Por Jeferson Miola
O PT sofreu a mais acachapante derrota eleitoral da sua história. Uma derrota de tal magnitude que, fosse outro o partido a sofrê-la, sem o enraizamento social que o PT possui, e já estaria dissolvido. Assim mesmo, a oligarquia não conseguirá concretizar o sonho verbalizado pelo ex-senador Jorge Bornhausen, de “acabar com a raça dos petistas” e exterminar o petismo.
Esta derrota tornará complexa a sobrevivência e a tarefa de reconstrução partidária – não somente pela perda de espaço institucional; mas, sobretudo, pelo padrão da ofensiva contra o campo democrático e popular, que será intensificado no próximo período.
Uma derrota desta grandeza tem muitas causas, conjunturais e estruturais, e sua análise não se esgota em poucos parágrafos de um artigo. Existem fatores intrínsecos ao próprio PT – os erros de ex-dirigentes da maioria partidária no manejo das finanças partidárias é um deles. O PT ainda deve uma autocrítica desde a época do chamado “mensalão”. Já deveria ter reconhecido publicamente o equívoco de setores partidários que passaram a naturalizar as práticas dos partidos tradicionais.
O PT errou ao não centrar a sustentação do governo com uma plataforma de mudanças do país na democracia participativa e em dinâmicas plebiscitárias. Aderiu ao nominado “presidencialismo de coalizão” – sistema que estimula a corrupção, e pelo qual a oligarquia reparte o controle do Estado entre suas diferentes facções –, e não desarticulou as estruturas corrompidas, muitas armadas no período da ditadura e aperfeiçoadas nos governos FHC.
Acreditar, entretanto, que os desvios de algumas ex-lideranças do PT [e não do conjunto partidário] são a causa principal da derrota, é uma perspectiva que desconsidera a eficácia da operação inteligentemente articulada entre setores da mídia, MP, PF e Judiciário para alcançar este resultado. A realidade é indesmentível: constante espalhafato midiático e prisões de petistas; e políticos do PP, PMDB, PSDB, comprovadamente implicados em corrupção, sequer são investigados.
É ingênuo pensar que a corrupção foi a causa principal da derrota. Se a eleição tivesse sido um certame para escolher os não-corruptos, os puros e os decentes, o PSDB e o PMDB, campeões de candidatos fichas-suja, teriam sido fragorosamente derrotados.
Crer, por outro lado, que a derrocada das candidaturas do PT deveu-se à baixa popularidade herdada do governo Dilma, é contraditório com a vitória dos candidatos da base de apoio do golpista Michel Temer, que ostenta quase 80% de reprovação.
A eleição municipal foi a primeira acontecida no marco do regime de exceção que se vive no Brasil. Subestimar este fator na análise do evento eleitoral e de outros acontecimentos e processos políticos, seria um grande equívoco histórico.
Mais que a derrota do PT, observa-se a vitória da manipulação política, jurídica e midiática. Está em curso no Brasil uma ofensiva que não mira somente a principal organização de esquerda e a liderança de maior expressão popular, que é o ex-presidente Lula; mas uma ofensiva radical para viabilizar a restauração neoliberal no seu estágio ultra-conservador e reacionário, com regressão de direitos, destruição da economia nacional e transferência da riqueza do país ao estrangeiro.
O efeito prático e concreto desta brutal ofensiva, todavia, é o debilitamento do PT. Saber se o Partido conseguirá ou não sobreviver a isso, é uma pergunta em aberto. Uma coisa é certa: nem o fim do PT conseguirá acabar com o petismo genuíno, um dos principais sujeitos históricos da transformação democrática e socialista do Brasil.
O PT deve fazer, com urgência, a profunda crítica e autocrítica desta circunstância histórica. Este esforço analítico e de reconstrução não pode, porém, se dissociar da luta tenaz contra o regime de exceção e o fascismo, que encontra um terreno cada vez mais fecundo para avançar no Brasil.
