise política não deu trégua.
Tudo isso é passado mas ensina sobre o que não se deve fazer na democracia. Assim como também são pedagógicos todos os erros cometidos pelo PT, que no poder resolver fazer tudo ou mais que os outros partidos faziam.
A Lava Jato turbinada para arrasar o PT tornou-se um poder fora de controle. Alcançou outros partidos, desconjuntou as empreiteiras e chegou à JBS. Buscando a impunidade, Joesley Batista negociou com a PGR a delação e as operações controladas, como a gravação de Aécio lhe pedindo R$ 2 milhóes para pagar advogados. A entrega de dinheiro vivo foi filmada. É claro que Aécio não pensava em assassinato ao dizer que o portador deveria ser alguém “que a gente mata antes de fazer delação” mas a bravata reforçou a denúncia de obstrução de justiça. A cruzada contra a corrupção não perdoa nem metáforas toscas.
Assim como o juiz Sérgio Moro condenou Lula mesmo não encontrando “atos de ofício” que provassem o favorecimento da OAS em troca do tal triplex, a PGR também não apontou a contrapartida que Aécio daria à JBS em troca do dinheiro, que ele alegou ser um empréstimo. Isso não o redime dos erros evidentes mas informa que a cruzada em curso não se detém nos formalismos da lei. Aécio ajudou a criar a maré punitivista que o levou ontem para para junto de outros afogados. Foi-se mais uma estrela da velha elite política. E a nova, ainda está por nascer.
Se não tivesse ajudado a incendiar o Brasil, o senador Aécio Neves hoje seria o candidato do PSDB a presidente e teria grandes chances de ser eleito. No segundo turno de 2014 ele obteve 51 milhões de votos contra 54,5 milhões dados a Dilma Rousseff . Saiu da disputa com um formidável capital político mas não foi capaz de assimilar a derrota: anunciou que a eleita não concluiria o mandato, apostou tudo em sua derrubada e acendeu a fogueira da crise que devorou o sistema partidário e ontem o transformou em réu por corrupção passiva e tentativa de obstruir a Justiça.
Assim como a prisão de Lula jogou o PT na orfandade eleitoral, o acolhimento da denúncia contra Aécio reforça a indigência eleitoral da centro-direita, ampliando a incerteza que cerca a eleição. Geraldo Alckmin, temendo ser contaminado, dedicou-lhe ontem um mero “a lei é para todos”. Mas sua empacada candidatura precisa entrar em Minas e pode enfrentar uma barreira. Aécio já não lhe perdoava as vaias dos tucanos paulistas na última convenção.
Mas, voltando à origem de tudo, derrotado em 2014 Aécio deu ordem para “jogar o governo no chão”. O PSDB pediu a recontagem dos votos e entrou com ação no TSE pela cassação da chapa Dilma-Temer. Quando foi julgada, Dilma já sofrera impeachment e Aécio já se aliara a Temer para derrubá-la. Na primeira semana, manifestantes do MBL e outros grupos de direita começaram a pedir nas ruas o impeachment da presidente reeleita. Em dezembro, Dilma pediu ao Congresso um ajuste na meta fiscal para 2015, evidência de que omitira, na campanha, o real estado das contas públicas. Se ela perder, calculou o derrotado, poderá ser acusada de crime de responsabilidade. Ganhou apertado, sob os gritos de “Fora Dilma” e “Fora PT” dos manifestantes que o PSDB levou para as galerias. Em breve, eles ganhariam as ruas.
Dali em diante, Aécio e seu partido apostaram tudo nos delatores da Lava Jato que haviam começado a revelar a corrupção na Petrobrás, empurrando-a apenas para o PT. “O mar de lama”, disse ele, chegará ao gabinete presidencial. Dilma não foi acusada de corrupção mais caiu assim mesmo, pela prática de pedaladas fiscais. O PSDB providenciou o pedido de impeachment acolhido por Eduardo Cunha e liderou o processo. De lá para cá, a crise política não deu trégua.
Tudo isso é passado mas ensina sobre o que não se deve fazer na democracia. Assim como também são pedagógicos todos os erros cometidos pelo PT, que no poder resolver fazer tudo ou mais que os outros partidos faziam.
A Lava Jato turbinada para arrasar o PT tornou-se um poder fora de controle. Alcançou outros partidos, desconjuntou as empreiteiras e chegou à JBS. Buscando a impunidade, Joesley Batista negociou com a PGR a delação e as operações controladas, como a gravação de Aécio lhe pedindo R$ 2 milhóes para pagar advogados. A entrega de dinheiro vivo foi filmada. É claro que Aécio não pensava em assassinato ao dizer que o portador deveria ser alguém “que a gente mata antes de fazer delação” mas a bravata reforçou a denúncia de obstrução de justiça. A cruzada contra a corrupção não perdoa nem metáforas toscas.
Assim como o juiz Sérgio Moro condenou Lula mesmo não encontrando “atos de ofício” que provassem o favorecimento da OAS em troca do tal triplex, a PGR também não apontou a contrapartida que Aécio daria à JBS em troca do dinheiro, que ele alegou ser um empréstimo. Isso não o redime dos erros evidentes mas informa que a cruzada em curso não se detém nos formalismos da lei. Aécio ajudou a criar a maré punitivista que o levou ontem para para junto de outros afogados. Foi-se mais uma estrela da velha elite política. E a nova, ainda está por nascer.
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