quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Neoliberalismo, distopias e Bolsonaro

Por Leda Paulani, no site Outras Palavras:

A eleição de Jair Bolsonaro para a presidência da república do Brasil deixa o mundo estarrecido. Seu estilo autoritário e agressivo, sua apologia à tortura, suas continuadas ofensas a determinados grupos ao longo de seus quase 30 anos de vida parlamentar (mulheres, negros, LGBTQs) e seu desprezo aos princípios democráticos são tão impressionantes que mesmo para um nome de destaque mundial da extrema-direita, como a francesa Marie Le Pen, ele causa repulsa: “suas declarações são inaceitáveis”, ela diz. Não por acaso, só Trump parece relevar tudo isso e louva, pelo Twitter, a conversa alvissareira que teve, em 30 de outubro, com o presidente eleito.

Foram os evangélicos que elegeram Bolsonaro?

Por Alexandre Brasil Fonseca, no site Carta Maior:

Olhar os números e dados disponíveis sobre as eleições é um exercício que pode levar a inúmeras conclusões. Uma delas que têm aparecido em diferentes espaços é de que teriam sido os evangélicos os responsáveis pela vitória de Jair Bolsonaro como presidente do Brasil. Esse tipo de afirmação certamente soa como música nos ouvidos de pastores como Silas Malafaia e Magno Malta. Se fosse possível definir um tipo ideal do eleitor de Bolsonaro certamente ele seria evangélico, mas também teria que ser homem, residir em Santa Catarina, com isso poderia ser luterano, mas provavelmente imagino que seja batista. Certamente seria branco com idade em torno dos 30 anos, escolaridade de nível superior e renda acima de 10 salários mínimos. Essa figura está longe de ser o evangélico médio que povoa nosso cotidiano.

Juízes e MP abocanham aumento

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O Senado acaba de aprovar o aumento dos subsídios dos Ministros do Supremo Tribunal Federal e da Procuradora Geral da República, passando de R$ 33 mil para R$ 39 mil.

Com eles, vão juntos os ganhos de perto de 20 mil juízes e procuradores, do país inteiro.

E, claro, logo se arranjarão “isonomias” para que senadores, deputados federais e estaduais, peguem carona na “bondade”.

Moro e Bolsonaro viram piada no exterior

Charge: Rocha
Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

A imprensa estrangeira ironiza Moro virar ministro após prender Lula, o único que poderia derrotar Bolsonaro na eleição de 2018. No exterior, parece que não entendemos isso. O francês ‘Le Monde’, por exemplo, ironiza um governo de extrema-direita eleito pelos brasileiros apesar de ter prometido lhes tirar direitos trabalhistas e sociais. O Brasil virou piada.

O mais hilariante na eleição de Jair Bolsonaro reside no fato de que seu eleitorado é, em grande, em esmagadora maioria composto de pessoas que, apesar de ganharem mais do que aquelas que votaram em Fernando Haddad, também são assalariadas e que, portanto, precisam trabalhar para viver e precisam, inclusive, se aposentar.

Vírus do fascismo se alastrou pelo povão

Por Bepe Damasco, em seu blog:

O monstro do fascismo foi crescendo a olhos vistos, se retroalimentando do próprio ódio disseminado por ele. Aproveitando-se da guerra suja deflagrada pelo oligopólio da mídia contra os governos do PT, a besta saiu da garrafa e foi à luta. Primeiro, enxergando terreno fértil na histeria moralista das classes média e alta, capturou boa parte deste estrato social. Não tardaria também em contaminar as camadas populares, última etapa antes de atingir o objetivo final de levar à presidência da República um dos seus.

Os fotógrafos e as imagens do ditador

Foto: J. França
Do blog Socialista Morena:

O que Jair Bolsonaro está fazendo com a mídia comercial desde antes de assumir, vetando a presença de alguns veículos em entrevistas e ameaçando-os por conta de críticas e reportagens, já aconteceu antes no país. Em janeiro de 1984, penúltimo ano do último ditador militar, João Baptista de Figueiredo, os jornalistas que cobriam o Palácio do Planalto tiveram uma série de atritos com o presidente de farda, que resolveram enfrentar através de um protesto inusitado.

