Por João Guilherme Vargas Netto
Há duas quase unanimidades sobre o auxílio emergencial de 600 reais por mês votado pelo Congresso Nacional.
A primeira delas confirma com números seus efeitos positivos para as pessoas, para o comércio, para as arrecadações fiscais e para a economia em geral; sem o auxílio a pandemia teria sido, além de mortífera, um verdadeiro pandemônio.
A segunda quase unanimidade é o silêncio sobre a manutenção do auxílio, pelo menos até dezembro e a inação para discutir, votar e derrotar a MP 1.000 que cortou o auxílio pela metade e eliminou milhões de beneficiários.
As únicas instituições nacionais representativas que se posicionaram afirmativamente exigindo a manutenção do auxílio foram as centrais sindicais.
Na mídia grande reina o silêncio, na algaravia das redes o assunto desaparece, nenhum partido político tomou uma posição favorável e o “mercado” considera o assunto já resolvido com o corte, sem medir as consequências.
Entre os parlamentares, que de imediato são os responsáveis pelos destinos da MP 1.000, reina a expectativa paralisante de comum acordo com o presidente da Câmara que suporta uma Covid tática.
Alguns deputados e senadores têm se manifestado individualmente, como o deputado André Janones, outros redigem emendas à MP 1.000 que não se concretizam enquanto não se iniciam os procedimentos regimentares e outros mais anunciam projetos individuais que fogem do problema imediato e costeiam o alambrado.
As conversas que a delegação das centrais sindicais teve ontem com deputados que são lideranças políticas do centrão e do governo foram positivas, esclarecedoras das posições respectivas, mas pouco conclusivas ou indicativas de ação imediata. Atordoados com os efeitos da pedalada e do calote da véspera os deputados tocaram um samba de uma nota só, o samba do teto de gastos, sem admitir que a prorrogação emergencial do auxílio até dezembro não pressupõe o limite.
O tempo urge, as tarefas e desafios se acumulam, os prazos nos são desfavoráveis (até mesmo os das eleições municipais), mas é preciso persistir no empenho unitário das direções sindicais exigindo votar a MP 1.000 e garantindo 600 reais mensais até dezembro.
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