domingo, 6 de janeiro de 2019

A primeira semana sem socialismo no Brasil

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Em ritmo alucinante, não deixaram pedra sobre pedra nas conquistas sociais dos últimos anos e deram uma guinada tão forte para a direita que o Brasil corre o risco de cair no mar.

Ao final de quatro anos, poderá ser anexado à África.

Tento fazer um balanço desta primeira semana do bolsonarismo varrendo o “socialismo” do país, mas nem sei por onde começar, tantas são as barbaridades cometidas e anunciadas neste início de governo cívico-militar, uma nova jabuticaba nativa.

O regime do golpe empossou o da tirania

Por José Reinaldo Carvalho, no blog Resistência:

A posse de Jair Bolsonaro na Presidência da República mereceu um ruidoso consenso por parte da mídia empresarial e das lideranças conservadoras do mundo político e econômico-financeiro.

Por alguma razão, o ato de investidura no mais alto cargo do país de um político tão desafeto da democracia é designado como “festa da democracia”.

Atribuir caráter democrático ao novo regime e propagar que a democracia lhe deu posse é mais uma dessas falsificações que fazem parte da época das chamadas fake news.

sábado, 5 de janeiro de 2019

Governo Bolsonaro se esfacela a olhos vistos

Por Carlos Fernandes, no blog Diário do Centro do Mundo:

Três dias após tomar posse, Jair Bolsonaro descobre, na prática, que governar um país das proporções do Brasil requer muito mais do que frases de efeito e twitters mal escritos.

O verdadeiro tiro no galinheiro provocado pelas declarações do presidente nessa sexta (4) mostrou, mais do que o seu completo despreparo para todo e qualquer assunto, as fissuras já aparentes no relacionamento interno de um governo fadado ao fracasso.

O desespero em que se viram os membros do primeiro e segundo escalões para amenizar os efeitos da fala do chefe criaram uma cena pastelão de envergonhar Zélia Cardoso, aquela ministra da economia de Fernando Collor.

Cinco medidas reveladoras do novo governo

Por Vinicius Segalla, na revista CartaCapital:

O governo de Jair Bolsonaro mal começou, mas já mostrou a que veio. Decretos assinados na área econômica, extinções de secretarias, anúncios de alteração no Código Penal, na liberação de posse de armas, na demarcação de terras e em programas de inclusão do Ministério da Educação são algumas das áreas que já contam com as primeiras iniciativas do governo que tomou posse no dia 1º de janeiro. Veja, abaixo, algumas das medidas anunciadas até agora.

Liberação do porte de armas por decreto


Trump e Netanyahu atormentam Bolsonaro

Por Renato Rovai, em seu blog:

Não foi só a baixa participação popular na posse de Bolsonaro – que o GSI estimou em 115 mil pessoas e alguns veículos deram como número real (pausa para rir) – que teve pouco destaque na mídia em geral. Mas, principalmente, a baixíssima participação de delegações internacionais e de chefes de Estado no ato de transmissão do cargo.

Alguns comentaristas políticos atribuíram isso em razão do dia 1º de janeiro ser um feriado (pausa pra rir 2). Desde 2003 tem sido assim. Com Lula foram 120 delegações presentes. Com Dilma em 2011, 130. Com Bolsonaro 47.

As cores da manipulação política e ideológica

Por Osvaldo Bertolino, no site Vermelho:

Uma das formas de manipulação ideológica mais usada pelo bolsonarismo é a de associar ideologias a cores. O caso mais recente é o desse rumoroso posicionamento da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, de que o Brasil está em "uma nova era" e agora "menino veste azul e menina veste rosa. O mais emblemático, contudo, é o mantra de que a bandeira brasileira jamais será vermelha.

A direita europeia e a Previdência

Por Marcelo Manzano, no site da Fundação Perseu Abramo:

Por aqui, já não se consegue atravessar um dia sem que o tema da reforma da Previdência seja lembrado como tábua de salvação para a nossa economia. Depois de esfolarem a CLT e travarem os gastos sociais, o mantra da vez dos donos do dinheiro é dizer que sem mexer na Previdência não se conseguirá restabelecer a sacrossanta “confiança do mercado”.

