Por Altamiro Borges
A mídia tucana, que fez de tudo para blindar o governador Geraldo Alckmin durante a campanha eleitoral do ano passado, agora dá sinais de pânico diante do agravamento da crise da água em São Paulo. Os reservatórios do Sistema Cantareira, que abastecem mais de 6,5 milhões de moradores da capital paulista e da região metropolitana, não param de baixar. Nesta semana, apesar das chuvas de verão, eles registraram capacidade inferior a 5%. Vários bairros estão sem água na torneira; estabelecimentos comerciais, como restaurantes e bares, dispensam os funcionários antes do final do expediente; indústrias ameaçam demitir funcionários. O governo tucano, alertado para problema há mais de cinco anos, está prostrado. Diretores da Sabesp já falam em rodízio: cinco dias sem água e dois com. O governador ainda posa de “picolé de chuchu”, como se a grave crise não fosse da sua absoluta responsabilidade. Neste cenário, a mídia tucana passa a pintar um quadro apocalíptico.
Folha finalmente critica Alckmin
Na Folha tucana de quinta-feira (29), o colunista Rogério Gentile não poupou os tons graves. “São Paulo enfrentará uma situação só imaginável em regiões desérticas, áreas de conflito armado ou carentes de civilização se, de fato, for preciso implantar o tal modelo de racionamento no qual a população ficará sem água durante cinco dias por semana. Medida tão drástica assim já foi adotada, por exemplo, em Amã, capital na Jordânia, um dos países mais secos do mundo, onde cerca de 92% das terras são desérticas. Amã tem um regime de chuvas baixíssimo, de cerca de 270 milímetros por ano – na região do Cantareira, no árido 2014, houve cerca de 3,5 vezes mais. Na maior cidade de um país que possui cerca de 12% das reservas de água doce do mundo, ainda que concentrada em sua maior parte na Bacia Amazônica, racionamento de cinco dias não pode ser encarado como uma mera fatalidade, decorrente da pouca colaboração do céu”.
De repente, não mais do que de repente, o colunista da Folha descobriu que a grave crise de abastecimento da água “é uma consequência direta da falta de planejamento, da incapacidade administrativa e da irresponsabilidade política, problemas, aliás, que não são exclusivos do Estado. Não foi por falta de avisos, como provam dezenas de estudos sobre o consumo exagerado na região metropolitana e a baixa disponibilidade hídrica, que São Paulo chegou aonde chegou – uma cidade onde moradores precisam recorrer a água da sarjeta para garantir a descarga nos banheiros. A própria divulgação do esquema draconiano de racionamento é um sintoma do despreparo do governo paulista para lidar com questões importantes. Não foi o governador, nem o secretário de Recursos Hídricos, nem o presidente da Sabesp que anunciou publicamente a possibilidade de se adotar a medida. Foi um funcionário de segundo escalão da empresa que falou sobre o assunto, sem prestar grandes explicações ou informações complementares, durante uma inspeção em uma obra na qual Alckmin fez questão de utilizar um bonezinho da Sabesp. Além de chuva, São Paulo precisa de bom senso e respeito”.
Estadão confirma rodízio 4 por 2 (sic)
No mesmo tom dramático, o Estadão de sexta-feira (30) confirma que “um rodízio de 4 por 2 (quatro dias sem água e dois com) é a saída mais provável que está sendo estudada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para tentar evitar o colapso completo do Sistema Cantareira. Técnicos do governo Geraldo Alckmin (PSDB) defendem que a medida seja adotada na Grande São Paulo já a partir de março, caso a seca no maior manancial paulista continue crítica no próximo mês. Oficialmente, a Sabesp afirma que não há nenhuma definição sobre rodízio. Segundo o jornal Estado apurou, o rodízio de 5 por 2 cogitado nesta semana pelo diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, é considerado “inviável” dentro da própria companhia do ponto de vista operacional. A medida poderia deixar moradores de bairros mais altos continuamente sem água, conforme explica Jorge Giroldo, especialista em engenharia hidráulica e professor da Fundação Educacional Inaciana (FEI)”.
“Se fevereiro deste ano for igual ou pior do que o do ano passado, quando a vazão afluente ficou 87% abaixo da média mensal, o colapso do Cantareira seria iminente e só poderia ser evitado ou adiado com a adoção de ‘rodízio drástico’, no qual a Sabesp deve reduzir para ao menos 10 mil litros por segundo o volume de água retirado das represas, ante os atuais 14,6 mil litros por segundo. Neste cenário, técnicos do governo defendem que o rodízio já seja adotado em março, o último mês do período chuvoso. O objetivo seria fazer o nível do Cantareira voltar a subir, o que não acontece desde abril de 2013, evitando, assim, o uso de uma terceira cota de 41 bilhões de litros do volume morto do sistema, e estocando o máximo possível de água para atravessar a estiagem, até outubro. A projeção, contudo, enfrenta resistência no núcleo político do governo, que teme desgaste à imagem de Alckmin”, descreve a reportagem dos jornalistas Fabio Leite e Rafael Italiani.
