sábado, 22 de dezembro de 2018

Abril sem Civitas e Globo sem Marinhos

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Na prática, a Editora Abril fechou hoje.

As portas continuarão sendo abertas, as revistas – nem todas – vão para as bancas, os anúncios continuarão – em menor quantidade – a ser postos em suas páginas.

Veja continuará a ter seu lugar nas salas de espera dos consultórios.

A editora, entretanto, deu seu último suspiro, encerrando uma trajetória que foi marcada por cumes e esgotos desde que a empresa, há quase 60 anos, lançou-se no campo do jornalismo, primeiro com Realidade, logo depois com a Exame e a Veja de Mino Carta.

Chico Mendes: um legado a defender

Por Rosilene Corrêa, no jornal Brasil de Fato:

Ouvir a frase que ecoava repetidas vezes “Ninguém abandona a defesa dos povos da floresta e ninguém desiste do legado de Chico Mendes”, durante o Encontro para celebrar a memória desse líder de tantos legados, nos enchia de emoção e renovou nossa esperança – do verbo esperançar, na construção de trincheiras de resistência.

Um pouco de história


Cinco razões para defender Battisti

Por Igor Fuser, no site Outras Palavras:

No momento em que escrevo estas linhas, o escritor Cesare Battisti, de 63 anos, estrangeiro regularmente residente no Brasil por decisão de todas as instâncias cabíveis dos poderes públicos deste país, exerce o direito mais fundamental de todo ser humano: o de preservar, por qualquer meio, sua vida e sua liberdade.

Cada dia que Battisti sobrevive à caçada policial é um desgosto para Jair Bolsonaro, impedido de pôr em prática sua concepção ditatorial que encara o cargo de Presidente da República como uma carta branca para qualquer tipo de arbítrio.

Uma inovação brasileira: o fascismo servil

Por Rogério de Campos, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Em 2002, os primeiros ministros Tony Blair e José María Aznar levaram à cúpula da União Europeia a proposta de punir com sanções econômicas os países de origem de imigrantes indesejáveis. A proposta causou escândalo porque explicitava o desejo de que governos dos países da África, por exemplo, transformassem-se em “carcereiros dos seus cidadãos” [1]. O novo modelo de Estado para o Terceiro Mundo, na proposta de Blair e Aznar, seria um que, além de cumprir a tradicional tarefa de garantir o fornecimento de matéria prima para o Primeiro Mundo a baixo custo, passaria a vigiar para que seus habitantes não tentassem escapar da miséria provocada por esse baixo custo. Nações pobres se tornariam grandes campos de trabalho forçado, com seus cidadãos impedidos de fugir.

2018: todos ficamos a perigo

Por Wladimir Pomar, no site Correio da Cidadania:

O ano de 2018 cer­ta­mente se trans­formou num di­visor de águas no pro­cesso de de­sen­vol­vi­mento histó­rico da so­ci­e­dade bra­si­leira. Por isso é ine­vi­tável que, numa re­senha a res­peito do que acon­teceu ao longo de seus meses, seja ne­ces­sário buscar num pas­sado mais lon­gínquo as raízes desse salto his­tó­rico.

Apesar das di­fe­renças é pos­sível com­parar o sig­ni­fi­cado dos acon­te­ci­mentos mar­cantes de 2018 com os de 1937 e 1964. Em 1937 houve um golpe civil de ten­dência fas­cista apoiado pelos mi­li­tares; em 1964, em­bora nin­guém o tenha ca­rac­te­ri­zado como fas­cista, o golpe foi re­a­li­zado pelos mi­li­tares com apoio civil de cor­rentes con­ser­va­doras e re­a­ci­o­ná­rias de ten­dência ni­ti­da­mente fas­cista. Em 2018, embora a rigor não tenha ha­vido golpe idên­tico àqueles dois, é pre­ciso lem­brar tanto o golpe parlamentar an­te­ci­pado de im­pe­di­mento da pre­si­dente Dilma, em 2016, assim como a pro­posta aberta­mente fas­cista ven­ce­dora da eleição pre­si­den­cial.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Vazamento do Moro para a Globo

Congresso ferve à espera de Bolsonaro

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

Alegados problemas de saúde salvaram outro personagem bolsonarista de depor. O PM aposentado Fabrício Queiroz, amigo e ex-motorista do clã Bolsonaro, deveria ter prestado esclarecimentos nesta quarta-feira, 19, ao Ministério Público sobre suas finanças suspeitas. Duas semanas depois de sua história vir a público, Queiroz segue em silêncio.