Congresso mais conservador dos últimos anos

Por Antônio Augusto de Queiroz, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

O novo Congresso Nacional, renovado em 52% na Câmara e 85% no Senado – em relação às 54 vagas em disputa – será mais liberal na economia, mais conservador nos costumes e mais atrasado em relação aos direitos humanos e ao meio ambiente do que o atual. Pulverizado partidariamente e organizado em torno de bancadas informais – como a evangélica, segurança/bala e ruralista –, será o mais conservador desde a redemocratização.

Quem está fazendo “rolo” é Bolsonaro

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Admita-se, com toda generosidade do mundo, que possa haver verdades na história de que os R$ 1,2 milhão movimentados na conta de Fabrício Queiroz possam vir do seu alegado comércio de automóveis, embora os valores de cada movimento não sejam compatíveis com o valor de veículos.

Isso, porém, desmonta a história de que era uma pessoa em dificuldades, que precisava de empréstimos pessoais e de empregar a família inteira nos gabinetes de pai e filho Bolsonaro.

A experiência do “governo paralelo”

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Em 1990, após a vitória de Fernando Collor na eleição de 1989, o PT decidiu montar um “governo paralelo” em contraponto ao oficial. Foram escolhidos “ministros” e tudo, com o objetivo de mostrar à população as diferenças entre os dois projetos de país e as medidas que seriam tomadas por Lula na comparação com o que estava sendo feito pela direita. É hora de os partidos de esquerda, capitaneados pelo PT, PSOL e PCdoB, reeditarem esta experiência.

Sobre política, distração e destruição

Por Silvio Almeida, no site Jornalistas Livres:

O atual governo tem três núcleos:

1. O ideológico-diversionista. Serve apenas para manter a moral da “tropa” em alta, dando representatividade e acomodação psicológica a quem realmente acredita que o Brasil é socialista, que existe ideologia de gênero ou que a terra é plana. Serve também para causar indignação e tristeza nos “progressistas” e, assim, desviar a atenção das questões centrais manejadas pelos núcleos 2 e, especialmente, pelo 3. Pode também ser utilizado para criar bodes expiatórios: se algo der errado em qualquer setor dir-se-á que foi porque não houve “pulso” para combater a ameaça vermelha, os defensores dos direitos humanos ou os apologistas da ideologia de gênero. Basta trocar por outro mais moderado ou ainda mais alucinado, a depender das circunstâncias. Por mais que haja oportunismo, é importante que os recrutas desse núcleo acreditem nas coisas que dizem. É o exército de Brancaleone, mas causará muitos estragos.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Até o Estadão critica bravatas de Bolsonaro

Por Altamiro Borges

Os dois discursos de posse de Jair Bolsonaro – o mais “protocolar”, lido no Congresso Nacional, e o mais “agressivo”, rosnado no Parlatório diante dos seus fanáticos seguidores – continuam gerando celeuma. Se o objetivo das bravatas, típicas de seus tuites, era o de promover o diversionismo e evitar temas mais sensíveis – como o desemprego ou a contrarreforma da Previdência –, o fascistoide obteve sucesso. Até o decadente e oligárquico Estadão, o imprenso que dá o maior apoio ao novo governo entre os principais jornais do país, publicou um editorial duro contra os discursos, o que é bem emblemático. Vale conferir alguns trechos:

Os primeiros dias do governo militar

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Passo 1 - juntando as peças do jogo

Vamos juntar algumas peças dos discursos de posse e das declarações do novo governo Jair Bolsonaro.

* Sua promessa de extirpar o socialismo e o marxismo do país.

* A proposta de unificar a Nação.

* A proposta do Ministro das Relações Exteriores de abrir a estrutura do Itamarati a não diplomatas.

* A proposta do Ministro da Educação de transformar as escolas municipais em escolas militares.

Trump ameaça política externa de Bolsonaro

Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:

A possibilidade de um processo de impeachment, cada vez mais perto da Casa Branca, coloca em xeque a principal aposta do governo Jair Bolsonaro em sua política externa. Mais do que as investigações contra Donald Trump – conduzidas pelo procurador especial Robert Mueller, que apura supostas interferências da Rússia nas eleições de 2016 –, pesam contra o republicano pesadas desconfianças dentro de seu próprio partido.

