sexta-feira, 19 de maio de 2023

Deputado do PL exalta exército nazista

Charge: Michael Kountouris
Por Altamiro Borges


O fisiológico PL, que de liberal só tem o nome, virou um antro da extrema-direita brasileira. O partido presidido pelo camaleônico Valdemar da Costa Neto reúne hoje vários parlamentares que fazem apologia do ódio e da violência tipicamente nazistas. Nesta quinta-feira (18), o deputado federal Paulo Bilynskyj, de São Paulo, não vacilou em exaltar o exército do facínora alemão Adolf Hitler. Só faltou fazer a saudação hitlerista!

Da tribuna da Câmara Federal, o abjeto parlamentar elogiou a atuação do seu avô durante a II Guerra Mundial na temida Waffen-SS, o exército pessoal do ditador alemão responsável, entre outras barbaridades, por vigiar os campos concentração. Ao explicar o significado da sua camisa bordada de origem ucraniana, ele esbravejou:

O discurso anticomunista do aloprado

“Essas vestes são uma homenagem ao meu avô Bohdan Bilynskyj, que chegou ao Brasil, em 30 de setembro de 1948, após lutar bravamente pela liberdade de seu país, invadido por russos comunistas... Meu avô Bohdan, aos 20 anos de idade, lutou para libertar a Ucrânia das garras do comunismo. E hoje, como deputado federal, ao lado de meus irmãos, luto contra a instalação de um regime comunista no Brasil. A história é implacável”.

O provocador também aproveitou o discurso fanatizado para atacar Flávio Dino – um “ministro comunista que desarma a população” – e o presidente Lula – “o descondenado que declara apoio ao ditador Vladimir Putin”. Essa não é a primeira vez que o deputado do PL choca os integrantes do Legislativo com suas falas fascistoides. Mas o admirador do exército nazista segue impávido e todo metido a valentão, ciente da sua imunidade.

Repúdio de entidades judaicas

Seu discurso hidrófobo só recebeu o repúdio de estudiosos que conhecem o papel da Waffen-SS. “Ciente do que era essa milícia nazista, ele tomou a decisão de subir ao púlpito da Câmara e exaltar a participação do avô em uma célula de massacre de minorias – não só de judeus, mas também negros, pessoas LGBTQIA+, deficientes físicos e comunistas. É, sem dúvidas, uma exaltação ao nazismo, usando a falsa justificativa de que o comunismo seria ‘o mal do mundo’, ‘o pior cenário’. Sendo assim, para ele, o nazismo seria mais tolerável e o nazismo nunca é tolerável”, protestou Michel Gherman, assessor do Instituto Brasil-Israel.

Já a Confederação Israelita do Brasil emitiu uma nota incisiva: “A Conib condena e lamenta profundamente as declarações do deputado Paulo Bilynskyj na Câmara dos Deputados exaltando ação do Exército alemão na Segunda Guerra Mundial. Sob o comando de Hitler, as tropas nazistas provocaram a morte de dezenas de milhões de pessoas e foram fundamentais para a perpetração do Holocausto, que exterminou 6 milhões de judeus na Europa”.

O crescimento de grupos neonazistas no Brasil

Como aponta reportagem da revista IstoÉ desta semana, “o discurso do deputado não é um fato isolado e se insere em um contexto de crescimento de grupos neonazistas no país. Mapa elaborado pela antropóloga Adriana Dias, pesquisadora do neonazismo no Brasil, mostra que, de janeiro de 2019 a maio de 2021, houve um crescimento de 270,6% na quantidade desses núcleos extremistas no país, o que significa pelo menos 530 grupos. A eleição de Jair Bolsonaro (PL) foi um dos fatores que multiplicou a ideologia em território nacional”.

A revista enfatiza que “o próprio slogan de campanha do ex-presidente – ‘Brasil acima de tudo’ – lembra a frase ‘Deutscland über alles’, que significa ‘Alemanha acima de tudo’, bordão utilizado na Alemanha de Hitler. Entre os atos de seu governo que o aproximaram de elementos nazistas, está a reunião, no Palácio do Planalto, dele com a deputada alemã Beatrix von Storch, neta do ministro das Finanças de Hitler, Lutz Graf Schwerin von Krosigk, e líder do partido de extrema direita alemão AfD (Alternativa para a Alemanha)”.

“Há uma ligação clara entre o aumento de grupos neonazista e o sentimento de liberdade de um deputado de exaltar um grupo nazista na Câmara. Vivemos um longo processo de normalização do nazismo. No Brasil, hoje, pessoas que simpatizam com a ideologia de Adolf Hitler não têm sequer medo de esconder o que pensam. São orgulhosos, mesmo que a apologia ao nazismo seja crime. É constrangedor que o país tenha chegado neste ponto e mostra a urgência de passarmos por um processo de desnazificação”, alerta Michel Gherman.

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