Por Bruno Pavan, no jornal Brasil de Fato:
Complexa. É assim que os movimentos sociais definiram a situação política no Brasil no início deste segundo governo da presidenta Dilma Rousseff, em encontro realizado nesta quarta-feira (11), na sede do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, em São Paulo.
Estavam presentes Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), João Paulo Rodrigues, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Vic Barros, presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Eleito como um representante da esquerda contra a posição neoliberal de Aécio Neves, as primeiras medidas do governo foram altamente impopulares e contra a vontade da parcela da sociedade que o elegeu. Além de chamar nomes conservadores e com pouca identificação com as demandas progressistas para fazer parte dos ministérios - a exemplo de Kátia Abreu (PMDB-TO), na Agricultura, Joaquim Levy, na Fazenda e Gilberto Kassab (PSD-SP), nas Cidades -, Dilma ainda terá que enfrentar um Congresso conservador comandado pelo peemedebista Eduardo Cunha (RJ).
Na percepção de todos há uma crise do modelo neo-desenvolvimentista em curso. Para João Paulo Rodrigues, os pilares que davam sustentação a esse processo ruiu, colocando uma nova necessidade política e econômica no país. “Essa política conseguiu ser viabilizada por dez anos, mas por conta do fraco desempenho econômico nos últimos anos, a dificuldade política da presidenta e a retomada das lutas populares por conta da falta de conquistas nos leva a essa crise”, explicou.
Guilherme Boulos destacou que a diferença entre os governos petistas e tucanos da década de 90 foi ter construído um pacto social por conta do grande apoio de movimentos sociais e setores da esquerda, mas que esse pacto também vive uma fase de esgotamento. “Diante disso estavam colocadas duas alternativas: ou se enfrentava a elite para manter a aprofundar as políticas sociais, ou cortava do outro lado, na carne do trabalhador. Está muito claro qual o caminho que o governo tomou", criticou.
A contradição entre as medidas prometidas por esse governo e as ações tomadas por ele logo depois da eleição chamou a atenção de Vic Barros. Ela lembra que a presidenta defendeu o projeto da coalizão da esquerda logo em suas primeiras entrevistas. “Logo depois da vitória ela veio falar de reforma política, proibição de doações privadas pra campanhas políticas e regulação econômica da mídia. Mas, infelizmente, a composição do governo em meio a essa conjuntura contraditória também foi muito contraditória”, lamentou.
O risco de impeachment
A eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) como presidente da Câmara dos Deputados, aliado com discursos de membros da oposição, já acendeu o sinal amarelo para muitos ao redor do perigo de impeachment da presidenta Dilma.
Apesar de toda a polêmica, os movimentos não veem essa possibilidade como concreta nessa momento. “Essa bandeira de direita não nos ajuda e nos coloca na defensiva. Nós do MST não compactuamos com essa ideia de golpe. O que queremos levar às ruas é a pauta de avanço nas conquistas populares”, disse João Paulo.
Para Boulos, não é interessante para a elite econômica do país derrubar um governo agora, já que o contexto é favorável a eles e um golpe poderia criar um clima de instabilidade política. “Hoje não há bases econômicas e políticas para algo dessa magnitude mesmo com todo o alarmismo da mídia. Qual elite está interessada em impeachment com o Joaquim Levy comandando a economia? O Eduardo Cunha é um negociador, ele vai usar essa possibilidade para extorquir o governo, mas interessa a ele ter a carta na manga mas não usa-la”, acredita.
Complexa. É assim que os movimentos sociais definiram a situação política no Brasil no início deste segundo governo da presidenta Dilma Rousseff, em encontro realizado nesta quarta-feira (11), na sede do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, em São Paulo.
Estavam presentes Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), João Paulo Rodrigues, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Vic Barros, presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Eleito como um representante da esquerda contra a posição neoliberal de Aécio Neves, as primeiras medidas do governo foram altamente impopulares e contra a vontade da parcela da sociedade que o elegeu. Além de chamar nomes conservadores e com pouca identificação com as demandas progressistas para fazer parte dos ministérios - a exemplo de Kátia Abreu (PMDB-TO), na Agricultura, Joaquim Levy, na Fazenda e Gilberto Kassab (PSD-SP), nas Cidades -, Dilma ainda terá que enfrentar um Congresso conservador comandado pelo peemedebista Eduardo Cunha (RJ).
Na percepção de todos há uma crise do modelo neo-desenvolvimentista em curso. Para João Paulo Rodrigues, os pilares que davam sustentação a esse processo ruiu, colocando uma nova necessidade política e econômica no país. “Essa política conseguiu ser viabilizada por dez anos, mas por conta do fraco desempenho econômico nos últimos anos, a dificuldade política da presidenta e a retomada das lutas populares por conta da falta de conquistas nos leva a essa crise”, explicou.
Guilherme Boulos destacou que a diferença entre os governos petistas e tucanos da década de 90 foi ter construído um pacto social por conta do grande apoio de movimentos sociais e setores da esquerda, mas que esse pacto também vive uma fase de esgotamento. “Diante disso estavam colocadas duas alternativas: ou se enfrentava a elite para manter a aprofundar as políticas sociais, ou cortava do outro lado, na carne do trabalhador. Está muito claro qual o caminho que o governo tomou", criticou.
A contradição entre as medidas prometidas por esse governo e as ações tomadas por ele logo depois da eleição chamou a atenção de Vic Barros. Ela lembra que a presidenta defendeu o projeto da coalizão da esquerda logo em suas primeiras entrevistas. “Logo depois da vitória ela veio falar de reforma política, proibição de doações privadas pra campanhas políticas e regulação econômica da mídia. Mas, infelizmente, a composição do governo em meio a essa conjuntura contraditória também foi muito contraditória”, lamentou.
O risco de impeachment
A eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) como presidente da Câmara dos Deputados, aliado com discursos de membros da oposição, já acendeu o sinal amarelo para muitos ao redor do perigo de impeachment da presidenta Dilma.
Apesar de toda a polêmica, os movimentos não veem essa possibilidade como concreta nessa momento. “Essa bandeira de direita não nos ajuda e nos coloca na defensiva. Nós do MST não compactuamos com essa ideia de golpe. O que queremos levar às ruas é a pauta de avanço nas conquistas populares”, disse João Paulo.
Para Boulos, não é interessante para a elite econômica do país derrubar um governo agora, já que o contexto é favorável a eles e um golpe poderia criar um clima de instabilidade política. “Hoje não há bases econômicas e políticas para algo dessa magnitude mesmo com todo o alarmismo da mídia. Qual elite está interessada em impeachment com o Joaquim Levy comandando a economia? O Eduardo Cunha é um negociador, ele vai usar essa possibilidade para extorquir o governo, mas interessa a ele ter a carta na manga mas não usa-la”, acredita.
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