Por Carlos Fernandes, no blog Diário do Centro do Mundo:
Fez sentido a continência sabuja e antipatriótica de Bolsonaro à bandeira dos USA.
Foram precisos 44 anos para que um documento emblemático da ditadura militar brasileira viesse a público e revelasse mais uma faceta de um dos piores momentos de nossa história.
Um relatório endereçado ao então secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger, pelo diretor da CIA, William Egan Colbim, em abril de 1974 - mais do que as práticas fascistas, criminosas e assassinas adotadas pelos generais - mostrou o nível de subserviência com que os militares cultivaram em relação aos Estados Unidos da América.
Consta no documento que em reunião privada entre o presidente Ernesto Geisel e os generais de primeira linha Milton Tavares de Souza, Confúcio Dantas de Paula Avelino e João Baptista Figueiredo, foi discutida a continuidade da “política de execuções sumárias” do regime adotada já desde o governo do também general Emílio Garrastazu Médici.
O nível de detalhamento e a rapidez com que o documento chegou à mesa de Kissinger assombram quase tanto quanto as práticas utilizadas para “eliminar” o perigo de insurgência causado pela “ameaça subversiva”.
E para que não se reste dúvidas, “ameaça subversiva” era a denominação dada pelos militares aos grupos políticos e sociais que lutavam pelo retorno da democracia brasileira.
Ainda no documento, Colbim relata ao seu superior que durante a referida reunião, o general Milton detalhou todo o “trabalho” executado pelo Centro de Inteligência do Exército (CIE) nos últimos anos do governo Médici.
Segundo consta, Milton afirmou que “cerca de 104 pessoas nesta categoria foram sumariamente executadas pelo CIE durante o ano passado, ou pouco antes”.
Diz ainda: “Figueiredo apoiou essa política e insistiu em sua continuidade”.
A coisa só não é ainda mais estarrecedora porque o governo dos Estados Unidos não liberou a íntegra do memorando. Existem pelo menos dois parágrafos e meio cuja confidencialidade não foi derrubada.
Se a execução sumária de 104 cidadãos brasileiros pelo alto comando do exército brasileiro foi considerada algo passível de vir a público, imaginem o que mantiveram em segredo.
Monstruosidades à parte, fica claro que os Estados Unidos devem possuir mais documentos oficiais referentes à ditadura militar brasileira do que o próprio governo brasileiro.
Isso comprova que a intervenção militar que derrubou o presidente Jânio Quadros em 1964 não só teve forte e imprescindível apoio norte-americano como foi, por eles, ordenado, orquestrado e administrado.
Depreende-se daí que a carnificina que se seguiu nos 21 anos de ditadura no Brasil apenas representou o que se poderia chamar pelos verdadeiros comandantes da empreitada como um “percalço menor a ser superado”.
Como quem sempre faz o trabalho sujo nunca são os donos do poder, os generais brasileiros e seus subordinados é que se chafurdaram em sangue para que os seus donos alcançassem seus intentos.
Daí que, justiça seja feita, faz todo o sentido que um borra botas como Jair Bolsonaro tenha batido continência para a bandeira dos USA num comício de restaurante em Deerfield Beach, na Flórida em outubro do ano passado.
O sabujo – que deve passar longe de saber o significado da palavra “patriota” – apenas reiterou que caso chegue à presidência da República, o Brasil retornará de vez ao comando expresso do governo americano e que “execuções sumárias” (para além das milhares já existentes nas favelas brasileiras) voltarão a fazer parte do cotidiano dos porões de nossos quartéis.
Verdade seja dita, uma continência nunca se pareceu tanto com um baixar de calças.
Foram precisos 44 anos para que um documento emblemático da ditadura militar brasileira viesse a público e revelasse mais uma faceta de um dos piores momentos de nossa história.
Um relatório endereçado ao então secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger, pelo diretor da CIA, William Egan Colbim, em abril de 1974 - mais do que as práticas fascistas, criminosas e assassinas adotadas pelos generais - mostrou o nível de subserviência com que os militares cultivaram em relação aos Estados Unidos da América.
Consta no documento que em reunião privada entre o presidente Ernesto Geisel e os generais de primeira linha Milton Tavares de Souza, Confúcio Dantas de Paula Avelino e João Baptista Figueiredo, foi discutida a continuidade da “política de execuções sumárias” do regime adotada já desde o governo do também general Emílio Garrastazu Médici.
O nível de detalhamento e a rapidez com que o documento chegou à mesa de Kissinger assombram quase tanto quanto as práticas utilizadas para “eliminar” o perigo de insurgência causado pela “ameaça subversiva”.
E para que não se reste dúvidas, “ameaça subversiva” era a denominação dada pelos militares aos grupos políticos e sociais que lutavam pelo retorno da democracia brasileira.
Ainda no documento, Colbim relata ao seu superior que durante a referida reunião, o general Milton detalhou todo o “trabalho” executado pelo Centro de Inteligência do Exército (CIE) nos últimos anos do governo Médici.
Segundo consta, Milton afirmou que “cerca de 104 pessoas nesta categoria foram sumariamente executadas pelo CIE durante o ano passado, ou pouco antes”.
Diz ainda: “Figueiredo apoiou essa política e insistiu em sua continuidade”.
A coisa só não é ainda mais estarrecedora porque o governo dos Estados Unidos não liberou a íntegra do memorando. Existem pelo menos dois parágrafos e meio cuja confidencialidade não foi derrubada.
Se a execução sumária de 104 cidadãos brasileiros pelo alto comando do exército brasileiro foi considerada algo passível de vir a público, imaginem o que mantiveram em segredo.
Monstruosidades à parte, fica claro que os Estados Unidos devem possuir mais documentos oficiais referentes à ditadura militar brasileira do que o próprio governo brasileiro.
Isso comprova que a intervenção militar que derrubou o presidente Jânio Quadros em 1964 não só teve forte e imprescindível apoio norte-americano como foi, por eles, ordenado, orquestrado e administrado.
Depreende-se daí que a carnificina que se seguiu nos 21 anos de ditadura no Brasil apenas representou o que se poderia chamar pelos verdadeiros comandantes da empreitada como um “percalço menor a ser superado”.
Como quem sempre faz o trabalho sujo nunca são os donos do poder, os generais brasileiros e seus subordinados é que se chafurdaram em sangue para que os seus donos alcançassem seus intentos.
Daí que, justiça seja feita, faz todo o sentido que um borra botas como Jair Bolsonaro tenha batido continência para a bandeira dos USA num comício de restaurante em Deerfield Beach, na Flórida em outubro do ano passado.
O sabujo – que deve passar longe de saber o significado da palavra “patriota” – apenas reiterou que caso chegue à presidência da República, o Brasil retornará de vez ao comando expresso do governo americano e que “execuções sumárias” (para além das milhares já existentes nas favelas brasileiras) voltarão a fazer parte do cotidiano dos porões de nossos quartéis.
Verdade seja dita, uma continência nunca se pareceu tanto com um baixar de calças.
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