sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

'Época', Damares e a criança indígena

Do blog Socialista Morena:

Reportagem de capa da revista Época acusa a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (sic) do governo Bolsonaro, Damares Alves, de ter adotado irregularmente uma criança indígena aos 6 anos de idade, que vive com ela e tem hoje 20 anos, Lulu Kamayurá. A repórter Natália Portinari, que esteve no Parque Nacional do Xingu e assina a reportagem junto com Vinicius Sassine, antecipou no twitter parte do teor do texto, que estará disponível na edição deste fim de semana.

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Natália Portinari
✔@ntlportinari


estive no Xingu e ouvi a família de Lulu, a menina adotada por Damares, para a @RevistaEpoca.

(1) segundo a ministra, Lulu foi adotada aos 6 anos. é preciso que fique claro: Lulu não foi salva de ser enterrada por Damares. isso só ocorre com recém-nascidos.
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06:51 - 31 de jan de 2019
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Natália Portinari
✔@ntlportinari

· 31 de jan de 2019

Respondendo a @ntlportinari

(2) a história que me contaram é simples. Damares e a amiga, Márcia Suzuki, levaram a menina para a cidade para tratar dos dentes. prometeram que ela voltaria depois, mas isso nunca aconteceu. os kamayurá pedem: "Queremos Lulu de volta." dizem que ela não era maltratada.

Natália Portinari
✔@ntlportinari


(3) circula por aí um vídeo dizendo que a reportagem entrou no Xingu sem autorização e que fomos "expulsos" pelos índios. é mentira, é claro. a coordenação autorizou nossa entrada, temos tudo documentado com gravações. fomos bem recebidos. os kamayurá quiseram falar com a gente.
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Natália Portinari
✔@ntlportinari

· 31 de jan de 2019

Respondendo a @ntlportinari

(4) a lei exige que a adoção de crianças indígenas passe pela Justiça, com aval do MPF e da Funai. perguntamos a Damares se havia alguma decisão judicial desse tipo. ela não apresentou. perguntamos se Lulu sofria risco de vida, como alega a ministra. ela não informou.

Natália Portinari
✔@ntlportinari


(5) a matéria que fiz com o colega @viniciussassine é extensa e mostra, com detalhes, a versão da história de Lulu contada por Damares, a versão contada pela aldeia e, ainda, uma terceira versão oferecida por indígenas amigos de Damares aqui em Brasília. em breve, no site.
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06:51 - 31 de jan de 2019
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Segundo trecho da matéria disponível no site, Damares se recusou a responder aos repórteres por que não adotou formalmente Lulu. A ministra teria levado a menina para tratar dos dentes e nunca mais devolvido à família. A jovem não foi ouvida. Embora se trate de um assunto particular de Damares, anterior à entrada no governo, ela usou a página oficial do ministério no facebook para publicar uma nota, seguindo o exemplo do ministério da Educação, que usou o perfil do MEC para atacar o jornalista Ancelmo Gois.

“Alguns detalhes se perdem na memória dos índios, mas há um fio condutor que une o relato de todos eles. Lulu deixou a aldeia sob pretexto de fazer um tratamento dentário na cidade e nunca mais voltou. Contam que Damares e Márcia Suzuki, amiga e braço direito da ministra, se apresentaram como missionárias na aldeia. Disseram-se preocupadas com a saúde bucal da menina”, diz a reportagem.

Entrevistada, a avó paterna da menina, Tanamakaru, que a criava, afirmou que Lulu foi levada à força da aldeia pela ministra e sua assessora Márcia Suzuki. “Chorei, e Lulu estava chorando também por deixar a avó. Márcia levou na marra. Disse que ia mandar de volta, que quando entrasse de férias ia mandar aqui. Cadê?”

A Atini Voz Pela Vida, ONG fundada pela ministra, já havia sido denunciada anteriormente pelo Ministério Público de tráfico e sequestro de crianças indígenas. Em 2009, lideranças das nações Yawalapiti, do Mato Grosso, e Kayapó, do Pará, denunciaram à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados a adoção ilegal de crianças indígenas por duas organizações evangélicas –a norte-americana Jovens Com Um Ideal (Jocum) e a brasileira Atini. Segundo os caciques, as duas entidades sequestrariam crianças com a desculpa de que estão evitando o infanticídio.

Segundo disse o cacique Aritana à comissão, há dezenas de casos de desaparecimento de crianças indígenas adotadas por militantes da Atini e Jocum com a desculpa de impedir o infanticídio. A Atini foi processada pelo Ministério Público Federal em 2016 para que indenize os indígenas da nação Karitiana, acusada pela ONG em um documentário de matar recém-nascidos, sendo que os Karitiana não têm o infanticídio como prática de sua cultura. Em Rondônia, onde vivem, os indígenas passaram a ser apontados como “os índios que matam crianças”.

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