terça-feira, 18 de junho de 2019

Bolsonaro sinaliza que aposta na ruptura

Por Rodrigo Vianna, em seu blog:

O escândalo da #VazaJato não foi o único movimento importante a mostrar o rearranjo das forças que apoiam o governo de Jair Bolsonaro. Na mesma semana, o presidente fritou Santos Cruz (representante da ala militar não extremista, o general foi demitido da Secretaria Geral de Governo por se recusar a abrir os cofres estatais pra financiar o olavismo) e humilhou Joaquim Levy (liberal e privatista, o economista foi afastado do BNDES por não instalar uma caça às bruxas no banco, como pedem os bolsonaristas radicais, incluindo Paulo Guedes).

A Lava-Jato domesticou a imprensa

Charge: Gladson Targa
Por Laércio Portela, no site Marco Zero:

Não foi por acaso que as revelações sobre a colaboração entre Deltan Dallagnol e o juiz Sérgio Moro vieram à tona por meio de um jovem site de jornalismo independente. Depois de tantos anos ditando a pauta do noticiário nacional, os chefes da Lava Jato finalmente se viram numa posição defensiva. Mas não só eles. As mensagens reveladas pelo The Intercept deixam evidente como a grande mídia brasileira, ao abdicar dos princípios básicos do jornalismo, foi parte engajada no projeto que derrubou uma presidenta, encarcerou um ex-presidente e conduziu um deputado do baixo clero ao Palácio do Planalto.

The Intercept dita o ritmo do jogo

Por Emiliano José, no blog Conversa Afiada:

O que não pode ser escândalo nem nunca será: nossa mídia monopolista-empresarial. Ela não pode destacar, nas últimas revelações do Intercept, o fato de que a Lava Jato contava com ela de modo incondicional.

De que ela portava-se como um ser amestrado, dócil, a léguas de distância do jornalismo, de que ela se apartou desde há muito.

As regras do jornalismo liberal-republicano, ensinariam que vazamentos teriam sempre que ser checados.

Calar Jamais! Em defesa da democracia

Do site do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC):

A liberdade de expressão é um direito fundamental. Em tempos de polarização política e de ascensão de discursos autoritários e de ódio, com ataques frontais à própria democracia, a luta pela plena garantia desse direito precisa ser intensificada.

O Brasil volta a ser ameaçado pela mordaça da censura. A marca do governo Jair Bolsonaro é o combate ao jornalismo livre, ao pensamento livre e à cultura livre. Desde a sua campanha eleitoral, Bolsonaro não esconde seu menosprezo pela democracia e pelos direitos fundamentais, e elegeu a liberdade como adversária na sua cruzada política, ideológica e cultural.

O fetiche da caixa preta no BNDES

Por Tereza Cruvinel

Joaquim Levy foi praticamente demitido da presidência do BNDES por Bolsonaro, com a grosseria de sempre, por uma razão principal: ele não entregou ao governo a "caixa preta" do BNDES, que até agora não foi encontrada, porque simplesmente não existe.

Depois de ter sido desancado pelo presidente no sábado, dizendo ao país que ele estava "com a cabeça a prêmio faz tempo", só lhe restava apresentar a carta de demissão.

Bolsonaro quer porque quer cumprir a promessa de campanha de revelar "operações escandalosas" dos governos do PT que teriam favorecido governos de países "amigos", como Cuba, Venezuela, Angola e outros, e também o grupo JBS.

Sindicalismo dá um passo à frente

Por João Guilherme Vargas Netto

A greve geral e as manifestações que ocorreram no dia 14 de junho demonstraram o empenho, a vontade unitária e a capacidade de luta dos trabalhadores e seus aliados. Foi um passo à frente.

No Brasil inteiro, em pelo menos 350 cidades, constatou-se a vontade militante e foram erguidas as faixas contra a deforma previdenciária, contra os cortes na Educação e pela retomada do crescimento econômico com a criação de empregos.

Em muitas delas as fábricas, as escolas públicas e privadas, os bancos e os serviços foram paralisados. Metalúrgicos, professores, bancários, comerciários, petroleiros, condutores, metroviários todos deram sua contribuição efetiva cruzando os braços nos locais de trabalho ou não comparecendo a eles.

