segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Bolsonaro e o antagonismo político

Por Pedro Estevam Serrano, na revista CartaCapital:

O lamentável ataque ao deputado e candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) nos impele a uma imprescindível reflexão sobre a fragilidade do momento político e social que atravessamos.

Chantal Mouffe, uma das mais importantes teóricas da política contemporânea, observa muito precisamente que, diferentemente do que gostaríamos, a política não é mero debate racional de ideias pelo qual se chega ou se pretende chegar a um consenso. A ação política é também orientada por afetos, paixões e sentidos de diversas naturezas, ou seja, é muito mais ambiente afetivo do que de consenso racional e, justamente por isso, é feita de disputas.

Bolsonaro, Amoêdo e Alckmin são perigo

Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:

“Temos que fugir como o diabo da cruz não apenas do Bolsonaro, mas também do Amoêdo e do Alckmin. Essa gente é um perigo muito grande para o Brasil. Eles vão nos condenar ao subdesenvolvimento de longo prazo”.

A advertência é de Luiz Carlos Bresser-Pereira em entrevista ao Tutaméia [confira os detalhes no vídeo]. Para ele, existem hoje “dois candidatos muito bons: Lula/Haddad e Ciro”. Ambos, diz, adotam em seus programas propostas do novo desenvolvimentismo e “têm condições de governar o Brasil”.

domingo, 9 de setembro de 2018

As eleições e a linguagem do povo

Por Silvio Caccia Bava, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

As eleições deste ano buscam sensibilizar um eleitorado no qual 49% dos que têm mais de 25 anos ainda não completaram o ciclo do Ensino Fundamental (IBGE); no qual 95 milhões de brasileiros têm renda de até R$ 14 por dia (46%) e 41 milhões, renda entre R$ 14 e R$ 21 por dia (20%); no qual 13,7 milhões de desempregados se somam aos milhões que perderam as esperanças de encontrar uma vaga.

Buscar mantê-los na ignorância, doutriná-los por meio da televisão, controlá-los pela violência parece ser a alternativa adotada pelos donos do poder para tentar submetê-los à sua vontade. Segundo eles, as questões sociais não cabem no orçamento público e os pobres têm de ficar no seu lugar.

Mídia brasileira esconde caos na Argentina

Por Mauro Donato, no blog Diário do Centro do Mundo:

Já contabiliza uma morte a crescente onda de saques a supermercados na Argentina, algo que a mídia tradicional tem se esforçado para manter embaixo do tapete.

O menino Ismael Ramírez, de apenas 15 anos, morreu na segunda-feira em decorrência de um disparo de arma de fogo na cidade de Saenz Peña. Há pelo menos mais uma vítima em estado grave que foi encaminhada ao hospital na província argentina do Chaco.

Em Comodoro Rivadavia o saldo foi de nove detenções também ocorridas durante o saque a um Carrefour e na noite de ontem (dia 4), ao menos outras duas ocorrências: em Mar del Plata um grupo de aproximadamente 15 pessoas saqueou um supermercado (na fuga quatro foram detidos), e uma tentativa a um pequeno comércio acabou frustrada pelo proprietário que disparou tiros para o alto.

Agressão a Bolsonaro não muda a eleição

Por Marcelo Zero

O lamentável atentado contra Bolsonaro, que deve ser condenado por todos, embora possa ter algum impacto de curto prazo na opinião pública, não terá consequências significativas nos resultados das eleições.

Isso por dois motivos principais.

Em primeiro lugar, porque, apesar das especulações surgidas, o atentado foi obra clara de um indivíduo completamente desequilibrado, desses que fala sozinho e acredita em teorias da conspiração.

Um esquizofrênico que vive fora da realidade. Não, foi, portanto, um atentado político, como foram os disparos contra a Caravana de Lula e o bárbaro assassinato de Marielle Franco, até hoje não esclarecidos.

Lula e a eficácia dos meios hegemônicos

Por Ezequiel Rivero, no site Carta Maior:

A intervenção do Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas, que se pronunciou em agosto a favor de que Lula exerça seus direitos políticos e seja candidato presidencial, não foi acatada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) brasileiro, que decidiu aumentar ainda mais a ação e pressão da Justiça sobre o ex-presidente e suas possibilidades, agora remotas, de ser candidato.

