quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

JN não consegue esconder revés da Lava-Jato

Por Jeferson Miola, em seu blog:


A decisão da 2ª Turma do STF por 4 a 1 confirmando o direito da defesa do Lula acessar os diálogos mafiosos do Moro, o “Russo”, com Deltan Dallagnol e os comparsas da Lava Jato, foi noticiada na parte final do Jornal Nacional [JN] desta 3ª feira [9/2], a partir das 21:15h.

A ministra Carmen Lúcia e os ministros Lewandowski, Gilmar Mendes e Nunes Marques votaram a favor da prerrogativa do ex-presidente Lula exercer o amplo direito de defesa. O ministro Edson Fachin, defensor do Estado de Exceção, confirmou por que é celebrado pelos mafiosos da Lava Jato como o “Aha, Uhu, o Fachin é nosso!”.

Salvo engano de memória, foi a matéria desfavorável à Lava Jato mais longa divulgada pelo JN, com 6 minutos e 20 segundos. Ainda assim, durou muito menos, é claro, que os 26 minutos e 38 segundos da fanfarra da Globo noticiando os diálogos da presidente Dilma que foram interceptados e vazados criminosamente por Moro à Globo em 16 de março de 2016. Sem mencionar as dezenas de horas de bombardeio ao Lula no JN.

A pressão irresistível da realidade – inclusive a pressão internacional, porque no dia de hoje o New York Times publicou artigo taxando a Lava Jato como o maior escândalo da história – obrigou a Globo a ajustar seu noticiário à mínima decência jornalística.

É um sinal de que até pra Globo está se tornando insustentável continuar justificando, protegendo e defendendo os mafiosos de Curitiba que deturparam as funções públicas em nome de interesses pessoais, político-ideológicos e de um projeto extremista de poder.

A matéria do JN, entretanto, tem de ser avaliada com senso crítico.

O JN não reproduziu nenhum dos muitos diálogos escabrosos mantidos entre os mafiosos da Lava Jato, diferentemente da postura editorial tradicional, em que reproduz ad nauseam e de maneira sensacionalista, gravações e mensagens de acusados ou suspeitos da Lava Jato.

Esta é uma escolha semiótica/comunicacional estratégica. O recurso técnico de mostrar na tela as imagens de diálogos acompanhadas da locução cerimoniosa dos apresentadores Bonner, Renata ou de algum locutor/repórter, tem enorme impacto no imaginário dos espectadores. Além disso, esta técnica tem impressionante poder de sugerir crime aos envolvidos em diálogos divulgados.

Com esta estratégia semiótica/comunicacional, a Globo continua praticando seu anti-jornalismo pró Lava Jato. É como se os crimes do Moro, do Deltan, de policiais federais, procuradores/as, juízes, desembargadores e ministros dos tribunais superiores fossem não-acontecimentos; é, enfim, como se nunca tivessem existido.

Apesar de reproduzir trecho do voto da ministra Carmen Lúcia em que ela diz que a PF, o MPF e o juiz têm acesso aos diálogos, menos a defesa do Lula, o que caracteriza uma tremenda violação ao direito fundamental de Lula conhecer a acusação da qual é alvo, o JN não reproduziu absolutamente nenhuma palavra do voto contundente do ministro Gilmar Mendes.

Gilmar disse, dentre outras coisas, que “ou os diálogos da Lava Jato são ficcionais e merecem o Prêmio Nobel de Literatura, ou é o maior escândalo judicial do mundo”.

O conjunto da matéria do JN é um arranjo montado meticulosamente para [1] diminuir o impacto desfavorável da decisão da 2ª Turma do STF à Lava Jato – por isso oculta discursos e frases contundentes – e para [2] oferecer uma linha narrativa favorável aos interesses dos mafiosos da Lava Jato.

Apesar do seu jornalixo, a Globo não conseguiu esconder totalmente a derrota da Lava Jato no STF. Este grupo econômico, que é sócio e cúmplice do maior escândalo de corrupção do sistema de justiça do mundo, sabe que a bancarrota da Lava Jato é sua própria bancarrota, por isso resistirá à morte antes de publicar a dura verdade dos fatos.

A Globo também sabe que, enquanto conseguir ocultar o atentado terrorista da Lava Jato à democracia, 80% da população brasileira continuará alienada em relação aos crimes perpetrados por ela, Globo e Lava Jato, com o propósito de destruir Lula, o maior líder popular da história do Brasil.

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