Reproduzo um texto irônico publicado no blog do jornalista Luis Nassif:
Desculpem amigos, vou votar no Serra. “Cansei… Basta”! Vou votar no Serra, do PSDB.
Cansei de ir ao supermercado e encontrá-lo cheio. O alimento está barato demais. O salário dos pobres aumentou, e qualquer um agora se mete a comprar, carne, queijo, presunto, hambúrguer e iogurte.
Cansei dos bares e restaurantes lotados nos fins de semana. Se sobra algum, a gentalha toda vai para a noite. Cansei dessa demagogia.
Cansei de ir em Shopping e ver a pobreza comprando e desfilando com seus celulares.
O governo reduziu os impostos para os computadores. A Internet virou coisa de qualquer um. Pode? Até o filho da manicure, pedreiro, catador de papel, agora navega…
Cansei dos estacionamentos sem vaga. Com essa coisa de juro a juro baixo, todo mundo tem carro, até a minha empregada. ”É uma vergonha!“, como dizia o Boris Casoy. Com o Serra os congestionamentos vão acabar, porque como em S.Paulo, vai instalar postos de pedágio nas estradas brasileiras a cada 35 km e cobrar caro.
Cansei da moda banalizada. Agora, qualquer um pode botar uma confecção. Tem até crédito oferecido pelo governo. O que era exclusivo da Oscar Freire, agora, se vende até no camelô da 25 de Março e no Braz.
Vergonha, vergonha, vergonha…
Cansei de ir em banco e ver aquela fila de idosos no Caixa Preferencial, todos trabalhando de office-boys.
Cansei dessa coisa de biodiesel, de agricultura familiar. O caseiro do meu sítio agora virou “empreendedor” no Nordeste. Pode? Cansei dessa coisa assistencialista de Bolsa Família. Esse dinheiro poderia ser utilizado para abater a dívida dos empresários de comunicação (Globo, SBT, Band, RedeTV, CNT, Fôlha SP, Estadão, etc.). A coitada da “Veja” passando dificuldade e esse governo alimentando gabiru em Pernambuco. É o fim do mundo.
Cansei dessa história de PROUNI, que botou esses tipinhos, sem berço, na universidade. Até índio, agora, vira médico e advogado. É um desrespeito… Meus filhos, que foram bem criados, precisam conviver e competir com essa raça.
Cansei dessa história de Luz para Todos. Os capiaus, agora, vão assistir TV até tarde. E, lógico, vão acordar ao meio-dia. Quem vai cuidar da lavoura do Brasil? Diga aí, seu Lula…
Cansei dessa história de facilitar a construção e a compra da casa própria (73% da população, hoje, tem casa própria, segundo pesquisas recentes do IBGE). E os coitados que vivem de cobrar aluguéis? O que será deles?
Cansei dessa palhaçada da desvalorização do dólar. Agora, qualquer um tem MP3, celular e câmera digital. Qualquer umazinha, aqui do prédio, vai passar férias no exterior. É o fim…
Vou votar no Serra. Cansei, vou votar no Serra, porque quero de volta as emoções fortes do governo de FHC, quero investir no dólar em disparada e aproveitar a inflação. Investir em ações de estatais quase de graça e vender com altos lucros.
Chega dessa baboseria politicamente correta, dessa hipocrisia de cooperação. O motor da vida é a disputa, o risco… Quem pode, pode, quem não pode, se sacode. Tenho culpa eu, se meu pai era mais esperto que os outros para ganhar dinheiro comprando ações de estatais quase de graça? Eles que vão trabalhar, vagabundos, porque no capitalismo vence quem tem mais competência. É o único jeito de organizar a sociedade, de mostrar quem é superior e quem é inferior.
Eu ia anular, mas cansei. Basta! Vou votar no Serra. Quero ver essa gentalha no lugar que lhe é devido. “Quero minha felicidade de volta.” Estou com muito medo. Chega! Assim está Dilmais.
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domingo, 10 de outubro de 2010
O aborto da "revista" Veja
Reproduzo artigo de André Lux, publicado no blog "Tudo em cima":
Que a revista Veja não passa de um panfleto da extrema direita tupiniquim, atualmente a serviço da campanha de José Serra, ninguém tem mais dúvida. Por isso não vou chover no molhado. Com o advento da internet e o surgimento da blogosfera progressista, as mentiras, os factóides e a hipocrisia de Veja passaram a ser desmascaradas em questão de dias, depois horas e agora... minutos!
A galera do twitter estava de olho esperando o que o pasquim dos Civita ia aprontar contra Dilma e... bingo: aborto! O objetivo é claro, mostrar que Dilma é "do mal", a favor de "matar criancinhas", além de mentirosa e incoerente.
Mas é mais um tiro no pé. Bastou Veja divulgar a capa "bombástica" que alguém pesquisou e achou outra capa da mesma revista, de setembro de 1997, que trazia uma matéria séria sobre o tema, amplamente favorável à liberação do aborto, com confissões abertas inclusive feitas por celebridades! Confira:
"Nós fizemos aborto"
Mulheres de três gerações enfrentam a lei, o medo e o preconceito e revelam suas experiências
- Andréa Barros, Angélica Santa Cruz e Neuza Sanches
Elas resolveram falar. Quebrando o muro de silêncio que sempre cercou o aborto, oito dezenas de mulheres procuradas por Veja decidiram contar como aconteceu, quando, por quê. Falaram atrizes, cantoras, intelectuais mas também operárias, domésticas, donas de casa. Falaram de angústia, de culpa, de dor e de solidão. Também falaram de clínicas mal equipadas, de médicos sem escrúpulos, de enfermeiras sem preparo, de maridos e namorados ausentes. A apresentadora Hebe Camargo contou que, quando era uma jovem de 18 anos, ficou grávida do primeiro namorado e foi parar nas mãos de uma curiosa que fez a cirurgia sem anestesia nem cuidado. A atriz Aracy Balabanian, a Cassandra do Sai de Baixo, ficou grávida quando estava chegando aos 40 anos e dando fim a um longo relacionamento. Resolveu fazer o aborto, convencida de que a criança não teria um bom pai nem ela seria capaz de criá-la sozinha. Metalúrgica da Força Sindical, a mineira Nair Goulart, 45 anos, fez dois abortos nos anos 70 por motivos econômicos. Ela e o marido, também operário, ganhavam pouco, viviam num quarto de despejo e não teriam meios de educar nenhum filho.
Quando o Congresso brasileiro debate a regulamentação de uma legislação que autoriza a realização de aborto apenas em caso de estupro e de risco de vida para a mãe como está previsto no Código Penal desde 1940 , a disposição das mulheres que falaram a Veja não é apenas oportuna, mas também corajosa. Embora o 1º Tribunal do Júri de São Paulo, o maior do país, já tenha completado mais de uma década sem condenar nenhuma mulher em função do aborto, a legislação estabelece para esses casos penas que vão de um a três anos de prisão. E a maioria delas não fez aborto pelos motivos previstos em lei, mas porque, cada uma em seu momento, cada uma com sua história pessoal, considerou as circunstâncias e concluiu que interromper a gravidez era uma saída menos dolorosa do que ter um filho que não poderia criar".
A reportagem continua no link da revista. Ah, outra coisa importante: a blogosfera também desencavou uma reportagem da revista TRIP de nº 41, na qual Soninha Francine declarou que já tinha feito aborto e que era favorável à descriminalização.
Detalhe: Soninha, ex-esquerdista e atual neocon renascida, é uma das coordenadoras de campanha de José Serra (PSDB). Ela é cotada para ser Ministra de Serra, se ele vencesse, e atua na campanha sobretudo na internet. E é pela internet, através de emails em massa, que partidários de Serra espalham a campanha de ódio e difamação contra Dilma.
Se não me engano, a denúncia foi feita pelo blog Os Amigos do Presidente Lula, que fez questão de comentar: "Nós não somos como eles, e não vamos apedrejar Soninha. O próprio cristianismo ensina que, quem não tiver pecados, que atire a primeira pedra. Vamos só denunciar essa hipocrisia, essa má-fé, o falso testemunho, e esse uso do nome do Senhor em vão, com fins eleitoreiros, pelos partidários de José Serra."
E agora, José Serra? Será que sua esposinha vai sair por aí gritando aos quatro ventos que a Hebe Camargo e Soninha gostam de "matar criancinhas"? Quem viver, verá...
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PT, marketing político e guerra assimétrica
Reproduzo artigo de Luiz Carlos Azenha, publicado no blog Viomundo:
O grande mito da eleição de 2010 no Brasil, até agora, é de que a internet não influiu no resultado. A decisão dos eleitores seria tomada a partir do horário gratuito na TV e dos debates. Discordo. Acho que a eleição foi para o segundo turno por causa da internet.
Vi duas coisas na paradigmática disputa entre Barack Obama e John McCain nos Estados Unidos:
1. O potencial da internet para disseminar mentiras e calúnias por e-mail e nas redes sociais;
2. O potencial do YouTube para criar ondas positivas (Obama girl) e negativas (vídeos “exclusivos”, “bombásticos”, “escondidos pela mídia” etc.)
Não é possível dissociar a rede do contexto em que ela existe: nos Estados Unidos, naquela eleição, os grandes grupos de mídia ainda estavam engatinhando na rede e seu conteúdo ainda era produzido majoritariamente para as plataformas tradicionais (jornal impresso, emissoras de TV, etc).
Brilhou a internet para as táticas de guerrilha virtual.
Com duas diferenças em relação ao que vemos no Brasil, agora.
Nos Estados Unidos, a infraestrutura da banda larga tornava o acesso praticamente universal. Os vídeos rodavam nas casas de todos os eleitores.
No Brasil isso não é fato. O alcance da rede é menor.
Ah, mas existe uma grande diferença no Brasil: as lanhouses. Na periferia das grandes cidades, as lanhouses são mais que lugares para frequentar a internet. São clubes. Onde os jovens se reúnem, jogam uns contra os outros, checam o e-mail e assistem ao vídeos no You Tube. Uns chamam a atenção dos outros para as notícias que recebem. Quanto mais tosco o vídeo ou mais “bombástica” a informação — verdadeira ou mentirosa –, melhor. É assim que os boatos se espalham como fogo, através dos jovens.
A desconexão que eles sentem em relação aos governos, o ímpeto próprio da juventude, a volatilidade de opiniões, o desejo de subverter a ordem — tudo isso conta.
Para muitos destes eleitores, não pesa a “credibilidade” da Folha, que eles não assinam. Pesa a credibilidade dos amigos e parentes nos quais as mensagens se originam. É credibilidade por associação a alguém confiável.
O movimento que levou Marina Silva para o segundo turno teve um componente disso. E foi a internet que deu consistência à expressão dele em diferentes regiões do país e especialmente nas regiões metropolitanas.
Quantos comícios Marina fez presencialmente nos lugares em que foi mais votada?
Para além disso, temos outra grande diferença em relação aos Estados Unidos, que é a diferença de renda.
A elite é identificada não apenas por um padrão de consumo, mas estético.
A estética da elite está presente nas campanhas de Dilma Rousseff e José Serra. São formulações distantes, de centros de poder imaginário (Brasília, São Paulo) na cabeça dos jovens, emitidas por meios eletrônicos (TV, internet).
Daí a importância residual, no Brasil, dos panfletos.
A concretude física lhes confere credibilidade.
A palavra escrita, os desenhos e as charges tem um impacto simbólico que não deve ser desprezado. São a linguagem “do povo”, em anteposição à imagem limpa das superproduções, associada à elite.
O PT, o PMDB e os movimentos sociais dispõem de uma esmagadora vantagem sobre o PSDB/DEM neste campo.
Militância e capilaridade. Juntos, chegam a todos os pontos do Brasil.
Uma vantagem que pode ser decisiva numa eleição apertada.
Mas a vantagem só poderá ser explorada se passos forem dados para superar o abismo que existe entre os de cima (marqueteiros e pesquiseiros) e os de baixo (militantes e eleitores).
A proximidade física entre os militantes e os eleitores (de parentesco, de vizinhança, de bar, de fábrica ou comércio) conta muito nessa hora.
Para os que são de muita informação, informação.
Para os que são de pouca informação, mensagens simbólicas que contenham toda a informação.
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O grande mito da eleição de 2010 no Brasil, até agora, é de que a internet não influiu no resultado. A decisão dos eleitores seria tomada a partir do horário gratuito na TV e dos debates. Discordo. Acho que a eleição foi para o segundo turno por causa da internet.
Vi duas coisas na paradigmática disputa entre Barack Obama e John McCain nos Estados Unidos:
1. O potencial da internet para disseminar mentiras e calúnias por e-mail e nas redes sociais;
2. O potencial do YouTube para criar ondas positivas (Obama girl) e negativas (vídeos “exclusivos”, “bombásticos”, “escondidos pela mídia” etc.)
