sexta-feira, 27 de junho de 2014

O que você não vê na mídia

Por Iago Montalvão, no site da UJS:

Na Inglaterra, austeridade, no Brasil, emprego. No último sábado (21/06) cerca de 50 mil pessoas marcharam pelo centro de Londres, em pauta estava o protesto contra as políticas de austeridade que vem sendo apresentadas pelo governo britânico como uma saída para a crise financeira, retirando direitos dos trabalhadores em troca do pagamento das dívidas públicas e dos banqueiros.

Enquanto no Brasil vivemos em uma situação de quase pleno emprego e as pessoas foram às ruas em centenas de milhares para pedir a ampliação de direitos, na Europa o desemprego só cresce e se torna cada vez mais constante a luta pela não retirada de direitos já conquistados.

Infelizmente não podemos constatar esse tipo de notícia, ou pelo menos não dessa maneira, nos mecanismos mais acessíveis à grande maioria da população brasileira, a grande mídia, que dominada por oligopólios, que além de sustentarem e disseminarem através do controle da informação o seu próprio projeto conservador, estão relacionados e são diretamente financiados pela elite financeira e por isso representam seus interesses.

Mas uma notícia como essa, que sinaliza a indignação de uma parcela bem representativa da população britânica, demonstra como mesmo, ou, sobretudo, nos países mais desenvolvidos os trabalhadores vêm sofrendo pelas perdas do mercado financeiro. Retira-se direitos para investir no pagamento dos banqueiros, que não chega sequer próximo ao que vimos no Brasil nos últimos anos, que fez cortes no orçamento praticamente insignificantes para superar a crise se comparados às medidas desses outros países, optando pela saída do aumento do nível de consumo e concessão de crédito.

Pra mim isso só reforça duas questões importantes para o avanço do nosso país:

1- É necessário criar uma ferramenta de regulação da mídia pelo poder público, tendo em vista que esses veículos se utilizam de concessões públicas para transmissão, mas sequer tem o compromisso com a verdade, utilizando desses meios para construir falsos consensos – até porque não se tem democracia no acesso à informação e em sua própria transmissão – e de forma seletiva e manipuladora, transmitir apenas informações que beneficiem suas relações e projetos políticos.

2- Precisamos combater o “complexo de vira-lata” e esse sentimento negativista acerca do Brasil, da política e do povo brasileiro. Defender o desenvolvimento e a soberania de nosso país é ser nacionalista, e de forma alguma pressupõe um antagonismo à solidariedade internacional e à defesa da liberdade dos povos de todo mundo contra a opressão e o imperialismo. Mas uma notícia como essa afirma que o Brasil tem grande potencialidade e o projeto político que vem sendo construído nos últimos anos é avançado e correto para nosso momento. Reeleger a Dilma é fundamental pra que não estejamos futuramente nessa mesma situação.

E em meio à isso tudo, vale a pena uma reflexão histórica também. Afinal de contas o Brasil é um país que existe de fato enquanto uma construção de nação à 500 anos, considerando nesse tempo todo processo de exploração e subjugação aos países desenvolvidos, enquanto que a Inglaterra, que há mais de dois milênios tem se desenvolvido, protagonizou revoluções burguesas, o surgimento do capitalismo e da indústria, hoje vive em situações complicadas como essas. Dessa maneira, por mais que se tente comparar nosso país às nações europeias, a argumentação rasa esbarra na história. Mais uma vez expõem-se as contradições desse sistema, onde nenhuma dessas relações pode ser constatada sem que se leve em conta as relações de produção existentes.

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