domingo, 28 de maio de 2017

Temer balança: quem ficará no lugar?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Ao mesmo tempo em que Michel Temer se segura como pode na cadeira presidencial, a cada dia mais isolado e enfraquecido, para não perder o foro privilegiado, aliados e oposicionistas movimentam-se abertamente na busca de um nome de consenso para por no seu lugar.

Só que não está fácil antecipar a saída do ainda titular do Planalto, e muitos menos encontrar uma solução constitucional para o impasse político criado com as delações da JBS.

E a renúncia está fora dos planos de Temer, como ele já anunciou várias vezes.

Qualquer que seja o caminho escolhido para encurtar o mandato do presidente - impeachment, cassação no TSE, convocação de eleições diretas ou indiretas - os rituais de passagem são demorados e, com isso, Temer vai ganhando tempo, que é seu principal objetivo no momento.

A derrocada da "República de Curitiba"

Por Erika Kokay, na revista CartaCapital:

As “ações controladas” da Operação Lava Jato, de iniciativa da Procuradoria-Geral da República e do Supremo Tribunal Federal, que constituíram provas materiais contra o senador tucano Aécio Neves​ e o presidente ilegítimo Michel ​T​emer, desmascarou de uma vez por todas a parcialidade do juiz Sergio Moro e dos procuradores da “República de Curitiba”.

Não estamos falando de PowerPoint com convicções para ser exibido de forma espetaculosa pela mídia, mas de provas documentais, de amplo e farto material fotográfico, áudios e vídeos, dinheiro rastreado, malas com chips, enfim, todo um processo de investigação sigiloso da Polícia Federal que comprovou esquemas de propina e corrupção envolvendo dois importantes nomes da política nacional.

Após 34 anos, Folha de S. Paulo se acovarda!

Por Marcelo Auler, em seu blog:

Quem lê o editorial deste domingo (28/05) da Folha de S. Paulo – Sucessão Especulada – e foi testemunha, em 1983, da audaciosa coragem do jornal ao publicar o editorial Por eleições diretas, conclui facilmente que na ausência do seu antigo dono, Octávio de Oliveira Frias, o jornal, hoje comandado por seus filhos, Octávio Filho, na parte editorial, e Luís Frias, como presidente da empresa, se acovardou. Lamentavelmente!

Henrique Meirelles e a profecia do caos

Por Tatiana Carlotti, no site Carta Maior:

É cada vez mais explícito, dentro do governo Temer, o abismo que separa os interesses do capital e os da população brasileira. A diferença de tratamento também: aos investidores, especuladores, CEOs, injeções de tranquilidade e a promessa “as reformas irão passar”; à população nas ruas, bombas, porretes, detenções.

Na última semana, enquanto Michel Temer frustrava o país ao bradar “eu não renunciarei”; Henrique Meirelles, o todo poderoso ministro da Fazenda, garantia que, “independentemente de qualquer coisa”, “as reformas sairão” e a “agenda econômica será idêntica”.

Um cadáver busca escapar da sepultura

Brasília, 24/5/17. Foto: Valter Campanato/ABr
Por Hamilton Pereira/Pedro Tierra, no site da Fundação Perseu Abramo:

Eles e elas chegaram de todo o Brasil, convocados pelas centrais sindicais, pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo e pelos partidos de esquerda. Vieram para se manifestar contra a violência que tem marcado, há um ano, o assalto aos direitos dos trabalhadores consagrados na Constituição de 1988. Em particular contra a liquidação da Previdência Social que lhes garanta uma aposentadoria digna no fim da vida e contra a reforma trabalhista que remete as relações capital-trabalho para a etapa anterior à Lei Áurea.

Os trabalhadores do Brasil desembarcaram na capital do país, neste 24 de maio, para expressar seu inconformismo e afirmar sua cidadania. Uma vigorosa demonstração de apreço pela democracia e uma advertência aos que imaginam tratá-los como rebanhos sem consciência dos seus direitos, submetidos a poder de vara: haverá resposta contra o esbulho dos direitos conquistados.

Doria, 'jestor jenial', e a nova cracolândia

Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:

O jestor privado João Dória é um jênio.

Decretou o fim da cracolândia. E ao fazê-lo demonstrou ter sérios comprometimentos de fundo psíquico, já que parece acreditar na mitologia que fabrica todos os dias – à base de propaganda e discurso autoritário. Dória começou usando propaganda pra enganar os outros. E acabou enganando a si mesmo.

Agora se desespera, maltratando repórteres que perguntam o óbvio: “como o senhor responde às críticas de que praticou na cracolândia um ato higienista, de limpeza social?” Clique aqui pra saber como o prefeito reagiu à pergunta, de forma destemperada, típica de quem não sabe ser contrariado.

Por que não há panelaços contra Temer?

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Uma das queixas mais frequentes entre os simpatizantes de Dilma é esta: onde foram parar as panelas?

