domingo, 15 de maio de 2016

Gilmar Mendes, Aécio e os fichas-sujas

Por Altamiro Borges

Na semana passada, a mídia privada deu destaque para a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de apurar as denúncias de que o cambaleante Aécio Neves, presidente do PSDB, recebeu propinas da estatal mineira Furnas. O pedido de abertura de inquérito seria analisado pelo ministro Gilmar Mendes, informou o noticiário. O escarcéu talvez tenha visado reduzir as duras críticas à cumplicidade do STF na criminosa votação do impeachment de Dilma, vendendo a falsa imagem de que o Judiciário nativo é um poder neutro e imparcial. A encenação, porém, não durou um dia. Logo na sequência, o próprio Gilmar Mendes, líder dos tucanos do STF, informou que arquivaria o processo.

O pedido de abertura do inquérito teve como base a "delação premiada" do senador Delcídio do Amaral, mas também contou com as informações prestadas por Alberto Youssef, um dos primeiros delatores da midiática Operação Lava Jato. O mafioso afirmou que o tucano recebia valores mensais de Furnas por intermédio de sua irmã, Andrea Neves, e da empresa Bauruense. No pedido, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, informou que uma ação da Polícia Federal no Rio de Janeiro encontrou documentos do doleiro que confirmaram a existência de uma conta no exterior ligada a uma fundação em nome da mãe do presidente do PSDB, Inês Maria Neves Faria.

Apesar dos vários indícios de corrupção, o sinistro Gilmar Mendes simplesmente resolveu arquivar o processo. Conforme relato da Folha tucana, "um dia depois de determinar a abertura de inquérito para investigar a suspeita de que o senador Aécio Neves recebeu suposta propina de Furnas, o ministro do STF, Gilmar Mendes, suspendeu a coleta de provas e decidiu pedir que a PGR reavalie o caso. A decisão do ministro ocorreu após manifestação da defesa do senador alegando que não há elementos novos sobre o episódio que justifiquem abertura do inquérito". Em nota oficial, o cambaleante tucano comemorou a decisão do seu "amigo", sempre isento, no Supremo Tribunal Federal.

Não é a primeira vez que Gilmar Mendes livra a cara dos "fichas-sujas". No seu currículo, o sinistro ministro do STF, nomeado pelo ex-presidente FHC, já coleciona vários casos famosos. Foi ele quem concedeu habeas corpus para o "banqueiro" Daniel Dantas, conhecido agiota do mercado financeiro. Ele também livrou da cadeia o médico Roger Abdelmassih, que estuprou centenas de mulheres na sua clínica de luxo. No início de abril, Gilmar Mendes voltou a demonstrar a sua "isenção" ao conceder habeas corpus para o ex-deputado José Riva (PSD-MT), tido como "o maior ficha-suja do país" por responder a cerca de 150 processos na Justiça. O mafioso, que estava preso desde outubro passado, agora está livre e solto... como o cambaleante Aécio Neves!

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