terça-feira, 5 de abril de 2022

Golpe teria manifesto 'por mais picanha'?

Charge: Gilmar
Por Antonio Barbosa Filho

Há quase quatro anos, 220 milhões de brasileiros pacatos vem sendo chantageados por um miliciano carioca que a elite soltou de paraquedas no Palácio do Planalto: ou ele fica eternamente no poder mediante o voto aterrorizado da massa ignara, ou os generais que ele cooptou com sólida pregação patriótica ($$$$) darão um golpe. Quem sabe matem os 30 mil que o ex-tenente expulso do Exército sempre sonhou matar.

No dia 31 passado, Bolsonaro, o valente que ia invadir a Venezuela no primeiro ano de seu mandato, mas quando viu seus tanques queimando óleo em público e os russos de Maduro, deve ter-se internado, como sempre faz quando pensa em algemas, ou que nem sabe destravar uma pistola. Seu filho foi até a 6 quilômetros da fronteira e já estava contratando mercenários, mas achou a selva muito quente. Foi a única vez na vida que recusou dinheiro dos EUA, sua pátria...

Bem, todo golpe que se preza tem que ter um Manifesto de apresentação, justificando-se e botando os autores, certamente vencedores neste caso pois enfrentaria um povo desarmado, (coisa que nosso Exército sempre preferiu taticamente) na História, em companhia de Pinochet, Videla, Idi Amin ou, se quiserem dos igualmente eleitos Hitler e Mussolini, jamais esquecidos pela Humanidade.

Verificando o histórico das Forças Armadas desde a posse de Bozo, imagino que a coisa que mais os ocupou foram os aumentos gigantescos de soldo, a ocupação de seis mil boquinhas no serviço público civil, e a fartura luxuosa nas mesas dos quartéis. Portanto, sabendo que a invasão comunista nunca existiu (nem antes nem depois de 64, muito menos nos governos do PT) estou esboçando, de graça, o Manifesto por Mais Picanha, única reivindicação que os ocupadíssimos, sofridos e medalhados militares ainda podem ter. Afinal, até fevereiro eles havia comprado apenas 700 quilos daquela carne específica para churrasco, Com sobrepreço de 60%, mas nenhum lingote de ouro na transação! Em 2018, foram duas toneladas de camarão, 109 potes de caviar, 220 caixas de salmão carpaccio; 330 quilos de salmão em postas; 3.751 caixas de vinho; 7.200 latas de cerveja; numa modesta cesta básica que custou 20% a mais que em 2016 (e Bolsonaro ainda não havia nos trazido de volta esta maravilhosa inflação de dois dígitos que a Democracia havia nos feito esquecer).

Por que me voluntario para redigir o texto Manifesto? Ora, porque Bozo e Braga estão com sangue nos olhos e não hesitarão um minuto em mandar seus soldadinhos matarem quem resistir a esta luta patriótica pela alta culinária nos quartéis. Espero que melhorem o fardel também nos presídios, como a Papuda, onde alguns irão residir em breve...

* Antonio Barbosa Filho é jornalista/escritor, autor de "Audálio, deputado" e coordenador do núcleo regional do Centro Barão de Itararé no Vale do Paraíba e Litoral Norte paulista).

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