quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

As simbologias da condenação de Lula

Por Guilherme Scalzilli, no site da Fundação Maurício Grabois:

Na época das mentiras transformadas em “pós-verdades”, era previsível que a condenação de Lula tivesse caráter mais narrativo do que propriamente jurídico. O regime da versão dos fatos é fechado na subjetividade, basta por si, enquanto o regime do factual é aberto ao escrutínio público e à contestação.

I.

O acórdão do TRF-4 que condenou Lula reúne duas narrativas fortes e complementares. De um lado, o retrospecto de eventos criminosos imputados ao réu, tecendo as delações e os indícios materiais em função de um raciocínio preestabelecido. De outro, o programa ético que permitiu à corte ignorar os desvios morais e legais usados na construção dessa retórica e na busca do objetivo prático de impedir a candidatura do petista.

O capitalismo em tempos de desigualdades

Por Carlos Silveira, no site Brasil Debate:

O tema da desigualdade, para muitos economistas, digamos ‘mainstream’, é um não tema. Não deveria fazer parte das preocupações desses especialistas ungidos à categoria de profetas do pensamento pelo Deus Mercado. Uns veem até uma séria ameaça à teoria econômica, como o Nobel da Teoria das Expectativas Racionais, Robert Lucas [1]. Outro, nosso autóctone, ridiculariza: “Desigualdade, para mim, é inveja” [2]. Outros ainda afirmam que problema é apenas a pobreza, não a desigualdade, até porque depois o bolo cresce e dá para todos [3], em versões da célebre frase com que Delfim Netto, em seus tempos de ministro da ditadura enunciou e, agora nega: primeiro vamos fazer o bolo crescer, depois o distribuímos.

Planalto em pânico; Cunha vai falar

Da revista Fórum:

De acordo com informações do Blog do Vicente, no Correio Braziliense, depois de muito prometer e não entregar nada de relevante, o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que está preso em Curitiba, enfim, resolveu abrir o bico e detalhar o esquema do qual fez parte. As denúncias envolvem gente graúda da República e desvios na Petrobras e na Caixa Econômica Federal. Há coisa pesada sendo entregue aos investigadores.

Lava-Jato e a violência institucionalizada

Por Jessé Souza, na revista CartaCapital:

George Orwell se torna cada vez mais atual na guerra ideológica movida e financiada pelo capitalismo financeiro internacional. A “novilíngua” a qual estamos submetidos hoje em dia existe para criar palavras que possibilitem amesquinhar a reflexão e impedir o pensamento.

Assim, o termo “austeridade” serve para redefinir e conferir grandeza moral ao assalto do orçamento para o pagamento dos juros de dívidas públicas, ao menos em grande medida, tudo indica, fraudulentas.

De resto, um sem número de palavras passam a ganhar espaço midiático, posto que permitam a colonização e a manipulação da dimensão moral a serviço da rapina da população.

Paulo Preto será socorrido por Gilmar Mendes

Por Jeferson Miola, em seu blog:

Paulo Preto, o super-Geddel do PSDB que tem R$ 113 milhões de propinas escondidos em paraísos fiscais nas Bahamas, se movimenta para escapar da justiça, como faz todo tucano envolvido em escândalos.

Para desfrutar de foro privilegiado e gozar da impunidade eterna, o operador de propinas do PSDB se socorreu de Gilmar Mendes, o Posto Ipiranga do PSDB no STF.

General na Defesa e o tudo-ou-nada de Temer

Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

O fato da segunda-feira foi o general na Defesa. Pela primeira vez, desde que criado o ministério, seu titular será um militar – o pacato Joaquim Silva e Luna. Porém, este assume na condição de interino. Especula-se que “guarda lugar” para o verdadeiro escolhido de Temer: o sinistro Sérgio Etchegoyen, que trama de modo semi-aberto por uma intervenção militar.

