quarta-feira, 17 de abril de 2019

Defender Assange é defender o jornalismo

Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:

Professor da Universidade Federal do ABC e especialista em redes sociais, o sociólogo Sérgio Amadeu considera a prisão de Julian Assange pelo governo britânico um atentado à Justiça e à democracia. Em entrevista ao Tutaméia (veja o vídeo), ele afirmou:

“O Assange está preso não por disseminar desinformação, fake news. Não! Ele está preso justamente por divulgar documentos e vídeos e áudios que comprovam determinados fatos que o poder estatal, muitas vezes norte-americano, quer esconder. É isso que eles não toleram: a exposição de documentos dos próprios Estados que mostram as operações que eles estão fazendo. Eles não toleram a realidade e os atos que eles próprios fizeram. O Wikileaks mostra. É por isso que o Assange está preso, não é por outro motivo”.

Na entrevista, Amadeu falou sobre a história e o funcionamento do Wikileaks: “Surgiu por iniciativa de ativistas que queriam avançar no jornalismo investigativo e apresentar para a sociedade aquilo que o poder mais organizado, os grandes estados e as grandes corporações querem esconder. Essa organização tem como objetivo trazer luz sobre fatos encobertos”.

O professor da UFABC também contou um pouco sobre a trajetória de Julian Assange, a personificação daquele serviço, que há anos vem sendo perseguido pelo governo norte-americano. Até semana passada, estava asilado na embaixada do Equador em Londres, mas o governo do país latino-americano acabou por trair seus compromissos e entregou o ativista para a polícia britânica.

Vítima de law fare – guerra jurídica–, Assange agora arrisca ser deportado para os Estados Unidos, onde é acusado de atos que podem lhe valer até a pena de morte. Na entrevista, Sérgio Amadeu contou as particularidades e absurdos dos vários processos e conclamou:

“A sociedade democrática, os democratas de todos os lugares não podem deixar que Assange seja extraditado aos Estados Unidos. A gente quer montar uma onda, estimular as pessoas a fazerem atos, apoiar os trabalhistas, os democratas da Grã-Bretanha, que estão contra esse absurdo de seu país ser um capacho dos Estados Unidos. É muito importante isso. É preciso mostrar as farsas que estão montando no mundo.”

E afirma: “A defesa do Assange é a defesa do jornalismo investigativo, é a defesa da liberdade de expressão. É a defesa do direito de as pessoas terem acesso a documentos dos poderosos. É por isso que a gente tem de se mobilizar.

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