Charge: Céllus |
Não deveria ser surpresa alguma que Jair Bolsonaro tenha ido comemorar nas redes sociais a morte de 25 pessoas na operação policial de ontem na Vila Cruzeiro.
É claro que muita gente ainda acha que um presidente da República deveria ter mais decoro que maníacos como aquele tal Sikêra Jr. que vive festejando os “CPF cancelados”, mas é justamente isso que é evidente: este procura audiência, aquele, votos.
Não dão a menor importância a que isso, ao longo de décadas, não reduziu o tráfico, a criminalidade, o terror nas comunidades pobres, ao contrário.
O mais importante é que eles aumentaram e, com isso, cresceu o medo e a renda de uma máquina policial corrompida e, claro, o poder dos grupos milicianos que, como disse o próprio Bolsonaro, consideram “heróis”.
Também não tem sentido esperar compaixão por quem tenha morrido. “Todo mundo um dia morre, mesmo”, falou ele quando eram milhares por dia na Covid, porque seria diferente com duas dúzias?
No mundo dos pobres, a morte não é só aceitável como “desejável”.
A imprensa aceita tudo como “efeito colateral” nestas áreas e, para que se veja como os pesos e medidas é diferente, basta pensar no que seria uma batalha de fuzis num prédio de luxo onde estivesse escondida uma quadrilha de traficantes internacionais ou no condomínio da Barra da Tijuca onde vivia o traficantes de armas Ronnie Lessa, aliás o mesmo dos Bolsonaro.
Aceita a balela de que uma operação nesta escala aconteceu “acidentalmente”, porque uma equipe policial foi “atacada” quando rondava dentro da favela, às 4 de manhã.
Aceita que haja tantos mortos para tão poucos feridos, o que contraria todas as consequências de confrontos a bala.
Aceita que os bandidos sejam tão ruins de “mira” que não haja feridos pelos tiros de 50 criminosos armados de fuzis, e que os PMs e policiais rodoviários federais, ao contrário, acertam sempre tiros fatais.
E ai de quem se atreva a enfrentar, na Justiça, estes abusos. A morte da juíza Patricia Acioli está aí para lembrar-nos disso.
Os cadáveres pobres são baratos e fáceis.
E os animadores de auditório, no poder, ganham muito dinheiro com eles. E votos.
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