Não é possível dissociar a rede do contexto em que ela existe: nos Estados Unidos, naquela eleição, os grandes grupos de mídia ainda estavam engatinhando na rede e seu conteúdo ainda era produzido majoritariamente para as plataformas tradicionais (jornal impresso, emissoras de TV, etc).
Brilhou a internet para as táticas de guerrilha virtual.
Com duas diferenças em relação ao que vemos no Brasil, agora.
Nos Estados Unidos, a infraestrutura da banda larga tornava o acesso praticamente universal. Os vídeos rodavam nas casas de todos os eleitores.
No Brasil isso não é fato. O alcance da rede é menor.
Ah, mas existe uma grande diferença no Brasil: as lanhouses. Na periferia das grandes cidades, as lanhouses são mais que lugares para frequentar a internet. São clubes. Onde os jovens se reúnem, jogam uns contra os outros, checam o e-mail e assistem ao vídeos no You Tube. Uns chamam a atenção dos outros para as notícias que recebem. Quanto mais tosco o vídeo ou mais “bombástica” a informação — verdadeira ou mentirosa –, melhor. É assim que os boatos se espalham como fogo, através dos jovens.
A desconexão que eles sentem em relação aos governos, o ímpeto próprio da juventude, a volatilidade de opiniões, o desejo de subverter a ordem — tudo isso conta.
Para muitos destes eleitores, não pesa a “credibilidade” da Folha, que eles não assinam. Pesa a credibilidade dos amigos e parentes nos quais as mensagens se originam. É credibilidade por associação a alguém confiável.
O movimento que levou Marina Silva para o segundo turno teve um componente disso. E foi a internet que deu consistência à expressão dele em diferentes regiões do país e especialmente nas regiões metropolitanas.
Quantos comícios Marina fez presencialmente nos lugares em que foi mais votada?
Para além disso, temos outra grande diferença em relação aos Estados Unidos, que é a diferença de renda.
A elite é identificada não apenas por um padrão de consumo, mas estético.
A estética da elite está presente nas campanhas de Dilma Rousseff e José Serra. São formulações distantes, de centros de poder imaginário (Brasília, São Paulo) na cabeça dos jovens, emitidas por meios eletrônicos (TV, internet).
Daí a importância residual, no Brasil, dos panfletos.
A concretude física lhes confere credibilidade.
A palavra escrita, os desenhos e as charges tem um impacto simbólico que não deve ser desprezado. São a linguagem “do povo”, em anteposição à imagem limpa das superproduções, associada à elite.
O PT, o PMDB e os movimentos sociais dispõem de uma esmagadora vantagem sobre o PSDB/DEM neste campo.
Militância e capilaridade. Juntos, chegam a todos os pontos do Brasil.
Uma vantagem que pode ser decisiva numa eleição apertada.
Mas a vantagem só poderá ser explorada se passos forem dados para superar o abismo que existe entre os de cima (marqueteiros e pesquiseiros) e os de baixo (militantes e eleitores).
A proximidade física entre os militantes e os eleitores (de parentesco, de vizinhança, de bar, de fábrica ou comércio) conta muito nessa hora.
Para os que são de muita informação, informação.
Para os que são de pouca informação, mensagens simbólicas que contenham toda a informação.
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Frei Betto: Dilma e a fé cristã
Reproduzo artigo de Frei Betto, publicado na coluna "Tendências/Debates" da Folha:
Conheço Dilma Rousseff desde criança. Éramos vizinhos na rua Major Lopes, em Belo Horizonte. Ela e Thereza, minha irmã, foram amigas de adolescência. Anos depois, nos encontramos no presídio Tiradentes, em São Paulo. Ex-aluna de colégio religioso, dirigido por freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava de orações e comentários do Evangelho. Nada tinha de "marxista ateia".
Nossos torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar, com violência, os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte.
Em 2003, deu-se meu terceiro encontro com Dilma, em Brasília, nos dois anos em que participei do governo Lula. De nossa amizade, posso assegurar que não passa de campanha difamatória - diria, terrorista - acusar Dilma Rousseff de "abortista" ou contrária aos princípios evangélicos. Se um ou outro bispo critica Dilma, há que se lembrar que, por ser bispo, ninguém é dono da verdade.
Nem tem o direito de julgar o foro íntimo do próximo. Dilma, como Lula, é pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica. Na linha do que recomenda Jesus, ela e Lula não saem por aí propalando, como fariseus, suas convicções religiosas. Preferem comprovar, por suas atitudes, que "a árvore se conhece pelos frutos", como acentua o Evangelho.
É na coerência de suas ações, na ética de procedimentos políticos e na dedicação ao povo brasileiro que políticos como Dilma e Lula testemunham a fé que abraçam. Sobre Lula, desde as greves do ABC, espalharam horrores: se eleito, tomaria as mansões do Morumbi, em São Paulo; expropriaria fazendas e sítios produtivos; implantaria o socialismo por decreto...
Passados quase oito anos, o que vemos? Um Brasil mais justo, com menos miséria e mais distribuição de renda, sem criminalizar movimentos sociais ou privatizar o patrimônio público, respeitado internacionalmente.
Até o segundo turno, nichos da oposição ao governo Lula haverão de ecoar boataria e mentiras. Mas não podem alterar a essência de uma pessoa. Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária ao conteúdo da fé cristã e aos princípios do Evangelho.
Certa vez indagaram a Jesus quem haveria de se salvar. Ele não respondeu que seriam aqueles que vivem batendo no peito e proclamando o nome de Deus. Nem os que vão à missa ou ao culto todos os domingos. Nem quem se julga dono da doutrina cristã e se arvora em juiz de seus semelhantes.
A resposta de Jesus surpreendeu: "Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estive enfermo e me visitastes; oprimido, e me libertastes..." (Mateus 25, 31-46). Jesus se colocou no lugar dos mais pobres e frisou que a salvação está ao alcance de quem, por amor, busca saciar a fome dos miseráveis, não se omite diante das opressões, procura assegurar a todos vida digna e feliz.
Isso o governo Lula tem feito, segundo a opinião de 77% da população brasileira, como demonstram as pesquisas. Com certeza, Dilma, se eleita presidente, prosseguirá na mesma direção.
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Conheço Dilma Rousseff desde criança. Éramos vizinhos na rua Major Lopes, em Belo Horizonte. Ela e Thereza, minha irmã, foram amigas de adolescência. Anos depois, nos encontramos no presídio Tiradentes, em São Paulo. Ex-aluna de colégio religioso, dirigido por freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava de orações e comentários do Evangelho. Nada tinha de "marxista ateia".
Nossos torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar, com violência, os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte.
Em 2003, deu-se meu terceiro encontro com Dilma, em Brasília, nos dois anos em que participei do governo Lula. De nossa amizade, posso assegurar que não passa de campanha difamatória - diria, terrorista - acusar Dilma Rousseff de "abortista" ou contrária aos princípios evangélicos. Se um ou outro bispo critica Dilma, há que se lembrar que, por ser bispo, ninguém é dono da verdade.
Nem tem o direito de julgar o foro íntimo do próximo. Dilma, como Lula, é pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica. Na linha do que recomenda Jesus, ela e Lula não saem por aí propalando, como fariseus, suas convicções religiosas. Preferem comprovar, por suas atitudes, que "a árvore se conhece pelos frutos", como acentua o Evangelho.
É na coerência de suas ações, na ética de procedimentos políticos e na dedicação ao povo brasileiro que políticos como Dilma e Lula testemunham a fé que abraçam. Sobre Lula, desde as greves do ABC, espalharam horrores: se eleito, tomaria as mansões do Morumbi, em São Paulo; expropriaria fazendas e sítios produtivos; implantaria o socialismo por decreto...
Passados quase oito anos, o que vemos? Um Brasil mais justo, com menos miséria e mais distribuição de renda, sem criminalizar movimentos sociais ou privatizar o patrimônio público, respeitado internacionalmente.
Até o segundo turno, nichos da oposição ao governo Lula haverão de ecoar boataria e mentiras. Mas não podem alterar a essência de uma pessoa. Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária ao conteúdo da fé cristã e aos princípios do Evangelho.
Certa vez indagaram a Jesus quem haveria de se salvar. Ele não respondeu que seriam aqueles que vivem batendo no peito e proclamando o nome de Deus. Nem os que vão à missa ou ao culto todos os domingos. Nem quem se julga dono da doutrina cristã e se arvora em juiz de seus semelhantes.
A resposta de Jesus surpreendeu: "Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estive enfermo e me visitastes; oprimido, e me libertastes..." (Mateus 25, 31-46). Jesus se colocou no lugar dos mais pobres e frisou que a salvação está ao alcance de quem, por amor, busca saciar a fome dos miseráveis, não se omite diante das opressões, procura assegurar a todos vida digna e feliz.
Isso o governo Lula tem feito, segundo a opinião de 77% da população brasileira, como demonstram as pesquisas. Com certeza, Dilma, se eleita presidente, prosseguirá na mesma direção.
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Serra é do mal, representa o atraso
Reproduzo artigo do sociólogo Emir Sader, intitulado "Dois Brasis" e publicado no seu blog no sítio Carta Maior:
O Brasil é um só, mas disputado por dois projetos antagônicos.
Um é o da paralisia econômica, do gigantesco endividamento interno, das dívidas e da submissão ao FMI. O Brasil que foi quebrado três vezes durante o governo FHC-Serra – em 1995, 1997 e 1998 – e quase levaram o país à falência, deixando uma recessão prolongada que só foi superada no governo Lula. O Brasil da carga tributária que subiu de 27 a 35%, dos apagões e do sucateamento da infraestrutura.
Aquele Brasil da privataria, que torrou nossas empresas públicas por 100 bilhões de dólares e ainda assim dobrou o endividamento público. O Brasil que mudou o nome da Petrobras para Petrobax, como caminho para privatizá-la e que tem os olhos postos no Pré-Sal, para oferecê-lo às grandes empresas privadas internacionais. É o Brazil do FHC e do Serra, da velha mídia, vinculada aos grandes interesses privados, que tinham se acostumado a dispor do Estado brasileiro a seu bel prazer.
Um Brasil que incrementou a desigualdade, desmontou o Estado, perseguiu os servidores públicos, se submeteu subservientemente aos EUA na política externa. Fez com que a maioria dos trabalhadores brasileiros ficassem submetido à total precariedade, sem carteira nem contrato de trabalho. Um Brasil do colapso das universidades públicas e da proibição da criação de escolas técnicas.
O outro Brasil é o que começou a despontar a partir das ruínas herdadas do governo FHC-Serra. Um Brasil que montou um modelo econômico de desenvolvimento com distribuição de renda. Um Brasil que remontou o Estado e sua capacidade de induzir a expansão econômica e garantir os direitos sociais. Um Brasil que tornou funcionais e virtuosos o crescimento e a distribuição de renda.
Um Brasil do bem, que elevou a auto-estima dos brasileiros, quando os governantes anteriores – Collor, FHC – só jogavam o país e os brasileiros para baixo. Tirou milhões de brasileiros da miséria, propiciando o acesso a bens básicos a grande parte dos brasileiros, excluídos pelas políticas de mercado.
Serra é da Corrente do Mal, que só destrói, que criou três crises durante o governo FHC, que quase destruiu o Brasil e agora quer quer brecar o caminho pelo qual o Brasil avança.
Lula e Dilma são os responsáveis principais por essa estratégia. A derrota da direita e a eleição da Dilma gera as melhores condições para que avancemos no caminho da construção de um Brasil justo, solidário e soberano.
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O Brasil é um só, mas disputado por dois projetos antagônicos.
Um é o da paralisia econômica, do gigantesco endividamento interno, das dívidas e da submissão ao FMI. O Brasil que foi quebrado três vezes durante o governo FHC-Serra – em 1995, 1997 e 1998 – e quase levaram o país à falência, deixando uma recessão prolongada que só foi superada no governo Lula. O Brasil da carga tributária que subiu de 27 a 35%, dos apagões e do sucateamento da infraestrutura.
Aquele Brasil da privataria, que torrou nossas empresas públicas por 100 bilhões de dólares e ainda assim dobrou o endividamento público. O Brasil que mudou o nome da Petrobras para Petrobax, como caminho para privatizá-la e que tem os olhos postos no Pré-Sal, para oferecê-lo às grandes empresas privadas internacionais. É o Brazil do FHC e do Serra, da velha mídia, vinculada aos grandes interesses privados, que tinham se acostumado a dispor do Estado brasileiro a seu bel prazer.
