quinta-feira, 20 de junho de 2013

Tarifas baixam; protestos continuam

Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:

Nem é preciso ser nenhum grande futurólogo ou cientista político para prever o que iria acontecer, depois que o povo saiu às ruas para protestar contra o aumento das tarifas do transporte coletivo, o estopim das manifestações que quase paralisaram São Paulo por duas semanas e se espalharam por todo o país. O povo demora a sair às ruas, mas, uma vez arrombadas as porteiras da inércia, o que o faria voltar para casa? As principais cidades brasileiras já baixaram as tarifas, mas o povo continua e permanecerá nas ruas, como previ no final da coluna do Balaio de quarta-feira.

Redes sociais, boatos e jornalismo

Por Sylvia Debossan Moretzsohn, no Observatório da Imprensa:

O comportamento da grande imprensa na cobertura da repressão às manifestações contra o aumento das passagens de ônibus e contra os gastos exorbitantes para a realização da Copa do Mundo no Brasil forneceu mais um estímulo a quem propõe o abandono da “velha mídia” em nome das redes sociais, apresentadas como fonte das informações verdadeiras e veiculadas sem as mediações que as deturpam ou lhes retiram a força.

Infelizmente, as coisas não são simples assim.

Sai a patente, entra o genérico


Por Marco Piva

A atual onda de protestos por todo o país ainda vai render teses e mais teses durante longos anos. Para a academia, será um prato cheio. Já para os partidos políticos, não sei se terão esse tempo para refletir e se atualizar. As manifestações iniciadas timidamente por uma parcela da juventude organizada da esquerda radical em torno do aumento da tarifa do transporte público ganhou projeção nacional e internacional quando aconteceram duas coisas simultâneas: 1) a violência desproporcional da repressão policial de São Paulo; e 2) a mudança de posição da grande imprensa em relação ao movimento. Foram ações rápidas, que hoje se tornam quase imperceptíveis por conta da dimensão que os protestos alcançaram, mas que não podem ser desprezadas.

MPL debate os próximos passos

Por Maria Inês Nassif, no sítio Carta Maior:

Encerrada com uma grande vitória, o cancelamento do aumento dos preços do transporte público na cidade de São Paulo, a mobilização iniciada pelo pequeno coletivo de jovens, com idade entre 20 e 25 anos, que se transformou num grande fenômeno de massas e se espraiou pelas outras capitais do país, termina com desafios maiores ainda. Apesar do grande apoio de partidos de esquerda – inclusive de setores dentro do próprio Partido dos Trabalhadores – e de movimentos sociais, o saldo da mobilização é do Movimento Passe Livre. O MPL continua o grande protagonista desta história e tem que dar respostas rápidas ao enorme contingente de jovens que colocou nas ruas (a maioria deles num primeiro ato político), para impedir a apropriação dessa energia contestadora que o movimento catalisou nas últimas semanas pela direita.

A disputa com a direita é nas ruas

Marcelo Camargo/ABr
Por Altamiro Borges

No final da tarde de ontem (19), lutadores pela democratização da mídia e blogueiros se reuniram com os jovens e aguerridos integrantes do Movimento Passe Livre (MPL), o principal protagonista dos protestos das duas últimas semanas que contagiaram o Brasil. Antes do início da conversa, as emissoras de televisão transmitiram ao vivo o anúncio da redução das tarifas em São Paulo feito pelo governador Geraldo Alckmin e o prefeito Fernando Haddad. O clima foi de festa - com choros e risos. Um histórica vitória da pressão das ruas.

O grande momento da cidadania

Marcelo Camargo/ABr
Por Luis Nassif, em seu blog:

Vou pegar o carro no estacionamento. O manobrista está exultante: "O Haddad e o Alckmin voltaram atrás e reduziram o preço das passagens. O povo venceu".

No elevador, desço com uma vizinha, dona de uma empresa de sistemas. Pergunto como viu a manifestação. Ela tinha ido. Comenta que a PM só atua contra manifestante e pouco contra baderneiros.