A cada denúncia de corrupção, a questão reaparece nas redes sociais: e aquele pessoal que batia panela o tempo todo?

Pois bem.

Houve nas redes sociais registros de panelas no pronunciamento de Temer no Natal.

Mas nada comparável aos panelaços de antigamente.

Que houve com elas, as panelas? O fato é que elas já não são as mesmas.

A Globo e o golpe dentro do golpe

Por Wallace dos Santos de Moraes, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Desde 2013, o Brasil vive um quadro de crise política institucional dos mais profundos. A iminente queda de Michel Temer constitui-se como apenas mais um capítulo dessa novela. Para discutirmos as denúncias contra o presidente da República e termos mais dados para análise, sem cairmos em previsões infundadas, é necessário clarear algumas constatações históricas fundamentais da política brasileira:
1) a Rede Globo é ainda hoje o principal meio de formação de opinião dos brasileiros sobre política;

2) historicamente, ela representou os interesses majoritários dos capitalistas do país;
3) desconhecemos evidência de recuo de uma proposta dela com relação à retirada de um presidente da República do seu cargo, seja através de golpe militar explícito, de golpe institucional ou de impeachment.

O papel da mídia na disseminação do ódio

UnB, 27/5/17.
Foto: Mídia Ninja, Saulo Dal Pozzo e Danielle Assis
Por Flávia Quirino, no site do FNDC:

Qual o papel da mídia no avanço da pauta conservadora e o discurso de ódio? Essa foi a pergunta central do Painel 1, realizado na tarde deste sábado, 27/5, como parte da programação do 3º Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação (3ENDC), em Brasília. O debate foi mediado pela jornalista Beth Costa, secretária geral da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) e contou com a presença dos jornalistas Cynara Menezes e Ricardo Melo, além da filósofa Márcia Tiburi.

"Não existe discurso de ódio. Existe o discurso da luta de classes. De um lado, a voz da elite que sempre foi dominante; do outro, o silêncio da maioria explorada" sentenciou o jornalista e ex-presidente da EBC – Empresa Brasil de Comunicação, Ricardo Melo, ao iniciar sua fala. Para ele, a disputa de narrativa e o consequente acirramento da luta de classes no Brasil está atrelado ao monopólio e concentração midiática.

Quem tem medo da eleição direta?

Rio de Janeiro, 28/5/17. Foto: Mídia Ninja
Por Ergon Cugler, no site da UJS:

Temer se demonstra cada vez mais insustentável. Ao lado de suas reformas que atacam direitos do povo brasileiro, em especial dos trabalhadores e trabalhadoras, carrega a maior impopularidade das últimas décadas e se segura por um fio fino, tecido por acordões, propinas e pela tragédia de um projeto neoliberal que busca se enraizar no Brasil.

O curioso é que a Rede Globo já se encampou de mudar sua tática perante Temer. Antes isentava sua figura da tragédia do governo, apontando minúsculas movimentações no cenário econômico como algo positivo e fazendo do presidente ilegítimo um “presidente certo na hora certa”, mas quando nasce a possibilidade de eleições indiretas ao lado de sua impopularidade caótica, não sobra um grande empresário que consiga defender Temer.

sábado, 27 de maio de 2017

Diante do arbitrário, redobrar ímpeto de luta

Editorial do site Vermelho:

Michel Temer passou de todos os limites convocando as Forças Armadas para ocupar a capital federal. O presidente, que ocupa a cadeira presidencial ilegitimamente, decidiu apelar para o arbítrio diante da enorme multidão que acorreu ao chamado do movimento social organizado.

Os mais de 150 mil manifestantes que tomaram a capital estiveram na rua defendendo os direitos do povo, a nação ameaçada pelos interesses estrangeiros e a democracia conspurcada pelo golpe. Saíram de seus lares para uma missão cívica e foram recebidos com bombas, balas de borracha e cassetetes.

Como a Lava Jato ameaça a Constituição

Por Daniel Giovanaz, no jornal Brasil de Fato:

Desde o início da operação Lava Jato, em março de 2014, juristas e pesquisadores do campo do Direito têm alertado para os abusos cometidos no processo investigação, produção de provas e julgamento. A polêmica mais recente envolve grampos telefônicos entre um jornalista e uma fonte – o colunista político Reinaldo Azevedo e Andrea Neves, irmã do ex-governador de Minas Gerais e senador Aécio Neves (PSDB).

