segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

O esforço desumano para criminalizar Lula

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

A Folha publicou no domingo, dia 18, uma matéria que funciona como um exemplo acabado de como tentar criminalizar qualquer atitude de Lula - eventualmente, dando um tiro no pé.

O título dá conta de que ele tinha avião à disposição para suas palestras em Angola em 2011 e 2014.

E daí?

Ele visitou obras de interesse da Odebrecht e discutiu o financiamento do BNDES para “projetos locais”.
E daí?

Emílio Odebrecht estava com ele.

E daí?

De acordo com a Lava Jato, Lula servia como “garoto propaganda” da empreiteira.

Ora.

Em 1996, segundo o mesmo jornal, em matéria assinada por uma “enviada especial”, FHC esteve em Angola e África do Sul “acompanhado de uma comitiva de empresários interessados em investir num país em ruínas e que precisa reconstruir sua infra-estrutura.”

“Empreiteiras como Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez, cujos representantes integram a comitiva, têm interesse na construção de represas, estradas, habitações e exploração mineral”.

Ficamos combinados, então, que no caso de Lula era sequestro à mão armada e no de Fernando Henrique benemerência.

É pouco provável, aliás, que FHC tenha passeado de ônibus e em lombo de jegue.

Se eles fazem “propaganda” dessas companhias, o que fazia o premiê japonês Shinzo Abe, que se fantasiou de Super Mario, o personagem do popular game da Nintendo, na Olimpíada do Rio?

Mas a reportagem sobre Lula fica especialmente surreal a partir de determinados trechos de misteriosos “relatórios do Itamaraty”. Segundo eles, as palestras de fato aconteceram, foram “calorosamente aplaudidas” e tiveram “ampla cobertura da mídia local”.

Lula, ficamos sabendo, deu palpites sobre a instalação dos chuveiros das casas, que ficavam do lado de fora e ele sugeriu que fossem para o interior.

O relatório também registra que em 2014 um “colóquio atraiu audiência superior a 1.200 pessoas e já foi qualificado como o maior evento internacional sobre o combate à fome já realizado”.

Finaliza lembrando que a turnê foi “muito importante” para evitar que o Brasil perdesse espaço para outros países em suas relações com Angola.

Mas não era disso que se tratava?

Como diz o ex-ministro Eugênio Aragão, esse é o ambiente da “meganhagem” nacional. Tudo é pegadinha (“Olhaí! Auditório cheio! Aplausos! Tô falando!”). Acrescente-se um público analfabeto e pronto.

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