segunda-feira, 3 de junho de 2013

As peripécias adversativas da mídia

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

Essa é engraçada. A Folha publicou, neste domingo, na capa da seção Mundo, uma reportagem com título pomposo e otimista.




Aí você confere o gráfico na própria reportagem, com previsões comparadas para o crescimento econômico no México, no Brasil e na Argentina. O México deve crescer 3,4% em 2013, o Brasil 3% e a Argentina 2,8%.

Então peraí. Quer dizer que 3,4% de crescimento, para o México, corresponde a um “êxito na economia”, mesmo com uma série de números negativos no campo social, segurança pública e direitos humanos, e um crescimento de 3% para o Brasil é um fracasso econômico retumbante?

Dê-se o crédito: o cinismo do título e da reportagem é desmascarado no próprio jornal. Ao lado do título róseo, outra matéria fala que apenas nos 4 anos da gestão anterior do mesmo PRI que continua no poder (2006 a 2012), mais de 60 mil pessoas morreram nas guerras do tráfico e outras 100 mil estão desaparecidas. Há regiões inteiras do México que já não tem exércitou ou polícia: são dominadas pelos narcotraficantes, muitas vezes em parceria tácita com autoridades do PRI. A imprensa mexicana tem sido instada, pelo próprio governo, a não noticiar atos de violência; alguns jornais decidiram não mais cobrir notícias referentes ao tráfico, após ataques ou ameaças a seus funcionários.

Esse é o país que “atrai investimento com êxito na economia”.

A matéria escancara o viés mesquinho e partidário da Folha quando trata da economia brasileira. O “jornalismo adversativo”, pelo jeito, só vale para o Brasil.

É o caso do Globo desta segunda-feira. A manchete do jornal traz uma notícia bombástica:



A principal informação da matéria está no subtítulo: a produção brasileira de petróleo dobrará em 10 anos. Em qualquer país do mundo, seria motivo de júbilo, em virtude das oportunidades de crescimento econômico subjacentes. Aqui, não. O Globo faz um exercício confuso que dá a entender ao Homer Simpson que as receitas oriundas da exploração do petróleo vão cair. É incrível como são malandros: conseguem transmitir a notícia de que a produção de petróleo aumentará em duas vezes mas deixar no leitor a impressão psicológica de que é uma notícia ruim.

Bem, tentemos trazer um pouco de bom senso. Não é uma notícia ruim. Os repasses aumentarão “apenas” 55%, segundo lembra o próprio jornal (em tom adversativo), omitindo o crescimento de receita, lucros, valorização acionária, da Petrobrás e outras empresas que pagam impostos e geram empregos no Brasil. O aumento na produção de petróleo produzirá imenso alívio em nossa balança comercial. Deixaremos de ser importadores para nos tornarmos exportadores de petróleo. Ganharemos segurança energética. O aumento da produção coincidirá com a entrada em operação das grandes refinarias, acrescentando receita, empregos, impostos. Em torno das refinarias serão criados cinturões industriais, em torno dos quais, cinturões de empresas de serviço. É uma excelente notícia, sem mas.

4 comentários:

Anônimo disse...

Este Jornal esta fadado a fechar as portas, por falta de credibilidade.

Anônimo disse...

O PIB da Banania vai ser de 2% ou menos, graças à sua gerentona.

Ignez disse...

Lembrei daquela música: "o que dá pra ri, dá pra chorar...questão só de peso e medida; questão só de hora e lugar..." Caramba! A gente só pode rir dessa nova "falha" da Folha de São Paulo; e chorar pela permanente torcida antinacionalista desse jornaleco que vai se lascar logo, logo... Questão só de hora e lugar...

Anônimo disse...

FolhA,viúva da ditadura, globomente,é o apagão da mídia,veja, racionamento de inteligência,mídia golpista é overdose de conservadorismo reacionário e verborragia insana, faz mal pra cabeça, pro coração e pro bolso.