domingo, 9 de julho de 2017

Um chamado aos coxinhas do Brasil

Por Pedro Breier, no blog Cafezinho:

“Cadê as panelas?” virou bordão da esquerda depois do golpe de 2016. Cada notícia sobre alguma bandidagem da trupe que assaltou o poder gerava uma torrente de interrogações aos paneleiros nas redes sociais. Foi tão usado que chegou a enjoar.

Depois dos últimos acontecimentos, entretanto, a fatídica pergunta retornou com força e com razão.

Afinal, não faz nenhum sentido, dentro da lógica da revolta com a corrupção que criou as condições para o golpe, a comoção nacional provocada por uma interpretação grotesca do famigerado áudio do Bessias – interpretado teatralmente pelo Willian Bonner, ainda por cima! – e o completo silêncio diante da absolvição de Aécio Neves no conselho de ética (com minúsculas e uma gargalhada) do Senado; do fato de Michel Temer gastar bilhões do dinheiro oriundo dos “pagadores de impostos” para comprar deputados, através de emendas parlamentares, com o único objetivo de tentar sobreviver às pesadas acusações criminais; e do governo finalmente estancar a sangria e decretar o fim da Lava Jato, simplesmente cortando seus recursos.

Rodrigo Maia se tornou o Temer de Temer

Da revista CartaCapital:

Quando o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi eleito presidente da Câmara, em julho de 2016, seu nome era visto com simpatia pelo Palácio do Planalto. Michel Temer e seu círculo íntimo de apoiadores tinham trabalhado pela vitória de Rogério Rosso (PSD-DF), um integrante do "centrão", o grupo outrora liderado por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas o nome de Maia era aceitável. Naquele momento, a eleição do deputado servia para firmar a parceria entre o centrão, articulado ao redor de Temer, e a antiga oposição ao PT, comandada pelo PSDB e integrada pelo DEM de Maia.

Com o agravamento da crise provocado pelas denúncias de corrupção contra Temer e diversos de seus auxiliares, a separação entre o centrão e a antiga oposição ao PT vai ficando evidente. E Maia se torna rapidamente o pivô da derrubada de Temer, papel que Temer executou sem galhardia alguma a partir de dezembro de 2015, quando "vazou" uma famigerada carta do então vice-presidente para Dilma Rousseff, na qual ele choramingava o desprestígio direcionado ele pela petista.

O STF, o CNJ e a mídia digital

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Há duas semanas estive com a Ministra Carmen Lúcia, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em uma audiência por mim solicitada.

A Ministra foi muito gentil, me recebendo com pão de queijo e histórias de Minas.

A visita teve dois motivos:

A Ministra anunciou a recriação de um grupo de mídia, no âmbito do CNJ, visando resguardar a liberdade de imprensa contra a indústria das ações judiciais. Mas incluiu no grupo exclusivamente a parte menos vulnerável da imprensa: os grupos de mídia, empresas consolidadas, com departamentos jurídicos, capazes de se defender.

Mitos da austeridade: o caso da Islândia

Do site Brasil Debate:

Muitos conhecem a crise econômica da Islândia por causa dos primeiros minutos do documentário Inside Job, que retrata a crise financeira mundial de 2008. Esses minutos iniciais resumem o resultado do embarque do país na onda do liberalismo econômico a partir dos anos 1990. Para deixar a economia cada vez mais nas mãos do mercado, a Islândia implementou uma série de reformas: cortou o gasto público, reduziu os impostos sobre o capital e sobre o trabalho, privatizou as empresas estatais, liberalizou o mercado de trabalho, abriu sua economia para promover uma maior integração econômica global, reformou a previdência e o setor público e ainda desregulamentou o mercado financeiro.

São Paulo: à venda com muita propaganda

Por Laurindo Lalo Leal Filho, na Revista do Brasil:

Nem a Globo aguentou o discurso marqueteiro do prefeito de São Paulo e cortou sua fala em pleno ar. No Bom dia SP do último dia 3, o apresentador Rodrigo Bocardi comentou que muitos programas da prefeitura mais parecem ações de marketing e fez a seguinte pergunta a João Doria Junior: "Nos últimos seis meses foram criados Cidade Linda, Bairro Lindo, Calçada Nova, Corredor Verde... são programas com nomes anunciados todos finais de semana e tal. E o resultado que a gente tem visto é que não são nada mais do que aquilo que já era feito. Será que a gente não cai na história do marketing que é tanto falado? A gente cria marcas, nomes e no fim o resultado que temos visto é algo que já vinha sendo feito antes. Talvez até menos agora".