País afunda e Bolsonaro se ocupa com pinos

Editorial do site Vermelho:

O anúncio do presidente da República, Jair Bolsonaro, de que ele vai revogar o uso da tomada de três pinos virou chacota entre oposicionistas no Congresso Nacional. Não pelo fato em si, mas pelo desatino numa conjuntura de agravamento da crise que assombra o país, assunto que deveria mobilizar todos os setores do governo para enfrentá-lo. Em lugar dessa urgência, o que se tem é o desmonte dos mecanismos do Estado instituídos para combater a histórica dívida social do país e, assim, criar um ambiente favorável à dominação da farra rentista.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Mídia tenta criminalizar The Intercept

Moro, o bocó, e Bolsonaro, o malandro...

Por Renato Rovai, em seu blog:

Bolsonaro é uma besta quadrada. Daquele tipo que não consegue tomar sorvetes de duas bolas sem ter que trocar de roupa depois. Um verdadeiro imbecil.

Mas ao mesmo tempo é um malandro clássico. Conhece os atalhos. Sabe como lidar com os chefes de milícia, que já homenageou. E as Forças Armadas. E policiais.

Moro, não. Moro é um bocó que foi levado a uma posição de justiceiro por uma casta econômica que queria derrotar Lula. Um tipo que escreve testo, assim mesmo, com S, nos agradecimentos da revisão de sua tese de pós-graduação. E que não sabe conjugar verbos básicos. Mas que de repente se tornou um herói, um gênio.

BNDES: Procura-se um presidente desonesto

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Peça central das campanhas permanentes contra os bancos públicos brasileiros, o BNDES tem sido uma decepção para os governos que assumiram o governo federal após o golpe que afastou Dilma Rousseff.

Isso porque não conseguem confirmar as próprias denúncias.

Ao explicar o pedido de demissão de Joaquim Levy, humilhado por um "tô por aqui" do próprio Jair Bolsonaro, o repórter Bernardo Caram, da Folha de S. Paulo, lembrou uma verdade que até as pedras de Brasília já conhecem: "a avaliação é de que Levy não deu andamento a uma criteriosa revisão das grandes operações feitas pelo BNDES, principalmente durante a gestão petista".

O inferno em sete dias

Por Bepe Damasco, em seu blog:

A caminho de completar seis meses de governo, o capitão nazista se viu semana passada diante de uma evidência que sua cabeça autoritária teima em não aceitar: os limites institucionais do cargo de presidente da República.

Claro que seria querer demais que Bolsonaro tivesse noção dos compromissos democráticos e republicanos que envolvem o exercício da mais alta magistratura do país. Mas, como dizem os mais velhos, “se não vai no amor, vai na dor.”

Tudo começou com a revelação das provas bombásticas, na noite de domingo, 9 de junho, do apelo à delinquência mais escrachada por parte dos próceres da Lava Jato, Moro e Dallagnol, com o propósito de prender um inocente e fraudar a eleição presidencial.

Com STF, com tudo. Só esqueceram da ONU

Por Carol Proner, no site Carta Maior:

Affirmanti incumbit probatio
(Brocardo jurídico em desuso no Brasil)


O silêncio do grupo Globo decide mais que qualquer juiz no Brasil. A tática agora é não pautar assuntos constrangedores ou aqueles que não podem ser sustentados sem o apelo à mentira. E é por isso que não há muitas linhas sobre o recente caso da ONU, assim como também passaram em branco os “golpes blancos en América latina” alertados pelo Papa Francisco na visita dos brasileiros ao Vaticano. Mas, in dubio, pode ser que as câmeras dos cinegrafistas da emissora tenham contraído uma espécie de vírus, no dia do registro da candidatura de Lula, e se esmeraram em imagens laterais, deixando fora de foco aproximadamente 30 mil pessoas.

Lava-Jato usou Judiciário para fins políticos

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Suspeitava-se que a Lava Jato era um grupo político articulado entre membros do Ministério Público e o judiciário. Os indícios apontavam um conluio entre procuradores e um juiz que atuava para influenciar o jogo político-partidário e manipular a opinião pública. Faltava o batom na cueca. Não falta mais.

Os diálogos revelados pelo Intercept mostram que a Lava Jato desfilava como uma deusa grega da ética na sociedade, mas atuava à margem da lei na alcova. Em nome do combate à corrupção, o conluio atropelou princípios jurídicos básicos e arrombou o estado de direito. As provas são tão explícitas que não há mais espaço para divergências.

Caso Santos Cruz: poder, dinheiro e Olavo

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O Globo publica reportagem de Vinícius Sassine narrando que a demissão do general Carlos Alberto dos Santos Cruz da Secretaria de Governo da Presidência “piorou a maneira como o governo é visto pelas Forças Armadas . Nas palavras de um general ouvido pelo jornalista, sob a condição de anonimato, Bolsonaro ‘sabe muito bem o quanto admiramos o chefe militar que é Santos Cruz’.

