Charge: Thiago |
Na campanha de 2018 Bolsonaro explorou uma linguagem e uma estética militarista, de violência, morte e destruição.
Em março de 2019, terceiro mês do mandato, ele confirmou a que veio: “Nós temos é que desconstruir muita coisa, desfazer muita coisa, para depois nós começarmos a fazer”, disse a aliados de extrema-direita em encontro na embaixada do Brasil em Washington.
Desde o início Bolsonaro foi explícito. E, também, coerente. Ele de fato fez o que disse que o governo presidido por ele faria. Como, no entanto, tudo parecia de tal modo absurdo, a promessa destrutiva não foi levada a sério.
Aprendemos a sempre suspeitar das mentiras do Bolsonaro. E, talvez por isso, fomos levados a não acreditar justamente naquela que era sua única verdade: Bolsonaro é instrumento de um projeto de destruição, roubo e pilhagem do país.
A apropriação por grupos privados da maior parte dos quase 300 bilhões de reais de lucros da Petrobras nos últimos quatro anos é uma evidência eloquente do processo de saqueio em execução.
A democracia foi o alvo central deste projeto destrutivo, cujo núcleo condutor são as cúpulas conspirativas das Forças Armadas [aqui – A guerra de ocupação do Brasil].
Com a transição de governo está vindo à tona a realidade de corrupção, descontrole, incompetência, desmontes e abusos que o governo escondia com sigilos e procedimentos atentatórios à transparência pública.
As finanças públicas foram inteiramente destroçadas, mas para o deus-mercado o problema é a política econômica e fiscal do governo Lula, que sequer iniciou.
O rombo de 400 bilhões de reais no orçamento compromete a capacidade do Estado atender necessidades rotineiras e essenciais para a população.
Despesas obrigatórias, como aposentadorias e pensões do INSS, estão sem provisão financeira, e o governo sinaliza aumentar o rombo para viabilizar os pagamentos de dezembro.
A PRF cancelou a manutenção de viaturas e a PF suspendeu a emissão de passaportes e está sem dinheiro para as medidas de segurança na posse do Lula.
A farmácia popular está desabastecida, o governo não comprou vacinas obrigatórias, a verba de transporte escolar é irrisória e as Universidades estão sem recursos em caixa para garantir o funcionamento mínimo.
As verbas para situações de risco e emergências, como prevenção de desastres naturais, foram praticamente zeradas.
O sistema de assistência social foi metodicamente desestruturado para favorecer clientelismo eleitoral e propiciar esquemas industriais de acesso indevido a auxílios federais – como dos 79 mil militares e inúmeros empresários e apoiadores bolsonaristas.
Vários investimentos em infraestrutura e obras sociais, inclusive de moradia, estão suspensas ou foram canceladas por falta de recursos.
O descalabro é absoluto. Não se trata somente da destruição do arcabouço fiscal e orçamentário do país, porque o governo promoveu a destruição, também, da institucionalidade republicana e federativa que tem como princípio o controle social.
As redes de serviço e de políticas públicas e os sistemas nacionais nas áreas de saúde, direitos humanos, assistência social, habitação, educação, cultura, ciência e tecnologia, segurança pública, combate à fome etc, foram desmantelados.
O Brasil foi destroçado, transformado em escombros. Serão necessários muitos anos, mais além do mandato de quatro anos do governo Lula/Alckmin, que assume em 1º de janeiro, para a restauração democrática e a reconstrução nacional.
Os militares arruinaram o país. Este é o legado desastroso deixado pelo governo militar nominalmente presidido por Bolsonaro.
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