A amplitude das manifestações é inédita. É o chamado grito engasgado no ar.

Primeiras reflexões sobre os protestos

Valter Campanato/ABr
Por Emir Sader, no sítio Carta Maior:

O movimento, iniciado como resistência ao aumento das tarifas do transporte, foi inédito e surpreendente. Quem achar que consegue captar todas suas dimensões e projeções futuras de imediato, muito provavelmente estará tendo uma visão redutiva do fenômeno, puxando a sardinha para defender teses previamente elaboradas, para confirmar seus argumentos, sem dar conta do caráter multifacetário e surpreendente das mobilizações.

As manifestações de junho e a mídia

http://latuffcartoons.wordpress.com/
Por Venício A. de Lima, na revista Teoria e Debate:

Apesar da proximidade cronológica, parece razoável observar que o estopim para as manifestações populares que estão ocorrendo no país foi o aumento das tarifas do transporte coletivo e a repressão violenta da polícia (vitimando, inclusive, jornalistas no exercício de sua atividade profissional) – não só à primeira passeata realizada em São Paulo, mas também à manifestação realizada antes da abertura da Copa das Confederações, em Brasília. A partir daí, um conjunto de insatisfações que vinha sendo represado explodiu.

MPL celebra vitória e define rumos

http://latuffcartoons.wordpress.com/
Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:

Fomos convidados para um encontro com integrantes e apoiadores do Movimento Passe Livre (MPL), que nas últimas duas semanas protagonizaram um episódio histórico: levaram o povo de volta às ruas para reivindicar. Desde crianças a pessoas da terceira idade. Foram vítimas de repressão só comparável àquela empregada pela Polícia Militar paulista na desocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos.

No meio da conversa, a notícia: o governador Alckmin e o prefeito Haddad anunciaram a redução das tarifas conforme o reivindicado pelo movimento.

Houve celebração.

Vitória mostra que vale a pena lutar

Editorial do sítio Vermelho:

O anúncio feito nesta quarta-feira (19) da redução das tarifas do transporte público de São Paulo e Rio de Janeiro é uma incontestável vitória do movimento juvenil e popular que durante quase duas semanas tomou conta do país em combativas e amplas manifestações de massas. Outras capitais - Cuiabá, João Pessoa, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife e Vitória - já tinham anunciado a redução do valor da passagem do transporte coletivo.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Marilena Chauí e a tarifa zero

Protestos derrubam aumento da tarifa

Por Leonardo Sakamoto, em seu blog:

O título acima não está errado, não. O prefeito Fernando Haddad e o governador Geraldo Alckmin anunciaram a revogação temporária do preço das passagens de ônibus, metrô e trem em São Paulo na noite desta quarta (19) – o valor volta a R$ 3,00 na próxima segunda. O prefeito Eduardo Paes também comunicou a revogação do aumento da tarifa de ônibus na capital carioca.

Mídia golpista prepara o bote!

www.ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br
Por Altamiro Borges

As manchetes dos dois jornalões paulistas nesta quarta-feira (19) sinalizam uma nova flexão dos barões da mídia, famosos pelo seu histórico golpista. Folha: “Ato em SP tem ataque à prefeitura, saque e vandalismo; PM tarda a agir”. Estadão: “Manifestantes tentam invadir Prefeitura; SP tem noite de caos”. Na prática, eles exigem o retorno dos soldados da tropa de choque às ruas, com suas balas de borracha, bombas de gás e a costumeira truculência. Parecem querer um ou vários cadáveres para exigir algo mais!

Os protestos e a voz do povo

Por Renato Rabelo, em seu blog:

A voz do povo deve ser atentamente escutada e respondida. As manifestações juvenis e populares que se ampliam e se estendem por todo país têm um motivo – uma causa social.