No início de dezembro, quem tinha deixado de ir ao MP se explicar havia sido o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, investigado por suspeita de crimes contra o sistema financeiro.

O general Augusto Heleno acha pouco

Por Jaime Sautchuk, no site Vermelho:

O general da reserva Augusto Heleno, futuro ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), disse que a quantia depositada pelo motorista Queiroz na conta da mulher do presidente eleito “é irrisória”. Sua desastrada declaração demonstra o quanto estará empenhado nessa função, em que ele será uma espécie de braço direito de seu chefe no Palácio do Planalto.

Primeiro, porque poderia ser qualquer trocado, mas era roubado dos cofres públicos – o que, no meu código de ética, é ilícito. Não tem tamanho.

Lula serve de moeda de troca para Toffoli?

Por Jeferson Miola, em seu blog:

Numa etapa remota da vida, durante o período que corresponde à sua “adolescência” política e, principalmente, profissional, José Antonio Dias Toffoli comungou ideais de justiça, democracia, humanismo e garantismo jurídico.

O itinerário do Toffoli no alpinismo rumo ao topo do sucesso começou com o cargo de consultor jurídico da CUT [1993/1994] e passou pelos cargos de assessor do PT na Alesp [1994], de assessor jurídico na liderança do PT na Câmara dos Deputados [1995/2000] e de assessor no governo da Marta Suplicy em São Paulo em 2001 [wikipédia].

A volta dos galinhas-verdes. Vaza, 2018!

Por Mário Magalhães, no site The Intercept-Brasil:

Depois de chocar no Brasil o ovo da serpente, ou do fascismo, o ano de 2018 partiu para o esculacho antes de se despedir. Chocou os ovos de uma espécie que, em sua versão com violência além das palavras, a história supunha extinta: a dos galinhas-verdes. Na virada de novembro para dezembro, militantes autoproclamados integralistas afanaram e queimaram bandeiras antifascistas. Regozijaram-se com a aventura que propagandearam como “ação revolucionária”.

Bolsonaro só abriu a porta do armário

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Para quem acha Bolsonaro muito radical, é bom ler o que escrevem seus seguidores nas redes sociais e nas áreas de comentários dos portais.

Em respeito aos leitores, não vou reproduzir as barbaridades ali publicadas, algumas delas bem assustadoras.

Eles não baixaram as armas depois da campanha eleitoral.

Ao contrário, uma vez vitoriosos, ao perceber que eram muitos, encheram-se de coragem e partiram para a guerra contra os “vermelhos”, a denominação genérica dada aos que não estão do lado deles.

Ódio e medo de Lula unem os ditadores

Por Bepe Damasco, em seu blog: 

Um fantasma tira o sono dos verdugos da democracia brasileira. Qualquer sinal de que ele possa surgir no horizonte basta para gerar pânico entre os líderes da ditadura de novo tipo que se instalou no país. Já imaginou este ectoplasma outra vez arrastando multidões em seus comícios e caravanas, falando direto ao coração do povo e semeando esperanças?

A perspectiva da liberdade de Lula é capaz de provocar uma corrida às farmácias por parte de procuradores do MP, juízes, delegados, generais, barões da mídia e seus jornalistas lambe-botas, exploradores da fé do povo, nazi-bolsonaristas e fascistas de todos os matizes em busca de Floratil, para tentar estancar a diarreia das bravas provocada pelo medo.

Os banqueiros e os juros

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

Estava eu, outro dia, entrando bem tranquilo em uma livraria aqui em Brasília e deu-se o inusitado. Uma vendedora aproximou-se de mim, toda simpática e sorridente, oferecendo-me um livro. Achei estranho, pois não costuma ser bem essa a prática mais comum de abordagem dos “colaboradores” nesse tipo de loja. Era um exemplar bem cuidado e pesado, material gráfico de primeira categoria. Sem olhar para os detalhes, respondi que não estava interessado, pois realmente tinha ido buscar outra coisa. “Não se preocupe, é de graça! Pode levar um, se quiser!”

Bolsonaristas atacam diplomata francês

Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:

"Todo mundo sabe o que está acontecendo na França, é simplesmente insuportável viver em certos lugares da França. E a intolerância tende a continuar aumentando, e aqueles que foram para lá, o povo francês os acolheu da melhor maneira possível. Vocês sabem da história dessa gente. Eles têm algo dentro de si que não abandona suas raízes. Eles querem fazer valer sua cultura, os seus direitos lá de trás e seus privilégios. A França está sofrendo isso. Não queremos isso para o Brasil. Para entrar no país deve haver um critério rigoroso. No que depender de mim enquanto chefe de Estado, eles não entrarão" - Jair Bolsonaro, num de seus lives no Facebook

"63.880 homicídios no Brasil em 2017, 825 na França. Sem comentários" - Gérard Araud, embaixador da França nos Estados Unidos


No interior do Brasil seriam chamados de chucros. Mas, por educação e pelo fato de que receberam mandatos populares, Jair Bolsonaro e os filhos Flávio, Eduardo e Carlos podem ser definidos como medíocres, de baixo apego à verdade factual e arrogância inversamente proporcional à inteligência.

