Cartaz da CGT |
Os franceses servem como exemplo na sua unitária, corajosa e prolongada resistência ao golpe contra a Previdência Social intentada pelo presidente Emmanuel Macron e pela primeira-ministra Elisabeth Borne. Nesta terça-feira (7), a França registrou mais um dia de greve nacional contra a reforma previdenciária. A sexta mobilização contra o projeto neoliberal do governo foi a maior desde o início dessa jornada, em janeiro, reunindo mais de 1,2 milhão de pessoas nas ruas, conforme dados divulgados pelo próprio Ministério do Interior.
Segundo as centrais sindicais, a greve teve a adesão de diversas categorias. As escolas ficaram fechadas e os serviços ferroviários e de fornecimento de combustíveis foram interrompidos. Caminhoneiros e coletores de lixo também se somaram à paralisação. “A verdadeira luta começa agora”, explicou à agência Reuters Marin Guillotin, representante da Force Ouvrière (FO), na refinaria de Donges, no oeste da França. “Não fomos ouvidos nem escutados. Estamos usando os únicos meios que nos restam, a greve. Não vamos desistir”.
Conforme matéria da Folha, “o projeto da dupla Macron-Borne pretende aumentar tanto a idade da aposentadoria, de 62 para 64 anos, quanto o tempo de contribuição, de 42 para 43 anos, como condição para o acesso a uma pensão integral. Este é um momento crítico para governo e manifestantes, já que Emmanuel Macron espera que a reforma seja aprovada pelo Parlamento até o fim de março. Enquanto isso, os sindicatos mais radicais afirmam que desta vez haverá greves contínuas e mais longas, pelo menos em alguns setores”.
O esforço de unidade e luta das centrais sindicais
Pesquisas de opinião pública mostram que a reforma previdenciária é extremamente impopular entre os franceses. O esforço das centrais sindicais agora é para manter a unidade e a pressão das ruas. A Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), vinculada à socialdemocracia, não se comprometeu com as greves contínuas e avalia outras formas de protestos. Já a Confederação Geral do Trabalho (CGT), ligada aos comunistas, e a independente FO afirmam que manterão os protestos nos setores de transporte e energia, onde são hegemônicas.
A “deforma” previdenciária da França foi anunciada em 10 de janeiro pela primeira-ministra Elisabeth Borne. De lá para cá, os protestos têm crescido em todo o país. Emmanuel Macron, que desde a vitória apertada nas eleições de 2022 enfrenta o revés da perda da maioria no Legislativo e os impactos econômicos da Guerra na Ucrânia, encontra-se novamente na berlinda. Em 2018, o neoliberal francês conseguiu se safar da revolta dos “coletes amarelos”. Será que vai se salvar agora dessa nova onda de protestos?
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