segunda-feira, 27 de maio de 2019

As manifestações e o Jornalismo Matrix

Por Gilberto Maringoni

Eu estava errado em minha avaliação sobre os atos de ontem (26).

Escrevi que as manifestações foram médias em São Paulo e Rio (em relação ao 15 de maio) e fracas em outras tantas dezenas de cidades pelo país.

Opinei que Bolsonaro cometera um erro tático e que se enfraquecera dentro da coalizão reacionária que compõe os três poderes da República. O Congresso ganhara peso relativo na balança.

Eu não contava com a astúcia da grande mídia.

As manchetes dos ex-jornalões colocam no chinelo qualquer roteirista de Matrix (1999) ou de outros filmes que lidam com realidade virtual.

A prioridade é preparar a greve geral

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Qualquer que venha a ser o volume das mobilizações anti-democráticas convocadas para hoje, é preciso refletir a respeito de um ponto.

Ainda que o bolsonarismo se encontre numa curva descendente, como mostram as ruas e as pesquisas de opinião, cabe reconhecer que o país continua polarizado, cinco meses depois da posse de um presidente eleito com 57 milhões de votos.

Em função de uma escandalosa incapacidade política para apontar anunciar qualquer saída crível para as grandes mazelas do país - desemprego, pobreza crescente - Bolsonaro passa dificuldades no Congresso, é alvo de críticas duras na mídia de maior credibilidade. Também assiste ao afastamento de lideranças militares que lhe deram sustentação na campanha e de aliados políticos indispensáveis para sua chegada ao Planalto. Mesmo as minúsculas parcelas de artistas e intelectuais que lhe davam apoio querem distância.

Folha manipula noticiário sobre ato fascista

Por Luís Felipe Miguel, no Diário do Centro do Mundo:

A Folha quer nos fazer acreditar que as manifestações de ontem foram predominantemente em favor de Guedes e do fim da previdência.

Mesmo no próprio jornal, não há uma foto que corrobore essa afirmação. A custo, em toda a cobertura, aparecem dois depoimentos nesta direção – um deles de um jovem ajudante de pedreiro que afirma estar na rua “pelo pacote do Moro, pela reforma da previdência e contra os ministros do STF”.

A última parte do discurso do ajudante de pedreiro é, na verdade, a que dominou as ruas. Ele mesmo desenvolve a ideia, na continuação de sua fala: “Bolsonaro está tentando governar, mas tem interferência do Parlamento”.

Capitão vai às ruas e perde de goleada

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Bolsonaro resolveu medir forças com o Brasil civilizado, que defende a Educação e a democracia, e perdeu de goleada.

Por mais que as televisões quisessem ajudar, os “protestos a favor” do governo, do pacote de Sergio Moro e da reforma da Previdência, foram um fracasso de público e de crítica, uma repetição dos 7 a 1 do Mineirão de triste lembrança.

Na hora marcada para as manifestações, havia pouca gente nas ruas e, apesar do esforço de repórteres e cinegrafistas, o fracasso era evidente.

Nada de novo no front

Por Roberto Amaral, em seu blog:

Não obstante os riscos que corre a ordem institucional democrática, o processo político brasileiro segue sua rota de extrema previsibilidade. Em face dos percalços e dos sustos – os solavancos de nosso cotidiano –, ninguém, nenhuma força política, pode alegar qualquer sorte de surpresa. O agravamento do desgaste do novo regime, à mercê, por enquanto, da crassa imperícia do capitão e seus ajudantes imediatos, é a crônica de fatos de há muito escritos pois esperados desde o primeiro dia do governo, sendo o capitão personagem do baixo clero há cerca três décadas. Todos os atores da trama (pessoas e instituições) são conhecidos em seus propósitos, objetivos e limitações. Não há nada de novo na cena.

Uber: assim começam as greves do futuro

Por Felipe Moda e Marco Antonio G. de Oliveira, no site Outras Palavras:

No último dia 8 de maio, motoristas “parceiros e parceiras” que trabalham nas principais empresas de transporte de passageiros por aplicativo como Uber, Cabify, 99 e Lyft realizaram uma grande manifestação global por melhores condições de trabalho. A data escolhida pela legião de trabalhadores e trabalhadoras para a realização dos protestos foi um dia antes de a maior empresa do setor, a Uber, estrear seus papéis na bolsa estadunidense.