'Mito' é continuidade de Temer e não ruptura

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

De maneira mais célere que se esperava, bolsonaristas que deram sangue e chafurdaram na latrina por seu mito estão percebendo que escolheram mais do mesmo, apesar de toda a discurseira sobre o mundo novo que Deus traria com seu meninão esquisito.

O encontro entre Michel Temer e Jair Bolsonaro no Planalto na tarde desta quarta, dia 7, foi harmonioso, bonito e revelador.

Bolsonaro disse ao cidadão que manejou aquela Câmara onde ele ficou três décadas mamando que não dispensará sua experiência no ano que vem e que pedir-lhe-á conselhos.

Sopram ventos de resistência nos EUA

Por Samir Oliveira, no site Sul-21:

As eleições que ocorreram nesta terça-feira, dia 6 de novembro, nos Estados Unidos expressaram a dimensão do descontentamento com o governo Trump e suas políticas. Após oito anos os democratas retomaram o controle da Câmara dos Representantes, equivalente à nossa Câmara dos Deputados, com 219 congressistas eleitos. O tombo foi grande para os aliados de Trump: passaram de 237 para 193 parlamentares.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Os riscos da política externa de Bolsonaro

A derrota e o descompasso estratégico

Por Jeferson Miola, em seu blog:

O tamanho do antipetismo, a extensão subterrânea do bolsonarismo, o poder manipulador do WhatsApp, a profusão de mensagens odiosas e notícias falsas, o financiamento da fraude por empresários corruptos, o peso do neopentecostalismo, a leniência do TSE, a “boca-de-urna” do Moro com a delação forjada do Palocci – são alguns dos fenômenos da eleição que tanto surpreenderam analistas, observadores, a mídia, os políticos e a sociedade em geral.

O fato, entretanto, de haver enorme surpresa e espanto com a ocorrência de tais fenômenos não deixa de ser, em si mesmo, também muito surpreendente.

Bolsonaro e seu impacto na geopolítica

Por Felipe Bianchi, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

O espanto internacional com o triunfo eleitoral de um projeto que remete a um passado obscuro no Brasil está estampado nos jornais e portais do mundo todo. Referido como uma espécie de “Donald Trump dos trópicos” e porta-voz de um ideário caricaturado como “nazismo bananeiro”, o capitão reformado (e deputado por 28 anos) Jair Bolsonaro amealhou quase 58 milhões de votos e aguarda a virada do ano para tomar posse no Palácio do Planalto.

Bolsonaro agirá contra a imprensa. E agora?

Por Mário Magalhães, no site The Intercept-Brasil:

Na quinta-feira, O Estado de S. Paulo rasgou elogios a Jair Bolsonaro. O editorial “Disposição bem-vinda” considerou “reconfortante” o presidente eleito ter “ciência” da necessidade de uma reforma previdenciária. Poucas horas depois de o jornal ir ao ar na internet e ser entregue impresso aos assinantes, o Estadão foi barrado na primeira entrevista coletiva pós-vitória do deputado. Também foram vetados repórteres dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Valor Econômico, da rádio CBN e da Empresa Brasil de Comunicação (à qual se vincula a TV Brasil, que Bolsonaro pretende extinguir ou privatizar).

Constituição e o infeliz aniversário

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Os 30 anos da Constituição de 1988 transcorreram ontem sob uma torrente de notícias contrárias a seu próprio espírito, produzida pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, ou emanadas do grupo que governará com ele a partir de 1º de janeiro.

E isso começa pela própria celebração da data, em sessão solene no plenário da Câmara, à qual os jornalistas não terão acesso, devendo acompanhá-la das galerias. “Queremos, sim, seguir os passos de Caxias, o Pacificador”, disse o eleito em mais um culto evangélico, no domingo. Horas depois reafirmou com outras declarações que veio para dividir.

A esquerda subestimou Bolsonaro

Por Renato Rovai, em seu blog:

Bolsonaro foi tratado como carta fora do baralho por quase todo o período eleitoral. Em especial pelo campo progressista que o considerava o adversário ideal no segundo turno. Deu no que deu.

Sua eleição é algo surpreendente e pode ter alguma relação com a facada que o humanizou, mas não pode ser explicada apenas pelo Sobrenatural de Almeida.