O cinismo do porta-voz tucano
Diante do aumento das críticas na mídia tucana, o Palácio dos Bandeirantes parece atordoado. Afinal, ela sempre foi tão dócil e sempre contou com os generosos recursos em publicidade. Na semana passada, o subsecretário estadual de comunicação, o jornalista Marcio Aith – que já foi editor executivo da asquerosa ‘Veja’ –, publicou um artigo tentando retrucar o “apagão dos fatos” na chamada grande imprensa. Na maior caradura, o serviçal de Geraldo Alckmin argumentou que o governador não tem qualquer culpa diante do agravamento da chamada “crise hídrica” – tucanaram até a falta de água. “São Paulo foi pioneiro no esforço de racionalização do uso da água. E os outros, o que fizeram nesse mesmo período?”, escreveu, utilizando-se de velha tática de que a melhor defesa é o ataque. Na prática, Marcio Aith culpou os paulistas pelas torneiras vazias, alegando que vários comerciais foram divulgados pela Sabesp desde janeiro passado sobre a escassez no Sistema Cantareira. Ele só deixou de citar o vídeo de Geraldo Alckmin, durante a campanha eleitoral, jurando que não haveria racionamento em São Paulo! Haja desonestidade e hipocrisia para justificar o seu salário de porta-voz!
Enquanto o ex-editor da Veja tenta defender seu chefe atual, a população sofre com a falta de água e teme dias ainda piores. Mônica Bergamo, da Folha, revelou em sua coluna a gravidade da situação: “A Prefeitura de São Paulo trabalha com um quadro drástico caso se confirme o racionamento rigoroso da água na cidade. O município de Itu, que ficou meses sob racionamento, é referência. Nele foram registrados casos de tumulto, depredação e saque em locais sem abastecimento. Rodovias foram interditadas e ônibus, incendiados. A análise é a de que, se numa cidade com cerca de 160 mil habitantes ("onde todos se conhecem", segundo integrante da cúpula da prefeitura), os problemas foram de tal envergadura, numa metrópole de 12 milhões eles podem ser multiplicados. Outra preocupação é com a questão sanitária, com a ocorrência de doenças como diarreia e a contaminação da água em consequência da diminuição da pressão na rede”.
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A mídia tucana, que fez de tudo para blindar o governador Geraldo Alckmin durante a campanha eleitoral do ano passado, agora dá sinais de pânico diante do agravamento da crise da água em São Paulo. Os reservatórios do Sistema Cantareira, que abastecem mais de 6,5 milhões de moradores da capital paulista e da região metropolitana, não param de baixar. Nesta semana, apesar das chuvas de verão, eles registraram capacidade inferior a 5%. Vários bairros estão sem água na torneira; estabelecimentos comerciais, como restaurantes e bares, dispensam os funcionários antes do final do expediente; indústrias ameaçam demitir funcionários. O governo tucano, alertado para problema há mais de cinco anos, está prostrado. Diretores da Sabesp já falam em rodízio: cinco dias sem água e dois com. O governador ainda posa de “picolé de chuchu”, como se a grave crise não fosse da sua absoluta responsabilidade. Neste cenário, a mídia tucana passa a pintar um quadro apocalíptico.
Folha finalmente critica Alckmin
Na Folha tucana de quinta-feira (29), o colunista Rogério Gentile não poupou os tons graves. “São Paulo enfrentará uma situação só imaginável em regiões desérticas, áreas de conflito armado ou carentes de civilização se, de fato, for preciso implantar o tal modelo de racionamento no qual a população ficará sem água durante cinco dias por semana. Medida tão drástica assim já foi adotada, por exemplo, em Amã, capital na Jordânia, um dos países mais secos do mundo, onde cerca de 92% das terras são desérticas. Amã tem um regime de chuvas baixíssimo, de cerca de 270 milímetros por ano – na região do Cantareira, no árido 2014, houve cerca de 3,5 vezes mais. Na maior cidade de um país que possui cerca de 12% das reservas de água doce do mundo, ainda que concentrada em sua maior parte na Bacia Amazônica, racionamento de cinco dias não pode ser encarado como uma mera fatalidade, decorrente da pouca colaboração do céu”.
