Por Altamiro Borges
Animadinho com a decadência dos tucanos tradicionais – como Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra, que despencam a cada pesquisa de opinião –, o midiático prefeito João Doria não vacila mais em se comportar como o presidencial do PSDB para 2018. A cada dia que passa, ele abandona mais a cidade de São Paulo e sobe no palanque com seu discurso raivoso, fascistoide. Sua estratégia consiste em seduzir o eleitorado de direita e centro-direita, que ganhou projeção com a recente onda conservadora no país – que resultou no impeachment de Dilma Rousseff e na sua vitória para a prefeitura paulistana. Nos últimos dias, no clima da greve geral contra as “reformas” de Michel Temer, o aliado “João Dólar” exibiu plenamente seus dotes. Chamou os grevistas de “vagabundos” e “preguiçosos” e ameaçou bater e arrebentar, lembrando a postura truculenta dos generais durante a ditadura.
Em entrevista à rádio Jovem Pan – também batizada de “Ku Klux Pan” pelo seu time de “calunistas” de extrema-direita –, o prefeito se travestiu de valentão: “Acordo cedo e trabalho. Não sou grevista, que dorme, é preguiçoso e acorda tarde... Volto a dizer a esses grevistas, que se quiseram inclusive bloquear o meu acesso, que acordem mais cedo. Vagabundos! Porque o prefeito acorda cedo. Da próxima vez acordem mais cedo se quiserem bloquear o acesso do prefeito ao seu espaço de trabalho”. Em vários trechos, ele se referiu aos trabalhadores que aderiram à greve geral como “pelegos”, “vagabundos” e “preguiçosos”, e ainda ameaçou que vai cobrar multa do sindicato dos condutores e cortar o ponto dos servidores municipais que não foram ao trabalho.
Também no programa Mariana Godoy Entrevista, exibido na RedeTV! na noite de sexta-feira (28), “João Dólar” voltou a subir no palanque com sua retórica reacionária. Mesmo questionado pela apresentadora, ele insistiu em desqualificar o protesto que teve forte adesão na capital paulista e tratou os sindicalistas como “vagabundos”, que “agridem fisicamente pessoas que não aderiram, batendo, jogando pedras, quebrando, assaltando...”. No maior cinismo, ele negou que tenha apoiado as marchas golpistas pelo impeachment de Dilma Rousseff e reafirmou seu apoio às regressões patrocinadas pela máfia de Michel Temer. “Sou inteiramente a favor, tanto da reforma trabalhista como da previdenciária, exatamente como estão”. Para a frustração dos sindicalistas que apoiaram a eleição do ricaço, ele ainda atacou com virulência o movimento sindical, dizendo que “virou um negócio”.
Estas e outras declarações fascistoides servem para cativar o eleitorado conservador – o que deve gerar ciúmes no troglodita Jair Bolsonaro –, mas geraram forte reação em outros setores da sociedade. Nas redes sociais, muitos internautas lembraram que ele só conseguiu chegar à prefeitura na sexta-feira porque foi de helicóptero. Outros reproduziram postagens do golpista em apoio a uma greve geral contra Dilma Rousseff – que não vingou, já que foi convocada pelos fascistinhas do Movimento Brasil Livre (MBL), que não trabalham e nem prestam contas das suas receitas. E alguns ainda se referiram à vida de playboy do prefeito, afirmando que ele sim é um típico “vagabundo” das elites. Teve até a reprodução de uma postagem no Facebook do período eleitoral. Vale conferir:
*****
Mas, afinal, quem é João Dória Jr.?
João Dória é integrante da família Costa Dória, formada no período colonial e composta por senhores de engenho e de escravos. Um de seus personagens mais importantes, Antonio de Sá Dória (1590-1663), possivelmente o mais rico dos moradores de Salvador em seu tempo, teve, em apenas um de seus engenhos, 40 escravos.
O patrimônio do candidato a prefeito que, segundo levantamento de reportagem do UOL, supera R$ 170 milhões, não foi conseguido com o suor de seu trabalho, mas sim com o suor do trabalho dos 5,5 milhões de negras e negros escravizados no Brasil. Patrimônio que foi repassado e acumulado por gerações até chegar à sua conta bancária, que terá como herdeiro João Doria Neto, seu filho.