Em vez de "retomada", caos e desemprego

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O Estadão, insuspeito de estatismos, dá manchete hoje para o que todo mundo que precisa dos serviços públicos já sabe faz tempo: os cortes orçamentários inviabilizaram o funcionamento normal dos serviços públicos.

Claro que o assunto tomou corpo quando chegou aos passaportes tão queridos da classe média, mas é coisa sabida, faz tempo, na rede hospitalar e escolar federal – e nas estaduais e municipais, que vão todas bem mal das pernas.

E vai piorar, porque – como “não se admite” estouro das contas públicas e muito menos aumento de impostos, os cortes terão de ser ainda maiores.

Moro encolheu! A montanha pariu um rato

Por Laura Capriglione, no site Jornalistas Livres:

A Polícia Federal decidiu hoje (6/7) acabar com a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. É incrível! Agora, os delegados que eram exclusivos vão assumir outros inquéritos. Já houve 11 delegados da PF na força-tarefa. Agora, são quatro e esses poucos passarão a cuidar também de outros inquéritos, como os da Operação Carne Fraca - tudo reunido na Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas (Delecor). A expectativa é que ocorra uma redução no ritmo das investigações.

Segundo o UOL apurou com fontes ligadas à investigação, a PF já estava “praticamente parada” na Operação Lava Jato. “Eles não conseguem dar andamento a qualquer apuração nova”, disse um integrante da equipe que não quis se identificar.

Rodrigo Maia começa a botar as asas de fora

Por George Marques e Ruben Berta, no site The Intercept-Brasil:

Seria possível resumir em 140 caracteres um discurso de presidente da República? Qual a hashtag ideal para demonstrar interesse no cargo? Pelo comportamento atual do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no Twitter, essas bem que poderiam ser perguntas perambulando em sua cabeça. Normalmente ausente da rede, ele resolveu turbinar as postagens nos últimos dias. Coincidência ou não, ao mesmo tempo em que vê seu nome cada vez mais cotado para o lugar de um desgastado Michel Temer. Estaria mesmo surgindo o #golpedogolpe?

A possibilidade de Maia assumir numa eventual queda de Temer o levou nesta sexta-feira (7) aos assuntos mais comentados do Twitter. O #foramaia também apareceu por lá. Enquanto isso, em sua página, o deputado aproveitou para reforçar a necessidade do país atravessar a pinguela da crise. Pediu “tranquilidade” e “prudência”.

A desgraça que se abateu sobre os golpistas

Por Bepe Damasco, em seu blog:                                                              

Não sou religioso. Só me rendo a algumas mandingas e superstições na hora de torcer pelo Botafogo. Nunca levei a sério o adágio popular “aqui se faz, aqui se paga”, porque cansei de ver casos de gente que fez o mal a vida inteira e morrer sem acertar suas contas.

Contudo, essa máxima fatalista tem sido implacável com grande parte dos líderes do golpe de Estado que roubou o mandato da presidenta Dilma. Um a um estão provando do próprio veneno. O destino tem lhes reservado a destruição da carreira política, a desmoralização pública reservada aos moralistas sem moral, a perda do mandato, ou a cadeia. Senão vejamos :

Cunha, Gedel e Henrique Eduardo Alves – Cadeia

A já esperada queda nas receitas da União

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

O noticiário está completamente tomado pelos sucessivos escândalos de natureza política, envolvendo os personagens mais próximos da Presidência da República. Denúncias e delações trazem para o centro do noticiário “politicial” a evidência da corrupção como prática “naturalizada” na Esplanada. São malas de dinheiro e depósitos em contas ilegais no exterior de membros do grupo portador da redenção. Os denunciados são queles que passaram a ocupar os postos da Esplanada, com a incumbência de tirar o Brasil do mar de lama em que estaria envolto até poucos minutos antes da definição do golpeachment.

