Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:
Com a decisão de Joaquim Barbosa de não ser candidato, há um partido solteiro na praça, sendo cortejado por candidatos da esquerda e da direita. Dizendo não ter pressa, o PSB só reunirá sua executiva no final de maio, para a primeira discussão do caminho a seguir na eleição, pois candidato próprio não mais terá. Se a decisão fosse hoje, admite o líder na Câmara, Júlio Delgado, prevaleceria a liberação dos diretórios para apoiarem os candidatos que melhor favorecessem suas alianças locais. Essa solução contornaria a divisão que se instalou com a decisão de Barbosa mas do PSB mais um partido sem identidade nacional, empenhado em eleger bancadas e governadores. “O Brasil não está precisando de mais um MDB. Para isso existem outros partidos”, diz o líder.
Neste momento são visíveis no partido três preferências que ficaram muito nítidas na reunião que a bancada fez anteontem para digerir a frustração. O grupo de São Paulo, liderado pelo governador Márcio França, sonha com o apoio ao tucano Geraldo Alckmin mas este caminho está praticamente fechado por decisão do congresso do partido, que vetou alianças fora do campo da centro-esquerda. As seções nordestinas, e os dois governadores da região (Paulo Câmara, de Pernambuco, e Ricardo Coutinho, da Paraíba) inclinam-se por Ciro Gomes. E outras seções ainda preferem retomar a aliança de 2014 com Marina Silva.
“Não temos pressa, pois as águas estão correndo. Vamos aguardar também a evolução deste ensaio de união das esquerdas, embora o PT pareça determinado a não abdicar de Lula antes de uma impugnação oficial. Mas aí pode ser tarde para construirmos um caminho comum”, diz ainda Delgado.
A conversa na esquerda segue tão pedregosa quando a da centro-direita, na busca do afunilamento das candidaturas. Da prisão, Lula se solidarizou com a senadora Gleisi Hoffmann, criticada pela dureza com que tem repelido as investidas em favor de uma aliança com Ciro Gomes, fortalecidas pela possibilidade de o PSB fechar com o PDT. O PCdoB avança a cada dia nesta direção. “O que estamos discutindo é a necessidade de buscarmos um caminho que leve um dos nossos candidatos ao segundo turno. Compreendemos a posição do PT mas receamos que mais tarde seja muito tarde”, diz a presidente do partido, Luciana Santos. Mesmo correndo o risco do isolamento, os petistas seguem fechados com a estratégia de sustentar a candidatura Lula até o esgotamento dos recursos judiciais, para só então lançar um substituto. E isso não acontecerá antes de setembro.
Noiva do momento, o PSB passará as próximas semanas sendo cortejado. Todos querem uma conversa com Carlos Siqueira, presidente do partido. Carlos Lupi, presidente do PDT, já pediu um encontro. O deputado Miro Teixeira, candidato a governador do Rio pela Rede, é outro que pediu uma conversa, de olho numa aliança estadual. Recados chegaram do PSDB e do Democratas. Siqueira abriu a agenda mas quem vai decidir é o comitê eleitoral do partido, composto por ele, o vice-presidente Beto Albuquerque, o secretário-geral Renato Casagrande, os quatro governadores e os dois líderes: Delgado e o senador Antônio Carlos Valadares.
O mal maior
Vem do deputado Esperidião Amin (PP-SC), a identificação do maior mal a ser evitado na eleição presidencial: “O MDB é mais nefasto ao Brasil que Bolsonaro ou o PT. Desde a redemocratização, puseram canga em todos os governos e finalmente conquistaram o poder central sem ganhar a eleição. Precisam ser postos na oposição”.
Luz que se apaga
Morreu ontem o advogado, jurista e ex-ministro do TSE José Gerardo Grossi, pessoa luminosa e querida nos meios jurídico e político em Brasília, onde cultivou afetos em todas as tribos. Tinha lado mas não era sectário. Na ditadura, defendeu generosamente presos e perseguidos políticos, inclusive estudantes sem tostão. Mesmo doente, integrou a comissão de defesa do ex-presidente Lula.