Ao contrário da imagem que tenta transmitir em campanha eleitoral, João ‘trabalhador’ não tem nada de trabalhador. Aos 13 anos, começou a trabalhar em uma agência de publicidade por indicação do pai, publicitário e ex-deputado federal, e aos 21 anos tornou-se diretor de comunicação da FAAP e da Rede Bandeirantes de Televisão, quando começou a carreira política como Secretário de Turismo de São Paulo e Presidente da Paulistur, durante o governo Mário Covas, e Presidente da Embratur no governo José Sarney. Duas empresas estatais. Uma trajetória muito diferente da maioria dos paulistanos.
Dória não representa a nova política, mas sim o que há de mais antigo e sujo na política brasileira, a elite proprietária de terras e de escravos do período colonial no Brasil. A sua eleição seria uma afronta às negras, aos negros e aos trabalhadores da cidade e, por isso, é o nosso dever combatê-la.
*****
Leia também:
- João Doria, a mortadela e o caviar
- Morte na Marginal Tietê. Cadê o Doria?
- Doria, o falso gari, reduz varrição de ruas
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- A tenebrosa equipe de João Doria
- As mentiras do demagogo João Doria
- Doria loteia a prefeitura e faz negócios
- “Doria é mais falso que o botox que aplica”
- João Doria, o poste (de pole dance)
- Demagogo e falastrão, Doria não terá paz!
- Doria, o “defeituoso”, enganou o eleitor
- Chuva testa Doria, o prefeito videomaker
- Doria e o chapa branquismo da 'Folha'
- Polícia protege Doria. Medo do quê?
- A lista dos fracassos do governo Doria
Animadinho com a decadência dos tucanos tradicionais – como Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra, que despencam a cada pesquisa de opinião –, o midiático prefeito João Doria não vacila mais em se comportar como o presidencial do PSDB para 2018. A cada dia que passa, ele abandona mais a cidade de São Paulo e sobe no palanque com seu discurso raivoso, fascistoide. Sua estratégia consiste em seduzir o eleitorado de direita e centro-direita, que ganhou projeção com a recente onda conservadora no país – que resultou no impeachment de Dilma Rousseff e na sua vitória para a prefeitura paulistana. Nos últimos dias, no clima da greve geral contra as “reformas” de Michel Temer, o aliado “João Dólar” exibiu plenamente seus dotes. Chamou os grevistas de “vagabundos” e “preguiçosos” e ameaçou bater e arrebentar, lembrando a postura truculenta dos generais durante a ditadura.
Em entrevista à rádio Jovem Pan – também batizada de “Ku Klux Pan” pelo seu time de “calunistas” de extrema-direita –, o prefeito se travestiu de valentão: “Acordo cedo e trabalho. Não sou grevista, que dorme, é preguiçoso e acorda tarde... Volto a dizer a esses grevistas, que se quiseram inclusive bloquear o meu acesso, que acordem mais cedo. Vagabundos! Porque o prefeito acorda cedo. Da próxima vez acordem mais cedo se quiserem bloquear o acesso do prefeito ao seu espaço de trabalho”. Em vários trechos, ele se referiu aos trabalhadores que aderiram à greve geral como “pelegos”, “vagabundos” e “preguiçosos”, e ainda ameaçou que vai cobrar multa do sindicato dos condutores e cortar o ponto dos servidores municipais que não foram ao trabalho.
Também no programa Mariana Godoy Entrevista, exibido na RedeTV! na noite de sexta-feira (28), “João Dólar” voltou a subir no palanque com sua retórica reacionária. Mesmo questionado pela apresentadora, ele insistiu em desqualificar o protesto que teve forte adesão na capital paulista e tratou os sindicalistas como “vagabundos”, que “agridem fisicamente pessoas que não aderiram, batendo, jogando pedras, quebrando, assaltando...”. No maior cinismo, ele negou que tenha apoiado as marchas golpistas pelo impeachment de Dilma Rousseff e reafirmou seu apoio às regressões patrocinadas pela máfia de Michel Temer. “Sou inteiramente a favor, tanto da reforma trabalhista como da previdenciária, exatamente como estão”. Para a frustração dos sindicalistas que apoiaram a eleição do ricaço, ele ainda atacou com virulência o movimento sindical, dizendo que “virou um negócio”.