Moraes favorece Padilha e Moreira no STF

Por Joaquim de Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo:

O governador Geraldo Alckmin disse ontem que foi contra a indicação que o PSDB fez para o governo de Michel Temer. “Eu já defendi lá atrás que não deveríamos nem ter participado com indicação de ministros. Você pode apoiar as reformas, projetos de lei, medidas de interesse da comunidade sem precisar ter participação governamental”, disse ele, ao anunciar que chamou tucanos para discutir amanhã na casa de Fernando Henrique Cardoso o desembarque o do governo - ele não usou essas palavras, mas foi esse o sentido.

Alckmin posa de santo diante de um governo terminal, mas não se deve esquecer que partiu dele o que pode ser considerado o legado mais nocivo dos anos Temer: o ministro Alexandre de Moraes.

sábado, 8 de julho de 2017

Quem é Rodrigo Maia, o sucessor de Temer

Por Renato Rovai e Fredi Vasconcelos, na revista Fórum:

Rodrigo Maia (DEM-RJ), filho do ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, já é considerado na bolsa de apostas de Brasília como futuro presidente da República. Apesar de dar sinais de que continua na base de apoio de Michel Temer, sua agenda já não é a mesma. E seus amigos mais próximos já começam a plantar notas na imprensa alimentando especulações de como seria seu governo.

Entre outras dessas “plantações” surgem sinais trocados do tipo. Como presidente, Maia manteria a dupla Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento) pra sinalizar que a política econômica continuaria a mesma. Ou exatamente o contrário, que Maia não gosta de Meirelles e que o seu sonho de consumo para liderar a área econômica seria Armínio Fraga, que chegou a ser anunciado por Aécio como seu ministro da Fazenda caso ganhasse a eleição de 2014.

O monopólio do Facebook e as alternativas

Por Thiago Cassis, no site da UJS:

Não é novidade que o Facebook cresce exponencialmente a cada dia. São mais de 2 bilhões de usuários ao redor do planeta, ou, como lembrou a coordenadora do FNDC, Renata Mielli, 25 por cento da população mundial. Aniversários, eventos, festas, candidaturas, absolutamente tudo que pudermos imaginar em relação ao cotidiano e a agenda das pessoas está atrelado à mais poderosa rede social do mundo, o Facebook, que foi fundada pelo norte-americano Mark Zuckerberg.

Diversos questionamentos surgem a partir de uma rápida análise sobre o Facebook e seu poder de pautar tudo o que as pessoas consomem. Desde roupas até ideias. Em artigo recente, (disponível aqui) Renata aponta que desde a mobilização para as manifestações de junho de 2013 no Brasil até a Primavera Árabe, Indignados da Espanha e Occupy Wall Street, no ano de 2011, tudo passou pela plataforma de Zuckerberg.

Homenagem ao jornalista Audálio Dantas

Por Mayara Paixão, no jornal Brasil de Fato:

No auditório Vladimir Herzog do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, cujo nome homenageia Vlado, jornalista brasileiro morto pelas mãos da violência do estado durante a ditadura militar, o também jornalista Audálio Dantas, que viveu de perto esse capítulo da história brasileira, recebe o troféu “Indignação-Coragem-Esperança”, uma homenagem por sua atuação histórica em defesa da imprensa sindical brasileira e da comunicação popular. O encontro, que também marca a celebração de seus 85 anos, acontece neste sábado (8), no centro de São Paulo.

“Eu às vezes fico em dúvida se devo receber tanta homenagem, mas há algumas que me deixam realmente feliz. Essa é uma delas, inclusive porque está envolvendo os companheiros de trabalho, de luta. Isso para mim é muito importante”, contou Dantas em conversa com o Brasil de Fato poucos dias antes de receber o troféu.

Situação de Maia é pior que a de Temer

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

A esta altura, Michel Temer deve estar perplexo com a justiça poética que está sendo feita tão rapidamente após ele praticar uma traição miserável contra Dilma Rousseff. Não que ele não saiba que não há honra entre ladrões; deve estar surpreso com a velocidade com que as coisas estão acontecendo.

Tenho para mim que os golpistas nunca entenderam nada. Michel Temer chegou à Presidência todo pimpão, achando que iria abafar por ter casado com a menina com idade para ser sua neta.