A indigna defesa das 'indiretas já' na RBS

Por Eduardo Silveira de Menezes, no site Sul-21:

Braço forte das Organizações Globo, no Rio Grande do Sul, a RBS aderiu de forma orgânica à campanha patrocinada pela família Marinho em defesa das “indiretas já”. Sem qualquer pudor, colunistas do grupo de mídia gaúcho apresentam os argumentos mais absurdos para tentar justificar a necessidade de que a população brasileira delegue para o Congresso o seu poder de decisão sobre os rumos do país. É um grande escárnio. Um circo de horrores, em que uma maioria de parlamentares investigados em escândalos de corrupção pode requerer para si o direito exclusivo de escolher o próximo presidente da República sem o devido questionamento dos “formadores de opinião”. A democracia padece, rapidamente, com a participação ativa dos supostos “analistas políticos” da grande mídia. Um protagonismo tão descarado que lembra a atuação do complexo IPES/IBAD, nos anos 60, influenciando uma classe média idiotizada e, portanto, incapaz de pensar por si própria.

BNDES: Temer tenta agradar empresários

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Depois de anunciar que não haveria manifestação oficial sobre a demissão de Maria Silvia Bastos Marques da presidência do BNDES, a Secretaria de Imprensa do Palácio do Planalto divulgou nota em que Temer manifesta seu “profundo agradecimento” à executiva. As coisas não foram bem assim como estão sendo contadas. Maria Silvia não tropeçou em um repentino problema pessoal que exigiu sua saída do cargo. Ela já estava na frigideira mas a informação corrente entre políticos governistas é a de que Temer antecipou sua saída tentando fazer um agrado aos empresários que vinham se queixando dela. O substituto, Paulo Rabello de Castro, já estava convidado e havia aceito o cargo quando Temer a chamou para uma conversa, na noite de anteontem.

Governo golpista: Ocaso do interino

Por Roberto Amaral, em seu blog:

O governo, se assim podemos chamá-lo, acabou. Há um intruso na Presidência da República e é preciso removê-lo antes que a peçonha contamine o que ainda resta de estabilidade do sistema político, abalado pela degenerescência dos poderes republicanos, e nesta listagem se somam os poderes extra constitucionais, o poder econômico – corrupto e corruptor – e a grande mídia, que manipula a informação e desinforma a sociedade ao sabor de seus interesses específicos, mercantis, sempre apartados dos interesses do país e de seu povo.

O governo golpista de Temer sangra

Por Ari Zenha, na revista Caros Amigos:

“A história de todas as sociedades até hoje existentes é a história das lutas de classes.” Karl Marx

Diante dos últimos acontecimentos a única saída para a crise econômica e institucional que vêm assolando o nosso país é uma saída à esquerda. Os que estão entrincheirados na defesa da democracia e do enfrentamento contra as medidas que estão sendo implementadas no Congresso Nacional com apoio e mesmo exigência das classes empresariais da cidade e do campo é alavancar a luta pelas Diretas Já junto com a ocupação de todo o espaço público – ruas, praças e prédios públicos em todo o país.

Fachin e Janot quebram as pernas de Gilmar

Por que a Globo aposta na eleição indireta?

http://pataxocartoons.blogspot.com.br/
Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:

A participação da mídia no processo político brasileiro não é recente, mas desde 2005, quando desencadeado o processo da Ação Penal 470 (“mensalão”), a imprensa comercial, especialmente o sistema Globo, tem atuado com grande empenho ao lado de interesses contrários aos governos populares iniciados em 2003 por Luiz Inácio Lula da Silva. Mas por que, após o golpe parlamentar que derrubou Dilma Rousseff, com as delações da JBS, personagens até então considerados “aliados” foram jogados na fogueira, como o senador tucano Aécio Neves e o presidente peemedebista Michel Temer?

'Veja': Janot mira Aécio para acertar Gilmar

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Revelação escandalosa – embora a esta altura tudo se possa esperar – da revista Veja: os agentes que vasculharam os endereços de Aécio Neves, no Rio e em Minas, tinha ordens expressas para localizar tudo o que pudesse dizer respeito ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal e presidente do TSE, onde se vai julgar o destino de Michel Temer.

A alta cúpula da Justiça brasileira virou uma briga de vila, onde abuso de poder e falta de decoro são apenas os incidentes no solo de algo que se assemelha a um canil em fúria (evito outra expressão em homenagem a Cármem Lúcia, o retrato, e a Rosa “O que é que eu estou fazendo aqui?” Weber.)

Povo deixa Temer por um fio na presidência

Charge: Clóvis Lima/Charge Clube
Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Com pelo menos 100.000 pessoas nas ruas, o protesto de Brasília confirmou a grande novidade da conjuntura política.

Numa sequencia de manifestações cada vez mais amplas desde os protestos "Fora Temer!" que marcaram o Carnaval, o povo assumiu seu lugar na definição dos destinos do país. O Brasil se encontra naquela situação clássica que antecipa grandes mudanças – aquela em que nem os de cima nem os debaixo conseguem viver como antes.

Ninguém precisa se enganar: a relação de forças na sociedade se modificou, os diques de contenção explodiram e a questão do momento é permitir que a vontade da base possa se expressar no poder político.