Estas e outras declarações fascistoides servem para cativar o eleitorado conservador – o que deve gerar ciúmes no troglodita Jair Bolsonaro –, mas geraram forte reação em outros setores da sociedade. Nas redes sociais, muitos internautas lembraram que ele só conseguiu chegar à prefeitura na sexta-feira porque foi de helicóptero. Outros reproduziram postagens do golpista em apoio a uma greve geral contra Dilma Rousseff – que não vingou, já que foi convocada pelos fascistinhas do Movimento Brasil Livre (MBL), que não trabalham e nem prestam contas das suas receitas. E alguns ainda se referiram à vida de playboy do prefeito, afirmando que ele sim é um típico “vagabundo” das elites. Teve até a reprodução de uma postagem no Facebook do período eleitoral. Vale conferir:
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Mas, afinal, quem é João Dória Jr.?
João Dória é integrante da família Costa Dória, formada no período colonial e composta por senhores de engenho e de escravos. Um de seus personagens mais importantes, Antonio de Sá Dória (1590-1663), possivelmente o mais rico dos moradores de Salvador em seu tempo, teve, em apenas um de seus engenhos, 40 escravos.
O patrimônio do candidato a prefeito que, segundo levantamento de reportagem do UOL, supera R$ 170 milhões, não foi conseguido com o suor de seu trabalho, mas sim com o suor do trabalho dos 5,5 milhões de negras e negros escravizados no Brasil. Patrimônio que foi repassado e acumulado por gerações até chegar à sua conta bancária, que terá como herdeiro João Doria Neto, seu filho.
Ao contrário da imagem que tenta transmitir em campanha eleitoral, João ‘trabalhador’ não tem nada de trabalhador. Aos 13 anos, começou a trabalhar em uma agência de publicidade por indicação do pai, publicitário e ex-deputado federal, e aos 21 anos tornou-se diretor de comunicação da FAAP e da Rede Bandeirantes de Televisão, quando começou a carreira política como Secretário de Turismo de São Paulo e Presidente da Paulistur, durante o governo Mário Covas, e Presidente da Embratur no governo José Sarney. Duas empresas estatais. Uma trajetória muito diferente da maioria dos paulistanos.
Dória não representa a nova política, mas sim o que há de mais antigo e sujo na política brasileira, a elite proprietária de terras e de escravos do período colonial no Brasil. A sua eleição seria uma afronta às negras, aos negros e aos trabalhadores da cidade e, por isso, é o nosso dever combatê-la.
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- Chuva testa Doria, o prefeito videomaker
- Doria e o chapa branquismo da 'Folha'
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3 comentários:
♫ Tive a pachorra de ficar zapeando o tempo todo entre o “Fantástico” e o “Domingo Espetacular”.
Exceto por uma brevíssima nota sobre o estudante de Goiânia, “ferido durante as manifestações de sexta-feira”, não vi um pio sobre a greve do dia 28. Mesmo a nota do “Fantástico” ficou só nisso; quem assistiu deve ter pensado que o estudante se machucou por haver tropeçado no cadarço desamarrado do próprio sapato.
Com uma autocensura assim, quem precisa de um Antonio Romero Lago, famigerado chefe da censura da ditadura, cujo nome verdadeiro era Ermelindo Ramirez Godoy e havia fugido da cadeia no Rio Grande do Sul.
Fico pensando como deve ser duro para os jornalistas de verdade que trabalham na televisão engolir o amor próprio em seco e fazer mesuras para os patrões, pensando nas crianças (e/ou na mulher chata) que têm em casa.
Vida dura! Ainda bem que virei rentista, ainda que obrigado pela falta de trabalho. Mas explico: meu capital foi acumulado ao longo de 50 anos de vida profissional e não herdado como do João Margarina...
Não nos esquecemos que o "CANCEI" foi incentivado e dirigido por JD
♫ Esqueci de mencionar no post acima: o "Domingo Fantástico" apresentou uma matéria de extrema relevância para o povo brasileiro, discorrendo sobre... A BETERRABA!
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