Previdência e a maldade com as mulheres

Por Alexandre Padilha, no jornal Brasil de Fato:

Se tem um seguimento da nossa população que a proposta da Previdência de Bolsonaro é mais cruel, são as mulheres. Estou absolutamente convencido disso, a partir das propostas de mudança em relação à idade mínima, às contribuições das trabalhadoras rurais, das professoras e das viúvas que recebem pensão. Isso ficou mais nítido nas audiências públicas que estou conduzindo no estado de São Paulo, como parte da Comissão de Seguridade Social da Câmara dos Deputados, especificamente para ouvir estudos de lideranças e técnicos sobre o impacto da proposta do Bolsonaro na vida das mulheres.

A situação de Bolsonaro é muito grave

Por Renato Rovai, em seu blog:

Após o sucesso das manifestações em defesa da educação no dia 15 de maio, Bolsonaro convocou sua tropa para ir às ruas neste dia 26. Havia muita expectativa acerca do tamanho delas, principalmente depois que movimentos como MBL e Vem Pra Rua, entre outros, decidiram não apoiar a decisão do presidente.

Se os atos não foram um mico total, o resultado geral é mais negativo do que positivo para Bolsonaro. Só no Rio de Janeiro e em São Paulo que as manifestações tiveram alguma relevância. E mesmo na avenida Paulista, local que concentrou mais gente, a frase que melhor define o que ocorreu é a do colunista da Folha, José Simão.


Escolha de Sofia: impeachment ou não?

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – impeachment, teoria e realidade

Em meu longo trajeto no jornalismo econômico, aprendi uma verdade comprovada: no campo das ciências sociais (dentre as quais se inclui a política) só existe teoria aplicada à realidade. Não existe a teoria solta no ar, como um passarinho. Vale para a economia, a política, o direito.

Um dos grandes dramas brasileiros que impediu, aliás, que o país deslanchasse no período das grandes transformações globais, dos anos 90 em diante, foi a teoria econômica se impondo sobre a realidade.

Digo isso a respeito das discussões sobre o impeachment ou não de Bolsonaro.

As novas mentiras de Palocci

Do site de Dilma Rousseff:

A propósito da reportagem “Palocci diz que André Esteves deu R$ 5 mi para ser o ‘banqueiro do pré-sal’”, publicada pela Folha de S.Paulo neste sábado, 25 de maio, a assessoria de imprensa de Dilma Rousseff esclarece:

1. Mais uma vez, delações vazadas para a imprensa tentam manchar a honra de Dilma Rousseff. Foi assim durante seu governo, quando a Justiça Federal a grampeou ilegalmente e vazou trechos de sua conversa telefônica com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem autorização do Supremo Tribunal Federal, para desestabilizar seu governo.

O marco regulatório das Organizações Sociais

Por Juliana Streicher Fuzaro

A legislação das organizações sociais é constantemente questionada e alterada. Com diversas tipificações de organizações e certificados para as mesmas, que varia de acordo com sua natureza, o que fazem e para quem fazem, os órgãos de controle possuem dificuldades para atuar, mesmo com a regulamentação destas na Constituição Federal de 1988. Após os anos 2000, muito se repercutiu sobre escândalos de corrupção e desvio de recursos (CPI 2009), colocando em xeque a credibilidade destas organizações. Apesar da visibilidade, a gravidade é duvidosa, uma vez que, em 2014 havia mais de 8.000 organizações no país e a parcela envolvida nesses casos era mínima.

domingo, 26 de maio de 2019

O primeiro grande erro tático de Bolsonaro

Por Gilberto Maringoni

Aparentemente, Bolsonaro cometeu seu primeiro grande erro tático. Percebeu isso ao longo da semana – baseado nos serviços de informação, ao que tudo indica – e tentou se afastar das manifestações. Estas foram de médias a fracas nas 56 cidades listadas pela Globo News. Nas condições atuais de comparação com o 15M, representam um fracasso completo.