Mas o general na Defesa foi apenas uma a mais, na sucessão frenética de “novidades” criadas por Michel Temer desde o início da intervenção no Rio, que ontem completou dez dias. Na sexta-feira (23/2), entrevistado por Datena, o presidente disparava, bombástico: “Se houver necessidade, os militares devem partir para o confronto”. E ainda ontem convocava, para a próxima quinta, uma incomum “reunião com todos os governadores, para falar sobre segurança pública”.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

DEM já discute desembarque do covil

Por Altamiro Borges

O desastre do “vampirão” Michel Temer, atestado em todas as pesquisas de opinião, está espantando os aliados de primeiro hora do golpe dos corruptos – ou, em termos mais populares, está afugentando os ratos do navio à deriva. Eles temem ser escorraçados nas eleições deste ano. Recentemente, o PSDB do “picolé de chuchu” Geraldo Alckmin anunciou sua saída do covil golpista, apesar dos protestos do cambaleante Aécio Neves. Na prática, como já virou folclore, o partido manteve-se em cima do muro. Saiu, mas está dentro – apoiando a agenda regressiva do usurpador e mantendo no cargo o “sinistro” e sumido Aloysio Nunes. Agora, são os demos de Rodrigo Maia, o capacho dos patrões que preside a Câmara Federal, que ameaçam abandonar o “vampirão”.

Guru de Bolsonaro prega “privatizar tudo”

Por Altamiro Borges

Após ser aplaudido pelos abutres financeiros em um convescote em São Paulo, o fascistoide Jair Bolsonaro parece que decidiu ajustar o seu programa para as eleições presidenciais deste ano. Ele agora tenta combinar o conservadorismo na política e nos costumes – com sua defesa da ditadura e seu discurso hidrófobo de estímulo aos preconceitos – com uma agenda ultraliberal na economia. A mistura explosiva não é nova. O ditador chileno Augusto Pinochet é um exemplo clássico deste amálgama. Ele torturou, matou, reprimiu e censurou; e, ao mesmo tempo, acionou os “Chicago Boys” para implantar a primeira experiência de neoliberalismo selvagem no continente. Ideólogos neoliberais, como Friedrich Hayek e Milton Friedman, também sempre ensinaram aos seus súditos que a liberdade do “deus-mercado” deve se sobrepor à democracia.

Bretas vai arrombar tua porta às 6h00

Ação da PF contra Jaques Wagner é política

Foto: João Ramos
Por Robinson Almeida

1 - O inquérito que motivou o mandado de busca e apreensão é de 2013. Wagner foi ouvido como testemunha em 2017. Nunca foi intimado a depor ou responder perguntas.

2 - Depois de 5 anos, na boca da eleição, é deflagrada operação midiática, em que a TV Bahia, de Neto, chegou no local antes da Polícia Federal.

3 - Wagner, cotado pra ser o candidato a Presidente da República numa eventual interdição de Lula, virou bola da vez.

Empregos precários e mal remunerados

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Por Marize Muniz, no site Vermelho:

O Brasil está gerando mais empregos precários e mal remunerados, aponta Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgado nesta sexta-feira (23) pelo IBGE.

Em 2017, o número de trabalhadores e trabalhadoras sem carteira assinada, portanto, sem direito a férias e 13º salário, entre outros benefícios, aumentou 5,7% - o de trabalhadores formais caiu 2%.

Além de não terem direitos, os informais recebem, em média, 44% menos do que o trabalhador que tem carteira assinada.

Lula tem a paz na consciência

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

O país de 2018 é outro mas a reação de Lula é a mesma de 2006, quando o massacre da AP 470 se aproximava de seu gabinete no Planalto, estimulado por empresários, políticos e advogados que conspiravam por sua queda: "Manda dizer para a avenida Paulista que não vou fugir como Jango nem dar um tiro no peito como Getúlio".

No pronunciamento na Casa de Portugal, em 22 de janeiro, doze anos depois, Lula disse aos navegantes da mais profunda crise institucional que o país enfrenta desde 1964: "Não vou fugir, não vou me matar. Vou ficar aqui", disse.

Intervenção no RJ e a interrogação militar

Por Francisco Fonseca, no site Carta Maior:

Encalacrado pelo mais estrondoso fracasso de um “governo” desde Sarney, o consórcio golpista (rentistas, elites econômicas transnacionalizadas, setores majoritários do Poder Judiciário e do Congresso Nacional, Poder Executivo federal carcomido e grande Mídia) aposta tudo por sua sobrevivência, uma vez que não há um único aspecto ou setor que possa ser considerado exitoso após o golpe do impeachment.