Um Brasil que incrementou a desigualdade, desmontou o Estado, perseguiu os servidores públicos, se submeteu subservientemente aos EUA na política externa. Fez com que a maioria dos trabalhadores brasileiros ficassem submetido à total precariedade, sem carteira nem contrato de trabalho. Um Brasil do colapso das universidades públicas e da proibição da criação de escolas técnicas.
O outro Brasil é o que começou a despontar a partir das ruínas herdadas do governo FHC-Serra. Um Brasil que montou um modelo econômico de desenvolvimento com distribuição de renda. Um Brasil que remontou o Estado e sua capacidade de induzir a expansão econômica e garantir os direitos sociais. Um Brasil que tornou funcionais e virtuosos o crescimento e a distribuição de renda.
Um Brasil do bem, que elevou a auto-estima dos brasileiros, quando os governantes anteriores – Collor, FHC – só jogavam o país e os brasileiros para baixo. Tirou milhões de brasileiros da miséria, propiciando o acesso a bens básicos a grande parte dos brasileiros, excluídos pelas políticas de mercado.
Serra é da Corrente do Mal, que só destrói, que criou três crises durante o governo FHC, que quase destruiu o Brasil e agora quer quer brecar o caminho pelo qual o Brasil avança.
Lula e Dilma são os responsáveis principais por essa estratégia. A derrota da direita e a eleição da Dilma gera as melhores condições para que avancemos no caminho da construção de um Brasil justo, solidário e soberano.
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A falta que faz um jornal popular
Reproduzo artigo de Beto Almeida, publicado no sítio Pátria Latina:
A demissão da psicanalista Maria Rita Kell do corpo de colaboradores do Jornal “O Estado de São Paulo” reacende a incontornável discussão sobre a ausência de pluralismo na imprensa brasileira de grande circulação, em clara ofensa ao disposto no capítulo da Comunicação Social da Constituição Federal. Kell afirma ter sido demitida por “delito de opinião” após ter escrito artigo em que denuncia o esforço de desqualificação dos votos das camadas mais pobres da população.
Até mesmo argumentos utilizados na eleição passada pelo conhecido sociólogo Hélio Jaguaribe indicando que os votos que elegeram Lula possuíam um significado inferior em relação aos votos do candidato derrotado, estes sim, e só estes, como que por encanto, dotados de uma dimensão de nação, constavam do artigo que causou a demissão.
Por desdobramento, o presidente Lula que promoveu recuperação significativa do salário mínimo, expandiu a classe média, reduziu robustamente os milhões de famintos, recupera a Petrobrás e a indústria naval, sob reconhecimento internacional expressivo, não teria sido eleito - segundo esta teoria esdrúxula - por votos com plena legitimidade.
Democracia X “democracia”
Mais surpreendente do que ver quem se encontra entre os insinuadores de tal interpretação que, por paralelo, remonta aos critérios da eleição a “bico de pena”, é a assustadora complementaridade e identidade que estes conceitos possuem com a nova “teoria da democracia” exalada pela Casa Branca, segundo a qual, não basta que um governo seja eleito pelo voto democrático para conferir-lhe legitimidade. Para o novo critério de democracia que vem do norte, depende de como estes governos eleitos governem ou qual concepção de democracia apliquem para serem, em definitivo, considerados ou não democráticos.
Os exemplos estão por aí. Se um governo decide assumir plena soberania sobre o seu território, como o governo do Equador, que recuperou o controle sobre a Base Militar de Manta, antes administrada por contingentes norte-americanos, este comportamento não permite que lhe seja conferido o rótulo de democrático. Ou quando um governo eleito democraticamente pelo voto direto - o que não ocorre nos EUA - decide nacionalizar suas fontes de recursos naturais, como o faz o governo da Bolívia, isso também configuraria comportamento não democrático, coincidentemente, por contrariar os interesses vitais de empresas norte-americanas em várias partes do mundo.
O modelo de representação política dos EUA, mesmo com históricos altos graus de abstenção, de cadastros eleitorais em que se fazem assepsia dos eleitores negros, pobres, asiáticos e ex-presidiários, da bilionária dependência de esquemas financeiros para que alguém seja candidato e do impenetrável controle de uma mídia dominada por anunciantes vinculados à indústria bélica, nada disso pode ser questionado do ponto de vista democrático. Nem mesmo o histórico de vinculações da Casa Branca na supressão dos regimes democráticos em várias partes do mundo ao longo de décadas. Lá sim, existiria o modelo de democracia.
O voto de pobre vale menos?
A psicanalista Maria Rita Kell ousou revelar murmúrios indignados que podem estar povoando os ambientes das oligarquias midiáticas diante da impossibilidade de impedir que herdeiros de ex-escravos possam exercer seu direito a voto. Sobretudo depois de estarem gradativamente recuperando o seu direito de trabalhar com carteira assinada, de serem reconhecidos pelo estado por meio de um programa social que lhes retira e aos seus filhos do corredor da pena de morte pela fome.
O Brasil acaba de ser reconhecido pela FAO com um dos países que mais contribuem na atualidade para a redução da fome. Mas, do lado de cá, sociólogos, um tanto envergonhados é bem verdade, querem insinuar que os votos destes que escapam da pena de morte da fome não teriam legitimidade. E quem revela este pensamento merece a pura e simples sentença da demissão. Decidida no mesmo ambiente em que floresceu e germinou com desenvoltura a discricionária e cruel idéia de um ex-diretor do jornal mencionado, que sentiu-se no direito de matar uma jovem jornalista porque, afinal, ela teria cometido a gravíssima falta de pretender.....terminar o namoro.
Monteiro Lobato desprezado
Quando o senador Suplicy sobe à tribuna e solicita à direção do centenário jornal que reverta a demissão de Kell - que para nossa sorte não corre risco de vida e poderá nos iluminar com novas análises corajosas se encontrar espaços de publicação - embora bem intencionado, pode ser que não conheça episódio marcante da história deste diário. Décadas atrás, o escritor Monteiro Lobato, aflito com a incultura e particularmente com contingente de iletrados, solicita aos donos deste diário que o veículo fosse utilizado de modo militante e compromissado na luta para vencer o vergonhoso quadro de milhões e milhões de analfabetos no país.
Após muito pensar, um dos proprietários responde ao criador do Sítio do Pica-pau Amarelo, provavelmente com o mesmo tom com que hoje condenam o voto dos pobres a uma espécie de sub-voto: “Ô Lobato, mas se todo mundo aprender a ler...quem é que vai pegar no cabo da enxada?”. A proposta de Monteiro Lobato foi recusada. O pluralismo da psicanalista Kell, condenado. Veremos o que ocorrerá com relação à solicitação do senador...
Apesar da evidente ausência de pluralismo na mídia brasileira, de sua crônica incapacidade para cumprir minimamente a Constituição Federal, do indevassável controle de algumas poucas famílias sobre a indústria da informação no Brasil, ainda assim, há gente que se preocupa não com este controle já existente do mercado cartelizado sobre os veículos de comunicação, mas com uma mera proposta de regulamentação da Constituição, colocando-a em sintonia com a tendência mundial que registra regulação crescente da comunicação como único caminho para assegurar-lhe pluralismo, diversidade, bem como caráter educativo, civilizatório e informativo nos seus conteúdos.
Comunicação é estratégica
O problema , no entanto, é que anos e anos de alerta e argumentação junto aos segmentos progressistas para que considerem a comunicação como algo estratégico, parece surtir pouco efeito organizativo. Só eventualmente, em momentos decisivos da política, este debate retorna ao cenário central da conjuntura, mas , quase sempre, limitado à reclamação indignada que, embora justa, termina por não colocar na mesa das iniciativas centrais das políticas progressistas, a necessidade de se construir alternativas concretas.
Publicaram que o Brasil não tinha petróleo
Tantas vezes muitos de nós já escrevemos e reiteramos aqui mesmo e em outras tribunas sobre o que representou o Jornal Última Hora, criado sob estímulo de Vargas, ele mesmo alvo de intensa campanha de desmoralização e destruição de imagem, na época intitulada “mar de lama”. Com a imensa popularidade que possuía, seja por ter criado a Petrobrás, o salário mínimo, os direitos trabalhistas, a licença maternidade, a siderúrgica de Volta Redonda, a Rádio Nacional, a Rádio Mauá, o Instituto Nacional do Cinema Educativo, o BNDES, etc, Vargas percebia que se dependesse da imprensa da época, o Brasil nunca teria petróleo, o salário mínimo e os direitos trabalhistas não passavam de privilégios descabidos, que a única linha editorial verdadeira e aceitável era a deposição do presidente.
Ou seja, será que magnatas da comunicação que chegaram ao ponto de bradar que o Brasil não possuía petróleo, podem ser sensibilizados e corrigir-se? O argumento ainda é válido para hoje. Como disse Giordano Bruno quando as fogueiras da Inquisição estavam sendo acesas “Que ingenuidade a minha, pedir ao poder para reformar o poder”
Hora de recriar um jornal popular
Será que as forças progressistas não devem pretender construir seus próprios meios de comunicação? Assim como o PT já revisou grande parte dos preconceitos que tinha contra Vargas e também quanto à política de alianças, não terá também chegada a hora de revisar uma linha política segundo a qual jornais de partido ou de segmentos não se justificam mais na política moderna e que o recomendável é a interlocução por meio da própria mídia dos grandes capitalistas?
A julgar pelo tom indignado e os exemplos que o presidente Lula apresenta contra a manipulação desinformativa sobre a sua gestão e sobre sua candidata, talvez tenha chegado o momento de se usar o imenso capital de popularidade para organização de um jornal popular, nacionalista, de circulação diária, massiva.
E, além disso, amparado em uma Fundação para o Jornalismo Público, dotada de uma faculdade capaz de gerar uma nova linguagem jornalística, para abrir uma nova cultura de jornalismo condizente com os novos tempos vividos pelo país. Um tempo em que milhões e milhões saem dos grotões físicos e sociais, iniciam-se no exercício de certos direitos e no consumo de bens indispensáveis, mas não dispõem ainda do direito de ler um jornal que retrate a marcha das mudanças que o Brasil está experimentando e da própria mudança que suas vidas vem registrando, sob o ponto de vista civilizatório.
Sinais de mudança no jornalismo no mundo
Basta que olhemos com mais atenção o mundo. Registra-se tendência de regulação no campo das comunicações para assegurar a diversidade, a pluralidade, o humanismo e o padrão civilizatório desta indústria. E se olharmos mais em volta de nós, perceberíamos vários países com um grau de pluralismo jornalístico invejável diante do monolitismo estreito e hostil às mudanças que vivenciamos na sociedade brasileira.
Na Argentina, há o jornal “Página 12”; no México , há o diário “La Jornada”; na Bolívia, o jornal “Cambio” ainda não completou um ano de vida, mas já é o recordista de vendagem, junto com o tradicional “La Razón”, que tem 70 anos de vida e, por fim, nasceu o “Correo del Orinoco”, do qual foi redator o brasileiro Abreu e Lima, que lutou junto a Bolívar na Independência frente ao imperialismo espanhol.
Toda vez que nos indignarmos com os fartos e incorrigíveis exemplos de jornalismo precário da imprensa brasileiro, será que não deveríamos também, para além da crítica, nos perguntar sinceramente por que não criamos o nosso próprio jornal popular? Não seria essa a crítica mais conseqüente a esta torrente de facciosismo que estamos a enfrentar? Na história do Jornal Última Hora está uma parte das respostas.
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A demissão da psicanalista Maria Rita Kell do corpo de colaboradores do Jornal “O Estado de São Paulo” reacende a incontornável discussão sobre a ausência de pluralismo na imprensa brasileira de grande circulação, em clara ofensa ao disposto no capítulo da Comunicação Social da Constituição Federal. Kell afirma ter sido demitida por “delito de opinião” após ter escrito artigo em que denuncia o esforço de desqualificação dos votos das camadas mais pobres da população.
Até mesmo argumentos utilizados na eleição passada pelo conhecido sociólogo Hélio Jaguaribe indicando que os votos que elegeram Lula possuíam um significado inferior em relação aos votos do candidato derrotado, estes sim, e só estes, como que por encanto, dotados de uma dimensão de nação, constavam do artigo que causou a demissão.
Por desdobramento, o presidente Lula que promoveu recuperação significativa do salário mínimo, expandiu a classe média, reduziu robustamente os milhões de famintos, recupera a Petrobrás e a indústria naval, sob reconhecimento internacional expressivo, não teria sido eleito - segundo esta teoria esdrúxula - por votos com plena legitimidade.