Que papel tiveram os meios de comunicação, em particular a Rede Globo, na cobertura do processo que conduziu o ex-mandatário à prisão?

Argentina: crise, falsa saída e contágio

Por Mark Weisbrot, em entrevista a Greg Wilpert, no site Outras Palavras:

Nos últimos dias, a crise econômica na Argentina está se tornando cada vez mais séria. Semana passada, o presidente Maurício Macri anunciou um novo aumento nas taxas de juros do país, elevando-as a 60% - as mais altas do mundo. A medida visa deter a fuga de capitais e o declínio da moeda argentina. O peso já caiu mais de 50% desde o começo do ano, e despencou mais uma vez no início da semana. Macri planeja também aumentar os impostos sobre exportação e introduzir medidas de austeridade ainda mais duras do que as já introduzidas este ano. O ministro das Finanças do país, Nicolas Dujovne, descreveu assim seu plano:

"Resposta de ódio" a quem "prega o ódio"

Do jornal Brasil de Fato:

"Um cara que prega o ódio recebeu uma resposta de ódio", lamentou, ao Brasil de Fato, a psicanalista Maria Rita Kehl em referência ao ataque a faca contra o candidato a presidente pelo PSL, Jair Bolsonaro, nesta quinta-feira (6) em Juiz de Fora (MG), durante um ato de campanha em um centro comercial da cidade. Enquanto era carregado nos ombros por um de seus seguranças, Bolsonaro foi perfurado por uma faca na região do abdômen e foi levado à Santa Casa, onde passou por uma cirurgia para reparar perfurações nos intestinos grosso e delgado, segundo informações repassadas pelo hospital à imprensa.

A mídia e a contaminação do Judiciário

Por Glauco Faria, na Rede Brasil Atual:

O instituto da delação ou colaboração premiada, celebrizado na Operação Lava Jato, já havia sido adotado como uma estratégia no caso Banestado. Seu ressurgimento, com o mesmo juiz, Sergio Moro, no âmbito da Operação Lava Jato, resultou, no entanto, em um número muito maior de sentenças condenatórias. Seu uso também foi mais difundido e, em parte, isso se deve a um fator fundamental: a cobertura midiática.

PT processa Janaína Paschoal e Magno Malta

Do blog Viomundo:

Na madrugada deste domingo, 9/9, o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) entrou com ação penal contra Janaína Conceição Paschoal e o senador Magno Malta pelos crimes de calúnia e difamação.

A primeira, no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. A segunda, no Supremo Tribunal Federal (STF).

Ambos disseminaram mentiras em relação à facada sofrida por Jair Bolsonaro, candidato do PSL à presidência da República, em juiz de Fora (MG), na última quinta-feira, 06/9.

Valentes com Haddad; mansos com o general

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Ontem falou-se aqui do grau de rebaixamento do jornalismo brasileiro com o Tribunal da Inquisição montado pela Globonews para queimar vivo Fernando Haddad.

Enganou-se quem achou que era o mais baixo degrau a que poderiam descer.

A entrevista do General Hamilton Mourão, ontem, foi ainda pior.

Tibieza, covardia, palavras mansas, tons suaves, mesmo quando os assuntos eram os mais brutais.

'Novo' nome para a velha direita neoliberal

Arte: Bancários Rio
Por Marina Lacerda, no blog Socialista Morena:

É comum apresentar as propostas relacionadas ao extremo liberalismo econômico como algo “moderno”, no sentido atualizado, fresco, recém-fundado, inexperimentado. É isso que faz o Partido “Novo”. Suas “novidades” são Estado Mínimo, “menos intervencionista, com menos impostos e menos burocracia”; livre mercado; empreendedorismo; privatizações…

Tudo, na verdade, muito velho.

Juiz de Fora não mudou a eleição

Editorial do site Vermelho:

Depois do episódio de Juiz de Fora, a chamada grande mídia vem pontificando que a campanha presidencial passou a ser categoricamente uma outra. Dia e noite, noite e dia, tenta beatificar Jair Bolsonaro.

É obvio que a campanha foi impactada, fortemente, pelo que ocorreu na cidade mineira. Daí dizer que há uma metamorfose, mudança de qualidade entre as candidaturas em disputa, daí quase colocar a faixa presidencial no candidato agredido, são coisas bem diferentes.