De repente, não mais do que de repente, o colunista da Folha descobriu que a grave crise de abastecimento da água “é uma consequência direta da falta de planejamento, da incapacidade administrativa e da irresponsabilidade política, problemas, aliás, que não são exclusivos do Estado. Não foi por falta de avisos, como provam dezenas de estudos sobre o consumo exagerado na região metropolitana e a baixa disponibilidade hídrica, que São Paulo chegou aonde chegou – uma cidade onde moradores precisam recorrer a água da sarjeta para garantir a descarga nos banheiros. A própria divulgação do esquema draconiano de racionamento é um sintoma do despreparo do governo paulista para lidar com questões importantes. Não foi o governador, nem o secretário de Recursos Hídricos, nem o presidente da Sabesp que anunciou publicamente a possibilidade de se adotar a medida. Foi um funcionário de segundo escalão da empresa que falou sobre o assunto, sem prestar grandes explicações ou informações complementares, durante uma inspeção em uma obra na qual Alckmin fez questão de utilizar um bonezinho da Sabesp. Além de chuva, São Paulo precisa de bom senso e respeito”.
Estadão confirma rodízio 4 por 2 (sic)
No mesmo tom dramático, o Estadão de sexta-feira (30) confirma que “um rodízio de 4 por 2 (quatro dias sem água e dois com) é a saída mais provável que está sendo estudada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para tentar evitar o colapso completo do Sistema Cantareira. Técnicos do governo Geraldo Alckmin (PSDB) defendem que a medida seja adotada na Grande São Paulo já a partir de março, caso a seca no maior manancial paulista continue crítica no próximo mês. Oficialmente, a Sabesp afirma que não há nenhuma definição sobre rodízio. Segundo o jornal Estado apurou, o rodízio de 5 por 2 cogitado nesta semana pelo diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, é considerado “inviável” dentro da própria companhia do ponto de vista operacional. A medida poderia deixar moradores de bairros mais altos continuamente sem água, conforme explica Jorge Giroldo, especialista em engenharia hidráulica e professor da Fundação Educacional Inaciana (FEI)”.
“Se fevereiro deste ano for igual ou pior do que o do ano passado, quando a vazão afluente ficou 87% abaixo da média mensal, o colapso do Cantareira seria iminente e só poderia ser evitado ou adiado com a adoção de ‘rodízio drástico’, no qual a Sabesp deve reduzir para ao menos 10 mil litros por segundo o volume de água retirado das represas, ante os atuais 14,6 mil litros por segundo. Neste cenário, técnicos do governo defendem que o rodízio já seja adotado em março, o último mês do período chuvoso. O objetivo seria fazer o nível do Cantareira voltar a subir, o que não acontece desde abril de 2013, evitando, assim, o uso de uma terceira cota de 41 bilhões de litros do volume morto do sistema, e estocando o máximo possível de água para atravessar a estiagem, até outubro. A projeção, contudo, enfrenta resistência no núcleo político do governo, que teme desgaste à imagem de Alckmin”, descreve a reportagem dos jornalistas Fabio Leite e Rafael Italiani.
O cinismo do porta-voz tucano
Diante do aumento das críticas na mídia tucana, o Palácio dos Bandeirantes parece atordoado. Afinal, ela sempre foi tão dócil e sempre contou com os generosos recursos em publicidade. Na semana passada, o subsecretário estadual de comunicação, o jornalista Marcio Aith – que já foi editor executivo da asquerosa ‘Veja’ –, publicou um artigo tentando retrucar o “apagão dos fatos” na chamada grande imprensa. Na maior caradura, o serviçal de Geraldo Alckmin argumentou que o governador não tem qualquer culpa diante do agravamento da chamada “crise hídrica” – tucanaram até a falta de água. “São Paulo foi pioneiro no esforço de racionalização do uso da água. E os outros, o que fizeram nesse mesmo período?”, escreveu, utilizando-se de velha tática de que a melhor defesa é o ataque. Na prática, Marcio Aith culpou os paulistas pelas torneiras vazias, alegando que vários comerciais foram divulgados pela Sabesp desde janeiro passado sobre a escassez no Sistema Cantareira. Ele só deixou de citar o vídeo de Geraldo Alckmin, durante a campanha eleitoral, jurando que não haveria racionamento em São Paulo! Haja desonestidade e hipocrisia para justificar o seu salário de porta-voz!
Enquanto o ex-editor da Veja tenta defender seu chefe atual, a população sofre com a falta de água e teme dias ainda piores. Mônica Bergamo, da Folha, revelou em sua coluna a gravidade da situação: “A Prefeitura de São Paulo trabalha com um quadro drástico caso se confirme o racionamento rigoroso da água na cidade. O município de Itu, que ficou meses sob racionamento, é referência. Nele foram registrados casos de tumulto, depredação e saque em locais sem abastecimento. Rodovias foram interditadas e ônibus, incendiados. A análise é a de que, se numa cidade com cerca de 160 mil habitantes ("onde todos se conhecem", segundo integrante da cúpula da prefeitura), os problemas foram de tal envergadura, numa metrópole de 12 milhões eles podem ser multiplicados. Outra preocupação é com a questão sanitária, com a ocorrência de doenças como diarreia e a contaminação da água em consequência da diminuição da pressão na rede”.
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