sábado, 6 de agosto de 2022

Senado discute assédio na rede McDonald’s

Arte: Cranio
Por Altamiro Borges

Na próxima segunda-feira (8), a Comissão de Direitos Humanos do Senado fará uma audiência pública para discutir as condições de trabalho dos jovens em redes de fast food. A iniciativa decorre das várias acusações de assédio sexual e racismo em unidades do McDonald’s no Brasil.

A direção da multinacional foi convidada para a sessão, proposta pelo senador Humberto Costa (PT-PE), mas ainda não confirmou presença. A audiência terá a presença de dez trabalhadores que ingressaram com ações na Justiça, além de representantes dos funcionários do Chile e da Colômbia. Os casos estão sendo levantados pela campanha Sem Direitos Não É Legal, que conta com o apoio de centrais sindicais.

Relatos chocantes de racismo e homofobia

Segundo relatos coletados pela campanha, os casos de assédio na empresa são comuns. “No McDonald’s, eu sofri racismo e homofobia. O que culminou em meu pedido de demissão foi o dia em que um gerente que vinha me perseguindo há meses ejaculou em meu braço enquanto eu dormia. Foi uma situação nojenta e humilhante. Naquela ocasião, eu decidi processar a empresa, e ganhei”, afirma Gabriel Milbrat, de 20 anos.

Já Jéssica Thayna Carriel, de 19 anos, denuncia: “Eu ouvia piadas sobre meu corpo, o gerente me tocava sem consentimento e chegou a me enviar mensagens com fotos das suas partes íntimas. O que era um sonho do primeiro emprego se tornou um pesadelo”.

Várias ações na Justiça

Ainda segundo a campanha Sem Direitos Não É Legal, “os casos de assédio sexual, assédio moral e racismo contra trabalhadores no McDonald’s do Brasil têm despertado a atenção da Justiça nos últimos anos. No mês passado, um inquérito civil foi aberto na Procuradoria Regional do Trabalho da 12ª Região, em Florianópolis, Santa Catarina, após determinação do Procurador do Trabalho Dr. Luiz Carlos R. Ferreira. A denúncia aponta que gerentes ameaçavam seus subordinados de demissão caso fossem pegos em contato com seu sindicato e/ou movimentos de conscientização e combate ao assédio em prol dos trabalhadores de fast food”.

Já no final de junho do ano passado, o Ministério Público do Trabalho determinou abertura de inquérito civil para apurar denúncias de racismo e assédio moral e sexual contra a empresa no país. “A decisão foi tomada pela Procuradoria Regional do Trabalho da 2ª Região, em São Paulo, que em despacho apontou a requisição de documentos e informações, depoimentos, certidões, perícias e demais diligências para análise e posterior apresentação de uma ação civil pública para apurar as responsabilidades da empresa”.

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