Das Diretas-Já ao boneco de Bolsonaro

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Quis o destino, sempre ele, que a chamada da minha matéria “Das Diretas-Já a Tancredo Neves, a longa transição para a democracia”, na capa da Folha deste sábado, saísse junto com a foto de um boneco de Jair Bolsonaro.

Entre estes dois episódios emblemáticos da nossa história, passaram-se apenas 34 anos - da grande festa cívica da redemocratização, que varreu de esperança as ruas do país em 1984, à tragédia que vivemos hoje, na antevéspera de mais uma eleição direta para presidente da República.

As facadas atingiram Alckmin e Marina

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Não faltou quem dissesse que o ataque que quase matou o extremista de direita Jair Bolsonaro “mudará a eleição”. Essa premissa sobre “mudar” a eleição pode ter mil e um significados, mas o pretendido pelos seus propagadores é o de que Bolsonaro sairia (eleitoralmente) mais forte desse ataque.

A análise não procede cem por cento, mas não dá para acreditar que nada aconteça nas intenções de voto após um episódio como esse. Alguma coisa Bolsonaro irá lucrar.

sábado, 8 de setembro de 2018

Apologia da verdade como forma de censura

Por Renata Mielli, no site Mídia Ninja:

Desde a eleição de Donald Trump, uma nova “ameaça global” tem espalhado insegurança pelo mundo: a disseminação de notícias falsas, mais conhecidas internacionalmente como fake news. Rapidamente, elas foram classificadas como as novas pragas da era digital e têm inspirado governos e empresas (principalmente grandes conglomerados de mídia) a adotarem medidas para combater a sua distribuição, utilizando o que for necessário para exterminar as “mentiras” que circulam pela internet. Mas todo esse debate está perigosamente contaminado por interesses políticos e econômicos que precisam ficar mais explícitos para que a sociedade não seja manipulada e a liberdade de expressão atacada em nome de uma verdade que sequer seja possível determinar.

A última cartada da Globo com Bolsonaro

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Cena 1 – o retrato atual das eleições

Há um desenho nítido, com o esperado crescimento de Fernando Haddad e a consolidação da candidatura de Jair Bolsonaro. Desenha-se um segundo turno entre ambos. Haverá um confronto entre o anti-petismo e o anti-bolsonarismo, com boa possibilidade de o fator Bolsonaro garantir a vitória de Fernando Haddad.

Até agora, os personagens-chave do jogo se posicionam assim:

Sobre o medo e o ódio

Por Luiz Carlos Bresser-Pereira

O dólar continua a subir, hoje bateu R$4,12. Todos estão de acordo, é o dólar da crise política brasileira, da insegurança em relação às eleições presidenciais que estão próximas. Mas para quanto irá o dólar?

Qual a profundidade dessa crise? Pode ser comparada com a crise de 2002, quando o medo da eleição de Lula levou o dólar, a preços de hoje, a R$7,00? Há muita gente pensando assim, mas estão enganados.

Nem à bala, nem à faca

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

A espiral de ódio e intolerância que vem se adensando desde 2013 tinha que dar nisso.

O atentado contra o candidato do PSL, Jair Bolsonaro - afora o repúdio geral que mereceu, inclusive dos concorrentes - cobra resposta rápida, convincente e clara das autoridades.

Não pode ficar inesclarecido como aquele que foi perpetrado a tiros, em março, contra a caravana do ex-presidente Lula. Atentados desta natureza, não importa a cor ideológica da vítima, atingem o processo eleitoral e a própria democracia. Eleitoralmente, é cedo para prever seu efeito.

Ministério Público está em guerra por grana

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

O Ministério Público (MP) brasileiro é o mais caro do mundo. As repartições federais e estaduais custam por ano aos cofres públicos 0,3% do PIB, graças ao alto salário de procuradores, promotores e seus ajudantes. Na Itália, o gasto é de 0,09%. Em Portugal, de 0,06%. Na Alemanha, de 0,02%.

Apesar da fartura, às vezes o MP tem briga por grana. Neste momento, há uma batalha com Raquel Dodge, procuradora-geral da República, na berlinda e alegados riscos à defesa de trabalhadores Brasil afora e ao combate à criminalidade em uma das regiões mais violentas do País.