Ela foi se consolidando como projeto político das bordas para o centro desde a eleição de 2014 e ganhou potência com a divulgação dos áudios da JBS que via desmoralização de Aécio acabaram com o PSDB.

Quem é Onyx Lorenzoni, jagunço de Bolsonaro

Da Rede Brasil Atual:

"Ora, sou um ser humano, portanto, não sou perfeito." As palavras são do deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), ventilado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) como seu futuro ministro da Casa Civil. O parlamentar proferiu a frase em maio de 2017, quando admitiu ter recebido R$ 100 mil, fruto de corrupção, da JBS, depois de seu nome aparecer na delação dos controladores da empresa, Joesley e Wesley Batista.

A trágica política externa de Bolsonaro

Editorial do site Vermelho:

A política externa pode ser considerada o coração da soberania de um país. No Brasil, esse tema tem sido tratado com extremo interesse especialmente desde que José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, firmou as bases para um entendimento mais profundo sobre a importância das relações internacionais. Getúlio Vargas sofreu pressões por adotar políticas soberanas. Jânio Quadros foi acossado pela posição do Brasil favorável à participação da China nas Nações Unidas e ao reatamento das relações com a União Soviética, rompidas desde 1947. E João Goulart sofreu ataques por conta da sua política externa não alinhada aos interesses dos Estados Unidos.

Bolsonaro, mentiras e vídeos

Por Luiz Gonzaga Belluzzo, na revista CartaCapital:

O fenômeno Bolsonaro deu origem a um vendaval de interpretações. Sociólogos, economistas e cientistas políticos debruçaram-se sobre o personagem de gestos e falas tão agressivos quanto balbuciantes.

As considerações a respeito das características pessoais do então candidato, hoje eleito, abriram espaço para a avaliação de seu eleitorado. A palavra fascista foi distribuída com abusiva generosidade pelos adversários do capitão para marcar o lombo dos bolsominions.

Falsa neutralidade do Escola 'sem' Partido

Por Ana Luíza Matos de Oliveira, no site da Fundação Perseu Abramo:

Livro "Escola “sem” partido: Esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira", organizado por Gaudêncio Frigotto, traz contribuições de diversos autores para entender o ideário do "Escola sem Partido", que tem crescido como movimento na sociedade brasileira.

Segundo os autores, o "Escola sem partido" emite uma mensagem de certeza e proposição de ideias supostamente neutras, mas que escondem, na verdade, um teor fortemente "persecutório, repressor e violento". Não sem motivo os autores escolheram que o "sem" do título fosse entre aspas, pois há na verdade partidos da extrema direita e outros grupos políticos por trás do projeto.

O golpe foi legitimado nas urnas. E agora?

Por Ricardo Gebrim, no jornal Brasil de Fato:

O golpe legitimou-se nas urnas. A eleição de Bolsonaro e o resultado das eleições gerais não foram apenas uma derrota eleitoral. Sofremos uma profunda derrota política e o primeiro passo é compreender sua dimensão.

A unidade das classes e frações dominantes que já vinham se unificando em torno das medidas programáticas do golpe consolidou-se em torno de uma candidatura cuja melhor definição é denominá-la neofascista, uma vez que não se enquadra no conceito clássico de fascismo da primeira quadra do século passado.

O opróbrio do magistrado

Por Roberto Amaral, em seu blog:

O ainda juiz Sérgio Moro, ora a caminho das férias, faz praça de onipotente, durão, inflexível, o que ajuda a bem cuidada construção da imagem de vingador implacável e incorruptível. Os mais velhos e os cinéfilos devem conhecer a saga de Eliot Ness na série “Os intocáveis”, sobre a repressão ao crime na Chicago das primeiras décadas do século passado.

Até aí nada de novo, pois essa é a jactância da média de seus colegas de instância primária, para os quais toga e japona se confundem com isenção. Para esses aprendizes de Savonarolas (em cuja categoria se incluem os procuradores da Lava Jato), certas prescrições constitucionais, como o devido processo legal, não passam de penduricalhos herdados de uma ordem já sem serventia. O ‘novo’ direito se legitima mediante seus resultados.