As fontes do veneno

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Os discursos e iniciativas do ministro da Economia, Paulo Guedes, recebem maior atenção do mercado, é claro, mas também da mídia.

Guedes, entretanto, estaria dizendo as mesmas coisas se fosse ministro de outro presidente alinhado ao liberalismo econômico.

O que nos exige maior vigilância são as palavras e atos dos ministros que integram o núcleo duro ideológico de extrema-direita.

Bolsonaro não descerá do palanque

Por Marcelo Zero

É tocante ver a expectativa ansiosa com que a imprensa e certos setores políticos esperam algum gesto republicano, de conciliação, de comprometimento democrático, ou mesmo de mínima civilização por parte de Bolsonaro et caterva.

Mesmo após serem tratados como porcos em chiqueiro, há veículos e profissionais que dizem torcer pelo “êxito” do governo neofascista, que candidamente preveem que Bolsonaro deverá “governar para todos”, que ele fará concessões “em nome da governabilidade”, que ele terá de “conviver com as instituições democráticas”, que as “perspectivas para a economia são boas”, que isso tende a “distender o ambiente político”, que o “mercado está otimista” etc.

O agronegócio e a indústria cultural

Por Michele Carvalho, no jornal Brasil de Fato:

O ano de 2019 mal começou e a questão fundiária no Brasil já foi alvo de duros ataques do novo presidente Jair Bolsonaro. Poucas horas depois de ser empossado, o capitão reformado passou para o Ministério da Agricultura a responsabilidade pela demarcação de terras indígenas e quilombolas.

Em outra decisão, Bolsonaro extinguiu o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). O órgão era formado por 60 pessoas, entre representantes da sociedade civil e do governo, e tinha como objetivo, entre outras tarefas, defender uma alimentação saudável e sem agrotóxico.

O ano novo no jornal O Globo

Por Juliana Gagliardi e João Feres Júnior, no site Manchetômetro:

No primeiro dia do ano, o jornal O Globo adotou já na capa um discurso político ao cobrir, como de costume, a festa da virada em Copacabana. Uma foto enorme do espetáculo de fogos de artifício toma metade do espaço da capa, em cima dela temos a manchete “virada da renovação” seguida do subtítulo “torcida por mudanças no Rio e no Brasil une 2,5 milhões de pessoas em Copacabana” [1]. O jornal foi bem além da descrição dos óbvios desejos de boas festas que as pessoas normalmente trocam nessa data, ao ligar a ideia de renovação aos novos governos eleitos de Jair Bolsonaro e de Wilson Witzel e apresentar o público que compareceu à festa como unidos em torno dessas expectativas. 

O novo chanceler e o escravocrata

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Ao incluir José de Alencar na lista de autores que os brasileiros deveriam ler em seu esforço "para não ter medo" de defenderem seu país, o ministro de Relações Internacionais Ernesto Araújo deu o conselho errado, para a plateia errada, com o personagem errado.

Além de romancista consagrado, José de Alencar (1829-1877) foi um dos mais duros e irredutíveis aliados da escravidão brasileira. Como deputado e como ministro da Justiça, cargo que ocupou por dois anos, travou uma luta, permanente contra a Abolição - o que torna sua indicação, num discurso de posse ministerial, um elemento vergonhoso para um país onde os afrodescendentes formam mais da metade da população, que construiu uma tradição de décadas de boas relações diplomáticas com as nações africanas.

Ódio ao PT segue movendo os bolsonaristas

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

"O medo nos governa. Essa é uma das ferramentas de que se valem os poderosos, a outra é a ignorância" (Eduardo Galeano).

A campanha acabou, o novo governo já tomou posse, a oposição sumiu, mas o ódio ao PT continua do mesmo tamanho.

Entre fanáticos bolsonaristas e novos aliados de ocasião, é isso que move as redes sociais e inspira discursos dos novos donos do poder.

Ninguém fala dos outros 500 partidos que estão querendo cavar uma boquinha no novo governo.