Charge: Marcelo Tiburcio Vanni |
Com todas as vantagens institucionais, legais e constitucionais (unicidade na base e pluralidade na cúpula, representação de toda a categoria, direito de greve e negociações periódicas intermediadas, às vezes, pela Justiça do Trabalho), o movimento sindical dos trabalhadores brasileiros coexiste com uma fragilidade daninha: a baixa presença sindical nos locais de trabalho limitada quase sempre às sindicalizações individuais.
Tornou-se clássica uma observação de um dirigente sindical estrangeiro, em visita ao nosso país, ao contrapor a pujança das sedes dos sindicatos e de suas instalações e a fragilidade reconhecida da organização sindical na visita às empresas.
É muito rara a presença nelas de organizações sindicais permanentes, as comissões de fábrica.
Os delegados sindicais na empresa (quando existem) são expressões do coletivo sindical central; as próprias CIPAs são muito limitadas sob esta ótica. Raríssimos são os sindicatos que ao realizarem eleições preveem um primeiro turno eleitoral para escolha da organização sindical nos grandes locais de trabalho.
Esta fragilidade, até hoje não superada, tem levado as direções sindicais a subestimarem o papel da base organizada nas mobilizações e campanhas sindicais, acontecendo, quase sempre, “a fuga para as ruas”.
É o que testemunhamos hoje na campanha sindical contra os juros altos, conduzida pelas direções sindicais com a realização de mobilizações nas sedes e concentração de lideranças nas ruas (há, às vezes, excepcionalmente “comícios” de porta de fábrica).
Por mais meritórias que sejam estas iniciativas são insuficientes ao não relacionarem o dia a dia nos locais de trabalho e o conjunto dos representados com o tema tratado na campanha.
“Subir às bases” deve continuar sendo um esforço constante, inteligente e necessário para superar – em um ambiente favorável – a fragilidade estratégica.
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