Para o PCdoB, a questão democrática se entrelaça com a questão social. Por isso, para o avanço democrático é precioso e auspicioso conhecer através de largas manifestações – por serem mais autênticas — o que clama e atormenta parcelas significativas do nosso povo. Muitas vezes são razões maiores que se acumulam, vindo à tona através de reivindicação aparentemente simples. A luta contra os preços das tarifas dos transportes urbanos e o descontentamento contra os elevados investimentos na construção dos estádios de futebol são manifestações agudas e de um grande estresse vivido pela maior parcela da população dos grandes centros urbanos no Brasil.

A juventude e as lutas sociais

Editorial do jornal Brasil de Fato:

Sem dúvida, estamos vivenciando uma mobilização espontânea da juventude mais impactante dos últimos 20 anos. O ponto de partida destes protestos está relacionado com a mobilidade urbana, com o aumento do preço da passagem e com os enormes gastos financeiros que estão sendo aplicados para a Copa do Mundo num país marcado pela profunda desigualdade social. É justa e legítima, portanto, a mobilização da juventude.

“Foda-se o Brasil”, grita rapaz em SP

Do blog: http://cinenegocioseimoveis.blogspot.com.br
Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:

A chegada ao viaduto do Chá foi surpreendentemente rápida. Trabalhadores e lojistas tinha ido embora mais cedo, deixando o centro de São Paulo estranhamente vazio às seis horas da tarde. Contornei o Teatro Municipal, e segui a pé, para cruzar o viaduto rumo à Prefeitura – onde os manifestantes se concentravam. Estava acompanhado da equipe de gravação da TV.

Os ventos enlouquecidos

Por Mauro Santayana, em seu blog:

Em um dos mais belos poemas da nossa antiga e desprezada Língua Pátria, Joaquim Cardozo reúne, em uma várzea do Capibaribe, todos os ventos do mundo. Os alísios, em sua anárquica natureza e rota, chegam do Equador, viajando clandestinos em um transatlântico.

Se liga, Dilma: ouça a voz das ruas

Por Laurindo Lalo Leal Filho, no sítio Carta Maior:

As ruas estão avisando: é preciso agir. Na comunicação estamos muito atrasados. Esses jovens que ocuparam as ruas e praças em todo o Brasil têm muito que dizer, mas não têm onde falar.

É preciso ampliar a liberdade de expressão no pais. As ações de governo e de outros tantos setores emudecidos da sociedade, não podem continuar sendo filtradas pela mídia comercial. Vários desses meios vêm tentando passar a ideia de que é o governo federal o alvo das manifestações de rua. E, no primeiro momento, seguindo sua lógica mesquinha chamaram todos de vândalos. Como contestar?

"Não aos Datenas, Jabores e Pondés"

Por Paulo Motoryn, na revista CartaCapital:

Desde o ato da última quinta-feira contra o aumento da passagem do transporte público em São Paulo, em que a violência e a repressão policial viraram notícia em todo o planeta, mais uma ameaça ronda o sucesso das manifestações organizadas pelo Movimento Passe Livre: a instrumentalização do povo.

A evidente mudança de postura da imprensa em relação aos protestos deve ser motivo de desconfiança, não de festa. Isso porque nos últimos dias imperou o comentário: “Agora até a grande mídia defende as manifestações”. Como se isso fosse algo positivo.

Uma saída para o impasse em São Paulo

Por Antonio Martins, no sítio Outras Palavras:

A partir de sexta-feira (14/6) à tarde, o prefeito Fernando Haddad reviu sua postura anterior e emitiu sinais de que está aberto ao diálogo com os movimentos que lutam por uma cidade para todos. A nova atitude, que revela saudável capacidade de autocrítica, abre espaço para buscar uma alternativa capaz de alcançar, ao mesmo tempo, três objetivos: a) suspender o aumento da tarifa de ônibus, num gesto simbólico de boa vontade; b) recolocar na pauta nacional a reforma tributária, um instrumento indispensável para construir metrópoles humanas e um país menos desigual; c) desencadear, em São Paulo, um amplo movimento pela garantia da mobilidade urbana, que irá muito além do debate da tarifa e articulará prefeitura e sociedade civil numa busca de soluções que pode repercutir em todo o país.