O PT sofreu a mais acachapante derrota eleitoral da sua história. Uma derrota de tal magnitude que, fosse outro o partido a sofrê-la, sem o enraizamento social que o PT possui, e já estaria dissolvido. Assim mesmo, a oligarquia não conseguirá concretizar o sonho verbalizado pelo ex-senador Jorge Bornhausen, de “acabar com a raça dos petistas” e exterminar o petismo.
Esta derrota tornará complexa a sobrevivência e a tarefa de reconstrução partidária – não somente pela perda de espaço institucional; mas, sobretudo, pelo padrão da ofensiva contra o campo democrático e popular, que será intensificado no próximo período.
Uma derrota desta grandeza tem muitas causas, conjunturais e estruturais, e sua análise não se esgota em poucos parágrafos de um artigo. Existem fatores intrínsecos ao próprio PT – os erros de ex-dirigentes da maioria partidária no manejo das finanças partidárias é um deles. O PT ainda deve uma autocrítica desde a época do chamado “mensalão”. Já deveria ter reconhecido publicamente o equívoco de setores partidários que passaram a naturalizar as práticas dos partidos tradicionais.
O PT errou ao não centrar a sustentação do governo com uma plataforma de mudanças do país na democracia participativa e em dinâmicas plebiscitárias. Aderiu ao nominado “presidencialismo de coalizão” – sistema que estimula a corrupção, e pelo qual a oligarquia reparte o controle do Estado entre suas diferentes facções –, e não desarticulou as estruturas corrompidas, muitas armadas no período da ditadura e aperfeiçoadas nos governos FHC.
Acreditar, entretanto, que os desvios de algumas ex-lideranças do PT [e não do conjunto partidário] são a causa principal da derrota, é uma perspectiva que desconsidera a eficácia da operação inteligentemente articulada entre setores da mídia, MP, PF e Judiciário para alcançar este resultado. A realidade é indesmentível: constante espalhafato midiático e prisões de petistas; e políticos do PP, PMDB, PSDB, comprovadamente implicados em corrupção, sequer são investigados.
É ingênuo pensar que a corrupção foi a causa principal da derrota. Se a eleição tivesse sido um certame para escolher os não-corruptos, os puros e os decentes, o PSDB e o PMDB, campeões de candidatos fichas-suja, teriam sido fragorosamente derrotados.
Crer, por outro lado, que a derrocada das candidaturas do PT deveu-se à baixa popularidade herdada do governo Dilma, é contraditório com a vitória dos candidatos da base de apoio do golpista Michel Temer, que ostenta quase 80% de reprovação.
A eleição municipal foi a primeira acontecida no marco do regime de exceção que se vive no Brasil. Subestimar este fator na análise do evento eleitoral e de outros acontecimentos e processos políticos, seria um grande equívoco histórico.
Mais que a derrota do PT, observa-se a vitória da manipulação política, jurídica e midiática. Está em curso no Brasil uma ofensiva que não mira somente a principal organização de esquerda e a liderança de maior expressão popular, que é o ex-presidente Lula; mas uma ofensiva radical para viabilizar a restauração neoliberal no seu estágio ultra-conservador e reacionário, com regressão de direitos, destruição da economia nacional e transferência da riqueza do país ao estrangeiro.
O efeito prático e concreto desta brutal ofensiva, todavia, é o debilitamento do PT. Saber se o Partido conseguirá ou não sobreviver a isso, é uma pergunta em aberto. Uma coisa é certa: nem o fim do PT conseguirá acabar com o petismo genuíno, um dos principais sujeitos históricos da transformação democrática e socialista do Brasil.
O PT deve fazer, com urgência, a profunda crítica e autocrítica desta circunstância histórica. Este esforço analítico e de reconstrução não pode, porém, se dissociar da luta tenaz contra o regime de exceção e o fascismo, que encontra um terreno cada vez mais fecundo para avançar no Brasil.
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