Supremo não é mais Supremo

Por Marcelo Zero

Após a sua decisão liminar, que apenas reafirmava o que diz explicitamente a Constituição, o Ministro Marco Aurélio declarou que “se o Supremo ainda for o Supremo, minha decisão tem que ser obedecida”.

Não foi.

Contrariando as normas do próprio STF, que determinavam que a decisão só poderia ser revista pelo Plenário, Toffoli anulou-a.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Toffoli reafirma parcialidade anti-Lula

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Para todo observador inquieto com a partidarização crescente do Judiciário brasileiro desde o julgamento da AP 470, Dias Toffoli cumpriu uma trajetória lamentável mas previsível.

Ao bloquear a liminar de Marco Aurélio Mello que determinava a soltura de cerca de 169 000 prisioneiros encarcerados em afronta ao transito em julgado para sentença penal condenatória, entre os quais se encontra Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do STF deu sequencia a uma trajetória que nada tem de jurídica nem constitucional.

É 100% política - como confirma o elogio direto e rápido de Jair Bolsonaro, que na campanha prometeu que Lula iria " apodrecer na cadeia".

Há juiz em Brasília

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

A expressão “ainda há juízes em Berlim”, originalmente dita por um moleiro alemão a um poderoso rei, remete à crença na Justiça contra o arbítrio mesmo em situações extremas.

Aplica-se à situação criada ontem pelo ministro do STF Marco Aurélio Mello, ao emitir liminar determinando a soltura de todos os presos que cumprem pena após condenação em segunda instância, contrariando a previsão constitucional e do Código de Processo Penal, que lhes garante liberdade até o esgotamento dos recursos.

Isso incluiria Lula. Confirmando a regra não escrita de que o ex-presidente não pode ser solto, o presidente da Corte, Dias Toffoli, suspendeu a decisão do colega.

Há um juiz em Brasília, mas há também generais.


Toffoli se acovarda de novo ante os milicos

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

A liminar do ministro Marco Aurélio Mello que soltaria Lula poderia resgatar ou destruir a imagem do STF e do Brasil diante do mundo. Como nosso Judiciário virou um bordel, pode achar desculpa para descumprir a liminar. Afinal, o presidente do STF, Dias Toffoli, se borra de medo dos milicos e eles se reuniram há pouco para decidir se permitem ou não que Lula seja solto

Em 8 de julho deste ano, o desembargador do Tribunal Reginal Federal da 4ª Região, Rogério Favreto, concedeu liminar determinando a soltura do ex-presidente Lula baseando-se na Constituição. Minutos após a liminar, o então juiz Sergio Moro, juiz de primeira instância, deixou as férias e MANDOU a Polícia Federal ignorar ordem de uma instância superior.


2018: um ano 'desbalançado' no mundo

Por Flavio Aguiar, na Rede Brasil Atual:

Fazer o balanço de 2018? Como, se este foi um ano desbalançado? Sem balanço. Sem jogo de cintura. Em grande parte, uma sucessão de desgraças

Foi um ano de coisas terríveis. Lembrando algumas: a continuidade da ascensão das extremas-direitas no mundo inteiro. Matteo Salvini e a Lega na Itália. Vox na Andaluzia, Espanha. Vitória de Bolsonaro no Brasil. Deterioração da nossa política externa, a presente e a anunciada, com agravamento e consagração da "diplomacia do capacho". Pela primeira vez na história nossa política externa promete ficar atrelada não apenas à de outro país, mas à de uma facção de um partido político estrangeiro, aquela mais retrógrada e embrutecida.

O melancólico fim do PSDB

Por Joaquim Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo:

A jornalista Daniela Lima, editora do Painel, é autora do artigo publicado nesta quarta-feira na Folha de S. Paulo, em que analisa como inevitável o fim do PSDB tal qual foi conhecido um dia. Ou seja, nas mãos de Doria, será um partido que disputará com o PSL de Bolsonaro o eleitoral mais à direita. Ela não escreve, mas na legenda não haverá espaço de destaque para nomes como Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Alberto Goldman e até para Geraldo Alckmin.