Pode haver mais batata nesta chaleira.

Agentes dos EUA atuaram na Lava-Jato

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

No governo Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, então ministro da Justiça, foi avisado certa vez por Leandro Daiello, chefe da Polícia Federal (PF) naquele tempo, da presença de procuradores dos Estados Unidos em Curitiba. Cardozo procurou Rodrigo Janot, o chefe da Procuradoria brasileira na época, para saber o que era aquilo. Ouviu que os americanos tinham vindo trazer um convite. Será?

As conversas vazadas de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol mostram que em ao menos uma ação de campo da Operação Lava Jato houve “articulação com os americanos”. A colaboração internacional, particularmente dos EUA, foi essencial à Lava Jato. E incluiu a atuação física de americanos no Brasil.

Moro dedica carreira a perseguir Lula

Por Jeferson Miola, em seu blog:                         

Sérgio Moro permaneceu na carreira de juiz federal por 22 anos, de 1996 a novembro de 2018. Desses 22 anos, dedicou mais da metade do tempo na perseguição a Lula.

De 2005 até o último dia no cargo de juiz da 13ª Vara de Curitiba – durante, portanto, 13 dos 22 anos de carreira – Moro não se descuidou de nenhum detalhe concernente ao objetivo primordial da sua vida.

Antes de se exonerar em novembro/2018, Moro deixou a 2ª sentença de condenação seriada do Lula pronta e escrita para Gabriela Hardt, sua substituta provisória. Ela apenas teve o trabalho de copiar o texto, colá-lo num arquivo com outro nome e assinar o documento [aqui].

Moro, Guedes, militares e o psicopata

Por Reginaldo Moraes

1. Moro era uma especie de certificado de qualidade para o governo do psicopata. E uma carta na manga para chantagear congressistas.
Agora, Moro passa a ser quase um lixo tóxico, um estorvo. Passa de chantagista para raposa acuada.

2. Os militares eram um alicerce básico para duas funções: assombrar as oposições e "disciplinar" os malucos (inclusive o próprio psicopata). Seriam parceiros relevantes, não protagonistas.
Humilhados e escanteados, não disciplinam coisa alguma. Será que ainda terão energia (e vontade) para tentar protagonismo, assumir o comando?

A "Vaza Jato" na Folha, Estadão e Globo

Por Eduardo Barbabela e João Feres Jr., no site Manchetômetro:

No sétimo dia de cobertura do escândalo Vaza Jato, o enquadramento do escândalo como um problema de segurança de dados volta a predominar, após breve interrupção causada pela divulgação do segundo conjunto de textos de The Intercept.

A Folha se mantém como como o jornal com maior número de textos sobre a Vaza Jato: 10 na edição de 16 de junho, dos quais 5 são críticos a Sérgio Moro. Seis textos são de natureza opinativa e bastante críticos à operação e uma reportagem explora as contradições do discurso de Moro, trazendo inclusive depoimentos de advogados que atuaram em processos julgados por ele e que não relatam qualquer abertura do ex-juiz a conversas do tipo das que entreteve com os procuradores da Lava Jato.

Xadrez dos preparativos para a luta final

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Vamos a uma rodada de Xadrez, em cima de notícias atuais pós-Intercept. Leve em conta o extraordinário dinamismo dos fatos para não tirar nenhuma conclusão definitiva. Vale para entender os movimentos e as contradições do jogo.

Peça 1 – decreto das armas e milícias

Já havíamos antecipado há meses que o armamento da população fazia parte da estratégia dos Bolsonaro de criar suas milícias particulares, ampliando o poder de seus aliados, milícias, empresas de segurança privada, ruralistas dos confins.

Como derrotar a “direita Trump-Bolsonaro”

Por Nick Dearden, no site Outras Palavras:

“Viajei 24 horas, de Manila ao Rio, para estar aqui e ainda assim, politicamente, sinto que não deixei minha casa”. Walden Bello, principal guia do “movimento anti-globalização” e ex-deputado das Filipinas, refletiu sobre o ascenso dos “homens fortes” autoritários de direita, das Filipinas até o Brasil. Juntei-me à ele no Brasil para avaliar o que mudou nos últimos 20 anos desde que os protestos massivos em Seattle levaram a Organização Mundial do Comércio a paralisar e anunciaram o nascimento de um novo movimento internacional ao mundo. “Mas 20 anos atrás, Seattle era uma questão exclusivamente da esquerda” continuou Bello. “Nós precisamos entender como a extrema-direita conseguiu comer o nosso almoço”.