quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

O fugaz reinado de Bolsonaro, o Patético

Por Pedro Breier, no blog Cafezinho:

Patético, segundo o Michaelis, pode ser aquele que “comove, que provoca piedade ou tristeza” ou também aquele “que causa constrangimento ou aversão por ser exageradamente emocional”.

Ambos os significados caem como uma luva no presidente Jair Bolsonaro após o rocambolesco episódio da demissão de Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência.

É claro que a piedade e a tristeza são, embora provocadas pelo presidente, direcionadas ao nosso país, entregue a figura tão flagrantemente despreparada.

“Exageradamente emocional”, por sua vez, define à perfeição a conduta de Jair Bolsonaro no imbróglio.

A começar pelo fato de um presidente da República acusar um ministro de Estado de mentiroso… retuitando um post de seu filho no Twitter! Surreal, bizarro, tosco, inacreditável; escolha o seu adjetivo.

O destempero da atitude de Jair Bolsonaro ficou ainda mais evidente após a divulgação dos áudios trocados entre Bebianno e o presidente: o país constatou, pasmo, que quem mentiu foram Jair e Carlos. Bebianno de fato havia falado com Jair por três vezes no dia 12.

Reparem no tamanho da inabilidade política do presidente: uma questão absolutamente irrelevante – ter falado ou não com Bebianno no dia 12 – é usada para uma tentativa de fritura do ministro e o resultado, com o simples vazamento dos áudios, é a exposição pública da total inconfiabilidade do patriarca dos Bolsonaro.

Caso possuísse um mínimo de bom senso, Jair não trataria como lixo descartável seu recentíssimo braço direito. Durante os dias de fritura, as redes sociais ferviam na expectativa de que Bebianno fosse demitido e, magoado, partisse para a vingança. Não deu outra. Bom senso é artigo inexistente no clã Bolsonaro.

Para completar o desastre, Bolsonaro “deu uma de louco”, como se diz no Rio Grande do Sul, e sustentou, em outro áudio divulgado por Bebianno, que conversa por Whatsapp não conta como conversa. “Aí é demais da tua parte, aí é demais, e eu não vou mais responder a você”, diz o nosso pirracento presidente a Bebianno.

De brinde, Bolsonaro mudou o patamar da relação entre seu governo e a Globo: de inimigos não declarados a inimigos declarados. Somente por parte do presidente, é claro; a Globo não é besta de correr o risco de que uma declaração explícita dessas vaze.

O capital político de Bolsonaro e família despenca na velocidade de um paraquedista – antes de abrir o paraquedas. O massacre sofrido pelo governo na Câmara na votação da lei da mordaça o demonstra bem.

Em relação à naturalmente complicada reforma da Previdência, a indefectível Joice Hasselmann resume o quadro da base governista na Câmara: “está feio o negócio”. Cabe a lembrança de que não se completaram dois meses de governo.

Diante destes insólitos acontecimentos, me parece oportuno ressuscitarmos os epítetos que costumavam acompanhar o nome de personagens históricos. Alexandre, o Grande, por exemplo.

Segundo a Wikipedia, os epítetos eram usados abundantemente com monarcas e militares. Ideal, portanto, para um presidente que é ex-capitão do exército e lotou o governo de militares, além de, como fosse um monarca, governar junto com seus três “príncipes herdeiros”.

O provavelmente fugaz reinado de Bolsonaro, o Patético, será lembrado por muito tempo. Certamente não por seus méritos.

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