domingo, 8 de agosto de 2021

Ministério do Trabalho: O santo e o milagre

Por João Guilherme Vargas Netto


Enquanto se discute no Congresso Nacional a MP 1.058 que estabelece as bases administrativas do recriado ministério do Trabalho e Previdência o governo vem plantando na mídia grande o que pretende com o novo órgão, além de acomodar o Centrão.

Pelo que se depreende das notícias e das experiências anteriores o novo ministério se encarregará de radicalizar as consequências da deforma trabalhista em três aspectos principais, no que se refere ao Trabalho.

Sobre os empregos, além de assinalar a possibilidade de criá-los a partir de frentes de trabalho municipais e estaduais com serviços públicos emergenciais e intermitentes, pretende dar curso às novidades introduzidas na MP 1.045 com o avatar da carteira de trabalho verde e amarela, criando principalmente para os jovens uma nova caracterização de trabalhadores ou de estagiários com menos direitos e menos salários.

Sobre as relações de trabalho intensificará o papel predominante das negociações individuais dos trabalhadores com as empresas, reforçando o enfraquecimento (passe a contradição nos termos) do coletivo.

Contra os sindicatos assumirá a possibilidade de uma PEC capaz de eliminar o artigo 8º da Constituição (da estrutura sindical) desorganizando ainda mais a rede sindical de representação dos trabalhadores com a pluralidade.

Embora seja correta a preocupação com as discussões da MP 1.058 e a articulação de emendas supressivas, corretivas ou acrescentadoras, deve a direção sindical preocupar-se com as futuras investidas do novo ministério, um passo a mais na desorganização e na demagogia bolsonarista. O santo pode ser bom, mas o milagre é demoníaco.

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