Vídeo da União Nacional dos Estudantes (UNE) mostra algumas cenas do protesto irreverente e aquático, debaixo de muita chuva, realizado contra a direita midiática em São Paulo.
Servi a Arnaldo Jabor durante três anos, enquanto fui editor de política do Jornal da Globo, com Ana Paula Padrão. Ajudava a pautá-lo, quando não tinha assunto, fazia o meio de campo para que ele e o Franklin Martins não comentassem o mesmo assunto e ajudava-o a lidar com a informática, ferramenta que, para ele, era um problema sem solução. Sempre admirei o neto de libaneses, não apenas pelos filmes sensíveis que dirigiu, mas pela sagacidade e acidez crítica. Foi uma das poucas vozes que ousaram desafiar o consensual príncipe FHC, tanto no apogeu, quanto na derrocada. Dizia que se considerava amigo o bastante para dizer aquilo que só os amigos podem. Sempre foi um intelectual ligado ao PSDB e nunca escondeu isso de ninguém. Também nunca negou publicamente o vínculo afetivo com José Serra, com quem sempre teve laços de intimidade. Mas, como todo homem, Jabor também tem seus desvarios. Costumava dizer que estava arruinado, quando pediu uma vaga de "qualquer coisa" na Folha de S. Paulo, no fim dos anos oitenta. "Todo mundo pensa que cinema dá dinheiro. Pra mim só deu prestígio. Não comia ninguém e quase morri de fome". Também costumava dizer que tinha sido de esquerda, como quem repele o rótulo, por achar que ser de esquerda é uma coisa assim, meio adolescente... Com a fama de diretor de cinema consagrado, prestígio de colunista de jornal, de escritor e, depois, de comentarista de TV, costumava dizer que queria ter minha juventude e disposição para se entregar exclusivamene aos prazeres da carne. Estava fascinado com as possibilidades que o dinheiro e a fama podiam lhe ofertar. Mas, infelizmente, nos banquetes e nas palestras para os quais passou a ser convidado não cabiam o povo. Aos poucos foi se esquecendo das necessidades da velha "massa de manobras", ou do "exército de formiguinhas corruptas e amorais", como passou a chamar os desafortunados, para comungar no paraíso das exceções, dos privilégios, dos brilhantes e dos abençoados. Não é por acaso que hoje se alinha aos seus, na defesa da tradição, da família da elite branca e da propriedade privada. Como renegá-los? Da última vez que o encontrei estava inquieto: imagina ele, um homem "simples", acostumado a longas caminhadas no calçadão, com seu inseparável amigo da sétima arte, Cacá Diegues, ter que andar de carro blindado? É Jabor, é o preço que custa a sociedade em que você e a turma do Millenium acreditam.
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Servi a Arnaldo Jabor durante três anos, enquanto fui editor de política do Jornal da Globo, com Ana Paula Padrão. Ajudava a pautá-lo, quando não tinha assunto, fazia o meio de campo para que ele e o Franklin Martins não comentassem o mesmo assunto e ajudava-o a lidar com a informática, ferramenta que, para ele, era um problema sem solução. Sempre admirei o neto de libaneses, não apenas pelos filmes sensíveis que dirigiu, mas pela sagacidade e acidez crítica. Foi uma das poucas vozes que ousaram desafiar o consensual príncipe FHC, tanto no apogeu, quanto na derrocada. Dizia que se considerava amigo o bastante para dizer aquilo que só os amigos podem. Sempre foi um intelectual ligado ao PSDB e nunca escondeu isso de ninguém. Também nunca negou publicamente o vínculo afetivo com José Serra, com quem sempre teve laços de intimidade. Mas, como todo homem, Jabor também tem seus desvarios. Costumava dizer que estava arruinado, quando pediu uma vaga de "qualquer coisa" na Folha de S. Paulo, no fim dos anos oitenta. "Todo mundo pensa que cinema dá dinheiro. Pra mim só deu prestígio. Não comia ninguém e quase morri de fome". Também costumava dizer que tinha sido de esquerda, como quem repele o rótulo, por achar que ser de esquerda é uma coisa assim, meio adolescente... Com a fama de diretor de cinema consagrado, prestígio de colunista de jornal, de escritor e, depois, de comentarista de TV, costumava dizer que queria ter minha juventude e disposição para se entregar exclusivamene aos prazeres da carne. Estava fascinado com as possibilidades que o dinheiro e a fama podiam lhe ofertar. Mas, infelizmente, nos banquetes e nas palestras para os quais passou a ser convidado não cabiam o povo. Aos poucos foi se esquecendo das necessidades da velha "massa de manobras", ou do "exército de formiguinhas corruptas e amorais", como passou a chamar os desafortunados, para comungar no paraíso das exceções, dos privilégios, dos brilhantes e dos abençoados. Não é por acaso que hoje se alinha aos seus, na defesa da tradição, da família da elite branca e da propriedade privada. Como renegá-los? Da última vez que o encontrei estava inquieto: imagina ele, um homem "simples", acostumado a longas caminhadas no calçadão, com seu inseparável amigo da sétima arte, Cacá Diegues, ter que andar de carro blindado? É Jabor, é o preço que custa a sociedade em que você e a turma do Millenium acreditam.
Parabéns aos estudantes que
participaram do protesto.
É isso aí gente....
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