sexta-feira, 3 de julho de 2020

O crescimento das queimadas na Amazônia

Por Altamiro Borges

Números consolidados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados pela ‘Época’, apontam que o índice de queimadas na Amazônia teve o pior junho desde 2007. Foram registrados por satélites 2.248 focos de incêndio de 1º a 30 de junho, um aumento de 19,5% em relação ao mesmo período em 2019.

Conforme enfatiza a revista, "a queima recorde da floresta já vinha sendo alertada por ONGs e especialistas e coincide com o desmatamento acelerado em meio à pandemia de Covid-19... ONGs têm acusado o governo de sabotagem contra fiscalizações" e de esvaziamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).


"Passando a boiada" da devastação

Na prática, o laranjal de Bolsonaro segue a orientação do sinistro Ricardo Salles dada na esbórnia ministerial de 22 de abril. Na ocasião, o milionário desmatador sugeriu que o governo aproveitasse as atenções da mídia voltadas para a crise da Covid para "passar a boiada" na desregulamentação ambiental.

Segundo uma nota técnica divulgada em junho pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), com base em dados de satélite do Inpe, havia 4.509 km² de floresta a serem queimadas na região Norte nos próximos meses, o equivalente a três vezes o tamanho da cidade de São Paulo.

Desta área, 661 km² foram derrubados entre janeiro e maio deste ano. Os 3.848 km² restantes referem-se à floresta desmatada em 2019, mas que ainda não foi queimada. O Instituto prevê que o  número dobre até fim de julho. Ou seja, o Brasil pode ter 9 mil km² de florestas prontas para serem incendiadas neste período.

Covid e problemas respiratórios

Especialistas também alertam que o crescimento de queimadas no momento em que o país sofre com a Covid-19 pode gerar uma tempestade perfeita na região Norte. No ano passado, o fogo provocou uma corrida a hospitais em estados como Roraima e Acre, devido a problemas respiratórios causados pela fumaça.

A revista Época ainda inclui um estudo da Universidade Harvard (EUA) que concluiu que a exposição à poluição pode elevar a letalidade da Covid-19. "Além disso, os efeitos da queimada na saúde proporcionariam, por si só, um aumento no número de pessoas em hospitais" da região que já estão superlotados.

A presença inócua dos militares na região

No mesmo rumo, a Folha publicou nesta quarta-feira (1) matéria confirmando que a “Amazônia teve o maior número de queimadas dos últimos 13 anos” no mês passado. Segundo a reportagem, “a soma dos focos de incêndio computados até dia 20 de junho já havia sinalizado um recorde desde 2007”.

“Com o início da temporada seca na Amazônia, junho acende sinal amarelo sobre uma tendência que deve se agravar nos próximos meses”, alerta o jornal. Já Mauricio Voivodic, diretor da ONG WWF no Brasil, prevê uma nova catástrofe. “Não podemos permitir que a situação de 2019 se repita, em que por falta de comando e controle do governo foi possível haver o Dia do Fogo no sul do Pará”.

A Folha ainda realça que o uso das Forças Armadas no combate ao desmatamento, autorizado em maio pelo “capetão” Bolsonaro, não trouxe qualquer resultado positivo. Parece pura pirotecnia. “No primeiro mês de operação, o desmatamento ainda foi 12% superior a maio de 2019”.

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