Democracia X “democracia”
Mais surpreendente do que ver quem se encontra entre os insinuadores de tal interpretação que, por paralelo, remonta aos critérios da eleição a “bico de pena”, é a assustadora complementaridade e identidade que estes conceitos possuem com a nova “teoria da democracia” exalada pela Casa Branca, segundo a qual, não basta que um governo seja eleito pelo voto democrático para conferir-lhe legitimidade. Para o novo critério de democracia que vem do norte, depende de como estes governos eleitos governem ou qual concepção de democracia apliquem para serem, em definitivo, considerados ou não democráticos.
Os exemplos estão por aí. Se um governo decide assumir plena soberania sobre o seu território, como o governo do Equador, que recuperou o controle sobre a Base Militar de Manta, antes administrada por contingentes norte-americanos, este comportamento não permite que lhe seja conferido o rótulo de democrático. Ou quando um governo eleito democraticamente pelo voto direto - o que não ocorre nos EUA - decide nacionalizar suas fontes de recursos naturais, como o faz o governo da Bolívia, isso também configuraria comportamento não democrático, coincidentemente, por contrariar os interesses vitais de empresas norte-americanas em várias partes do mundo.
O modelo de representação política dos EUA, mesmo com históricos altos graus de abstenção, de cadastros eleitorais em que se fazem assepsia dos eleitores negros, pobres, asiáticos e ex-presidiários, da bilionária dependência de esquemas financeiros para que alguém seja candidato e do impenetrável controle de uma mídia dominada por anunciantes vinculados à indústria bélica, nada disso pode ser questionado do ponto de vista democrático. Nem mesmo o histórico de vinculações da Casa Branca na supressão dos regimes democráticos em várias partes do mundo ao longo de décadas. Lá sim, existiria o modelo de democracia.
O voto de pobre vale menos?
A psicanalista Maria Rita Kell ousou revelar murmúrios indignados que podem estar povoando os ambientes das oligarquias midiáticas diante da impossibilidade de impedir que herdeiros de ex-escravos possam exercer seu direito a voto. Sobretudo depois de estarem gradativamente recuperando o seu direito de trabalhar com carteira assinada, de serem reconhecidos pelo estado por meio de um programa social que lhes retira e aos seus filhos do corredor da pena de morte pela fome.
O Brasil acaba de ser reconhecido pela FAO com um dos países que mais contribuem na atualidade para a redução da fome. Mas, do lado de cá, sociólogos, um tanto envergonhados é bem verdade, querem insinuar que os votos destes que escapam da pena de morte da fome não teriam legitimidade. E quem revela este pensamento merece a pura e simples sentença da demissão. Decidida no mesmo ambiente em que floresceu e germinou com desenvoltura a discricionária e cruel idéia de um ex-diretor do jornal mencionado, que sentiu-se no direito de matar uma jovem jornalista porque, afinal, ela teria cometido a gravíssima falta de pretender.....terminar o namoro.
Monteiro Lobato desprezado
Quando o senador Suplicy sobe à tribuna e solicita à direção do centenário jornal que reverta a demissão de Kell - que para nossa sorte não corre risco de vida e poderá nos iluminar com novas análises corajosas se encontrar espaços de publicação - embora bem intencionado, pode ser que não conheça episódio marcante da história deste diário. Décadas atrás, o escritor Monteiro Lobato, aflito com a incultura e particularmente com contingente de iletrados, solicita aos donos deste diário que o veículo fosse utilizado de modo militante e compromissado na luta para vencer o vergonhoso quadro de milhões e milhões de analfabetos no país.
Após muito pensar, um dos proprietários responde ao criador do Sítio do Pica-pau Amarelo, provavelmente com o mesmo tom com que hoje condenam o voto dos pobres a uma espécie de sub-voto: “Ô Lobato, mas se todo mundo aprender a ler...quem é que vai pegar no cabo da enxada?”. A proposta de Monteiro Lobato foi recusada. O pluralismo da psicanalista Kell, condenado. Veremos o que ocorrerá com relação à solicitação do senador...
Apesar da evidente ausência de pluralismo na mídia brasileira, de sua crônica incapacidade para cumprir minimamente a Constituição Federal, do indevassável controle de algumas poucas famílias sobre a indústria da informação no Brasil, ainda assim, há gente que se preocupa não com este controle já existente do mercado cartelizado sobre os veículos de comunicação, mas com uma mera proposta de regulamentação da Constituição, colocando-a em sintonia com a tendência mundial que registra regulação crescente da comunicação como único caminho para assegurar-lhe pluralismo, diversidade, bem como caráter educativo, civilizatório e informativo nos seus conteúdos.
Comunicação é estratégica
O problema , no entanto, é que anos e anos de alerta e argumentação junto aos segmentos progressistas para que considerem a comunicação como algo estratégico, parece surtir pouco efeito organizativo. Só eventualmente, em momentos decisivos da política, este debate retorna ao cenário central da conjuntura, mas , quase sempre, limitado à reclamação indignada que, embora justa, termina por não colocar na mesa das iniciativas centrais das políticas progressistas, a necessidade de se construir alternativas concretas.
Publicaram que o Brasil não tinha petróleo
Tantas vezes muitos de nós já escrevemos e reiteramos aqui mesmo e em outras tribunas sobre o que representou o Jornal Última Hora, criado sob estímulo de Vargas, ele mesmo alvo de intensa campanha de desmoralização e destruição de imagem, na época intitulada “mar de lama”. Com a imensa popularidade que possuía, seja por ter criado a Petrobrás, o salário mínimo, os direitos trabalhistas, a licença maternidade, a siderúrgica de Volta Redonda, a Rádio Nacional, a Rádio Mauá, o Instituto Nacional do Cinema Educativo, o BNDES, etc, Vargas percebia que se dependesse da imprensa da época, o Brasil nunca teria petróleo, o salário mínimo e os direitos trabalhistas não passavam de privilégios descabidos, que a única linha editorial verdadeira e aceitável era a deposição do presidente.
Ou seja, será que magnatas da comunicação que chegaram ao ponto de bradar que o Brasil não possuía petróleo, podem ser sensibilizados e corrigir-se? O argumento ainda é válido para hoje. Como disse Giordano Bruno quando as fogueiras da Inquisição estavam sendo acesas “Que ingenuidade a minha, pedir ao poder para reformar o poder”
Hora de recriar um jornal popular
Será que as forças progressistas não devem pretender construir seus próprios meios de comunicação? Assim como o PT já revisou grande parte dos preconceitos que tinha contra Vargas e também quanto à política de alianças, não terá também chegada a hora de revisar uma linha política segundo a qual jornais de partido ou de segmentos não se justificam mais na política moderna e que o recomendável é a interlocução por meio da própria mídia dos grandes capitalistas?
A julgar pelo tom indignado e os exemplos que o presidente Lula apresenta contra a manipulação desinformativa sobre a sua gestão e sobre sua candidata, talvez tenha chegado o momento de se usar o imenso capital de popularidade para organização de um jornal popular, nacionalista, de circulação diária, massiva.
E, além disso, amparado em uma Fundação para o Jornalismo Público, dotada de uma faculdade capaz de gerar uma nova linguagem jornalística, para abrir uma nova cultura de jornalismo condizente com os novos tempos vividos pelo país. Um tempo em que milhões e milhões saem dos grotões físicos e sociais, iniciam-se no exercício de certos direitos e no consumo de bens indispensáveis, mas não dispõem ainda do direito de ler um jornal que retrate a marcha das mudanças que o Brasil está experimentando e da própria mudança que suas vidas vem registrando, sob o ponto de vista civilizatório.
Sinais de mudança no jornalismo no mundo
Basta que olhemos com mais atenção o mundo. Registra-se tendência de regulação no campo das comunicações para assegurar a diversidade, a pluralidade, o humanismo e o padrão civilizatório desta indústria. E se olharmos mais em volta de nós, perceberíamos vários países com um grau de pluralismo jornalístico invejável diante do monolitismo estreito e hostil às mudanças que vivenciamos na sociedade brasileira.
Na Argentina, há o jornal “Página 12”; no México , há o diário “La Jornada”; na Bolívia, o jornal “Cambio” ainda não completou um ano de vida, mas já é o recordista de vendagem, junto com o tradicional “La Razón”, que tem 70 anos de vida e, por fim, nasceu o “Correo del Orinoco”, do qual foi redator o brasileiro Abreu e Lima, que lutou junto a Bolívar na Independência frente ao imperialismo espanhol.
Toda vez que nos indignarmos com os fartos e incorrigíveis exemplos de jornalismo precário da imprensa brasileiro, será que não deveríamos também, para além da crítica, nos perguntar sinceramente por que não criamos o nosso próprio jornal popular? Não seria essa a crítica mais conseqüente a esta torrente de facciosismo que estamos a enfrentar? Na história do Jornal Última Hora está uma parte das respostas.
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Serra, o governo dos nossos pesadelos
Reproduzo editorial do jornal Brasil de Fato:
Concluído o primeiro turno do processo eleitoral, há inúmeras análises políticas que buscam interpretar o resultado das urnas e vislumbrar, de imediato, sinais dos possíveis resultados do segundo turno que será realizado dia 31. Junto com tantas outras análises que surgirão, o trabalho dos marqueteiros dos partidos políticos, que estão na disputa, a busca de alianças com os partidos derrotados e as mudanças no que insistem em denominar de programa de governo, na tentativa de agradar o senso comum, irão predominar nos espaços noticiosos até o último dia deste mês.
A campanha eleitoral ficou polarizada entre candidata do PT, Dilma Roussef, e o candidato tucano José Serra. O resultado eleitoral, ainda por motivos não totalmente decifráveis, desfez essa polarização com os quase 20 milhões de votos que obteve a candidata Marina da Silva do PV. Assim, não se concretizou a vitória da candidata do governo Lula no primeiro turno, como era a expectativa.
É possível que o fracasso da eleição plebiscitária – polarização entre o governo FHC e o governo Lula – se deva aos ataques e manipulações de baixo nível protagonizadas pela mídia burguesa, pela sórdida campanha realizada pelos setores religiosos mais conservadores das igrejas Católica e Evangélicas à candidatura de Dilma.
Mas também não é possível ignorar que uma parcela significativa dos eleitores se sentiu decepcionada com a despolitização da campanha, que se propunha a confrontar com o governo neoliberal dos tucanos. Denunciar os descalabros que sãos os 16 anos de administração tucana, em São Paulo, ficou ausente da campanha. A corrupção acobertada pelo domínio sobre as assembleias legislativas, sobre os tribunais de contas, setores do poder judiciário e a completa subordinação da mídia aos seus interesses asseguram a impunidade dos governo tucanos e vicejam lideranças políticas sem nenhum compromisso com a ética e com a verdade.
Deixar as bandeiras históricas da classe trabalhadora aos candidatos sem chances de vitória eleitoral foi um erro da candidata petista. Militantes sociais, mesmos decepcionados com o governo Lula, mas cientes do que significa uma vitória tucana, sentiram-se órfãos nesta campanha. Estavam sem porta-vozes das bandeiras das lutas populares, e os discursos bem elaborados, nos gabinetes acadêmicos, não os seduziram.
Lastimável foi também a atuação das autoridades eleitorais nesse processo. A história há de registrar a participação ativa da controvertida vice-procuradora-geral eleitoral, doutora Sandra Cureau. Sua tentativa de cercear a revista Carta Capital, por não estar subordinada aos interesses do candidato tucano, e a resposta do editor da publicação semanal, Mino Carta, estarão registrados tanto nas escolas de jornalismo quanto nas do poder judiciário eleitoral.
Coube ainda ao poder judiciário deixar indefinida a questão da “ficha limpa”. Milhares de eleitores votaram em candidatos e candidatas que não sabiam se estavam ou não aptos para disputar a eleição. Se o Tribunal agora decidir pela inaptidão do candidato, seus eleitores fizeram papel de bobos, não porque são, mas pela incompetência daquele.
O mesmo se pode dizer da exigência legal da documentação para votar. A lei exigia o título de eleitor e um documento oficial com foto. É a bizarra situação jurídica em que um documento oficial tem que comprovar a veracidade de outro documento. O Supremo Tribunal Federal revogou a lei exigiu obrigatoriamente um documento oficial com foto. Jogou-se o título de eleitor, definido pelas autoridades eleitorais que não teria foto, na lata do lixo.
Coube ainda mais um deslize do Supremo Tribunal Federal: a descoberta que um de seus membros, Gilmar Mendes, (Dantas, para alguns da mídia), foi monitorado pelo candidato tucano na sessão que julgou a necessidade ou não de dois documentos para votar. Até o momento, nenhum pronunciamento do STF sobre esse caso vergonhoso a que foi submetido. O impeachment do Mendes/Dantas se torna um imperativo.