Com a decisão de Joaquim Barbosa de não ser candidato, há um partido solteiro na praça, sendo cortejado por candidatos da esquerda e da direita. Dizendo não ter pressa, o PSB só reunirá sua executiva no final de maio, para a primeira discussão do caminho a seguir na eleição, pois candidato próprio não mais terá. Se a decisão fosse hoje, admite o líder na Câmara, Júlio Delgado, prevaleceria a liberação dos diretórios para apoiarem os candidatos que melhor favorecessem suas alianças locais. Essa solução contornaria a divisão que se instalou com a decisão de Barbosa mas do PSB mais um partido sem identidade nacional, empenhado em eleger bancadas e governadores. “O Brasil não está precisando de mais um MDB. Para isso existem outros partidos”, diz o líder.
Neste momento são visíveis no partido três preferências que ficaram muito nítidas na reunião que a bancada fez anteontem para digerir a frustração. O grupo de São Paulo, liderado pelo governador Márcio França, sonha com o apoio ao tucano Geraldo Alckmin mas este caminho está praticamente fechado por decisão do congresso do partido, que vetou alianças fora do campo da centro-esquerda. As seções nordestinas, e os dois governadores da região (Paulo Câmara, de Pernambuco, e Ricardo Coutinho, da Paraíba) inclinam-se por Ciro Gomes. E outras seções ainda preferem retomar a aliança de 2014 com Marina Silva.
“Não temos pressa, pois as águas estão correndo. Vamos aguardar também a evolução deste ensaio de união das esquerdas, embora o PT pareça determinado a não abdicar de Lula antes de uma impugnação oficial. Mas aí pode ser tarde para construirmos um caminho comum”, diz ainda Delgado.
A conversa na esquerda segue tão pedregosa quando a da centro-direita, na busca do afunilamento das candidaturas. Da prisão, Lula se solidarizou com a senadora Gleisi Hoffmann, criticada pela dureza com que tem repelido as investidas em favor de uma aliança com Ciro Gomes, fortalecidas pela possibilidade de o PSB fechar com o PDT. O PCdoB avança a cada dia nesta direção. “O que estamos discutindo é a necessidade de buscarmos um caminho que leve um dos nossos candidatos ao segundo turno. Compreendemos a posição do PT mas receamos que mais tarde seja muito tarde”, diz a presidente do partido, Luciana Santos. Mesmo correndo o risco do isolamento, os petistas seguem fechados com a estratégia de sustentar a candidatura Lula até o esgotamento dos recursos judiciais, para só então lançar um substituto. E isso não acontecerá antes de setembro.
Noiva do momento, o PSB passará as próximas semanas sendo cortejado. Todos querem uma conversa com Carlos Siqueira, presidente do partido. Carlos Lupi, presidente do PDT, já pediu um encontro. O deputado Miro Teixeira, candidato a governador do Rio pela Rede, é outro que pediu uma conversa, de olho numa aliança estadual. Recados chegaram do PSDB e do Democratas. Siqueira abriu a agenda mas quem vai decidir é o comitê eleitoral do partido, composto por ele, o vice-presidente Beto Albuquerque, o secretário-geral Renato Casagrande, os quatro governadores e os dois líderes: Delgado e o senador Antônio Carlos Valadares.
O mal maior
Vem do deputado Esperidião Amin (PP-SC), a identificação do maior mal a ser evitado na eleição presidencial: “O MDB é mais nefasto ao Brasil que Bolsonaro ou o PT. Desde a redemocratização, puseram canga em todos os governos e finalmente conquistaram o poder central sem ganhar a eleição. Precisam ser postos na oposição”.
Luz que se apaga
Morreu ontem o advogado, jurista e ex-ministro do TSE José Gerardo Grossi, pessoa luminosa e querida nos meios jurídico e político em Brasília, onde cultivou afetos em todas as tribos. Tinha lado mas não era sectário. Na ditadura, defendeu generosamente presos e perseguidos políticos, inclusive estudantes sem tostão. Mesmo doente, integrou a comissão de defesa do ex-presidente Lula.
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