Bolsonaro não passa de um fascista tardio

Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:

No debate político é importante dar nome às coisas. E dar-lhes o nome correto. Afirmar que Bolsonaro é fascista é ir além de dizer que se trata de um conservador, um reacionário ou um governante de direita. Isso ele é, mas é perfeitamente possível ser direitista e não ter afinidade com o fascismo. Muitos políticos de direita foram e são antifascistas. Tampouco significa que é um autoritário no plano ideológico e capaz de atitudes e comportamentos violentos. Sempre foi assim, como demonstrou ao longo da vida, por meio de palavras e gestos, mas não se trata desse aspecto aqui.

'Centrão' e o monstro que ajudou a criar

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Não foram tantas nem tão imensas quanto as do dia 15, mas foram muitas e, várias delas, grandes as manifestações do bolsonarismo, hoje. Menores e menos espalhadas que as do dia 15, mas isso não não as faz irrelevantes.

Infelizmente para toda a sociedade, o fascismo despertou, espalhou-se e consolidou-se numa força real, poderosa e doentia da vida política brasileira.

Não são os “maluquinhos úteis”.

Estudantes disparam rejeição a Bolsonaro

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

A mais nova pesquisa XP/Ipespe sobre o governo Bolsonaro não revelou, apenas, que a popularidade do governo federal e a de seu titular continuam caindo; devido à disparada das avaliações ruim/péssimo e de várias respostas dos entrevistados, agora se sabe que a manifestação dos estudantes, em 15 de maio, DESMORALIZOU de vez a imagem de Bolsonaro.

As eleições na Europa das desigualdades

Por Roberta Carlini, no site Carta Maior:

Poucos dias antes das eleições para o Parlamento Europeu acaba de ser divulgado um exaustivo trabalho sobre as desigualdades no continente, e que nos diz algo mais sobre o estado atual da Europa do que apenas pesquisar e analisar parâmetros financeiros ou avaliar o risco de governos e instituições comunitárias.

Trata-se de um estudo de longo prazo, esse período de tempo que é desconhecido para a política. Ele vem do banco de dados de desigualdades mundiais (WID), uma rede de centenas de pesquisadores coordenados pelo grupo liderado por Thomas Piketty, autor do best-seller de alguns anos atrás, Capital no século XXI, o qual reúne dados de inquéritos por amostragem, contabilidade nacional e fiscal.

Bolsonaro e a lógica do 'governo sitiado'

Por Rodrigo Vianna, na revista Fórum:

Pesquisa da XP, ligada ao mercado financeiro, indica que a desaprovação a Bolsonaro pela primeira vez ultrapassou a aprovação. O índice de Ruim/Péssimo cresceu quase vinte pontos, passando de 17% para 36% em apenas três meses. No mesmo período, o índice de Ótimo/Bom recuou de 40% para 31%.


Atos por Bolsonaro fracassam no país


Os atos a favor do governo Bolsonaro neste domingo (26) ficaram aquém das expectativas dos apoiadores do governo e foram menores do que os atos de 15 de maio, contra o contingenciamento de verbas na educação pública federal.

Segundo balanço do Portal G1 às 17h de hoje, os atos em favor de Bolsonaro somaram 122 cidades de 21 estados, mais o Distrito Federal. No dia 15, com medição também às 17h, os protestos alcançaram 162 cidades dos 26 estados do país, mais o Distrito Federal, sendo que o dia terminou com atos em 222 cidades.

A agenda econômica e a balbúrdia política

Editorial do site Vermelho:

As controvérsias no campo que apoia o governo Bolsonaro são uma clara demonstração das causas que corroem a sua sustentação política. Em cinco meses, ele conseguiu a façanha de desagradar mais do que agradar aos seus aliados de campanha. Óbvio, é preciso considerar que boa parte da base que sustentou a sua candidatura, sobretudo no segundo turno, o fez por razões conjunturais. Havia um clima de pressão política e uma atmosfera criada pelos ventos do impeachment golpista da presidenta Dilma Rousseff de 2016 que favoreceram a sua vitória.