Sobre a mídia burguesa, talvez tenha sido a maior conquista da sociedade brasileira neste processo eleitoral. Ela mesma – frente a fragilidade dos partidos direitistas – se outorgou o papel de ser o partido de oposição ao governo Lula. Não poupou espaços em seus noticiários para algumas lideranças do campo de esquerda – desde que fosse para falar de escândalos pontuais e atacar a pessoalmente a candidata Dilma. Não hesitou em massacrar o currículo de vida de pessoas públicas, mesmo sem provas. Recorreu á receptador de cargas de mercadorias roubadas, repassador de notas falsas de dinheiro, condenado pela justiça, para noticiar fatos não comprovados. “Assassinou” um senador (Romeu Tuma) hospitalizado. Enfim, caiu a máscara da mídia burguesa. Ganhamos!
Nesse sentido, precisamos consolidar esta vitória conquistando uma lei de controle social sobre os meios de comunicação, que garantam a liberdade de expressão e o direito à informação ao povo brasileiro. A bandeira da democratização da comunicação é da esquerda e dos movimentos sociais, não dos demotucanos e dos proprietários dos meios de comunicação.
Agora é o espaço de luta do segundo turno das eleições. Não há espaço encima do muro. Os movimentos populares da Via Campesina brasileira, já no início do processo eleitoral, tomaram a definição de impedir o retrocesso ao governo neoliberal representado pela candidatura de José Serra.
É hora de levar essa decisão, buscando a unidade, com todos os movimentos populares, sindicais e estudantis, do campo e da cidade. Se a Dilma não é o governo dos nossos sonhos, certamente o Serra é o governo dos nossos pesadelos.
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Concluído o primeiro turno do processo eleitoral, há inúmeras análises políticas que buscam interpretar o resultado das urnas e vislumbrar, de imediato, sinais dos possíveis resultados do segundo turno que será realizado dia 31. Junto com tantas outras análises que surgirão, o trabalho dos marqueteiros dos partidos políticos, que estão na disputa, a busca de alianças com os partidos derrotados e as mudanças no que insistem em denominar de programa de governo, na tentativa de agradar o senso comum, irão predominar nos espaços noticiosos até o último dia deste mês.
A campanha eleitoral ficou polarizada entre candidata do PT, Dilma Roussef, e o candidato tucano José Serra. O resultado eleitoral, ainda por motivos não totalmente decifráveis, desfez essa polarização com os quase 20 milhões de votos que obteve a candidata Marina da Silva do PV. Assim, não se concretizou a vitória da candidata do governo Lula no primeiro turno, como era a expectativa.
É possível que o fracasso da eleição plebiscitária – polarização entre o governo FHC e o governo Lula – se deva aos ataques e manipulações de baixo nível protagonizadas pela mídia burguesa, pela sórdida campanha realizada pelos setores religiosos mais conservadores das igrejas Católica e Evangélicas à candidatura de Dilma.
Mas também não é possível ignorar que uma parcela significativa dos eleitores se sentiu decepcionada com a despolitização da campanha, que se propunha a confrontar com o governo neoliberal dos tucanos. Denunciar os descalabros que sãos os 16 anos de administração tucana, em São Paulo, ficou ausente da campanha. A corrupção acobertada pelo domínio sobre as assembleias legislativas, sobre os tribunais de contas, setores do poder judiciário e a completa subordinação da mídia aos seus interesses asseguram a impunidade dos governo tucanos e vicejam lideranças políticas sem nenhum compromisso com a ética e com a verdade.
Deixar as bandeiras históricas da classe trabalhadora aos candidatos sem chances de vitória eleitoral foi um erro da candidata petista. Militantes sociais, mesmos decepcionados com o governo Lula, mas cientes do que significa uma vitória tucana, sentiram-se órfãos nesta campanha. Estavam sem porta-vozes das bandeiras das lutas populares, e os discursos bem elaborados, nos gabinetes acadêmicos, não os seduziram.
Lastimável foi também a atuação das autoridades eleitorais nesse processo. A história há de registrar a participação ativa da controvertida vice-procuradora-geral eleitoral, doutora Sandra Cureau. Sua tentativa de cercear a revista Carta Capital, por não estar subordinada aos interesses do candidato tucano, e a resposta do editor da publicação semanal, Mino Carta, estarão registrados tanto nas escolas de jornalismo quanto nas do poder judiciário eleitoral.
Coube ainda ao poder judiciário deixar indefinida a questão da “ficha limpa”. Milhares de eleitores votaram em candidatos e candidatas que não sabiam se estavam ou não aptos para disputar a eleição. Se o Tribunal agora decidir pela inaptidão do candidato, seus eleitores fizeram papel de bobos, não porque são, mas pela incompetência daquele.
O mesmo se pode dizer da exigência legal da documentação para votar. A lei exigia o título de eleitor e um documento oficial com foto. É a bizarra situação jurídica em que um documento oficial tem que comprovar a veracidade de outro documento. O Supremo Tribunal Federal revogou a lei exigiu obrigatoriamente um documento oficial com foto. Jogou-se o título de eleitor, definido pelas autoridades eleitorais que não teria foto, na lata do lixo.
Coube ainda mais um deslize do Supremo Tribunal Federal: a descoberta que um de seus membros, Gilmar Mendes, (Dantas, para alguns da mídia), foi monitorado pelo candidato tucano na sessão que julgou a necessidade ou não de dois documentos para votar. Até o momento, nenhum pronunciamento do STF sobre esse caso vergonhoso a que foi submetido. O impeachment do Mendes/Dantas se torna um imperativo.
Sobre a mídia burguesa, talvez tenha sido a maior conquista da sociedade brasileira neste processo eleitoral. Ela mesma – frente a fragilidade dos partidos direitistas – se outorgou o papel de ser o partido de oposição ao governo Lula. Não poupou espaços em seus noticiários para algumas lideranças do campo de esquerda – desde que fosse para falar de escândalos pontuais e atacar a pessoalmente a candidata Dilma. Não hesitou em massacrar o currículo de vida de pessoas públicas, mesmo sem provas. Recorreu á receptador de cargas de mercadorias roubadas, repassador de notas falsas de dinheiro, condenado pela justiça, para noticiar fatos não comprovados. “Assassinou” um senador (Romeu Tuma) hospitalizado. Enfim, caiu a máscara da mídia burguesa. Ganhamos!
Nesse sentido, precisamos consolidar esta vitória conquistando uma lei de controle social sobre os meios de comunicação, que garantam a liberdade de expressão e o direito à informação ao povo brasileiro. A bandeira da democratização da comunicação é da esquerda e dos movimentos sociais, não dos demotucanos e dos proprietários dos meios de comunicação.
Agora é o espaço de luta do segundo turno das eleições. Não há espaço encima do muro. Os movimentos populares da Via Campesina brasileira, já no início do processo eleitoral, tomaram a definição de impedir o retrocesso ao governo neoliberal representado pela candidatura de José Serra.
É hora de levar essa decisão, buscando a unidade, com todos os movimentos populares, sindicais e estudantis, do campo e da cidade. Se a Dilma não é o governo dos nossos sonhos, certamente o Serra é o governo dos nossos pesadelos.
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sábado, 9 de outubro de 2010
As mulheres que Serra vai mandar prender
Reproduzo importante alerta do jornalista Luiz Carlos Azenha, publicado no blog Viomundo:
O Brasil é um país hipócrita. O aborto, embora ilegal no papel, é prática cotidiana. Mulheres com poder aquisitivo procuram clínicas e hospitais que existem em todas as grandes cidades. Quem não tem dinheiro — e, portanto, acesso aos hospitais — se vira.
Um grave problema de saúde pública. O aborto, na prática, já é descriminalizado. Qual foi a última mulher brasileira que foi parar na cadeia por causa de um aborto?
Ao promover, no Brasil, a aliança político-eleitoral que elegeu Ronald Reagan e George W. Bush nos Estados Unidos — da extrema-direita com religiosos conservadores –, José Serra abre espaço para um futuro preocupante.
Se chegar ao Planalto, será pressionado para colocar na cadeia todas as mulheres que admitiram ter cometido o crime. Será pressionado para fechar hospitais e clínicas, prender médicos e as mulheres de classe média que fizeram aborto.
Eu vi isso acontecer nos Estados Unidos, onde o aborto é legal: fanáticos religiosos cercando clínicas, perseguindo e atacando médicos e pacientes.
É isso o que queremos para o Brasil? Leis ditadas não pelo Congresso, mas por extremistas religiosos que não tiveram um voto sequer?
Repito: para tentar ganhar a eleição, José Serra tomou um caminho lamentável, que ameaça os direitos civis de todos os brasileiros e que contribui para solapar o estado laico.
PS do Viomundo: Todas as clínicas dispõe de arquivos de pacientes. Nos Estados Unidos, era isso o que os fanáticos queriam, ao queimar clínicas: acesso aos arquivos.
Com a colaboração da NovaE e do Escrevinhador, seguem algumas das mulheres que estariam sujeitas a passar de um a três anos na prisão [no topo da página]:
Para além disso, é preciso lembrar que quem combate o aborto jamais teria assinado as normas técnicas para implantá-lo no Sistema Único de Saúde (SUS), como José Serra fez quando ministro da Saúde.
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Serra mente no primeiro programa de TV
Reproduzo matéria publicada no blog Cloaca News:
No primeiro programa de TV do segundo turno, exibido nesta sexta-feira (8), o candidato do PSDB, Zé Chirico, declarou-se, com a modéstia que lhe é peculiar, "o melhor deputado da Constituinte de 1988". Uma empulhação sem tamanho.
Conforme pesquisou o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), naquela ocasião o DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) atribuiu ao tucano a pífia nota 3,75, em uma escala de zero a 10. Sabe por quê?
- Serra votou contra a redução da jornada de trabalho para 40 horas
- Serra votou contra mais garantias ao trabalhador de estabilidade no emprego
- Serra negou seu voto pelo direito de greve (isso explica a forma ditatorial e violenta com que ele trata o funcionalismo quando recorre à greve)
- Serra negou seu voto pelo abono de férias de 1/3 do salário
- Serra negou seu voto pelo aviso prévio proporcional
- Serra negou seu voto pela estabilidade do dirigente sindical
- Serra negou seu voto para garantir 30 dias de aviso prévio
- Serra negou seu voto pela garantia do salário mínimo real
- Serra votou contra a implantação de Comissão de Fábrica nas indústrias
- Serra votou contra o monopólio nacional da distribuição do petróleo
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No primeiro programa de TV do segundo turno, exibido nesta sexta-feira (8), o candidato do PSDB, Zé Chirico, declarou-se, com a modéstia que lhe é peculiar, "o melhor deputado da Constituinte de 1988". Uma empulhação sem tamanho.
Conforme pesquisou o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), naquela ocasião o DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) atribuiu ao tucano a pífia nota 3,75, em uma escala de zero a 10. Sabe por quê?
- Serra votou contra a redução da jornada de trabalho para 40 horas
- Serra votou contra mais garantias ao trabalhador de estabilidade no emprego
- Serra negou seu voto pelo direito de greve (isso explica a forma ditatorial e violenta com que ele trata o funcionalismo quando recorre à greve)
- Serra negou seu voto pelo abono de férias de 1/3 do salário
- Serra negou seu voto pelo aviso prévio proporcional
- Serra negou seu voto pela estabilidade do dirigente sindical
- Serra negou seu voto para garantir 30 dias de aviso prévio
- Serra negou seu voto pela garantia do salário mínimo real
- Serra votou contra a implantação de Comissão de Fábrica nas indústrias
- Serra votou contra o monopólio nacional da distribuição do petróleo
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O genro de FHC e os judas da Petrobras
Reprodudo artigo de Brizola Neto, publicado no blog Tijolaço:
Fernando Henrique dava tanta importância a encaminhar a entrega do petróleo brasileiro que colocou para dirigir a Agência Nacional de Petróleo seu próprio genro, David Zylbernstein.
Não ouvimos falar em nepotismo, então, não é?
Este senhor, hoje, é, sabidamente, um dos assessores de José Serra.
E vende “expertise” na área de energia com uma empresa, a DZ Negócios com Energia, que proclama abertamente em seu site que ”a empresa foi fundada em 2002 e desde então vem assessorando empresas do setor e investidores interessados no mercado brasileiro.”
Eles estão jogando pesado para atingir a Petrobras com denúncias e, pior, com a ajuda dos grandes bancos, com especulação para produzir uma queda nas ações da empresa e tentar demonstrar o impossível: que ela não é uma empresa eficiente, produtiva, promissora e lucrativa.
Ao contrário do ditado do tempo de meus avós, quem desdenha da Petrobras, não quer comprar, quer vender esse tesouro do povo brasileiro.
