O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou nota na manhã de hoje (11) repudiando matéria de ontem da Rede Record sobre o Primeiro Encontro Nacional de Crianças Sem Terrinha, ocorrido em julho do ano passado. Com olhar criminalizador, sem ouvir nenhum membro do movimento e distorcendo informações, a reportagem acusou o movimento de doutrinação ideológica e de submeter as crianças a condições degradantes e com risco à saúde. “A Record mente sobre Encontro Sem Terrinha do MST para agradar Bolsonaro. Na noite deste domingo (10) muita gente assistiu a uma sequência de mentiras”, afirmou o coordenador nacional do MST João Paulo Rodrigues, nas redes sociais.
O encontro reuniu 1.200 crianças em Brasília, sob o tema “Brincar, Sorrir, Lutar por Reforma Agrária Popular!”. As crianças também levaram uma carta ao Ministério da Educação pedindo melhorias na educação nacional. “A Rede Record, ao disseminar mentiras, não leva em consideração critérios mínimos de apuração e imparcialidade, faltando, entre outras questões, com a ética jornalística”, diz um trecho da nota do MST.
“Em toda a nossa história, foram conquistadas mais de 2 mil escolas públicas, reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC), nos acampamentos e assentamentos em todo o país, que atendem a crianças, adolescentes e adultos. Milhares de camponesas e camponeses, organizados pelo MST, tiveram acesso a alfabetização e se formaram no ensino fundamental, médio, cursos técnicos e em nível superior. Há filhos e filhas de famílias assentadas em mais de cem turmas de cursos formais e mais de 4 mil professores foram formados, a partir das lutas pela educação pública, considerada pelo Movimento enquanto um direito básico.”
Para o movimento, o objetivo da reportagem foi fazer um alinhamento aos princípios defendidos pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), que defende a criminalização do MST. “A reportagem ‘A Polêmica dos Sem Terrinha’ tem como único objetivo manipular a opinião pública e fortalecer o processo de criminalização de organizações populares, que lutam pela defesa de seus direitos. Em um país, em que o número de analfabetos supera a marca de 11 milhões de pessoas e que 1 a cada 5 crianças está fora da escola, nos surpreende que um Encontro Nacional de Crianças Sem Terrinha, onde foi discutido temas como os direitos das crianças e a produção de alimentação saudável, seja classificado como doutrinário”, diz a nota.
“Reafirmamos que o Encontro, realizado em parceria com a organização Aldeias Infantis SOS, uma das mais respeitadas entidades que trabalha com a infância no país, teve as autorizações dos órgãos responsáveis e respeitou todos os padrões de segurança exigidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Destacamos ainda que todas as crianças tiveram autorização dos pais, conforme prevê a legislação, e além disso, todos os alvarás necessários foram emitidos pelos órgãos competentes, incluindo a Vara da Infância e Juventude”, ressalta o movimento.
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