quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Desemprego e a precarização do trabalho

Por Ana Luíza Matos de Oliveira, no site da Fundação Perseu Abramo:

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Trimestral (PNADC), a taxa de desocupação foi de 12,8% de maio a julho de 2017, com queda de 0,8 ponto percentual em relação ao trimestre de fevereiro a abril de 2017 (13,6%). Na comparação com o mesmo trimestre móvel do ano anterior (11,6%) houve alta de 1,2 ponto percentual.

Mas o destaque dos dados é para o fato de que o número de empregados com carteira de trabalho assinada (inclusive trabalhadores domésticos), que foi de 33,3 milhões de pessoas no trimestre analisado: o número mostrou estabilidade frente ao trimestre anterior, mas caiu 2,9% frente ao mesmo trimestre do ano anterior (- 1,0 milhão de pessoas). 

Já o número de empregados sem carteira assinada (10,7 milhões de pessoas) cresceu 4,6% em relação ao trimestre anterior (mais 468 mil pessoas) e 5,6% contra o mesmo trimestre de 2016 (mais 566 mil pessoas). O contingente de trabalhadores por conta própria (22,6 milhões de pessoas) subiu 1,6% na comparação trimestral (mais 351 mil pessoas) e na anual houve estabilidade. Na categoria dos trabalhadores domésticos, estimada em 6,1 milhões de pessoas, houve estabilidade em ambas as comparações.

Ou seja, segundo a PNADC, o crescimento do emprego no Brasil ocorre especialmente em postos sem carteira e entre os trabalhadores por conta própria, o que mostra uma piora na qualidade dos empregos.

Alguns analistas apontam que isso seria somente uma “etapa” na retomada do crescimento e que em breve teremos geração de empregos de melhor qualidade. O problema é que em novembro entra em vigor a Reforma Trabalhista, que irá tornar “formal” diversas formas de contratação antes consideradas ilegais: vínculos passarão a ser considerados como formais apesar de a situação objetiva dos trabalhadores continuar precarizada.

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