“Vão invadir o Morro da Coroa, no Catumbi”. Recebi essa mensagem às 22h18 da sexta-feira, 1º de fevereiro. Muita gente no WhatsApp também. Em seis dias, a “profecia” se cumpriu. Houve tiroteio na região por três dias seguidos até que a polícia interviesse, uma semana depois, e deixasse 13 mortos – 10 deles, segundo testemunhas, dentro da casa de uma moradora que nada tem a ver com tráfico, no Morro do Fallet/Fogueteiro, a favela vizinha e também controlada pelo Comando Vermelho.
“Fica no prejuízo. Faz essa merda aqui e vai embora. E a família, como é que fica? Fora o prejuízo psicológico né? Que é o mais alto. Senhora de idade, família dos outros, todo mundo trabalhador”, explica consternado o filho da dona da casa. Sua mãe aparenta ter 60 anos e, claro, não quis falar com ninguém. Todos têm medo.
O filho é carregador e estava trabalhando quando soube da chacina cometida dentro da casa da mãe. Ele mora em outra residência, no mesmo terreno, onde seu filho estava. Teve medo de perder o menino. Voltou correndo e encontrou tudo destruído: incontáveis buracos de bala pelo teto, pelas paredes, pelos móveis – sangue por vários cômodos, a pia da lavanderia no chão, rebocos também.
A assessoria de imprensa da PM disse por telefone: “A gente não tem como confirmar que estes disparos de hoje tenham sido efetuados pela Polícia Militar”, se referindo ao confronto entre os traficantes na noite e semana passada. Duas facções brigam pelo controle da zona: o Comando Vermelho e Terceiro Comando Puro. A assessoria afirmou ainda que será necessário um laudo pericial, pois “toda ação do Estado em que o cidadão se sentir lesado é preciso que ele, o cidadão, acione a Defensoria Pública”.
Em comunicado, a PM disse que “após cessarem os disparos, 10 criminosos feridos foram encontrados em vias da comunidade”. Imagens obtidas pelo Intercept, mostram que ao menos três pessoas foram mortas dentro de casa.
Execução de pessoas já rendidas
“O tiro foi aqui dentro. Aqui na casa. Foi à queima roupa. De cima pra baixo” disse *Josias, um vizinho da casa, apontando para os buracos no telhado do imóvel. O relato corrobora com o de *Josué, que trabalhava numa rua próxima. “Estávamos a 20 metros da casa onde os policiais estavam. Eles fecharam um cerco. Não tinha moradores do lado direito. Aí fomos pro lado esquerdo e vimos. Depois da rajada, colocaram os corpos nas caçambas”, disse. O relato de execução com as pessoas já rendidas foi confirmado ao Intercept por três pessoas diferentes.
Os policiais envolvidos na operação estão sendo ouvidos na Delegacia de Homicídios do Rio. De acordo com a DH, as armas dos PMs foram recolhidas e encaminhadas para a perícia.
Além dos mortos, outras quatro pessoas foram presas em outra casa. Saíram vivos porque conseguiram negociar com os policiais após fazer a família dona do imóvel como refém. Esta foi a operação policial mais violenta do Rio de Janeiro em mais de 12 anos. Em campanha e já durante o mandato, o governador Wilson Witzel prometeu uma guerra. Ele já está entregando a promessa à população.
“O tiro foi aqui dentro. Aqui na casa. Foi à queima roupa. De cima pra baixo” disse *Josias, um vizinho da casa, apontando para os buracos no telhado do imóvel. O relato corrobora com o de *Josué, que trabalhava numa rua próxima. “Estávamos a 20 metros da casa onde os policiais estavam. Eles fecharam um cerco. Não tinha moradores do lado direito. Aí fomos pro lado esquerdo e vimos. Depois da rajada, colocaram os corpos nas caçambas”, disse. O relato de execução com as pessoas já rendidas foi confirmado ao Intercept por três pessoas diferentes.
Os policiais envolvidos na operação estão sendo ouvidos na Delegacia de Homicídios do Rio. De acordo com a DH, as armas dos PMs foram recolhidas e encaminhadas para a perícia.
Além dos mortos, outras quatro pessoas foram presas em outra casa. Saíram vivos porque conseguiram negociar com os policiais após fazer a família dona do imóvel como refém. Esta foi a operação policial mais violenta do Rio de Janeiro em mais de 12 anos. Em campanha e já durante o mandato, o governador Wilson Witzel prometeu uma guerra. Ele já está entregando a promessa à população.
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