Não tem senso de ridículo, não tem autocensura, não tem noção, enfim…

A incitação ao ódio como política de governo

Por Jeferson Miola

A ameaça da violência e do ódio ronda Porto Alegre, uma cidade que em tempos nem tão distantes se notabilizou no Brasil e no mundo com as experiências democráticas avançadas como o Orçamento Participativo; e foi a capital que um dia sediou a enorme pluralidade mundial dedicada à construção de um futuro de generosidade, de paz, igualdade e justiça para a humanidade.

Esta tradição de convivência democrática, tolerância e respeito às diferenças de opinião, todavia, está sendo ameaçada pelo prefeito Marchezan Júnior, do PSDB, que faz da intolerância, do preconceito e da incitação ao ódio e à violência a política oficial do seu governo.

Maia aprendeu a ser leal com o pai​

Por Paulo Henrique Amorim, no blog Conversa Afiada:

O best-seller "Plim-Plim, a peleja de Brizola contra a fraude eleitoral", de Paulo Henrique Amorim e Maria Helena Passos, descreve como o SNI do General Golbery - o "Feiticeiro" do historialista - e a Globo Overseas tentaram roubar a eleição de Brizola para governador do Rio, em 1982, e entregar o lugar ao gatinho angorá, candidato do regime militar e que, àquela altura, já demonstrava o desejo de possuir um cofre.

O ansioso blogueiro era o redator-chefe do Jornal do Brasil, quando era o melhor jornal do Brasil.

E, na companhia de Eliakim Araújo e a briosa equipe da Rádio Jornal do Brasil, contribuiu para desmascarar a grosseira fraude.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

A censura no Brasil veste toga

Por Renata Mielli, no site Mídia Ninja:

Atualmente o Poder Judiciário é o principal agente das violações à liberdade de expressão no país. Sentenças judiciais impõem retirada de conteúdos, apreensão de materiais e multas para calar as vozes dissonantes e impedir a diversidade e pluralidade. Tudo isso a serviço da mídia hegemônica e da elite política e econômica.

A censura talvez seja um dos elementos mais simbólicos de um regime autoritário.

A restrição à liberdade de expressão é uma das lembranças mais duras do período em que o Brasil viveu sob a ditadura militar. Naquele momento, o censor era o Estado autoritário. Eram as forças da repressão que definiam o que podia ou não ser publicado num jornal ou revista, veiculado numa emissora de rádio ou televisão, encenado no teatro, exibido no cinema, tocado em shows ou gravado em discos. Isso para não falar da forma mais violenta de violação à liberdade de expressão: a repressão truculenta a toda forma de manifestação de pensamento e ideias, com violência nas ruas, prisões e mortes.

Três cenários para o governo Temer

Por Antônio Augusto de Queiroz, no site do Diap:

A perda acelerada de legitimidade e das reais condições de governabilidade do governo Temer sinalizam para uma enorme dificuldade de o presidente concluir seu mandato, seja em razão da crise ético-moral que atinge seu governo, seja pelas dificuldades fiscais e pela incapacidade de aprovar as reformas que prometeu quando de sua efetivação, e cuja promessa de “delivery” (entrega) contava com uma aceitação quase bovina, pelo Congresso e pela sociedade, de seus conteúdos.

São basicamente três os cenários imaginados: 1) renúncia, por exaustão do governo; 2) cassação, por decisão do STF, após autorização da Câmara dos Deputados; e 3) Sarneyzação do governo, ou a imagem do “pato manco”, com a equipe econômica e o Congresso fazendo o “feijão com arroz”, sem qualquer reforma relevante. O primeiro é realista, o segundo pessimista e o terceiro otimista.

Rodrigo Maia, o presidente-marionete

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Quando se evidenciou a incapacidade de Michel Temer manter-se na presidência da República, graças a uma combinação de fatores contagiosos que nem é preciso lembrar aqui, surgiu um debate entre os articuladores que passaram a comandar o país depois do golpe que derrubou Dilma.

Já que era preciso, de qualquer maneira, evitar uma antecipação das eleições presidenciais, saída que poderia colocar em risco os pactos já acertados e acordos de longo prazo firmados, surgiu a discussão sobre a necessidade de encontrar um sucessor a altura, para cumprir as mesmas tarefas.

Chegou-se a dizer, na época, deveria ser um quadro político acima de qualquer suspeita, quem sabe um estadista de primeira linha, a espera da grande oportunidade de exibir seus talentos e pacificar um país em crise histórica, dialogar com as partes e recuperar a democracia.