Um povo que foi às ruas, há 60 anos, defendendo o petróleo que, àquela altura, apenas se imaginava haver aqui. Por uma Petrobras que comecou a produzir com dois mil barris diários e que hoje produz dois milhões de barris por dia, podendo chegar em poucos anos a quatro milhões diários.
Hoje temos não a intuição, mas a certeza de que nosso país repousa sobre uma das maiores reservas pretrolíficas do mundo.
Será possível que não possamos dizer ao povo brasileiro que, ao ir às urnas dia 31, é isso que ele estará colocando em jogo? Será que vamos ficar presos a discussões estéreis, sobre a opinião dos candidatos sobre coisas sobre as quais eles não tem nem poder nem responsabilidade e vamos deixar este tesouro ser entregue?
O povo brasileiro jamais nos perdoará se não dissermos a ele que é isso o que está em jogo. O povão, sofrido e desinformado, tem o direito de não perceber. Nós, não.
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Fernando Henrique dava tanta importância a encaminhar a entrega do petróleo brasileiro que colocou para dirigir a Agência Nacional de Petróleo seu próprio genro, David Zylbernstein.
Não ouvimos falar em nepotismo, então, não é?
Este senhor, hoje, é, sabidamente, um dos assessores de José Serra.
E vende “expertise” na área de energia com uma empresa, a DZ Negócios com Energia, que proclama abertamente em seu site que ”a empresa foi fundada em 2002 e desde então vem assessorando empresas do setor e investidores interessados no mercado brasileiro.”
Eles estão jogando pesado para atingir a Petrobras com denúncias e, pior, com a ajuda dos grandes bancos, com especulação para produzir uma queda nas ações da empresa e tentar demonstrar o impossível: que ela não é uma empresa eficiente, produtiva, promissora e lucrativa.
Ao contrário do ditado do tempo de meus avós, quem desdenha da Petrobras, não quer comprar, quer vender esse tesouro do povo brasileiro.
Um povo que foi às ruas, há 60 anos, defendendo o petróleo que, àquela altura, apenas se imaginava haver aqui. Por uma Petrobras que comecou a produzir com dois mil barris diários e que hoje produz dois milhões de barris por dia, podendo chegar em poucos anos a quatro milhões diários.
Hoje temos não a intuição, mas a certeza de que nosso país repousa sobre uma das maiores reservas pretrolíficas do mundo.
Será possível que não possamos dizer ao povo brasileiro que, ao ir às urnas dia 31, é isso que ele estará colocando em jogo? Será que vamos ficar presos a discussões estéreis, sobre a opinião dos candidatos sobre coisas sobre as quais eles não tem nem poder nem responsabilidade e vamos deixar este tesouro ser entregue?
O povo brasileiro jamais nos perdoará se não dissermos a ele que é isso o que está em jogo. O povão, sofrido e desinformado, tem o direito de não perceber. Nós, não.
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A máquina conservadora e a retranca do PT
Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:
Há quem acredite, ainda, que eleger Dilma ou Serra não faz tanta diferença assim.
Serra já deu todas as demonstrações de que vai bater da “medalhinha pra cima” – como se dizia na época em que eu jogava de lateral-direito (e batia da medalhinha pra cima, aliás). Com Serra estão a extrema-direita militar, as igrejas evangélicas mais conservadores, a Opus Dei, a TFP, a ala mais nefasta do novo catolicismo e os interesses econômicos de quem quer interromper a política de independência econômica e diplomática do Brasil.
Essa turma não brinca em serviço. Acabo de receber a seguinte mensagem, de uma pessoa muito bem informada sobre os bastidores da CNBB:
“Rodrigo
Informação quente e urgente… Um bispo de direita tentou aprovar no conselho-geral da CNBB um manifesto ultra conservador, mas a plenária não apoiou.
Dai, os bispos da Regional Sul da CNBB resolveram por conta própria fazer um folheto igual. O Dom Demétrio escreveu um texto denunciando esse novo panfleto feito pela regional.
Por causa dessa reação do Dom Demétrio, a CNBB soltou a nota oficial de ontem, você deve ter visto.
O PSDB soube do panfleto da regional sul, e mandou imprimir 2 milhões de cópias do mesmo para distribuir nas escolas católicas!
Acho que isso deveria ser difundido… Já foram distribuídos, pelo que soube.
A fonte é de um diretor de escola católica das mais tradicionais.”
===
Imaginem se Serra ganhar graças a essa onda. O que será o governo dele? Um vale-tudo em que a Globo, a Veja, os ruralistas, a direita católica, os mercadistas mais reacionários, os demo-tucanos derrotados nas urnas (e loucos para uma vingança contra “essa raça” de lulistas) vão dominar o Estado.
Diante disso, a pergunta: o PT vai continuar jogando feito seleção do Parreira? Vai tocar a bola de lado, esperando o tempo passar?
O programa da Dilma, na reestréia do horário eleitoral, foi muito bem feito. O de Serra também, diga-se (apesar de lamentável, pela exploração do tema do aborto). Tecnicamente, Dilma levou alguma vantagem porque o programa dela foi mais bem acabado, com um toque mais autoral da turma de João Santana. Ok. Tudo ótimo.
Acontece que a eleição não será decidida no horário eleitoral. Lula e o PT acostumaram-se a avançar sem politização. Tudo feito sem choque, dissolvendo os conflitos, aparando as arestas, chamando um ou outro empresário de comunicação pra pedir: “vocês estão pegando muito pesado, vamos maneirar…”.
Pois bem. Isso não vai da certo. O que Dilma e Lula precisam fazer é partir para o ataque. Até porque o tempo de TV no horário político é o mesmo para Serra e Dima. Serra tem todo o resto: “Veja”, “Folha”, Globo e as Igrejas a pautar o Brasil com a pauta que interessa a Serra.
Como equilibrar esse jogo?
Não é com marquetagem, mas com povo na rua.
Acabo de ler, no Azenha, que Jacques Wagner (governador eleito da Bahia) já percebeu que o caminho é esse.
Lula quer a comparação entre dois polos: FHC/Serra X Lula/Dilma. Serra, que não é burro, pautou Brasil pra outro debate. E, convenhamos, a pauta virou pro lado que interessa a Serra.
Enquanto Dilma aposta na TV, de forma leve, Serra joga tudo na máquina conservadora: panfletos, missas, manchetes, boatos…
Aliás, leio na “CartaCapital” que a campanha petista reconheceu que “demorou a reagir aos boatos no primeiro turno”. Demorou porque só consulta marqueteiros e pesquisas qualitativas.
Aqui nese blobg em meados de setembro, eu postei o primeiro alerta sobre a boataria religiosa, que me chegou de um militante de esquerda do Rio Grande do Sul. Passei dias e dias falando sobre isso. Vários amigos blogueiros, confiando no comando da campanha petista e nos marqueteiros, diziam: você é pessimista demais, alarmista, essa eleição está ganha.
O resultado está ai. Há quem diga: faltaram apenas 3 milhões de votos. É fato. O problema é que Serra pode sangrar Dilma com a máquina conservadora que está a seu serviço. Máquina que, nada me tira da cabeça, tem entre seus operadores gente de fora do Brasil.
Nos anos 60, achavam que era paranóia dizer que a CIA queria derrubar Jango. A turma mais à esquerda dizia: “Jango é moderado, não precisa de CIA pra derrubar o Jango, os Estados Unidos não iam se meter nisso”. O professor Moniz Bandeira provou, na reedição de seu livro sobre o Governo João Goulart, que os EUA enviaram pra cá centenas e agentes nos dois anos que antecederam a queda de Jango.
A articulação pra derrubar Lula/Dilma também é grandiosa. Também ouço muita gente- de esquerda – a dizer: Lula é moderado, fez um governo morno, pra que iam querer derrubar o lulismo?
Bem, o fato é que esse operação em curso envolve interesses econômicos gigantescos (o pré-sal), envolve reduzir Brasil ao papel de Colônia como no governo de FHC, envolve calar os movimentos sociais, e envolve por fim – ao reconquistar o Brasil - asfixiar outros governos progressistas da América do Sul.
Esse é o jogo – pesado!
Dilma, Lula e seus aliados acham que vão ganhar só tocando a bola de lado?
É hora de povo na rua. Marketing é bom. Internet e blogs têm o seu papel. Mas eleição (ainda mais numa guerra como essa) ganha-se na rua.
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Há quem acredite, ainda, que eleger Dilma ou Serra não faz tanta diferença assim.
Serra já deu todas as demonstrações de que vai bater da “medalhinha pra cima” – como se dizia na época em que eu jogava de lateral-direito (e batia da medalhinha pra cima, aliás). Com Serra estão a extrema-direita militar, as igrejas evangélicas mais conservadores, a Opus Dei, a TFP, a ala mais nefasta do novo catolicismo e os interesses econômicos de quem quer interromper a política de independência econômica e diplomática do Brasil.
Essa turma não brinca em serviço. Acabo de receber a seguinte mensagem, de uma pessoa muito bem informada sobre os bastidores da CNBB:
“Rodrigo
Informação quente e urgente… Um bispo de direita tentou aprovar no conselho-geral da CNBB um manifesto ultra conservador, mas a plenária não apoiou.
Dai, os bispos da Regional Sul da CNBB resolveram por conta própria fazer um folheto igual. O Dom Demétrio escreveu um texto denunciando esse novo panfleto feito pela regional.
Por causa dessa reação do Dom Demétrio, a CNBB soltou a nota oficial de ontem, você deve ter visto.
O PSDB soube do panfleto da regional sul, e mandou imprimir 2 milhões de cópias do mesmo para distribuir nas escolas católicas!
Acho que isso deveria ser difundido… Já foram distribuídos, pelo que soube.
A fonte é de um diretor de escola católica das mais tradicionais.”
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Imaginem se Serra ganhar graças a essa onda. O que será o governo dele? Um vale-tudo em que a Globo, a Veja, os ruralistas, a direita católica, os mercadistas mais reacionários, os demo-tucanos derrotados nas urnas (e loucos para uma vingança contra “essa raça” de lulistas) vão dominar o Estado.
Diante disso, a pergunta: o PT vai continuar jogando feito seleção do Parreira? Vai tocar a bola de lado, esperando o tempo passar?
O programa da Dilma, na reestréia do horário eleitoral, foi muito bem feito. O de Serra também, diga-se (apesar de lamentável, pela exploração do tema do aborto). Tecnicamente, Dilma levou alguma vantagem porque o programa dela foi mais bem acabado, com um toque mais autoral da turma de João Santana. Ok. Tudo ótimo.
Acontece que a eleição não será decidida no horário eleitoral. Lula e o PT acostumaram-se a avançar sem politização. Tudo feito sem choque, dissolvendo os conflitos, aparando as arestas, chamando um ou outro empresário de comunicação pra pedir: “vocês estão pegando muito pesado, vamos maneirar…”.
Pois bem. Isso não vai da certo. O que Dilma e Lula precisam fazer é partir para o ataque. Até porque o tempo de TV no horário político é o mesmo para Serra e Dima. Serra tem todo o resto: “Veja”, “Folha”, Globo e as Igrejas a pautar o Brasil com a pauta que interessa a Serra.
Como equilibrar esse jogo?
Não é com marquetagem, mas com povo na rua.
Acabo de ler, no Azenha, que Jacques Wagner (governador eleito da Bahia) já percebeu que o caminho é esse.
Lula quer a comparação entre dois polos: FHC/Serra X Lula/Dilma. Serra, que não é burro, pautou Brasil pra outro debate. E, convenhamos, a pauta virou pro lado que interessa a Serra.
Enquanto Dilma aposta na TV, de forma leve, Serra joga tudo na máquina conservadora: panfletos, missas, manchetes, boatos…
Aliás, leio na “CartaCapital” que a campanha petista reconheceu que “demorou a reagir aos boatos no primeiro turno”. Demorou porque só consulta marqueteiros e pesquisas qualitativas.
Aqui nese blobg em meados de setembro, eu postei o primeiro alerta sobre a boataria religiosa, que me chegou de um militante de esquerda do Rio Grande do Sul. Passei dias e dias falando sobre isso. Vários amigos blogueiros, confiando no comando da campanha petista e nos marqueteiros, diziam: você é pessimista demais, alarmista, essa eleição está ganha.
O resultado está ai. Há quem diga: faltaram apenas 3 milhões de votos. É fato. O problema é que Serra pode sangrar Dilma com a máquina conservadora que está a seu serviço. Máquina que, nada me tira da cabeça, tem entre seus operadores gente de fora do Brasil.