Bolsonaro invade “praia” de Alckmin

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Na última sexta-feira, Bolsonaro, que andou em viagem ao Japão tentando ganhar alguma credibilidade a despeito do seu discurso psicótico sobre segurança pública e direitos civis, deixou que espalhassem que, se eleito, colocará um desses economistas privateiros para vender até o ar que respiramos às corporações estrangeiras.

Trata-se do economista Paulo Guedes, que seria indicado por Bolsonaro como seu ministro da Fazenda caso o deputado se elegesse presidente da República.

Livro esmiúça papel da mídia no golpe

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Por Paulo Donizetti de Souza, na Rede Brasil Atual:

Está nas rotativas o segundo volume da Enciclopédia do Golpe. O primeiro foi lançado em novembro. E tratou em diversos artigos e diferentes abordagens de como integrantes do sistema de Justiça, da República de Curitiba às cortes superiores, serviram de alavanca para a deposição da presidenta Dilma Rousseff. E para botar em seu lugar executores de planos de governo que a população brasileira rejeitou sucessivamente nas urnas em todas as eleições presidenciais deste século.

O segundo volume (Editora Praxis) tem como subtítulo O Papel da Mídia, e traz em artigos, ou “verbetes”, métodos, técnicas e estratégias que fizeram dos donos dos meios de comunicação outro alicerce fundamental do golpe de 2016.

Lava Jato não vai investigar o Judiciário

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

A Veja publicou a notícia de que a Lava Jato do Rio estava atingindo um “novo patamar” se aproximando do Judiciário.

A Operação Jabuti, que levou à prisão do presidente da Fecomércio, Orlando Diniz, reuniu documentos mostrando “o pagamento de honorário milionários a escritório de advocacia do Rio”, diz a revista.

Segue:

A encruzilhada da Lava-Jato

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – Odebrecht e o fruto da árvore envenenada

O laudo técnico da Polícia Federal sobre o Drousy liquida com as provas apresentadas nas delações da Odebrecht, a ponto de comprometer todas as denúncias e condenações tendo por base os arquivos.

Leia: “Xadrez sobre a falsificação de documentos na Lava Jato”.

Em direito, existe a figura do fruto da árvore envenenada. São transgressões legais que anulam inquéritos inteiros. Na Operação Satiagraha, Daniel Dantas conseguiu anular as provas contidas nos HDs encontrados em sua casa com o argumento de que a autorização de busca era restrita a determinado andar e os equipamentos estavam em outro.

“Guerra contra bandidos”! Quais bandidos?

Por Theófilo Rodrigues, no blog Cafezinho:

Na manhã deste domingo desfilou pelas ruas da zona sul do Rio de Janeiro uma passeata um pouco diferente das que a cidade está acostumada a assistir. Com cerca de 300 manifestantes, o protesto seguiu até a sede do governo do estado em Laranjeiras para reivindicar do poder público mais investimentos em segurança nos bairros da região.

O pedido é inusitado, para não dizer injusto. Pesquisas e mais pesquisas já apontaram por diversas vezes que o efetivo policial na zona sul, a mais rica área da cidade, é bem maior que o do restante do estado. Regiões mais populosas e carentes de serviços públicos não recebem tanta atenção da segurança pública quanto os bairros da zona sul carioca. Reivindicar por maior concentração de recursos na região seria, portanto, apostar na ampliação da desigualdade na cidade.

Aberto o leilão de deputados. Quem dá mais?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Nos últimos tempos, o pensamento único nacional nos vendeu a ideia de que nestas eleições, depois da Lava Jato, tudo iria ser diferente.

Viria aí uma grande renovação do Congresso Nacional, uma verdadeira limpeza promovida pelo voto.

Quem acreditou nisso pode ir tirando o cavalinho da chuva.

Em reportagem de Ranier Bragon e Camila Matoso, a Folha deste domingo denuncia como está funcionando o balcão de negociações de compra e venda de deputados que ocorrem até durante as sessões da Câmara.

Bolsonaro e os selvagens do “mercado”

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Não se pode acusar de incoerente o senhor Jair Bolsonaro.

Como ele defende a lei da selva na vida social, onde mata quem pode, morre quem não tem saída, é compreensível que seu “guru” econômico se apresente, como faz na Folha, para o papel de gerente da liquidação “queima total” do Estado brasileiro.

A entrevista do “economista” Paulo Guedes, hoje, é de um primarismo que rivaliza com o de seu chefe.