Nos anos 60, achavam que era paranóia dizer que a CIA queria derrubar Jango. A turma mais à esquerda dizia: “Jango é moderado, não precisa de CIA pra derrubar o Jango, os Estados Unidos não iam se meter nisso”. O professor Moniz Bandeira provou, na reedição de seu livro sobre o Governo João Goulart, que os EUA enviaram pra cá centenas e agentes nos dois anos que antecederam a queda de Jango.
A articulação pra derrubar Lula/Dilma também é grandiosa. Também ouço muita gente- de esquerda – a dizer: Lula é moderado, fez um governo morno, pra que iam querer derrubar o lulismo?
Bem, o fato é que esse operação em curso envolve interesses econômicos gigantescos (o pré-sal), envolve reduzir Brasil ao papel de Colônia como no governo de FHC, envolve calar os movimentos sociais, e envolve por fim – ao reconquistar o Brasil - asfixiar outros governos progressistas da América do Sul.
Esse é o jogo – pesado!
Dilma, Lula e seus aliados acham que vão ganhar só tocando a bola de lado?
É hora de povo na rua. Marketing é bom. Internet e blogs têm o seu papel. Mas eleição (ainda mais numa guerra como essa) ganha-se na rua.
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Centrais sindicais reafirmam apoio a Dilma
Reproduzo reportagem publicada no sitio da Agencia Sindical:
Um grande ato pró-Dilma, realizado no início da noite desta sexta-feira (8), no auditório do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, no Centro, reuniu as seis Centrais Sindicais (CUT, Força Sindical, CTB, UGT, CGTB e Nova Central), centenas de Sindicatos, Federações, Confederações e mais de dois mil manifestantes.
O ato registrou grande presença de lideranças políticas, entre elas o ex-ministro Ciro Gomes, o ministro da coordenação política do PT, Alexandre Padilha; o ministro da Previdência Social, Carlos Eduardo Gabas; o senador Aloizio Mercadante, a deputada Luiza Erundina e cerca de 30 parlamentares de vários partidos como PT, PC do B, PDT, PTB, PR, PRTB, PTC, PSC, PPS, Democratas e PMDB.
Também ouve grande presença de líderes religiosos (católicos e evangélicos), com camisetas e cartazes afirmando seu apoio à candidata petista.
Unidade
A palavra de ordem foi eleição de Dilma para garantir avanços, ampliar conquistas e evitar o retrocesso. As lideranças sindicais, políticas e religiosas destacaram as conquistas do governo Lula e reafirmaram que o melhor para o Brasil e, principalmente, para os trabalhadores é a continuidade.
Durante seu discurso, Dilma disse que o projeto defendido pela sua candidatura é, verdadeiramente, o projeto da vida. Ainda, a candidata foi categórica enfatizando que o seu projeto olha primeiro para o ser humano, cujas políticas públicas implantadas pelo presidente Lula, ajudaram a tirar 28 milhões da pobreza e colocar outros 25 milhões na classe média.
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Bispos rejeitam "uso indevido" da CNBB
Reproduzo documento assinado pelo presidente da Conferência Nacional dos Bispos dos Brasil (CNBB):
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, por meio de sua Presidência, congratula-se com o Povo Brasileiro pelo exercício da cidadania na realização do primeiro turno das eleições gerais, quando foram eleitos os representantes para o Poder Legislativo e definidos os Governadores de diversas unidades da Federação, bem como o nome daqueles que serão submetidos a novo escrutínio em 2º turno, para a Presidência da República e alguns governos estaduais e distrital.
A CNBB congratula-se também pelos frutos benéficos decorrentes da aprovação da Lei da Ficha Limpa, que está oferecendo um novo paradigma para o processo eleitoral, mesmo se ainda tantos obstáculos a essa Lei tenham de ser superados.
Entretanto, lamentamos profundamente que o nome da CNBB - e da própria Igreja Católica - tenha sido usado indevidamente ao longo da campanha, sendo objeto de manipulação. Certamente, é direito - e, mesmo, dever - de cada Bispo, em sua Diocese, orientar seus próprios diocesanos, sobretudo em assuntos que dizem respeito à fé e à moral cristã. A CNBB é um organismo a serviço da comunhão e do diálogo entre os Bispos, de planejamento orgânico da pastoral da Igreja no Brasil, e busca colaborar na edificação de uma sociedade justa, fraterna e solidária.
Neste sentido, queremos reafirmar os termos da Nota de 16.09.2010, na qual esclarecemos que "falam em nome da CNBB somente a Assembléia Geral, o Conselho Permanente e a Presidência". Recordamos novamente que, da parte da CNBB, permanece como orientação, neste momento de expressão do exercício da cidadania em nosso País, a Declaração sobre o Momento Político Nacional, aprovada este ano em sua 48ª Assembléia Geral.
Reafirmamos, ainda, que a CNBB não indica nenhum candidato, e recordamos que a escolha é um ato livre e consciente de cada cidadão. Diante de tão grande responsabilidade, exortamos os fiéis católicos a terem presentes critérios éticos, entre os quais se incluem especialmente o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana.
Confiando na intercessão de Nossa Senhora Aparecida, invocamos as bênçãos de Deus para todo o Povo Brasileiro.
Brasília, 08 de outubro de 2010
Dom Geraldo Lyrio Rocha Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Mariana Arcebispo de Manaus
Presidente da CNBB Vice-Presidente da CNBB
Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário Geral da CNBB
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A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, por meio de sua Presidência, congratula-se com o Povo Brasileiro pelo exercício da cidadania na realização do primeiro turno das eleições gerais, quando foram eleitos os representantes para o Poder Legislativo e definidos os Governadores de diversas unidades da Federação, bem como o nome daqueles que serão submetidos a novo escrutínio em 2º turno, para a Presidência da República e alguns governos estaduais e distrital.
A CNBB congratula-se também pelos frutos benéficos decorrentes da aprovação da Lei da Ficha Limpa, que está oferecendo um novo paradigma para o processo eleitoral, mesmo se ainda tantos obstáculos a essa Lei tenham de ser superados.
Entretanto, lamentamos profundamente que o nome da CNBB - e da própria Igreja Católica - tenha sido usado indevidamente ao longo da campanha, sendo objeto de manipulação. Certamente, é direito - e, mesmo, dever - de cada Bispo, em sua Diocese, orientar seus próprios diocesanos, sobretudo em assuntos que dizem respeito à fé e à moral cristã. A CNBB é um organismo a serviço da comunhão e do diálogo entre os Bispos, de planejamento orgânico da pastoral da Igreja no Brasil, e busca colaborar na edificação de uma sociedade justa, fraterna e solidária.
Neste sentido, queremos reafirmar os termos da Nota de 16.09.2010, na qual esclarecemos que "falam em nome da CNBB somente a Assembléia Geral, o Conselho Permanente e a Presidência". Recordamos novamente que, da parte da CNBB, permanece como orientação, neste momento de expressão do exercício da cidadania em nosso País, a Declaração sobre o Momento Político Nacional, aprovada este ano em sua 48ª Assembléia Geral.
Reafirmamos, ainda, que a CNBB não indica nenhum candidato, e recordamos que a escolha é um ato livre e consciente de cada cidadão. Diante de tão grande responsabilidade, exortamos os fiéis católicos a terem presentes critérios éticos, entre os quais se incluem especialmente o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana.
Confiando na intercessão de Nossa Senhora Aparecida, invocamos as bênçãos de Deus para todo o Povo Brasileiro.
Brasília, 08 de outubro de 2010
Dom Geraldo Lyrio Rocha Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Mariana Arcebispo de Manaus
Presidente da CNBB Vice-Presidente da CNBB
Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário Geral da CNBB
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Atingidos por barragens votam em Dilma
Reproduzo documento oficial do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB):
Frente ao processo eleitoral e a disputa pela presidência da republica neste segundo turno, manifestamos nossa posição política frente às eleições.
Desde o primeiro turno nossa posição e nosso envolvimento orientaram-se para derrotar os setores que se configuravam como inimigos da classe trabalhadora, pois, não admitimos recuar em avanços que o povo brasileiro obteve nos últimos anos.
A candidatura Serra representa o projeto e todo conjunto de políticas do governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), que causou grande estrago aos trabalhadores a ao povo brasileiro. Por trás de seu projeto neoliberal está o interesse de retomar as privatizações, entregar o patrimônio público, as riquezas naturais às grandes corporações internacionais, promover uma ofensiva sobre os direitos trabalhistas e a criminalização sobre os mais pobres e os setores organizados da sociedade.
A candidatura Serra representa a aliança e subordinação às políticas dos Estados Unidos e à política de golpismo, que as forças ultraconservadoras permanentemente tentam implementar sobre os trabalhadores de vários países. Seu verdadeiro interesse está em colocar o Estado brasileiro a serviço dos setores que sua candidatura representa.
Enquanto MAB entendemos que os avanços tidos nestes últimos anos foram insuficientes e mantemos nossa posição crítica sobre questões estruturais. No entanto, neste momento não podemos retroceder, é hora de eleger Dilma presidenta do Brasil. Mas desde já é necessário construir unidade entre o campo e cidade para criar força social e fazer as lutas que serão necessárias para enfrentar e derrotar a direita e seus planos de ataque aos trabalhadores que tendem ser permanentes, mesmo após o processo eleitoral.
Portanto, conclamamos todos lutadores e lutadoras do povo brasileiro, militantes sociais, lideranças e organizações de todas as partes do Brasil, do campo e da cidade, para sair às ruas, bairro por bairro, comunidade por comunidade, conversando com as pessoas, trabalhar de forma permanente para derrotar Serra/FHC e elegermos Dilma Presidenta do Brasil.
Água e energia, não são mercadorias!
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Frente ao processo eleitoral e a disputa pela presidência da republica neste segundo turno, manifestamos nossa posição política frente às eleições.
Desde o primeiro turno nossa posição e nosso envolvimento orientaram-se para derrotar os setores que se configuravam como inimigos da classe trabalhadora, pois, não admitimos recuar em avanços que o povo brasileiro obteve nos últimos anos.
A candidatura Serra representa o projeto e todo conjunto de políticas do governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), que causou grande estrago aos trabalhadores a ao povo brasileiro. Por trás de seu projeto neoliberal está o interesse de retomar as privatizações, entregar o patrimônio público, as riquezas naturais às grandes corporações internacionais, promover uma ofensiva sobre os direitos trabalhistas e a criminalização sobre os mais pobres e os setores organizados da sociedade.
A candidatura Serra representa a aliança e subordinação às políticas dos Estados Unidos e à política de golpismo, que as forças ultraconservadoras permanentemente tentam implementar sobre os trabalhadores de vários países. Seu verdadeiro interesse está em colocar o Estado brasileiro a serviço dos setores que sua candidatura representa.
Enquanto MAB entendemos que os avanços tidos nestes últimos anos foram insuficientes e mantemos nossa posição crítica sobre questões estruturais. No entanto, neste momento não podemos retroceder, é hora de eleger Dilma presidenta do Brasil. Mas desde já é necessário construir unidade entre o campo e cidade para criar força social e fazer as lutas que serão necessárias para enfrentar e derrotar a direita e seus planos de ataque aos trabalhadores que tendem ser permanentes, mesmo após o processo eleitoral.
Portanto, conclamamos todos lutadores e lutadoras do povo brasileiro, militantes sociais, lideranças e organizações de todas as partes do Brasil, do campo e da cidade, para sair às ruas, bairro por bairro, comunidade por comunidade, conversando com as pessoas, trabalhar de forma permanente para derrotar Serra/FHC e elegermos Dilma Presidenta do Brasil.
Água e energia, não são mercadorias!
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Trabalho militante contra as calúnias
Reproduzo matéria publicada no sítio Vermelho:
O juiz José Ricardo Coutinho Silva, da 111ª Zona Eleitoral de Porto Alegre (RS), aceitou nesta sexta-feira (8) a denúncia feita pelo MPE (Ministério Publico Eleitoral) contra o candidato José Serra (PSDB) por difamação e calúnia. Entre os caluniados, está o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT).
A denúncia traz provas de que Serra cometeu crimes de calúnia e difamação. Ela foi apresentada por Fernando Pimentel, quando ele ainda era candidato ao Senado pelo PT-MG. Em entrevista a uma emissora de rádio da capital gaúcha, em julho deste ano, Serra repetiu declarações de seu vice, Índio da Costa (DEM) ligando o PT às Farc e ao narcotráfico, além de acusar Pimentel de ter sido o autor de um suposto dossiê contra membros do PSDB. O suposto dossiê nunca apareceu.
O caso será analisado pelo juiz José Ricardo Coutinho Silva, responsável pela 111ª Zona Eleitoral de Porto Alegre.
Baixaria na internet: denuncie
Não é apenas o epsiódio de Pimentel que mostra a opção da campanha de Serra pela calúnia e difamação como armas da disputa eleitoral. Apoiadores do candidato – e suspeita-se que até mesmo sua coordenação de campanha – apelou de vez para o jogo sujo neste segundo turno.
Textos apócrifos, carregados de conservadorismo, preconceito, moralismo e falsidades, circulam pelas redes sociais e correios eletrônicos atacando a candidatura de Dilma Rousseff (PT).
Contra esta onda de baixaria, o endereço oficial da candidata na internet criou uma central onde qualquer pessoa pode conferir se um boato recebido por email ou de outra forma sobre ela é verdade ou é mentira. “Contra a corrente do mal, que espalha mentiras e calúnias, vamos enviar uma mensagem do bem”, diz o texto que informa à militância sobre a novidade. O endereço é esse: http://www.dilma13.com.br/verdades
A campanha de Dilma está recomendando aos seus apoiadores denunciar na Polícia Federal através do endereço ( http://www.safernet.org.br/site/ ) e no Ministério Público Eleitoral ( pge@pgr.mpf.gov.br ) as mesnagens que contém crime de calúnia e difamação. “Atribuir a uma pessoa crime que a pessoa não cometeu, é crime de quem acusa. Em caso de candidatos às eleições, é agravante, por que a ofensa não é apenas pessoal, mas perturbação à ordem democrática, sujeitando os criminosos a penalidades como formação de quadrilha, alarmismo, etc”, diz o comando da campanha petista.
Eles orientam, no entanto, que no caso de receber o e-mail difamatório de um conhecio, a melhor atitude é responder com educação, colocando seu ponto de vista e os argumentos do porquê vota em Dilma e não em Serra. “Se receber email de pessoas conhecidas contendo mentiras, responda com a verdade, com seriedade e educação. A melhor forma de convencer algum amigo de boa vontade, mas que esteja mal-informado, é com seriedade e educação”, diz o texto da campanha.
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O juiz José Ricardo Coutinho Silva, da 111ª Zona Eleitoral de Porto Alegre (RS), aceitou nesta sexta-feira (8) a denúncia feita pelo MPE (Ministério Publico Eleitoral) contra o candidato José Serra (PSDB) por difamação e calúnia. Entre os caluniados, está o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT).
A denúncia traz provas de que Serra cometeu crimes de calúnia e difamação. Ela foi apresentada por Fernando Pimentel, quando ele ainda era candidato ao Senado pelo PT-MG. Em entrevista a uma emissora de rádio da capital gaúcha, em julho deste ano, Serra repetiu declarações de seu vice, Índio da Costa (DEM) ligando o PT às Farc e ao narcotráfico, além de acusar Pimentel de ter sido o autor de um suposto dossiê contra membros do PSDB. O suposto dossiê nunca apareceu.
O caso será analisado pelo juiz José Ricardo Coutinho Silva, responsável pela 111ª Zona Eleitoral de Porto Alegre.
Baixaria na internet: denuncie
Não é apenas o epsiódio de Pimentel que mostra a opção da campanha de Serra pela calúnia e difamação como armas da disputa eleitoral. Apoiadores do candidato – e suspeita-se que até mesmo sua coordenação de campanha – apelou de vez para o jogo sujo neste segundo turno.
Textos apócrifos, carregados de conservadorismo, preconceito, moralismo e falsidades, circulam pelas redes sociais e correios eletrônicos atacando a candidatura de Dilma Rousseff (PT).
Contra esta onda de baixaria, o endereço oficial da candidata na internet criou uma central onde qualquer pessoa pode conferir se um boato recebido por email ou de outra forma sobre ela é verdade ou é mentira. “Contra a corrente do mal, que espalha mentiras e calúnias, vamos enviar uma mensagem do bem”, diz o texto que informa à militância sobre a novidade. O endereço é esse: http://www.dilma13.com.br/verdades
A campanha de Dilma está recomendando aos seus apoiadores denunciar na Polícia Federal através do endereço ( http://www.safernet.org.br/site/ ) e no Ministério Público Eleitoral ( pge@pgr.mpf.gov.br ) as mesnagens que contém crime de calúnia e difamação. “Atribuir a uma pessoa crime que a pessoa não cometeu, é crime de quem acusa. Em caso de candidatos às eleições, é agravante, por que a ofensa não é apenas pessoal, mas perturbação à ordem democrática, sujeitando os criminosos a penalidades como formação de quadrilha, alarmismo, etc”, diz o comando da campanha petista.
Eles orientam, no entanto, que no caso de receber o e-mail difamatório de um conhecio, a melhor atitude é responder com educação, colocando seu ponto de vista e os argumentos do porquê vota em Dilma e não em Serra. “Se receber email de pessoas conhecidas contendo mentiras, responda com a verdade, com seriedade e educação. A melhor forma de convencer algum amigo de boa vontade, mas que esteja mal-informado, é com seriedade e educação”, diz o texto da campanha.
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Mino Carta chama Dilma para a briga
Reproduzo artigo de Mino Carta, publicado na revista CartaCapital:
As reações de milhares de navegantes da internet envolvidos na celebração dos resultados do primeiro turno como se significassem a derrota de Dilma Rousseff exibem toda a ferocidade – dos súditos de José Serra. Sem contar que a pressa de suas conclusões rima sinistramente com ilusões.
Escrevi ferocidade, e não me arrependo. Trata-se de um festival imponente de preconceitos e recalques, de raiva e ódio, de calúnias e mentiras, indigno de um país civilizado e democrático. É o destampatório de vetustos lugares-comuns cultivados por quem se atribui uma primazia de marca sulista em relação a regiões- entendidas como fundões do Brasil. É o coro da arrogância, da prepotência, da ignorância, da vulgaridade.
É razoável supor que essa manifestação de intolerância goze da orquestração tucana, excitada pelo apoio maciço da mídia e pelos motes da campanha serrista. Entre eles, não custa acentuar, a fatídica intervenção da mulher do candidato do PSDB, Mônica, pronta a enxergar na opositora uma assassina de criancinhas. A onda violeta (cor do luto dos ritos católicos) contra a descriminalização do aborto contou com essa notável contribuição.
Ocorre recordar as pregações dos púlpitos italianos e espanhóis: verifica-se que a Igreja Católica não hesita em interferir na vida política de Estados laicos. Não são assassinos de criancinhas, no entanto, os parlamentares portugueses que aprovaram a descriminalização do aborto, em um país de larguíssima maioria católica. É uma lição para todos nós. Dilma Rousseff deixou claro ser contra o aborto “pessoalmente”. Não bastou. Os ricos têm todas as chances de praticar o crime sem correr risco algum. E os pobres? Que se moam.
A propaganda petista houve por bem retirar o assunto de sua pauta. É o que manda o figurino clássico, recuar em tempo hábil. Fernando Henrique Cardoso declarava-se ateu em 1986. Mudou de ideia depois de perder a Prefeitura de São Paulo para Jânio Quadros e imagino que a esta altura não se abstenha aos domingos de uma única, escassa missa. Se não for o caso de comungar.
A política exige certos, teatrais fingimentos. Não creio, porém, que os marqueteiros nativos sejam os melhores mestres em matéria. Esta moda do marqueteiro herdamos dos Estados Unidos, onde os professores são de outro nível, às vezes entre eles surgem psiquiatras de fama mundial e atores consagrados. Em relação ao pleito presidencial, as pesquisas falharam e os marqueteiros do PT também.
Leio nesses dias que Dilma foi explicitamente convidada por autoridades do seu partido a descer do salto alto. Se subiu, de quem a responsabilidade? De todo modo, se salto alto corresponde a uma campanha bem mais séria e correta do que a tucana, reconhecemos nela o mérito da candidata.
Acaba de chegar o momento do confronto direto, dos debates olhos nos olhos. Ao reiterar nosso apoio à candidatura de Dilma Rousseff, acreditamos, isto sim, que ela deva partir firmemente para a briga, o que, aliás, não discreparia do temperamento que lhe atribuem. Não para aderir ao tom leviano e brutalmente difamatório dos adversários, mas para desnudar, sem meias palavras, as diferenças entre o governo Lula e o de FHC. Profundas e concretas, dizem respeito a visões de vida e de mundo, e aos genuínos interesses do País, e a eles somente. Em busca da distribuição da riqueza e da inclusão de porções cada vez maiores da nação, para aproveitar eficazmente o nosso crescimento de emergente vitorioso.
CartaCapital está com Dilma Rousseff porque é a chance da continuidade e do aprofundamento das políticas benéficas promovidas pelo presidente Lula. E também porque o adágio virulento das reações tucanas soletra o desastre que o Brasil viveria ao cair em mãos tão ferozes.
P.S. Bem a propósito: a demissão de Maria Rita Kehl por ter defendido na sua coluna do Estado de S. Paulo a ascensão social das classes mais pobres prova que quem constantemente declara ameaçada a liberdade de imprensa não a pratica no seu rincão.
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As reações de milhares de navegantes da internet envolvidos na celebração dos resultados do primeiro turno como se significassem a derrota de Dilma Rousseff exibem toda a ferocidade – dos súditos de José Serra. Sem contar que a pressa de suas conclusões rima sinistramente com ilusões.
Escrevi ferocidade, e não me arrependo. Trata-se de um festival imponente de preconceitos e recalques, de raiva e ódio, de calúnias e mentiras, indigno de um país civilizado e democrático. É o destampatório de vetustos lugares-comuns cultivados por quem se atribui uma primazia de marca sulista em relação a regiões- entendidas como fundões do Brasil. É o coro da arrogância, da prepotência, da ignorância, da vulgaridade.
É razoável supor que essa manifestação de intolerância goze da orquestração tucana, excitada pelo apoio maciço da mídia e pelos motes da campanha serrista. Entre eles, não custa acentuar, a fatídica intervenção da mulher do candidato do PSDB, Mônica, pronta a enxergar na opositora uma assassina de criancinhas. A onda violeta (cor do luto dos ritos católicos) contra a descriminalização do aborto contou com essa notável contribuição.
Ocorre recordar as pregações dos púlpitos italianos e espanhóis: verifica-se que a Igreja Católica não hesita em interferir na vida política de Estados laicos. Não são assassinos de criancinhas, no entanto, os parlamentares portugueses que aprovaram a descriminalização do aborto, em um país de larguíssima maioria católica. É uma lição para todos nós. Dilma Rousseff deixou claro ser contra o aborto “pessoalmente”. Não bastou. Os ricos têm todas as chances de praticar o crime sem correr risco algum. E os pobres? Que se moam.
A propaganda petista houve por bem retirar o assunto de sua pauta. É o que manda o figurino clássico, recuar em tempo hábil. Fernando Henrique Cardoso declarava-se ateu em 1986. Mudou de ideia depois de perder a Prefeitura de São Paulo para Jânio Quadros e imagino que a esta altura não se abstenha aos domingos de uma única, escassa missa. Se não for o caso de comungar.
A política exige certos, teatrais fingimentos. Não creio, porém, que os marqueteiros nativos sejam os melhores mestres em matéria. Esta moda do marqueteiro herdamos dos Estados Unidos, onde os professores são de outro nível, às vezes entre eles surgem psiquiatras de fama mundial e atores consagrados. Em relação ao pleito presidencial, as pesquisas falharam e os marqueteiros do PT também.
Leio nesses dias que Dilma foi explicitamente convidada por autoridades do seu partido a descer do salto alto. Se subiu, de quem a responsabilidade? De todo modo, se salto alto corresponde a uma campanha bem mais séria e correta do que a tucana, reconhecemos nela o mérito da candidata.
Acaba de chegar o momento do confronto direto, dos debates olhos nos olhos. Ao reiterar nosso apoio à candidatura de Dilma Rousseff, acreditamos, isto sim, que ela deva partir firmemente para a briga, o que, aliás, não discreparia do temperamento que lhe atribuem. Não para aderir ao tom leviano e brutalmente difamatório dos adversários, mas para desnudar, sem meias palavras, as diferenças entre o governo Lula e o de FHC. Profundas e concretas, dizem respeito a visões de vida e de mundo, e aos genuínos interesses do País, e a eles somente. Em busca da distribuição da riqueza e da inclusão de porções cada vez maiores da nação, para aproveitar eficazmente o nosso crescimento de emergente vitorioso.
CartaCapital está com Dilma Rousseff porque é a chance da continuidade e do aprofundamento das políticas benéficas promovidas pelo presidente Lula. E também porque o adágio virulento das reações tucanas soletra o desastre que o Brasil viveria ao cair em mãos tão ferozes.
P.S. Bem a propósito: a demissão de Maria Rita Kehl por ter defendido na sua coluna do Estado de S. Paulo a ascensão social das classes mais pobres prova que quem constantemente declara ameaçada a liberdade de imprensa não a pratica no seu rincão.
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